História Live A Dream - Um tempo aqui comigo

— Bruno, você ta me machucando. Dá pra soltar?! — Falei e minha voz falhou no final — Me solta!

— Fica quietinha — Ele disse abrindo uma porta ao nosso lado.

Ele me puxou pra lá e em seguida fechou a porta.

— O que você quer comigo? — Eu perguntei entrando em desespero. Ele apenas sorriu.

— Não é legal ser esnobado, sabia?! — Riu sem humor.

— Eu nunca nem te dei nenhum tipo de...

— Exatamente — Ele disse me interrompendo — Tudo por que? Você prefere o craque do time porque ele é mais famoso? Tem mais dinheiro?

— Do que você tá falando, seu idiota?! Eu amo o Gabriel de verdade e eu nunca olhei pra nada material que ele tem — Eu disse.

— Me engana que eu gosto — Ele riu sem humor mais uma vez.

Dessa vez ele se aproximava e eu me afastava dele, até sentir minhas costas encostar na parede. Estava sem saída e ele sorria, um sorriso malicioso.

— Por favor, não faz nada comigo — Eu disse já chorando.

— Isso tudo podia estar sendo bem mais fácil. Você dificultou as coisas, Clarissa — Ele disse.

Se aproximou de mim e em um ato rápido, selou nossos lábios. Ele tentava de todas as formas me beijar, mas eu não deixava e isso provavelmente irritava ele, pois apertava mais os meus braços. Gemi de dor enquanto sentia mais lágrimas descer. Juntei as forças que ainda me restavam e chutei bem no meio de suas pernas. Ele se afastou, se agachando no chão e eu aproveitei pra correr.

— Socorro — Gritei tentando abrir a porta e socando a mesma. Estava trancada.

— Cala a boca — Ele disse puxando meu cabelo e levando sua mão a minha boca — Ou as coisas podem ficar pior pra você.

Ele sussurrou essa última parte no meu ouvido e um arrepio de medo subiu em minhas espinhas.

Gabriel Pov's

Estava dentro do carro e olhava minhas redes sociais, enquanto esperava Clarissa. O problema é que ela estava demorando, já fazia um tempinho que eu tinha a deixado no vestiário.

Soltei uma bufada já impaciente e sai do carro. Fechei ele e deixei a chave no bolso da calça, em seguida fui atrás da Cla. Fui até o vestiário e chamei por ela, que não estava ali.

— Gabriel, o que você ta fazendo aqui? — Ketlen apareceu me assustando, em seguida riu.

— Você viu a Clarissa? — Eu perguntei.

— Ela saiu daqui já tem um tempo — Ela disse.

— Será que ela tá no campo? — Eu perguntei.

— Não. Eu acabei de voltar de lá — Ela disse. Fiquei preocupado.

— Ai meu Deus, cadê essa menina?! — Falei.

— Vamos procurar ela — Keth disse e me puxou.

Nos separamos e nos encontraríamos ali de novo em cinco minutos. Eu voltei para o estacionamento para conferir se ela estava ali, mas não a encontrei, então fui para todas as partes daquele CT, também não a achei em lugar algum. Em minutos voltei pro mesmo lugar e achei a Keth ofegante.

— Nada dela? — Perguntei.

— Não — Ela disse tentando recuperar fôlego.

— Aonde foi que essa menina de meteu? — Perguntei.

— Liga pra ela — Ela disse.

Tão simples e eu não tinha pensando nisso antes. Peguei o celular e disquei seu número, chamou e caiu na caixa postal. Tentei mais algumas vezes, e só dava caixa postal.

— Tá, agora eu tô começando a ficar preocupada — Keth disse.

— Eu também — Falei.

O silêncio se instalou enquanto eu realmente estava preocupado, pensando em onde Clarissa poderia estar.

— Tá escutando? — Keth perguntou.

— O que? — Perguntei.

— Shiu! — Ela disse levando seu dedo aos lábios.

Escutamos alguns socos em uma porta próxima de onde estávamos. Meu coração gelou ao pensar na possibilidade de ser Clarissa ali, provavelmente em perigo. Escutamos mais e em seguida um "socorro".

— É a voz dela — Eu disse e corri até a porta próxima dali.

Clarissa Pov's

Sentia o meu braço dolorido e sabia que aquilo ficaria roxo depois. Um soluço escapou da minha garganta quando Bruno finalmente soltou meu cabelo.

— Eu não queria estar fazendo isso, Clarissa — Ele disse e suspirou — Mas você me obrigou — Ele falou me encostando. Eu só conseguia sentir nojo — Você é tão linda, por que o Gabriel e não eu? O que ele tem que eu não tenho?

— O meu amor, o meu coração. Você não entende?! — Eu disse chorando.

— Não. Eu não entendo — Ele elevou o tom de voz

— Bruno, deixa eu sair — Falei já com a voz fraca — Por favor.

Eu estava trêmula e fraca, estava com medo. O olhar dele me deixava assim. Tinha medo do que ele pensava em fazer. Eu mal tinha forças para me manter de pé, meu rosto estava coberto por lágrimas.

Bruno estava louco, isso era evidente, não duvidava de nada que viesse dele. Eu deveria ter me afastado antes. Keth estava certa, ele não presta e pode ser a pior pessoa possível.

Ele abriu a boca pra responder, mas foi interrompido por alguém batendo na porta e mexendo na maçaneta.

— Tem alguém ai? — Era a voz do Gabriel.

— Gabriel... — Gritei e Bruno colocou a mão na minha boca.

— Fica quieta — Ele sussurrou.

Mas Gabriel já socava a porta a todo custo. Por uns segundos ele parou e percebi ele se afastando, em seguida a porta foi aberta por Gabriel.

Eu estava sentada no chão, estava trêmula e com medo, de uma forma que aquilo me deixasse fraca. Minha visão escurecia aos poucos e tudo parecia acontecer em câmera lenta. A ultima coisa que me lembro foi do Gabriel indo pra cima do Bruno e distribuindo alguns socos pelo seu rosto, em seguida alguns jogadores entraram na sala, segurando ele e Bruno. Thiago se aproximou de mim e se abaixou do meu lado.

— Clarissa — Ele disse — Clarissa!

Após isso, apaguei.

(...)

Acordei sentindo minha cabeça doer forte. Meus braços estavam doloridos e eu ainda sentia medo. Infelizmente não tinha sido só um pesadelo, aquilo foi real.

Gabriel.

Aonde será que ele tá? Será que tá bem?

Rapidamente abri os olhos e percebi estar em um quarto todo branco, ignorei, eu provavelmente estava em um hospital. Me sentei na cama, não tinha nenhum fio me prendendo, eu aparentemente estava "bem". Olhei pro lado e vi Gabriel, que tinha a cabeça baixa, apoiada nas mãos.

— Gabriel — Eu disse minha voz ainda estava falha.

Ele me olhou e se levantou, sentando na minha frente. Eu o abracei forte, sentindo todo o medo ir embora, me sentia protegida. Deixei mais algumas lágrimas descer, enquanto ele me apertava em seus braços.

— Tá tudo bem, mas nada vai acontecer com você — Ele sussurrou.

— Eu tive tanto medo — Falei fungando.

— Eu sei. Aquele imbecil já teve o que mereceu — Ele disse, claramente com raiva.

Me separei dele e o fitei.

— O que eu tô fazendo aqui? — Eu perguntei.

— Você desmaiou, provavelmente estava muito nervosa. E eu não sabia se o desgraçado tinha feito algo com você — Ele disse segurando minhas mãos — Mas você tá bem, só estava esperando você acordar e pode ir pra casa — Ele disse.

— O Bruno? O que aconteceu com ele? — Perguntei.

— Você não precisa se preocupar mais com isso, meu amor. Ele vai ter o que merece — Ele disse e eu apenas assenti.

— Eu dormi por quanto tempo?

— Umas cinco horas — Ele riu fraco e eu me assustei.

Olhei em meus braços e eles estavam vermelhos, começando a ficar roxos e ainda estavam doloridos.

— Eu deveria ter matado ele por ter feito isso contigo — Ele negou com a cabeça — Você não sabe a raiva que eu tô dele. Deveria ter quebrado ele todinho, mas os caras não deixaram — Ele disse — Me desculpa?!

— Por que, Bi?

— Eu prometi que não ia deixar ele fazer nada com você e...

— E você não teve culpa, Gabriel. Ele é louco, fez isso dentro do CT — Falei.

— Justamente, Clarissa. Ele fez isso dentro do CT. Imagina se fosse em outro lugar, poderia ser pior — Ele suspirou.

— Keth tinha razão, ele não presta. Eu não deveria ter deixado ele se aproximar — Falei limpando uma lágrima que escorreu.

— Não é culpa sua também, Cla... — Ele disse me puxando para outro abraço — Eu sei que você tá com medo, mas já tá tudo bem. Fica calma.

— Obrigada por estar lá. Eu não o que teria acontecido se você não chegasse — Falei.

— Eu nunca enxerguei coisas boas nele — Gabriel disse — Eu vou sempre estar por perto, Cla. Eu não vou deixar mais nada acontecer com você — Ele disse e se inclinou para beijar minha testa.

— Meu anjo — Sorri pra ele. Me sentia protegida com Gabriel. Ele era meu verdadeiro anjo — O que aconteceu lá no CT?

— A imprensa não ficou sabendo de nada, pra evitar toda essa confusão. Ele foi afastado do Santos por um tempo — Falou — Ele não vai fazer mais nada.

— Eu não quero mais falar disso, por favor — Eu disse.

— Tudo bem — Sorriu fofo —Vamos pra casa?! — Ele perguntou e eu assenti.

Gabriel chamou o médico que estava do lado de fora da sala. Ele me fez algumas perguntas simples e por fim, me passou uma pomada para os hematomas, então eu fui liberada. Peguei minha mochila que estava com Gabriel e coloquei o casaco de treino do Santos, para tampar meus braços.

Ao sairmos do hospital, achamos algumas pessoas da mídia. A desculpa de que eu havia me sentido mal foi dada. Seguimos para o estacionamento e entramos no carro do Gabriel. Já era noite e não tinha trânsito, então rapidamente chegamos ao AP.

— Eu preciso de um banho. Já volto — Falei e dei um selinho no Gabriel.

Ele apenas assentiu e então eu fui. Peguei uma roupa confortável no guarda-roupa e segui pro banheiro. Já debaixo do chuveiro, refleti tudo o que aconteceu e quando percebi as lágrimas já desciam. Eu novamente me encontrava nervosa e com medo. Bruno foi afastado do Santos, mas ele ainda morava por aqui e não sei se ele ainda vai tentar alguma coisa. Eu não sei o que poderia ter acontecido se Gabriel não aparece e aquilo me deixava agoniada.

Depois de alguns minutos ali, eu finalmente sai do chuveiro. Me vesti e passei a escova no meu cabelo, o deixando seco e solto mesmo. Passei a pomada indicada pelo médico em meus braços e então sai do quarto. Um cheiro bom invadiu minhas narinas, me fazendo suspirar fundo e meu estômago reclamar. Eu precisava comer.

— Que cheiro bom — Falei entrando na cozinha.

Gabriel estava virado para o Fofão e desligou o fogo, se virando pra mim.

— Tá tudo bem?

— Tá sim — Forcei um sorriso e me sentei.

Ele suspirou e se aproximou de mim, agachando do meu lado.

— É uma pergunta bem idiota pra se fazer agora né?! — Ele disse pegando minha mão — Eu sei que você ainda tá com medo, mas eu tô com você. E eu juro que não vou deixar nada te acontecer, Cla.

— Eu sei, confio em você — Eu sorri fraco e abracei ele — Eu me sinto protegida com você, Gabriel.

— Que bom — Ele disse e beijou minha mão.

— Amor, você não quer passar um tempo aqui comigo? — Eu perguntei sorrindo tímida — Eu... Tô com medo de ficar aqui sozinha e esse doido solto por ai — Falei e ele me olhou sorrindo — Mas se você não quiser, tudo bem.

— Eu seria incapaz de te deixar aqui sozinha, desse jeito — Ele disse sorrindo — Amanhã eu passo em casa pra pegar algumas coisas e falar com a minha mãe, tá?! Não vou sair de perto de você.

Tornei a abraça-lo, dessa vez mais forte.

— Obrigada — Sorri.

— Eu sei que você não vive sem mim, isso é sua uma desculpa — Ele brincou me fazendo rir.

— Palhaço — Eu disse e rimos.

Ele segurou meu rosto entre suas duas mãos e selou nossos lábios. Quando encerramos o beijo, ele se levantou e sentou do meu lado.

— Vamos jantar — Ele disse.

— Desde quando você sabe cozinhar tão bem assim? — Eu perguntei.

— Pedi minha mãe pra me ensinar algumas coisas — Ele disse — Imagina quando a gente casar, você não pode ficar sozinha na cozinha.

— Casar?

— É, casar — Ele disse me dando um selinho. Eu sorri.

Ele colocou tudo na mesa e então nós comemos, enquanto eu tentava esquecer o ocorrido de mais cedo.