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História Live and Let Die - Hot N' Cold


Escrita por: Str4dlin

Capítulo 31 - Hot N' Cold


Bia se sentia exausta, todos os acontecimentos do dia estavam pesando estoicamente em seu corpo e mente. Nunca se sentira tão exausta, mas também nunca tivera uma noite tão memorável.

Sentia Armin encostado nela, com o braço envolvendo sua cintura e sua respiração ofegante se misturando com a dela, não sabia se iria se arrepender do que fizera quando acordasse no próximo dia, mas queria curtir esse momento. Sentia-se completa como nunca, mesmo que a briga com Rosalya e sua falsidade com Nathaniel tivessem grandes impactos em sua vida, nada se comparava ao misto de sentimentos que acabara de sentir, mal conseguia descrevê-los, mas foram as melhores sensações de sua vida.

Com Armin não era diferente, o mesmo estava realizado. Nem em suas imaginações as coisas teriam sido tão boas assim da primeira vez. Ainda custava um pouco para acreditar que aquilo era verdade e que Bia estava mesmo apaixonada por ele, em alguns momentos ainda se perguntava se aquilo não era um sonho, e, caso fosse, ele não queria acordar nunca mais. Aquilo era muito mais do que ele poderia pedir, estava ciente de que aquela era a primeira vez dela, e que ela não tinha experiência alguma, mas ainda assim, fora perfeito para ele. Só pelo fato de ele ter sido o primeiro da vida dela já o satisfazia.

Assim que acalmou seus hormônios e pensamentos, ele olhou para Beatrice, vendo-a encarando o teto, sem mais ofego e com o olhar cansado, parecendo estar com a cabeça bem longe dali.

– Você está bem? – ele murmurou, tirando-a de seus pensamentos.

Ela olhou para ele, voltando à realidade. Não sabia exatamente qual era a real intenção por trás dessa pergunta, estava tão cansada tanto pelo horário quanto pelo esforço físico que também nem se esforçaria para interpretar corretamente, respondendo a coisa mais óbvia.

– Estou.

– Está mesmo? Não sente nenhuma dor?

– Não. – sua voz deixava claro todo o cansaço concentrado em seu corpo.

– E seus pulsos? – ele pegou no braço dela, puxando-o para mais próximo de sua visão. – Ao menos parou de sangrar, mas... Você cortou bastante. Não devia ter feito isso, Beatrice. Você era ciente dos meus sentimentos, sabia que eu não te machucaria.

Bia poderia muito bem esclarecer que na verdade não era tanto o fato de ele machucá-la que a atrapalhava, mas sim o fato dos sentimentos deles serem completamente indevidos, mas aquele não era o momento para expor isso. Eles acabaram de passar por um momento extremamente íntimo e delicado e, além disso, ela estava exausta, não conseguia formular exatamente um pensamento sóbrio em relação ao que acabara de acontecer, consequentemente não teria capacidade nem disposição para uma discussão.

– Não foi só por isso. Minha noite foi um desastre por completo. Quanto mais eu saio de casa, mais percebo que não devia fazê-lo. Ficando aqui eu ao menos evito tantas decepções.

Armin riu baixinho.

– Entendo. – ele passou a mão carinhosamente por seu cabelo. – Quer desabafar sobre o que aconteceu?

– Não. – ela garantiu, querendo, na verdade, esquecer isso. – Estou cansada. Acho que só quero dormir agora.

– Tudo bem. – ele pareceu um pouco decepcionado, ainda que se esforçasse para não demonstrar. – Vamos dormir então. – a puxou delicadamente para o seu peito e a posicionou do modo que ele achou que ficaria mais confortável para a mesma, cobrindo seus corpos com a coberta que se encontrava na pontinha da cama.

Bia aceitou esse cavalheirismo de bom agrado, deitando sua cabeça no corpo dele, que se encontrava bastante quente ainda pelos recentes acontecimentos, e tomada pelo cansaço, mal conseguira ficar mais um tempo acordada para falar mais alguma coisa com Armin ou ao menos pensar no que os dois fizeram, foi questão de fechar os olhos que praticamente apagou no mesmo instante. Diferente do irmão, que continuou bem acordado.

Ele ainda não acreditava que havia sido tão sortudo e Bia enfim estava correspondendo seus sentimentos depois de tantos anos. Tirando o fato de que ele realizara o seu desejo mais pessoal, havia transado com sua irmã. E se isso não bastasse, ainda tinha tirado sua virgindade, tinha como ser melhor?

Era até engraçado pensar que há poucos meses antes disso, ele estava naquela mesma cama, mal aguentando compartilhá-la com Beatrice sem ter um sonho erótico e ser obrigado a correr até seu quarto para esconder sua excitação apenas por tê-la consolado e dormido ao seu lado, enquanto naquele momento ainda sentia alguns efeitos de seu recente orgasmo e sua irmã estava completamente nua ao seu lado com seus corpos ainda bastante envolvidos um no outro. Como as coisas poderiam mudar tanto em tão pouco tempo?

Armin olhou para o rosto dela, sua visão era um tanto limitada devido à posição que se encontravam, mas ele podia ver toda a sua face manchada pela maquiagem borrada, tanto pelo choro, quanto pelo suor, seus fios de cabelo estavam bastante desalinhados, deixando seu cabelo bagunçado e ela tinha uma grande expressão de cansaço estampada em seu rosto. Para alguns, ela poderia estar num estado lastimável, mas para ele, Bia nunca estivera tão linda.

Ele não sabia como seria a relação deles dali para frente, mas esperava que continuassem mantendo-se dessa forma. Precisava de mais noites como esta. Agora que provara da virtude mais íntima que Beatrice poderia lhe proporcionar, não poderia mais viver sem ela do modo que vivia antes. Mais do que nunca queria mantê-la por perto, estar ao seu lado, mas infelizmente, essa questão não dependia apenas dele. Para ele já estava praticamente tudo certo em sua cabeça, porém, ainda era necessário ouvir o que Beatrice tinha a dizer.

E a decisão dela levantava certas dúvidas, e até mesmo um pouco de medo.

 

Bia sentia uma enorme dor de cabeça quando acordara.

Já era acostumada com isso, pois era assim quando chorava antes de dormir, mas dessa vez se sentia diferente. Além da dor de cabeça, sentia uma grande dor em seu ventre e em seus pulsos.

Ela abriu os olhos calmamente, preocupando-se primeiramente com seus pulsos. Ela levantou um pouco os pulsos até aonde pudesse ver com mais nitidez. Olhou para os mesmos, vendo-os bastante cortados, e também percebendo que realmente não estava nada bem quando os fizera, achava que tinha se cortado tão profundamente, mas estavam completamente tortos e não tão profundos quanto ela queria quando usara a lâmina, porém, esse era o único detalhe que se lembrava, o porquê dela ter os feito era impreciso em sua mente.

Aos poucos ela foi se sentindo um pouco mais acordada e ao esticar o braços para se espreguiçar percebera que estava deitada sobre o peitoral de seu irmão. Somente depois de perceber isso que lembrou de todos os acontecimentos da noite anterior com clareza. Sem nem se sentir completamente acordada, ela se sentou rapidamente, assustada, cobrindo seu corpo com a coberta na defensiva. Ao olhar para Armin, o vira num estado sereno, parecendo estar num sono profundo.

Ela olhava para ele duvidosa e incrédula, vendo-o completamente despido, tendo apenas a coberta cobrindo o seu corpo, mas ao prestar um pouco mais atenção, vira que estava na mesma situação.

Ela se encostou na cabeceira da cama, colocando a mão sob a boca. O que fizera?

Questionava veemente suas lembranças, mas ao olhar a situação que tanto ela quanto ele se encontravam, não havia dúvidas. Os dois estavam desnudos, Armin estava com o cabelo todo bagunçado, e ela não devia estar muito diferente nesse quesito, o quarto inteiro estava uma bagunça, o lençol de sua cama estava quase caindo no chão... Não tinha como ser outra coisa.

Entretanto, não entrava em sua mente de jeito algum que havia transado com o seu irmão. O seu irmão! Não era qualquer pessoa, isso nunca devia ter acontecido. E o pior de tudo é que nem poderia usar a desculpa que a culpa havia sido dele, pois fora ela quem dera o primeiro passo, ela que se declarara para ele e o iludira, se é que sua memória estava certa.

Pobre Armin, não merecia isso.

Beatrice se perguntava porque tinha que ser assim. Por que tinha que ter tão pouco controle sobre seus sentimentos quando tinha suas crises? Ela sempre acabava machucando alguém com isso. Sempre.

Toda essa circunstância parecia ainda pior quando ela lembrava de Nathaniel. Se não bastasse iludir Armin, ele também entrava nesse meio.

Algumas lágrimas de arrependimento surgiram de seus olhos, tinha feito o pior erro de sua vida. Não podia ter algum relacionamento com seu irmão. Estava fora de cogitação, não existia formas disso acontecer e ela ainda alimentara a louca ilusão dele de que um dia poderia, como fora estúpida!

Ainda se sentindo arrependida pela idiotice que fizera, ela notara que o mesmo começara a respirar de uma forma mais pesada, dando vestígios de que estava acordando. Bia limpou as teimosas lágrimas que passavam pelo seu rosto, tentando arranjar coragem para destruir suas esperanças.

Ela o viu soltando um pequeno sorriso antes de abrir os olhos, o que deixou seu coração em mil pedaços. Ao abrir os olhos ele pareceu a procurar por alguns instantes, e, ao achá-la, ele abriu outro sorriso, se sentando para aproximar-se dela.

Bia sorria forçadamente desde que percebera que ele estava acordando. Não queria alimentar mais suas esperanças, mas também não queria destruí-las logo de cara. Preferia explicar tudo com calma, tentando não machucá-lo. Ele passou o braço pelo ombro dela e deu um beijo em seus lábios.

Ela até refletira sobre afastá-lo e já deixar bem claro que a conversa não seria tão amigável quanto ele queria, mas agora, mais do que nunca, não poderia negar que gostava sim dele e além disso, prometera para si mesma que esse seria o último afeto que permitiria entre eles.

– Você está bem? – ele perguntou assim que se afastou do beijo, passando a mão carinhosamente pelo seu rosto.

Ela engoliu em seco.

– Estou... – ela olhou para baixo com pesar. – Armin... – ela achou melhor não enrolar mais. – Eu... – ela começou, mas não conseguiu terminar. Afinal de contas, o que falaria pra ele? Simplesmente falaria que não achava certo o que eles fizeram e que era melhor deixar a noite anterior pra trás como se nunca tivesse existido? Ela não fazia ideia de como começar sua argumentação.

Armin pareceu perceber o que se passava com ela, fechando a cara no mesmo instante, enquanto negava com a cabeça.

– Bia? Não me diga que se arrependeu.

Ela voltou o olhar para ele, com o lamento estampado em seu semblante.

– Sinto muito... Eu errei ontem... Não devia ter te iludido. O que nós fizemos foi errado e...

– Errado? – ele a cortou, parecendo estar irritado. – Por que errado? Você disse que gostava de mim, e você sabe que eu também gosto de você, qual o problema que você vê nisso?

– Eu sei, mas... As coisas não se baseiam só nisso, Armin. Isso tudo... Não é certo, nós não devíamos sentir isso, não é normal. Não é saudável.

Armin franziu o cenho, era isso que ela estava pensando nesse momento, logo depois deles terem feito o que fizeram?

– O que caracteriza isso como algo errado ou “não saudável”? Quem dita o que é certo ou errado pra gente somos nós mesmos, Beatrice.

Bia suspirou, já esperava uma reação desse nível, mas não esperava que fosse doer tanto para ela.

Ela não queria desistir dele, já estava aceitando seu sentimento, mas mesmo que o aceitasse, seria muito difícil os dois ficarem juntos, não tinha condição alguma, se os outros, principalmente seus pais, percebessem já seria o fim.

Não, seria muita dor de cabeça, ela apenas precisava superar essa situação. Já tinha prometido para Nathaniel que daria uma chance a ele e prometido a si mesma que se esforçaria para retribuir sua paixão, o ideal era focar nisso e esquecer essa noite com Armin, mesmo que fosse muito difícil.

Sentindo todo o peso na consciência do que pretendia fazer, algumas lágrimas inconscientes voltaram a emergir em suas pálpebras.

Armin se ajoelhou na cama, pegando o rosto dela com as duas mãos e limpando suas lágrimas, dando um selinho demorado logo depois, que, novamente, ela não quis evitar.

– Eu não te entendo, Bia... Não há nada de errado nisso. Por favor, não faça isso com a gente, eu não sei de onde está tirando tanta insegurança e tanto medo, mas sei que assim como eu, você não quer isso. Vejo em seu olhos a cada palavra que pronuncia que não é essa sua verdadeira vontade, você está usando o bom senso, mas não tem necessidade. Ninguém se importa com essa merda. – ele encostou sua testa na dela. – Eu te amo, Beatrice.

Beatrice sentia a cada minuto seu coração se quebrando mais. Não queria isso, não mesmo, entretanto, sentia que era preciso.

Ela soltou a coberta, deixando seu corpo exposto novamente, mas ela não se importava mais com esse detalhe, colocou as mãos no rosto dele também, o encarando no fundo de seus olhos, que praticamente imploravam pra que ela mudasse de ideia, mas ela não podia. Foi árduo, mas ela manteve suas palavras.

– Armin, eu também te amo, mas você precisa entender, não tem como nós ficarmos juntos. Vai muito além de ser politicamente correto... Nós somos irmãos, todo mundo perceberia algo errado entre a gente. E se brigarmos? Continuaremos tendo laços familiares, sempre estaremos conectados um com o outro, mesmo que queiramos que o outro apenas suma de nossas vidas, não tem como. Um relacionamento entre a gente... Simplesmente não dá. Envolve muitas coisas que não estão ao nosso alcance e... – ela fechou os olhos, segurando-se para não voltar a chorar. – Sinto muito, Armin. Essa é a minha palavra final.  – depois disso, ela soltou o rosto dele e se afastou vagarosamente, baixando a cabeça e não suportando mais segurar o choro.

Armin sentiu suas mãos tombarem no lençol assim que ela se desvencilhou dele e mais que isso, sentiu coração despedaçado. Achava que enfim teria Beatrice para sempre, mas não devia ter se deixado enganar, ela era muito insegura para aceitar um relacionamento de tanto risco repentinamente.

O que faria depois de ter um acontecimento de tanta intensidade como aquele dia e agora ter que simplesmente fingir que nunca aconteceu? Como seria sua vida depois de ter tudo o que sempre quis em suas mãos durante algumas horas e ter visto tudo isso se esvair delas sem poder impedir?

Ele se sentia péssimo. O que o machucava mais era saber que ela não queria isso, ela estava sendo insensata e machucando não só a ele, mas a si mesma também. Qual era o problema de apenas aceitar que os dois se amavam e seguir nutrindo esse afeto, para assim evitar sofrimento em ambas as partes?

Beatrice estava agindo sem pensar, e ele não deixaria as coisas apenas por isso, não depois de ter a certeza absoluta, tanto vindo de suas palavras quanto de ações, que ela gostava dele de verdade.

Não tinha ideia de como, mas iria fazê-la ver que essa paixão não iria morrer assim e que a sua decisão havia sido tremendamente equivocada. Porém, tudo precisava ser com calma. É claro que ela não passaria a aceitar o relacionamento assim, da noite pro dia. Mal começara a aceitar seus sentimentos, mas ele iria convencer ela de que eles precisavam ficar juntos, só necessitava de tempo para isso.

– Você sabe que eu não vou desistir assim, certo? – ele olhou para ela, que chorava baixinho abraçada com suas pernas. – Isso não acaba aqui, Beatrice. – ele se abaixou um pouco para olhá-la nos olhos. – Você ainda vai se arrepender do que está fazendo, eu vou fazer você se arrepender. – ele viu vestígios de dúvida marcando seus olhos. – Não vou te forçar a nada, não se preocupe. Mas também não se esqueça: Isso não é o fim.

Bia não respondeu nada, apenas continuou com a cabeça repousada em seus joelhos, mergulhada em sua melancolia.

Ela o viu, pelo canto do olho, se levantando, pegando suas roupas pelo chão e saindo do quarto logo em seguida, revoltado. Ela gostaria muito de negar, mas sentia como se ele tivesse levado os fragmentos restantes de seu coração junto com ele, e o pior de tudo era pensar que isso fora uma desgraça causada a ela por ela mesma.

A que ponto tão lamentável era esse em que havia chegado?


Notas Finais


Heyy
Ainda estou em semana de provas, mas estava meio estressada nos últimos dias, precisava dar uma relaxada, então comecei a escrever há uns três dias e terminei hoje. Espero que esteja bom, revisei várias vezes, mas to morrendo de sono 😂
Não faço ideia de quando vou voltar, mores. Pretendo voltar só daqui a duas semanas, masss.... Tudo é possível 😌
Bjss 💙


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