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História Livro 1 -Paixão - Nicolas


Escrita por: tiojujuba

Capítulo 3 - Nicolas


A surpresa de ver aquele rapaz foi tão grande que eu não consegui nem piscar. Foi paixão a primeira vista. Ele era incrivelmente bonito. Branco, alto, malhado, de olhos azuis, loiro. Parecia ter sido esculpido a mão, de tão bonito. Até minha voz sumiu naquela hora. O olhei de cima abaixo, vestia um short, um sapato, uma regata. Estava lindo.

-O que foi que você falou ? - ele se pronunciou, me tirando do transe.

-Como é que você sabe o meu nome ? - ele sorriu.

-Não sei... Eu apenas sei...

-Ã ? - ele riu.

-É confuso, mas é isso... Algo me disse que seu nome era Lorenzo, acertei ? - engoli aquilo a seco.

-É, acertou...

-E, está gostoso o picolé ?

-Está... Mas, porquê você está falando comigo ?

-Eu vi você aqui sozinho e... Nunca tinha te visto por aqui... Achei que queria falar com alguém... - eu não respondi nada, apenas continuei lambendo o picolé.

-E você vem sempre aqui ?

-Venho... Sempre...

-Nunca te vi aqui também...

-Que esquisito, não é ? - falou ele, olhando para mim.

-Porquê você está me olhando ? - perguntei, já esperando que aquela maldita mandinga que haviam me jogando fizesse efeito mais uma vez.

-Eu não sei... Você parece ser alguém muito interessante... - falou ele, com um ar extremamente sombrio - Quer correr 1 km ?

-1 km ? - perguntei, jogando o palito do picolé no lixo – ok...

Corri durante alguns segundos do lado dele, calado. Sem saber o que falar, apenas correndo e olhando para ele. Queria saber mais daquele rapaz, que tinha uma imagem sombria dentro de si. E uma imagem que em poucos minutos havia me atraido de uma forma que nunca antes havia acontecido.

-Affs, cansei... - falou ele, se jogando de novo no banco da praça – preciso treinar mais, ando muito fraco... - falou ele, me arrancando um sorriso.

-Imagine se estivesse bem... - falei eu...

-O que você disse ?

-Não... Nada...

-Bem, então, eu preciso ir Lorenzo... Até mais...

-Até... - fiquei o acompanhando com os olhos durante alguns segundos, até lembrar-me de algo – espera !

-O que foi ? - falou ele, me olhando.

-Você não me disse o seu nome... - ele sorriu.

-Nicolas Torres... Até mais...

-Até... - continuei a vê-lo andar para longe de mim, o acompanhando com os olhos. Meu coração acelerou. Eu nunca tinha sentido algo tão arrasador desta forma.

TEMPO DEPOIS

Depois de regressar ao meu apartamento, tomei um bom banho para me recuperar de todo o exercício que havia feito, e fui então comer algo. Preparei um lanche rápido na cozinha, fui então para a sala, ver o que passava na minha televisão. Logo quando começei a comer, o meu cachorro apareceu.

-Oi lindinho – dizia, vendo ele subir o sofá e vir até o meu colo – como está ? Comeu sua ração ? - dizia, acariciando o pelo dele. De repente então vi algo ser jogado por debaixo da minha porta – que é aquilo ? - ele viu, e sem precisar eu falar nada andou até lá e trouxe com a boca. Era apenas um papel, com os dizeres “Me apaixonei por você a primeira vista”. Imediatamente enquanto eu li isso, me lembrei daquele rapaz que vi mais cedo – Nicolas Torres...

Procurei o Facebook dele. Era realmente bem sombrio. Poucas fotos, um ar estranho, mas ao menos tempo uma luz reluzente. Eu não consegui explicar o que senti vendo todas aquelas fotos. Era algo estranho, mas muito bem...

-O que você achou dele, lindinho ? - perguntei, sorrindo. Só então reparei que estava sorrindo demais – porquê estou sorrindo desta forma ? - me perguntava, sorrindo...

TEMPO DEPOIS

Durante os dias em que tive tempo, voltei lá na praça. Porém, como das outras vezes, não o vi. Ele dizia que estava sempre ali, mas eu não o encontrava. E quanto mais eu pensava naquilo, mais ele dominava os meus pensamentos. Fui então para a faculdade, como fazia todos os dias. Cheguei lá mais cedo que o normal, de modo que fiquei sozinho durante alguns minutos na sala. Até que de repente, alguém colocou uma sacola na minha frente.

-Oi Lorenzo... Olha o que eu trouxe para você – acabou chamando a minha atenção, me fazendo olhar para cima.

-Oi... - era bolo – obrigado...

-Como você está ? - perguntou. Era um rapaz que me presenteava – está com um ar de pensativo.

-E realmente ando pensando... Me responde uma coisa... O que você sente quando está perto de mim ?

-Eu ? Ã... - Ele esboçou um sorriso – meu coração acelera... Uma alegria toma conta de mim... Minha atenção toda se concentra em você, eu só consigo olhar para você. Nunca senti isso por ninguém Lorenzo. É estranho... Mas é assim que eu me sinto...

Foi isso que eu senti naquele dia por aquele rapaz.

Nos dias que passaram, eu não fui naquela praça, por estar ocupado com alguns trabalhos da faculdade. Até que num certo dia, resolvi ir lá novamente, para caminhar. Me vesti, arrumei meu medidor, peguei uma garrafa de água e então sai. Cheguei lá, começei a caminhar sozinho durante alguns minutos. Olhava a paisagem, olhava as pessoas e continuava. Até que de repente alguém começou a correr do meu lado. Quando olhei para ver quem era, parei. Sim, era ele.

-Você ?! - perguntei, sem acreditar no que via. O olhei de cima a baixo, estava tão lindo quanto da outra vez.

-É, eu... Porquê a surpresa ?

-Nunca mais tinha visto você aqui...

-Andaste me procurando ?

-Não... - falei, tentando disfarçar – só, me lembrei que você havia dito que vivia aqui e eu não te vi aqui.

-Hum... É que, as vezes eu não posso vir. Mas sempre que posso venho...

-Ah... - e ficamos então a caminhar, durante vários minutos lado a lado.

TEMPO DEPOIS

Depois de corrermos bastante, paramos, ofegantes num banco da praça.

-Nossa... Preciso praticar mais... - falei, bebendo um pouco de água.

-E eu, então ? - ele pegou a sua garrafa de água, bebeu um pouco e então deixou a água escorrer um pouco pelo seu corpo. Acompanhei com o olhar, inconscientemente. Sabe quando você não quer olhar para algo, mas olha assim mesmo ? Assim fui eu naquela hora. De repente então o seu sorriso me atraiu.

-Você não me disse o que faz da vida... - falou ele, me olhando.

-Não ? Eu sou estudante de Medicina.

-Sério ? Meus Parabéns... Vai salvar vidas por aí, não é isso ?

-É... Assim eu espero... E você, o que faz da vida ?

-Eu ? Já terminei a faculdade... Sou gerente de uma empresa aqui de Joinville.

-Ah é ?

-É...

-E, é casado ? Vive com alguém ?

-Não, eu sou viúvo... Já tive uma esposa, porém... Ela morreu...

-Ah... Meus pêsames...

-Obrigado... Então eu já vou... - de repente então ele se levantou – ah... Antes que eu esqueça – ele de repente tirou o meu celular da minha mão. Escreveu algo nele e me devolveu – este é o meu número de telefone. Ligue se precisar de algo – falou, sorrindo.

-Ok... - disse, me derretendo com o sorriso.

-Até mais, Lorenzo... - e então ele virou e começou a andar...

-Até... - eu não conseguia explicar o que eu sentia naquela hora. Era algo intenso e avassalador. Inexplicável – o que é que você tem que me deixa assim, ein ?

TEMPO DEPOIS

Nos dias que se seguiram eu fiquei ainda mais embaralhado. Com a minha mente lembrando dele a todo momento, a toda hora, sem querer esquecer de forma alguma. E então passei a ir todos os dias naquela praça. E todos os dias lá eu o encontrava.

-E ai ? - ele dizia, vendo eu me aproximar, sentado num banco da praça com um sorvete na mão.

-E ai ? - eu retribuia, sorrindo.

Todos os dias nos encontravamos, sempre na praça. Aquele era o nosso ponto de encontro. Eu não encontrava ele em nenhum outro lugar, sempre era ali. E sempre era tão bom. A cada dia que eu o encontrava, já esperava o outro dia.

-Olha o que eu trouxe para você – falou ele, me entregando uma sacola.

-O que é isso ? - quando vi o conteúdo, arregalei os olhos – são CDS ?!

-São... Você disse que gostava dessa banda... E eu tava andando numa loja de discos esses dias, vi e lembrei. Então eu comprei.

-Obrigado, Nicolas... - fiquei feliz quando recebi aquele presente. Era sinal de que ele pensava em mim. Será se eu tinha uma chance ?

TEMPO DEPOIS

“Dormia tranquilamente no meu quarto. Um sono gostoso, profundo, sem fim. Quando de repente acordei, com alguém se mexendo dentro do meu edredom.

-Hummm... O que é isso ? - dizia, tentando ver.

-Sou eu... - falou ele, me fazendo arregalar os olhos.

-Nicolas ?! O que faz aqui ?

-Vim realizar todos os seus sonhos... - falou, deslizando os dedos no meu rosto.

-Ã – de repente então, aquele rosto se transformou no do meu pai – o quê?”

De repente acordei, ofegante, com meu celular vibrando. Era um alarme, para não deixar que eu dormisse demais durante a pestana da tarde. Iria mais uma vez a praça, porém naquele dia um clima feio de chuva se formou do lado de fora. E logo gotas de água começaram a pingar do céu de Joinville.

-É, hoje não vai dar pra eu ir... - falei, vendo o tempo ruim. Porém, tão logo falei isso, a campainha tocou – já vou... - estranhei pois não tinha marcado nada com ninguém. Abri a porta sem olhar pelo olho mágico, e quando abri a porta foram os meus olhos que se arregalaram – você ?

 

 



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