Texto treze:
Monólogo.
Desde pequena eu fui ensinada que minhas características eram defeitos, passei a minha infância querendo ser branca por ter sofrido tanto por ser negra.
Você acha que eu não percebia aqueles olhares? Hoje eu entendo o que eles queriam dizer, entendo cada olhar acusador, como se eu fosse indigna de respeito. O que nos leva a pensar que todo negro é assaltante? Que todo negro pertence a uma suposta classe inferior? Acho que passou da hora de pararmos de dividir o mundo entre negros e brancos.
Todo aquele sentimento fez com que eu amadurecesse e me tornasse o que sou hoje. O sentimento é esse, de assumir cada vez mais a negritude e continuar, porque a maioria acha que é mimimi, que não existe, que é apenas uma brincadeira, mas o fato de eu ter a pele mais clara não significa que eu não seja negra. Eu sei o meu lugar, eu sei os privilégios que tenho, mas eu também trago uma luta, sofri tanto quanto outro negro, então não venha me chamar de moreninha depois de tudo o que eu passei para me amar como mulher negra, que é o que eu sou.
O que eu diria a essas pessoas? Eu diria obrigada. Obrigada por me fazer perceber o quanto eu sou forte, obrigada por me fazer ter uma visão melhor sobre a vida e, apesar de tudo, eu te perdoo.
Monólogo com base nos depoimentos de alguns alunos e professores para o projeto da consciência negra, escrito por Beatriz dos Anjos e Caroline Vilela.
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