História Logo você? - Sim ou não? (short)

  Eu já estava ouvindo aquela música pela milésima vez durante a viagem de volta para São Paulo, Perfect do Ed Sheeran. Eu não parava de pensar na conversa que tive com o Gustavo antes de viajar. Depois daquele pedido inesperado as coisas não foram exatamente como se imaginaria. 

Flashback ON

- Gusta, a gente já conversou sobre isso. - Eu disse levantando do sofá e me afastando dele. 

- Eu só não vejo mais sentido nisso. Se eu quero ficar com você, e você comigo... - Ele disse meio chateado.

- Eu sei, e a culpa provavelmente é minha. Eu não devia ter começado a ficar com você dias depois de ter terminado com o Lucas... - Eu disse, mas ele me interrompeu.

- Ana, eu não quero ouvir você falar que se arrependeu. - Ele disse, e eu abracei ele. 

- Não é isso, vida. - Eu disse, e ele me abraçou de volta. - Eu nunca vou me arrepender de você. Mas eu preciso de mais um tempo...

- Acho que eu não tinha percebido ainda o quanto eu queria que você dissesse sim até você dizer não. - Ele disse com um sorriso fraco.

- Eu não disse não. - Eu disse beijando ele. 

Flashback OFF

Naquela noite ele me levou de volta para casa, o que quase nunca acontecia. Eu praticamente morava na casa dele nos últimos tempos. O meu apartamento me lembrava o Lucas, e eu adorava ficar com o Gusta. A gente tinha um clima bom de poder ficar em silêncio por horas, e ainda sim ser muito melhor do que conversar com qualquer pessoa. As vezes passava o dia todo em que nós dois editávamos vídeos, e até um quadro eu pintei pra ele. Mas agora parecia que aquele pedido tinha separado a gente. Eu fiquei uma semana fora, e ele não me ligou. Eu liguei para ele, óbvio. As mensagens também sempre vinham do meu lado. Ele tinha me dito que ia me dar o tempo que eu queria, e bem... Acho que ele estava cumprindo com a promessa. E aquilo estava me matando. A Tatá estava do meu lado no avião, e acordou quando já estávamos quase chegando em SP.

- Amiga, eu não quero me meter mas... Essa semana você só ficou com essa carinha triste, e eu sei que tem a ver com aquela cena do restaurante. - Ela disse tirando um dos meus phones, e me fazendo olhar para ela. - E o Julio falou que o Gusta tá arrasado também. Eu não sei se vocês terminaram mas...

- Ele me pediu em namoro. - Eu disse pela primeira vez. Eu não tinha contado nem pra Maria Julia e pra Nah. Ainda parecia algo muito íntimo e eu me sentia estranha sobre a forma como eu reagi.

- E você disse não? - Ela perguntou meio chocada.

- Eu disse que precisava de mais tempo, e ele está levando isso a risca. Mas acho que este tempo só me fez mal. - Eu disse chateada.

- Pois eu acho que esse tempo foi bom... Bom pra você ver que quer ficar com ele, senão não estaria sofrendo. - Ela disse me abraçando. 

- Você acha? - Eu perguntei com olhos marejados. - Eu tenho tanto medo de confundir as coisas e magoar ele. Eu não sei se eu tô pronta para começar um namoro de novo.

- Amiga, só por você ter esse cuidado com ele dá pra ver que você gosta dele de verdade. - Ela disse. - Você deve se sentir confusa porque é diferente do que foi com o T3ddy, mas vocês eram amigos antes. E também, os amores são diferentes. Acho que com o Gusta você tem um amor mais calmo, diferente daquela loucura que era com o T3ddy. 

- Será que ele ainda vai querer algo comigo? - Eu perguntei sorrindo de lado. 

- Você só vai saber se tentar, né? - Ela me disse, e eu decidi: A primeira coisa que eu ia fazer quando saísse daquele avião seria me acertar com ele.

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O Julio tinha ido buscar a Tatá, e eu estava muito feliz por eles. Ele me ofereceu uma carona, e quando eu perguntei se ele podia me levar pro Gustavo ele sorriu satisfeito. Eu mandei mensagem para ele dizendo que eu estava indo para lá, mas apesar de ter recebido ainda não tinha lido. Cheguei em frente ao prédio e depois de me despedir da Tatá e do Julio entrei. Minha entrada já estava liberada, e ele não ter mudado isso me deixou feliz. Quando cheguei na porta do apartamento dele ouvi que ele outras pessoas estavam com ele, provavelmente gravando? Como várias pessoas falavam não achei que eu estaria atrapalhando se batesse na porta. Depois de uns segundos o Rick abriu a porta para mim. 

- Aninha! Achei que você estava viajando! - Ele disse, e eu sorri meio sem jeito. Ele provavelmente sabia de todo o drama, já que era um dos melhores amigos do Gustavo.

- Acabei de chegar. - Eu disse, apontando para a minha mala, que ele fez questão de pegar para me ajudar a entrar. 

- Vem, o Gusta já terminou de gravar com a Maddu e com o Pyong. A gente estava comendo. - Ele disse, e eu entrei atrás dele. Ele entrou na sala anunciando que eu tinha chegado. - Olha a encomenda que mandaram entregar na sua porta, Gustavo! Tá com sorte hoje hein...

Eu ainda estava meio desconfortável, e assim que meus olhos encontraram os do Gustavo meu coração disparou. Como eu pude ser tão cega para não ver que eu estou completamente apaixonada por ele? Mas nem tudo podia ser tão perfeito, né? A tal Maddu que tinha ido gravar com ele parecia estar bem interessada nele também, pela forma como estava bem próxima dele quando eu cheguei, com a mão no braço dele enquanto ria de alguma coisa que ele falava. 

- Vida? - Ele disse assustado com a minha presença. Ele não sabia exatamente quando eu voltava já que as nossas conversas na última semana não estavam sendo muito longas ou pessoais. Eu reparei também que ele estava completamente alheio ao mole que a Maddu estava dando pra ele, mas esse é o Gustavo. Tem um monte de mulher dando em cima dele, e ele parece que não percebe. 

- Eu tentei falar com você, mas acho que você estava gravando na hora. - Eu disse. - Oi gente! Desculpe invadir a gravação de vocês.

- A gente já terminou. - o Pyong disse sorrindo, e veio me abraçar. - Você chegou na hora certa, a hora da comida!

- Eu to de boa, mas obrigada. - Eu disse.

- Você veio direto do aeroporto? - o Gusta me perguntou, vendo a minha mala. 

- Sim, mas a gente pode conversar outra hora. - Eu disse pegando a minha bolsa de volta do balcão, onde eu tinha apoiado ela. - Eu não quero atrapalhar. 

- Fica! - Ele disse segurando a minha mão. - Eu tô com saudades.

- Eu também. - Eu disse, e ele beijou a minha mão. 

- Acho que você conhece todo mundo. - Ele disse me puxando para o sofá. - Menos a Maddu. Essa é a Ana, Maddu essa é a Ana.

- Já ouvi falar muito de você por ai, é até estranho a gente não ter se cruzado antes. - Ela disse.

- Pois é. - Eu disse, sentindo que ela claramente estava incomodada com o fato de ter perdido a atenção do Gustavo. Eu nem acho que ele realmente estava dando nenhuma atenção para ela nesse sentido, mas como ele é sempre super simpático com todo mundo as vezes rolam estas confusões. - A Nah sempre fala de você.

- Ela fala muito de você também. - Ela disse com um sorriso meio forçado. - Mas eu não sabia que você também era amiga do Gusta. - Definitivamente ela estava incomodada. Era óbvio que ela sabia que a gente tinha algo, todo mundo sabia. Era a fofoca das últimas semanas.

- Acho que eles tem algo um pouco além de uma amizade. - o Rick disse rindo irônico, e eu queria abraçar ele. Ele também percebeu o que estava rolando, e pelo jeito estava no meu lado. Eu sorri para ele agradecendo, e acho que até o lerdo do Gustavo percebeu o que estava rolando. 

- Bem, tá tudo muito bom mas eu preciso ir. - o Pyong disse. - Aninha, eu vou gravar com o Gusta de novo amanhã pro meu canal, vai ser hipnose e eu preciso de um ambiente com menos gente, mas se você quiser vir eu posso te usar na hipnose e vai ficar irado!

- Me usar? - Eu disse rindo. - Eu tenho medo do que isso significa, mas se o Gusta quiser que eu vá eu estou livre. 

- É claro que eu quero. - Ele disse me abraçando por trás, e eu vi pelo canto dos olhos a Maddu revirando os olhos. É amiga, parece que você perdeu a viagem...

- Combinado então! Vamos, Maddu? Acho que o casal tá querendo matar a saudade. - Ele disse me deixando com vergonha, e em menos de cinco minutos todo já tinham ido. 

- Vida, eu... - Ele disse chegando perto de mim, enquanto me olhava nos olhos depois de fechar a porta e se despedir de todos, enquanto eu tinha ficado encostada na janela olhando para ele. 

- Shiu. - Eu disse colocando meus dedos sobre os lábios dele. - Pergunta de novo.

- Que? - Ele disse, mas em seguida eu consegui ver os olhos dele clareando como se entendendo. Ele sorriu da forma mais linda possível, e eu abracei ele pelo pescoço ficando na ponta dos pés. 

- Se você não pergunta, eu pergunto... - Eu disse sorrindo. - Você quer namorar comigo?

- Depende. - Ele disse, e meu sorriso vacilou um pouco, mas ele merecia falar o que quisesse depois de eu ter pedido aquele tempo. 

- De que? - Eu perguntei, e ele sorriu ao ver que eu estava nervosa.

- Você tem certeza? Eu não quero que você se sinta pressionada porque eu não te procurei. Eu não consigo ficar longe de você nem mais um dia, e mesmo que você não queira namorar agora, eu vou entender. - Ele disse, e eu me derreti ainda mais.

- Eu vou te perguntar mais uma vez, e eu espero ouvir a responta certa desssa vez. - Eu disse rindo, e ele riu junto. Eu fiz uma carinha fofa antes de falar. - Quer namorar comigo?

- Sim. - Ele disse, e me beijou em seguida. Acho que foi o nosso melhor beijo, até melhor do que o primeiro, que já foi bem fantástico. E bem... Todo o resto também foi maravilhoso.