JUSTIN
Tinha chegado uns dez minutos antes no shopping, para não correr o risco de me atrazar e deixar Ariella aqui plantada me esperando. Inquieto me levantei do Banco e comecei a dar passos largos em direção à escada rolante.
Vinha descendo uma linda menina com uma cascata negra e volumosa caindo sob os seus ombros aparentemente largos por causa do vestido vermelho, ela descia a escada sem olhar para frente, distraída e olhando para um lado e para o outro, até que ela pisou no solo, ainda se segurando no apoio da escada para não cair com aqueles saltos.
Ela vinha em minha direção, mesmo sem saber que eu estava na sua frente, a cabeça abaixada olhando para o relógio, certamente achando que está atrasada. Estava com uma maquiagem linda, os cílios e os lábios tinham um intenso volume, estava impecável, da maneira que eu queria.
Sem perceber ela esbarrou em mim e as sacolas foram ao chão, então eu achei que era o momento perfeito para fazer o papel de distraído, assim como ela. Abaixei-me para ajudá-la a pegar as sacolas e vi as roupas que ela estava usando hoje mais cedo dentro de uma sacola da Victoria Secret. Ah, então ela comprou lingerie nova? Que maravilha!
"Oh, céus, perdão. Mas que desastrada, desculpe, eu sinto muito!" - Ela falou desapontada e gaguejando, ainda sem ver meu rosto.
"Você costuma ser distraída sempre, - Disse ainda de cabeça baixa - Ariella?" - Pronunciei seu nome já olhando nos seus olhos, e ela ficou procurando as palavras certas mas não as achou. - "Calma, Ariella, eu só estava brincando, eu sabia que você ia esbarrar em mim. Na verdade eu achei que você ia cair com esses saltos enormes!" - Disse e ela caiu na gargalhada, era tão bom ouvir aquele riso gostoso dela.
"Eu também achei que eu ia cair, mas parece que eu estou me saindo bem." - Ela sabia ser divertida, Ariella é tão autêntica, que eu não consigo imaginar alguém que se compare a ela.
"Bom, acho melhor nós irmos andando, já está ficando tarde." - Disse segurando sua mão.
"Vamos!" - Ela disse empolgada seguindo os meus passos.
Chegamos ao estacionamento, eu abri a porta para ela, como eu fiz todas as vezes que ela entrou nesse carro. Talvez se fosse com outra, eu não me importaria em ser educado e cavalheiro, eu simplesmente não daria a mínima. Mas com ela é diferente, eu me sinto na obrigação de tratá-la como uma princesa, porque é assim que ela deve ser tratada, ela merece ser feliz, e eu quero vê-la feliz o tempo todo. Eu não quero que ela se lembre de momentos ruins nem que se sinta culpada, pois ela passou quase dez anos de sentido um zero à esquerda.
Nós entramos no carro, dei a partida e durante o caminho nós conversamos sobre várias coisas, coisas aleatórias, coisas que ela provavelmente não tinha feito mas gostaria de fazer, coisas que para ela não faziam o menor sentido, mas fazia todo o sentido para mim.
Ela tornava aquilo tão mais fácil, era incrível como ela era madura para a idade dela, e como ela respondia as coisas que eu perguntava numa boa, sem pensar duas vezes, ela não era nenhuma dessas garotas bonitinhas por fora e completamente podre por dentro.
Ela sabia o que estava falando, era meio insegura, mas, isso a deixava ainda mais fofa. Ela pode até pensar que não é boa o suficiente, mas ela é linda e inteligente sem agir como um robô, ela consegue ser autêntica lindamente e naturalmente.
ARIELLA
Justin foi conversando comigo durante todo o caminho. Ele conversava comigo sobre muitas coisas, não era para quebrar o gelo, ele me intimida bastante, mas ele também me deixa tranquila, é como se nós nos conhecêssemos à anos, e ele fosse o meu melhor amigo. Ele me trata melhor do que o meu pai biológico, e eu acabei de conhecê-lo.
Me lembro de algumas vezes quando eu era pequena, de noite eu ficava acordada até mais tarde assistindo desenhos animados na televisão, só para esperar o meu pai chegar e dar um abraço bem apertado nele. Ele sempre chegava estressado, quando eu ia abraçá-lo ele não retribuía, ou quando eu perguntava como tinha sido o seu dia ele começava a gritar comigo como se eu fosse culpada pelos seus aborrecimentos.
Hoje eu vejo que eu não tive culpa de absolutamente nada, eu não me sinto responsável pela falta de amor deles, acho que eu fiz tudo para receber o afeto deles. Justin tirou esse peso dos meus ombros, agora eu só preciso fazer ele me amar, acho que não será tão difícil, ela me disse para ser uma boa menina, eu serei.
Paramos em frente a um lugar pequeno mas muito iluminado com uma enorme placa cheia de luzes com as palavras Bari Palezi, então eu concluí que tínhamos chegado ao restaurante. Justin abriu a porta do carro para mim e eu fui andando de mãos dadas com ele, eu sempre via algumas menininhas indo para a escola de mãos dadas com seus pais, sempre achei algo tão lindo, por isso eu gosto de ficar de mãos dadas com Justin, me sinto "mais filha" dele.
Ele olhou para nossas mãos entrelaçadas, olhou para mim e sorriu, pude ver seus olhos ganharem um brilho natural quando sorri de volta para ela. Entramos no restaurante e já tinha uma mesa reservada para nós dois, ele puxou a cadeira para que eu me sentasse e esperamos alguém nos atender, olhamos o menu e Justin começou a me contar sobre sua grandiosa experiência com todos os pratos do restaurante.
"Ariella, eu sempre frequento esse lugar, o melhor prato que eu já comi aqui é o filé à parmegiana, é um prato italiano muito suculento, acho que você vai adorar!" - Ela disse me mostrando o prato na parte italiana do menu, embaixo tinha escrito alguns dos ingredientes do prato, macarrão com molho, queijo e bife empanado.
"Ah, eu gosto, quer dizer, eu nunca comi, mas eu amo queijo e bife e macarrão, então eu acho que vou adorar!" - Disse rindo e fazendo ele sorrir, era tão fácil arrancar um sorriso dele, eu nem precisava fazer muito esforço, era espontâneo e não há nada mais lindo do que o sorriso espontâneo dele, é perfeito. Justin chamou o garçom e fez o pedido.
"Olha, vamos pedir filé à parmegiana, o mesmo para nós dois. E quanto à bebida Ariella, o que você vai querer?" - Ele disse esperando uma resposta minha, então eu fui escolher no menu algum dos vários sucos listados na parte das bebidas.
"Eu vou querer um suco de morango." - Respondi.
"Quero um champagne rosê com morangos." - Ele disse sem pensar muito. O garçom anotou os nossos pedidos em um pequeno bloco de notas e adentrou na cozinha do restaurante.
"Você gosta de morango, Ariella?"
"Sim, muito." - Respondi.
"Que ótimo, eu sei fazer umas panquecas com morango e leite condensado que são muito gostosas."
"Ah, que maravilha, eu vou adorar com certeza, até porque eu amo morango e eu não digo não pra comida." - Disse e ele sorriu mais uma vez.
JUSTIN
O nosso pedido chegou e fomos comendo lentamente, conversando, brincando e rindo de muitas coisas. Ariella me fazia perder o foco da conversa bebendo aquele suco de morango, colocando aquela boca ao redor daquele canudo e fazendo aquela cara de menina inocente... era a visão do paraíso, já estava ficando duro só de imaginar Ariella usando essa boca em outros lugares... Ah, Ariella, você ainda me paga!
Terminamos a nossa refeição e Ariella disse que ia ao banheiro. Enquanto isso, chamei o garçom e paguei a conta. Ariella voltou do banheiro com o cabelo preso em um coque bagunçado, o que a deixava ainda mais linda. Olhei para o relógio e vi que ainda tínhamos algum tempo, então tive a idéia de levá-la para um lugar especial.
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