POINT OF VIEW
NOELLE
Eu e Amber ficamos na porta do orfanato, até Ariella entrar no carro com o rapaz loiro e sumir de nossas vistas. Amber tinha o rosto úmido pelas lágrimas que desciam incontrolavelmente, eu porém, segurava as minhas para aparentar ser forte.
Levei Amber de volta para o balanço e tentei distraí-la com algum assunto bom, algo que a fizesse rir. Não sou muito boa com isso, mas, isso era o que Ariella fazia toda vez que nós ficávamos tristes pelos nossos pais. Pensei em Mr. Justin e Ariella, então algo me inspirou.
"Amber, existe uma história, de uma garota morena, de longos cabelos pretos, com incontáveis sardas em seu rosto. Essa garota, era solitária, não tinha nem pai e nem mãe, ela só tinha duas pessoas que ela amava na vida, duas garotas que ela considerava como irmãs. Um dia, um rapaz que se preocupava com ela foi atrás dela, ela foi, com o coração transbordando de dor, mas ela foi. As duas outras, não ficaram sozinhas, elas não tinham quase nada, mas tinham umas as outras, e tinham um imenso alívio, sabendo que, a garota que foi embora, teria uma boa vida." - Disse enquanto Amber calmamente me ouvia, soluçando entre cada lágrima que caía de seus olhos.
"Noe, eu sei que você está se referindo a Ariella." - A pequena disse com um pequeno sorriso nos lábios.
"E você não fica feliz por ela? Agora, ela está com uma pessoa que se preocupa com ela." - Perguntei fazendo-a refletir.
"Eu estou, eu sei que ela nos ama, e que não vai nos esquecer." - Ela disse enxugando as lágrimas com as pequenas mãozinhas.
"Vem, vamos entrar." - Disse segurando sua mão e a acompanhando para dentro do orfanato.
Nós ficamos na sala, Amberly ficou no piano tocando algumas das notas que Ariella a ensinou. Ariella queria nos ensinar tantas coisas, ela era tão meiga, era como se fosse nossa mãe. Fazia tudo para nós como se fosse para ela. Ela nem pensava nela, só queria o melhor para nós.
Deixei Amber na sala tocando o piano e subi calmamente as escadas em direção ao nosso quarto. Abri a porta, sentei na cama que Ariella dormia, peguei seu travesseiro e fiquei sentindo seu cheiro. Abri o guarda roupa e peguei algumas peças de roupa que Ariella não levou, ela foi com a roupa do corpo, deixou toda sua roupa para nós e levou somente uma reserva na mochila. Bem a cara de Ariella.
Olhei diretamente para o criado mudo e lá tinha um papel rabiscado. Era uma carta de Ariella, com uma caneta azul do lado. Sentei-me na cama e li toda a carta, que dizia:
Oi, Noe, oi, Amber. Bom, é difícil estar escrevendo isso para vocês, pois eu mal começei e as lágrimas já estão caindo e manchando a tinta do papel. Quero dizer para vocês que não há amor sem sacrifícios, e que sem sacrifícios não há felicidade. Vocês sabem, eu poderia dizer que eu não quero que Mr. Justin me adote, mas, se eu estou fazendo isso, é por vocês. Graças a ele, eu vou ter uma vida melhor, e não falta muito tempo para eu entrar numa faculdade, próximo mês eu já completo quinze anos e três anos se passam num piscar de olhos. Não vou me esquecer de vocês, e Mr. Justin não vai me separar de vocês, prometo sempre vir ao orfanato visitá-las, pegar no pé de Noelle pelas notas baixas e chamar a atenção de Amber quando ficar insuportável fazendo birra. Saibam que, amor é colocar as necessidades de uma pessoa acima das suas, e eu sempre pensei em vocês, em primeiro lugar na minha vida, sempre foi 'Amberly e Noelle'. Prometo fazer por vocês o que estiver ao meu alcance, e o que não estiver, também."
- Eu as amo imensamente, Ariella.
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