Passei essa semana toda dormindo com a Lydia, por um único motivo, Allison. Hoje é o dia da morte dela e daquela noite fatídica. É muito difícil para nós seguirmos em frente, não se entregar, mas tentamos, cada um do seu modo, sempre buscando ser o mais forte possível e fazendo de tudo para não deixar a dor dominar, mas é difícil... muito difícil.
Hoje é como se nossos corpos não existissem e somente a mente comandasse, é um dia onde ficamos aéreos e sem rumo. Além de sofrer pela morte dela, nos preocupamos e revivemos aquela noite, sentimos tudo novamente, a dor, o medo, a angustia, o pânico e o cansaço.
Lydia por exemplo se esconde debaixo dos cobertores, porque simplesmente não consegue controlar seus ataques Banshee, as vozes lhe perturbam o dia inteiro e já a noite, os pesadelos a assombram e o sono não vem. Eu tento os ajudar, mas é bem mais complicado para mim porque além de me lembrar dela, tenho que suportar o peso das minhas ações e o medo do nogitsune voltar novamente. Para dizer a verdade essa angustia é constante, mas hoje, retorno a aquela noite e sinto tudo novamente, o poder, medo, desejo e terror. Tento ser mais forte e a não pensar muito sobre o que eu sinto, mas sei que meus olhos estão perdidos, minha expressão triste e meu corpo exausto e em alerta.
São cinco da tarde, eu e Lydia estamos deitados em sua cama e durante todo o dia mal saímos de lá, temos consciência que não podemos ficar assim toda vez, porém ainda estamos superando e não foi somente uma morte, foi uma situação toda.
- É a minha vez- Lydia disse me abraçando
- O que?
- É a minha vez de te ajudar-seus olhos verdes me fitam com total intensidade
- Eu estou bem, triste, mas bem
- Stiles sei que não quer demostrar e acha que fazendo isso vai me proteger, mas agora EU estou aqui para te ajudar e sei como precisa de ajuda. Não é só pela Alisson, Stiles, o nogitsune tomou conta de você, bagunçou a sua mente. Sei que ainda se culpa pelas mortes e acontecimentos daquele dia e por mais que eu fale nada vai mudar o que sente, então o que posso fazer é oferecer meu colo e deixar você soltar tudo isso que prende ai dentro
Aquelas palavras mexeram muito comigo, ela conseguiu passar tudo o que eu estava sentindo, porque realmente não tinha mais o que fazer, fui a psicólogos, conversei com todos, mas ainda sentia que Ele estava comigo, pensava na minha responsabilidade em tudo isso e não conseguia me perdoar. Só que aí, vem a Lydia Martin, com toda essa compreensão e atenção a mim, me dando de bandeja tudo o que eu mais precisava no momento. E por extrema necessidade me jogo nos seus braços e ela me abraça forte, me senti uma criança no colo quente da minha mãe e naquele momento não tive medo de chorar e me despedaçar ali na sua frente, porque sabia que ela me juntaria novamente
Cochilei um pouquinho, mas acordei desesperado por causa do pesadelo e novamente ela estava lá me confortando. Lydia Martin continua sendo a pessoa mais forte que conheço.
- Lyds vou lá ver o Scott, tá?
- Claro, se precisar de mim é só me chamar
- Pode deixar- dei um beijo em sua bochecha e subi
Encontro Scott deitado no sofá com a televisão ligada, mas o próprio nem dá atenção ao aparelho. Mesmo com a Kira e amorosamente ter superado, a perda foi muito grande, ele não chora e nem se descontrola como antes, mas é um dia muito sofrido, fica aéreo e triste, pouco fala e se isola, é o seu processo de luto.
Preparo algo para ele comer e coloco na mesinha de centro ao seu lado
- Stiles- me chama quando estava quase indo embora
- Scotty- ele esboça um sorriso ao ouvir o apelido
- Parece que foi ontem que tudo aconteceu...- concordei com a cabeça- Ainda não sei como conseguimos terminar o ensino médio!- disse num tom de brincadeira me fazendo rir
- Verdade- sentei-me ao seu lado
- Mas terminamos e estamos aqui, não podemos ficar voltando ao passado- ele falava olhando para o nada- Ela não gostaria que ficássemos assim... temos que reagir irmão
- Temos...- falei suspirando
- Vem, vamos sair e fazer alguma coisa, se embebedar que seja, mas não ficaremos aqui remoendo este sentimento- ele já em pé
- Isso mesmo- suas palavras me deram um animo positivo e passei a apoiar sua ideia- Temos que ver com a Lydia antes
- Claro
Descemos e no corredor ouvimos o som da sua voz e da mel
- Lydia o que está acontecendo?- Mellanie perguntou
- Nada
- Ah então por favor vai lá sorria, aguem pode se apaixonar pelo seu sorriso
- Quem te disse isso?!- sua voz se alterou
-O que? Ninguém, devo ter lido em algum lugar
- Tá tudo bem Mellanie- Lydia falou grossa e em seguida o som de uma porta batendo
Preocupados entramos no apartamento
- Oi, o que está acontecendo com vocês hoje?- Mel falou sentando no sofá
- Mel, vem aqui comigo- a chamei e mesmo resmungando levantou e saiu do apartamento comigo
- Vou conversar com a Lydia- Scott avisou
- O que houve?- perguntou um pouco preocupada
- Hoje é o dia em que nossa amiga morreu
- Puts, que mal, meus pêsames Stiles- disse chateada
- Obrigado.
- Deixa eu só fazer uma pergunta. Ela é aquela garota no porta retrato no quarto da Lydia?
- Ela mesmo, Allison. Já faz três anos, mas foi um acontecimento muito impactante para nós, era a ex no Scott e minha melhor amiga. E pra Lydia ainda pior já que perdeu a melhor amiga e o namorado no mesmo dia
- Ah nossa...- falou triste- Tem alguma coisa que eu possa fazer? Eu não sei lidar muito bem com tudo isso
- Obrigado, não tem nada só deixar passar, mas peço que não faça muitas perguntas sobre tá
- ah sim tudo bem
Nós voltamos para o apartamento, Lydia estava rindo com Scott, Mellanie logo foi a seu encontro, disse alguma coisa em seu ouvido que logo foi respondido com um sorrisinho e um aceno de cabeça.
- Scott conversou comigo, acho para sair eu não vou, mas podemos ficar aqui em casa mesmo, tem umas cervejas na geladeira, pode ser?- Lyds perguntou
- Claro- eu e ele respondemos
Então assim ficamos conversando, bebendo e relembrando as coisas boas, contamos um pouco sobre ela a Mellanie e foi bem mais suave, sem muita dor nem ressentimento e sim muito carinho e saudades. Ainda temos essas cicatrizes e elas estarão conosco para sempre, porem a única coisa o que podemos fazer é tentar lidar e aprender a superar, um dia após o outro
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