História Look At Me (Laurinah). - 31: Fly Me To The Moon

Fly Me To The Moon - Frank Sinatra

"Fly me to the moon, let me play among the stars. Let me see what spring is like on Jupiter and Mars. In other words, hold my hand. In other words, baby, kiss me. Fill my heart with song and let me sing for ever more, you are all I long for all I worship and adore. In other words, please be true. In other words, I love you."

"Leve-me até a lua e deixe-me brincar com as estrelas. Deixe-me ver como é a primavera em Júpter e Marte. Em outras palavras, segure a minha mão. Em outras palavras, beije-me. Encha meu coração com música e deixe-me cantar para sempre, você é tudo o que eu desejo, tudo o que eu cultivo e adoro. Em outras palavras, por favor, seja verdadeira. Em outras palavras, eu te amo."

Dinah Jane Point of View.

Eu havia acabado de sair do banho, meus cabelos ainda úmidos eram penteados da forma que eu costumava fazer todas as vezes que estava com pressa. O espelho a minha frente ainda levemente embaçado e o ar envolvido por uma nuvem de vapor que iria se desfazer aos poucos. Foi quando senti suas mãos em minha cintura e dei um pulinho de susto, fazendo-a rir.

Ela colou todo o seu corpo ao meu e me apertou naquele abraço desajeitado, apoiando seu queixo em meu ombro para me encarar através do espelho. Os olhos esverdeados me estudando de forma intimidadora. "Você está cheirosa", ela sussurrou em meu ouvido, fazendo aquele arrepio costumeiro atravessar minha espinha. Eu não precisava de muito para ficar nervosa em sua presença, mas naquele momento aquilo estava incontrolável.

Ela passou a me beijar e a me tocar de uma forma diferente das outras vezes. Suas mãos tinham certa delicadeza, porém, eram firmes e me causavam arrepios inexplicáveis. Seus lábios pareciam mais quentes simplesmente pela forma como sua língua serpenteava por meu pescoço naquele momento, fazendo-me arfar e largar a escova de cabelo sobre a pia para me segurar no mármore frio.

"Não faz assim", eu pedia, sabendo que aquilo só a faria continuar e intensificar os beijos que me incendiavam. Minha respiração já podia ser ouvida por de trás da porta do banheiro, mas eu não me importava com aquilo. As mãos alvas estavam firmes em minha cintura, logo abaixo de meus seios e seus dedos faziam uma leve pressão em minhas costelas, tornando aquilo mais gostoso, o que automaticamente me fazia empinar um pouco meu corpo em sua direção, ocasionando em um roçar de minha bunda no volume que aos poucos se formava entre suas pernas.

Num movimento rápido e ágil, ela girou-me em seus braços, deixando-me de frente para ela. Nossos olhares se encontraram e nós rimos, sem perder muito tempo antes de nos beijarmos com fome, com força, com língua, gemidos e mãos bobas por todo o corpo. Ela sorria antes de morder meus lábios e atacar meu pescoço, fazendo-me arfar e me render totalmente àquelas carícias.

De repente, tudo ao nosso redor era a fumaça criada pelo vapor do banho quente que eu havia tomado, e minha pele queimava em desejo. Seus dedos sempre tocando-me nos lugares certos para tornar aquilo ainda mais excitante. "Você tem certeza que não me quer mais?" Sua voz me despertou daquele devaneio e eu a olhei confusa. Não conseguia mais enxergar o seu rosto, havia fumaça para todos os lados e aos poucos seu toque em meu corpo ia ficando mais leve, mais suave, quase inexistente, como se ela não estivesse mais ali.

Eu queria gritar que ela estava errada. Eu ainda a queria! Mas minha boca se abria e nenhum som era ouvido. Eu apertava meus olhos, respirava fundo e gritava mais alto, mas ela não podia me ouvir. Ela se afastava cada vez mais, sumindo entre toda aquela fumaça branca. Eu dava passos em sua direção, mas a cada passo, ela parecia mais distante e mais impossível de alcançar.

Lágrimas grossas começaram a cair por meu rosto, fazendo com que duas linhas pretas escorregassem por minhas bochechas. Era minha maquiagem, derretendo-se e deixando-me feia. O que eu enxergava naquele instante era apenas o meu reflexo envolvido por aquele vapor. Eu chorava muito, minhas mãos estavam trêmulas e eu ainda conseguia ouvir sua voz ao longe dizendo-me repetidamente as palavras "Então eu vou embora, Dinah, você não me quer. Você não me pediu para ficar." Eu não queria que ela fosse, eu tentava, mas minha voz continuava congelada em minha garganta.

Algo começou a vibrar próximo a mim, fazendo meu coração disparar. Quando dei por mim, não estava mais naquele pesadelo. As luzes de meu quarto ainda estavam acesas e o celular ao lado de meu rosto no travesseiro vibrava a cada um minuto, avisando que eu havia recebido uma nova mensagem.

Levei minhas mãos até o meu rosto e esfreguei meus olhos, tentando despertar. Meu coração estava alertado e eu tinha lágrimas nos olhos, aquele pesadelo havia sido muito real. Lauren estava me deixando, indo para longe de mim. E pensar naquilo deixava-me com mais vontade de chorar. O celular ao meu lado continuava vibrando, e então, quando eu criei coragem e o peguei para verificar as notificações, seu nome estava lá.

Uma sensação de alívio e medo passou por mim. Aquele sonho poderia ter sido um aviso? O que Lauren queria me dizer depois de quatro dias sem trocarmos uma palavra? Ela havia desistido de mim? Eu havia empurrado para longe a segunda pessoa que eu realmente amei em minha vida? Eu teria de passar por tudo aquilo de novo?

Respirei fundo e desbloqueei a tela do celular, indo direto para a sua caixa de mensagens. Meu coração se apertou e minhas mãos ainda tremiam, fazendo suas palavras ficarem confusas e distorcidas no meu foco de visão. As lágrimas em meus olhos também não ajudavam muito. Mas quando finalmente consegui começar a ler, eu não tinha certeza se estava rindo ou chorando entre soluços, na verdade eu estava fazendo as duas coisas simultaneamente.

Suas palavras eram completamente o contrário do que eu havia imaginado. Lauren não estava desistindo de mim, ela estava me confirmando de que não iria fazê-lo. De que me amava e que iria esperar por mim enquanto fosse necessário. Dessa vez eu queria gritar de felicidade, mas ainda estava em choque. Tentei responder algo à ela, mas minhas mãos não paravam de tremer e não fui capaz de formar uma palavra que fizesse sentido. 

Acabei deixando o telefone de lado e afundando meu rosto no travesseiro, deixando que todas as lágrimas teimosas saíssem de meus olhos e molhassem o tecido branco. Minha mãe certamente ficaria preocupada se me visse naquela situação, mas eu não conseguia reagir. Eu só conseguia puxar o ar com força para os meus pulmões e soltá-lo junto com todo o medo que havia me consumido minutos atrás. 

Foram longos minutos até que eu finalmente conseguisse me acalmar. A luz da pequena tela do celular ainda estava acesa ao meu lado, e eu encarava a foto de Lauren pensando no que eu podeira responder à ela. A verdade é que eu preferia que ela estivesse comigo naquele momento, eu preferia que eu pudesse passar meus braços ao redor de seu corpo e trazê-la para o meu abraço, para que ela pudesse sentir exatamente o que eu gostaria de lhe transmitir. Todo o meu amor, todo o medo que eu sentia de perdê-la.  

[21: 56] Eu: Vpce pode mw ligar

[21:56] Eu: ?

[21:57] Lauren Jauregui: Você está bem? 

[21:57] Uma nova chamada de Lauren Jauregui.

- Dinah? - Ouvir sua voz fora como um sopro de alívio enviado direto para o meu coração. Rapidamente as lágrimas voltaram com força para os meus olhos e tive que respirar fundo novamente para conseguir dizer alguma coisa.

- Lo... Eu tive um pesadelo horrível. - E então minhas bochechas estavam novamente inundadas por lágrimas quentes que escorriam copiosamente e pingavam em minha roupa.

- O que aconteceu? Calma, amor, foi só um pesadelo, está tudo bem. - Ela tinha certo desespero em sua voz, e aquilo só me fazia chorar mais. - Não chora, me conta o que houve. - Ela pedia, e eu tentava respirar mais devagar e assimilar meus pensamentos, mas a cada palavra que ela dizia, eu soluçava e me encolhia mais em minha cama, como uma criança assustada.

- Eu quero você, Lo, eu juro que eu quero, por favor, não vá embora. - As palavras que saíam por minha boca eram automáticas, de forma muito rápida e confusa, eu nem mesmo tinha certeza se Lauren estava entendendo o que eu dizia.

- Dinah, calma! Eu não vou embora, eu tô aqui, o que tá acontecendo? - Lauren quase gritou dessa vez, fazendo-me parar instantaneamente de falar e começar a chorar baixinho. 

Alguns minutos se passaram até que eu conseguisse me acalmar um pouco, e isso só aconteceu porque Lauren pediu para que eu apagasse as luzes de meu quarto e me deitasse para ouvi-la. Quando eu o fiz, ela começou a cantar baixinho algumas músicas que ela sabia serem minhas favoritas, e então eu fechei meus olhos e senti como se ela estivesse ao meu lado, acariciando meus cabelos enquanto fazia aquela melodia soar como um calmante. 

Quando ela começou a cantar No Way, meu sorriso se abriu pela primeira vez e então cantamos juntas, bem baixinho, de forma quase inaudível, mas o suficiente para que nós duas soubéssemos que ainda estávamos ali do outro lado da linha. 

- Você foi realmente estúpida comigo... - Eu consegui dizer depois de um longo tempo em silêncio, apenas ouvindo o som de sua respiração. 

- Eu sei, e eu não me orgulho disso. Você me desculpa? - Lauren tinha um tom de voz doce, e ao contrário da última vez em que nos falamos, aquilo não me irritou. Aquilo fez com que meu coração se aquecesse e se derretesse mais uma vez por ela.

- Mas eu também não fui muito compreensiva com você, então acho que também te devo desculpas, Lo. - Pude ouvir quando ela riu pelo nariz. Eu não podia vê-la, mas tinha quase certeza de que ela estava sorrindo sem jeito e passando a mão pelos cabelos agora. 

- Já está desculpada. Eu só quero deixar estes dias horríveis para trás e saber se podemos começar de novo. O que você me diz? - Mordi meu lábio inferior para conter minha euforia. Ela acabara de me pedir exatamente o que eu mais queria.

Queria esquecer de todas as besteiras que dissemos uma à outra quando estávamos nervosas. Queria esquecer as brigas, os dias em que ficamos distantes, todas as vezes que chorei e em que pensei em desistir de tudo, de nós. Depois daquele sonho, eu só tive mais certeza de que não queria Lauren longe de mim. Eu queria, eu precisava dela em minha vida para fazer as coisas de uma forma diferente desta vez. 

[22:43] Lauren Jauregui iniciou uma chamada de vídeo.

- Isso não é justo, Lo... Você está linda e eu estou com cara de choro. - Tentei esconder meu rosto da câmera e ouvi a risada de Lauren ecoar do outro lado, fazendo meu coração bater um pouco mais depressa. 

- Você está sempre linda. Mas agora me diz, podemos recomeçar? - Ela sabia que acrescentar aquele tom infantil em sua voz fazia com que se tornasse quase impossível negar qualquer coisa a ela. 

- Você vai ter paciência comigo? - Ela mordeu o lábio inferior para conter um sorriso, e eu desejei mais do que nunca estar ao seu lado para poder beijá-la.

- Eu vou ter toda a paciência do mundo, eu prometo. 

- Então eu prometo que não vou desistir de nós. Está bem? - Por um momento pensei que ela fosse chorar. Seus lábios se curvaram em um biquinho e seus olhos estavam com um brilho a mais. Mas Lauren apenas se jogou em sua cama, acendendo a luz do abajur para que eu pudesse ver melhor seu rosto, antes de começar a me fazer um milhão de perguntas sobre o que eu havia feito nos últimos dias.

E aquela seria mais uma noite muito longa, qual provavelmente só iríamos dormir ao amanhecer. Mas eu não me importava com mais nada, porque meu coração não doía mais, ele estava feliz, estava em paz. Lauren era a minha paz.