First Day Of My Life - Bright Eyes
"This is the first day of my life, swear I was born right in the doorway. I went out in the rain, suddenly everything changed. They're spreading blankets on the beach, yours is the first face that I saw. Think I was blind before I met you, I don't know where I am, I don't know where I've been, but I know where I want to go."
"Este é o primeiro dia de minha vida, eu juro que nasci bem na porta. Eu saí na chuva, de repente tudo mudou. Eles estão espalhando cobertores na praia, o seu rosto foi o primeiro que eu vi. Acho que eu era cego antes de te conhecer, agora não sei onde estou. Não sei aonde estive, mas eu sei aonde eu quero ir."
- Você notou algo diferente em Dinah? - Gordon perguntou, colocando o par de óculos ao seu lado na mesa de cabeceira, enquanto se preparava para deitar com sua esposa.
- Como assim diferente? - Milika estava tão exausta do dia longo que tiveram, que mal conseguiu se concentrar nas palavras do homem ao seu lado. Quando Gordon se deitou, ela aproximou-se e se aconchegou em seu peito, como costumavam fazer para dormir.
- Ela parecia querer me contar alguma coisa essa semana, mas teve medo. - Ele suspirou, envolvendo os dedos no cabelo da esposa depois de apagar a luz do quarto.
- Por que Dinah teria medo de te contar alguma coisa? Ela sempre disse tudo a você, até mesmo coisas que não gostava de me contar. - Ele riu, lembrando-se do quanto aquilo era verdade.
Dinah sempre fora muito mais apegada ao pai do que a qualquer outra pessoa. Mesmo com o pouco tempo que podiam dividir, Gordon sempre fizera com que se sentisse a vontade para ser nada mais do que realmente era. Sempre alimentou seus sonhos, incentivando-a a cantar. Por mais que ele não tivesse condições financeiras de lhe dar um apoio maior, Dinah sempre contou com suas palavras de conforto e seu amor.
- Eu não sei, não sei o que está se passando pela cabeça dela. Eu só queria que ela soubesse que eu sempre vou apoiar as decisões que ela fizer. - Gordon não tinha certeza se sua esposa ainda estava acordada ouvindo-o, ou se já havia adormecido, mas continuou a falar, mesmo que fosse para ele próprio. - Dinah nunca me decepcionou, nunca me fez arrepender de tê-la colocado no mundo. Sempre teve um bom coração, sempre ajudou em tudo o que podia dentro de casa. Eu faria qualquer coisa para vê-la feliz.
- Eu também. - Milika concordou, surpreendendo-o. - Mas agora vamos dormir, amanhã você pode dizer isto a Dinah, você não acha?
- Eu sei, mas se ela continuar com medo de se abrir para mim, terei de pedir à Funaki para que fale com ela. Não quero que Dinah precise recorrer à outras pessoas por medo de sua família. - Milika sussurrou apenas um "uhum" débil, visivelmente afetada pelo sono. Gordon permaneceu acordado ainda por um bom tempo com todas aquelas coisas martelando em sua cabeça. Ele queria ajudar Dinah, no que quer que fosse. Ele queria que ela soubesse o quanto ele a amava, assim como todos os seus outros filhos.
Dinah Jane Point Of View.
Houve um tempo em que eu acreditei verdadeiramente que não seria completa e feliz. Digo, eu sou. Eu realizei o meu maior sonho e atualmente vivo e ajudo no sustento da minha família fazendo o que mais gosto, que é cantar. Mas uma parte de mim sempre idealizou uma vida completamente diferente. Sim, eu quero e amo cantar. Mas eu nunca imaginei que todo esse peso de ser uma pessoa famosa fosse vir junto. Todas as vezes que idealizei o meu futuro, sempre me imaginei cantando para pessoas que realmente apreciavam a minha música e que estavam ali unicamente para isto. Na minha cabeça, enquanto sonhava, ninguém daria tanta importância ao dinheiro; às aparências e muito menos se interessariam pela minha vida pessoal.
Agora me sinto exatamente como um peixe exposto em um aquário bonito numa feira de ciências da escola. Todos querem saber muito mais do que eu gostaria de revelar. Todos estão interessados em tirar de mim até a última gota de tudo o que tenho e não tenho a oferecer. As pessoas não reconhecem limites. A mídia não te respeita, não tem freios, e ela pode ser muito cruel quando você não se encaixa nos padrões da sociedade. Isso é o que tem passado pela minha cabeça durante todo esse tempo, esses quatro anos, desde que tive que abandonar Hanna e pude seguir meu sonho.
Mas agora tudo está diferente. Lauren me trouxe uma nova perspectiva de vida e tudo o que consigo fazer é me agarrar a isso com todas as minhas forças, e deixar que as esperanças simplesmente surjam. A mídia é cruel, sim. As pessoas vão cair em cima de nós com o único objetivo de ganhar. Ganhar ganhar ganhar, não importa o que seja. Dinheiro, fama, qualquer tipo de proveito que possam tirar dessa situação. Mas no fundo, no meu coração, nada disso importa. Porque eu tenho Lauren. Porque temos uma à outra e vamos conseguir passar por tudo isso se estivermos juntas.
E foi assim, com este novo pensamento que criei coragem e forças para reunir meus pais no meu quarto, longe de todos, para termos essa conversa. Minha mãe me olhava com sua ansiedade desenhada na testa, meu pai tinha os dedos das mãos entrelaçados, respeitando o meu espaço e meu tempo para começar a falar. Eu respirava fundo, puxava o ar com toda a força para os meus pulmões, mas aquilo parecia tão difícil.
- Filha, está tudo bem. Você pode nos dizer qualquer coisa. - Minha mãe se pronunciou pela primeira vez, provavelmente já aflita com a minha demora em começar a falar.
Desviei meu olhar para o relógio e suspirei. Faltavam poucas horas para a virada do ano. Eu queria começar dois mil e dezessete sem nenhum peso em minhas costas. Sem nenhum segredo. Eu queria que tudo fosse diferente dali para frente. Mas existiam duas possibilidades desta diferença acontecer. Poderia ser boa, ou poderia ser o meu inferno. Meu fim. O desastre e desunião de minha família.
- Vou começar do começo. - Minhas mãos tremiam e eu tinha quase certeza de que estava desprovida de qualquer resquício de cor em meu rosto. - Vocês se lembram de Hanna, certo? - Meus pais concordaram com a cabeça e durante os próximos trinta minutos, ninguém disse uma palavra sequer.
Ninguém tentou me interromper enquanto eu contava-lhes o grande segredo de minha vida. Minha mãe parecia chocada, totalmente desacreditada, e já tinha lágrimas nos olhos e a boca trêmula. O rosto de meu pai estava inexpressivo e aquilo era o que mais me aterrorizava, mas eu não perdi a coragem.
Eu não deixei de contar-lhes todos os detalhes de tudo o que havia acontecido comigo. Quando terminei de falar, abaixei minha cabeça deixando que as lágrimas caíssem por meu rosto, molhando totalmente minha camisa. Pude ver quando minha mãe levou sua mão sobre a mão de meu pai e o segurou com força, num pedido silencioso de ajuda.
Ela não sabia o que fazer. Eu também não saberia. Era informação demais para dois pais que jamais imaginaram aquilo de sua filha prodígio. Porque era assim que me consideravam, eu sabia. Eles me viam como o exemplo perfeito para todos os meus irmãos. A perfeitinha que infelizmente eu não era.
- Meu Deus. - Minha mãe falou, fazendo meu coração errar a batida. Fechei meus olhos e me preparei internamente para as coisas que estava para ouvir. - Eu não acredito nisso, Dinah. - Ela fez uma pausa e minha garganta secou, apertando-se como se alguém estivesse fazendo isso comigo, impedindo-me de respirar. - Eu não acredito que sua avó fez isso com você.
Eu não acredito que sua avó fez isso com você. Aquela frase se repetiu em minha cabeça algumas vezes, até que eu tivesse forças para abrir os olhos e erguer minha cabeça para encarar minha mãe. Ela chorava tanto quanto eu, e sua mão continuava agarrada ao meu pai, que ainda parecia chocado demais para dizer alguma coisa.
- Ela não tinha esse direito. - Ela voltou a falar, fazendo com que mais lágrimas brotassem e escorressem de meus olhos. - Filha, por que você não nos contou isso na época? Eu não teria deixado ela fazer isso com você. - Eu não podia acreditar no que minha mãe estava dizendo. Ela estava me defendendo? Ela estava culpando minha avó por ter feito aquilo comigo e ela não se importava com o fato de que eu havia errado? De que eu havia supostamente traído e envergonhado nossa família?
Tudo o que eu consegui fazer, foi me jogar nos braços de minha mãe e me agarrar a ela com toda a força que eu tinha, chorando junto com ela por uma razão que eu ainda desconhecia. Eu estava imensamente aliviada, mas ainda sentia medo. Meu pai continuava calado, mas minha mãe não parava de chorar e repetir que me amava e que não deixaria ninguém mais me fazer algum mal. Quando senti o abraço de meu pai envolver nós duas, desabei a chorar entre soluços. Eles não haviam desistido de mim. Não ainda.
- Está tudo bem, princesa. - Ele disse baixinho, beijando o topo de minha cabeça, enquanto afagava meus cabelos da forma que me transmitia mais paz no mundo. O colo dos meus pais, que me amavam e que não se importavam com a minha diferença.
Durante algum tempo, ficamos apenas ali, abraçados, deixando que nossas mentes digerissem aquelas informações, até que eu estivesse pronta para dar continuidade ao que tinha para contar.
- Mas por que só agora, filha? - Meu pai perguntou, adiantando minha revelação. - Por que decidiu nos contar isso agora?
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