História Lorné Institute - Something.

    Os pingos fracos de chuva ricocheteavam na janela suja do ônibus. O dia estava cinza. Um cinza que eu particularmente não gostava muito. Sempre fui de gostar mais de dias ensolarados em que saía de casa com minha vó e observava as pessoas se divertindo e a cor das plantas e flores, que pareciam estar felizes sendo banhadas por aqueles raios de sol.
    Agora não teria mais esse prazer. 

    Estava me mudando pra fora da casa que dividia com minha vó. Ela já estava bem idosa e não tinha condição pra cuidar mais de mim, então reconheci os esforços dela e me despedi. Agora estava indo literalmente ao final do mundo. Uma cidadezinha entre nada e surpreendentemente outro nada. 
    "Ao menos o custo de vida é barato".

    Havia arranjado um emprego como recepcionista num Instituto de nome esquisito. Não haviam muitos requisitos e o salário era generoso. Cogitei que aquilo era um milagre. 
    Meu ônibus iria parar no centro da cidade, e lá ficava o hostel que eu iria morar. Teria que dividir quarto com umas pessoas, mas não era um problema para mim, Kang SeulGi, que sempre se considerou uma pessoa sociável.
Com a pequena quantia de dinheiro que tinha, foi o que consegui para sobreviver.
Estava perdida em meus pensamentos, quando o ônibus freou bruscamente, então presumi que tinha chegado ao meu destino. Estava certa.
    O centro da cidade era todo rústico, havia apenas 2 prédios que eram históricos e desgastados. O resto da cidade era composto por  casas simples e comércios pequenos, e no seu centro havia um parque, que parecia ser velho. Tudo parecia ser velho naquela cidade. As placas caídas denunciavam a antiguidade daquele lugar. 
Suspirei com a hipótese de que a aquele lugar talvez fosse abandonado à um longo tempo. 
    Ergui a cabeça. 
    "É aqui que irei viver."

    Andei um quarteirão e cheguei no hostel. Era bem normalzinho, mas me agradava que as paredes pareciam ter sido pintadas recentemente. "É bom que alguém ainda preza por esse lugar".
    Depois de conversar um pouco com a recepcionista percebi a importância daquele trabalho que também teria que fazer. Aquela moça não realmente servia para aquele trabalho. Ela devia "me introduzir" àquele lugar. Não apenas jogar uma chave em mim e estragar o meu humor.
    - Volte antes das 21:30 se não vai dormir na rua.
    Minhas expectativas sobre aquele lugar de paredes pintadas acabaram de ser totalmente destruídas. Com aquilo em mente joguei minhas coisas no quarto ( que por sorte estava vazio ) e apenas com a bolsa na mão fui em rumo ao meu trabalho.
    O Instituto-De-Nome-Esquisito ficava muito longe. Aumenta esse muito aí. Era absurdamente muito longe. Queria ter pensado na ideia de ter trazido minha bicicleta comigo. Demorei cerca de 1 hora pra chegar na porta do lugar. Quando cheguei ainda tive uma surpresa: alguém já me esperava na porta. Uma mulher linda que aparentava ter 20 e poucos anos. Usava as roupas mais bregas que já havia visto na vida. Uma cartola azul-bebê com umas flores presas aos lados, uma saia longa-mas-não-tão-longa amarela e de bolinhas pretas, meias listradas de rosa e vermelho, um suéter daqueles "minha-vó-costurou-para-mim", e uns sapatos que pareciam ter saído direto do filme da Mary Poppins.
    Por trás daquela cafonice toda estava uma mulher linda, com um belo corpo e cabelo de uma cor cinza puxada para o lilás. 
Ainda a olhava, admirada, da cabeça aos pés tanto que nem percebi.
    - Oi! Sou a Irene! - Ela disse enquanto abria um sorriso maravilhoso naquele rosto igualmente lindo.
    Estranhei o nome dela.
    - Ah então... Irene? - Ela fez com que sim animadamente com a cabeça - Aqui é o Instituto... - Tentei lembrar do nome mas falhei miseravelmente - ... de nome esquisito?
    Ela riu da minha tentativa mas pareceu um pouco ofendida depois.
    - Lorné. L-O-R-N-É. - Balançou a cabeça tentando jogar aquele lado um pouco mais grosseiro dela pra fora. Voltou a abrir aquele sorriso que me derreteu mais uma vez. 


    Bem-vinda ao Instituto Lorné.


    Fiquei um pouco espantada com o tamanho daquela casa rosa-bebê ao estilo vintage. Uma verdadeira casa de boneca. Deveria ter uns 3 andares. Talvez um sótão e um porão. Contava com a presença de 2 jardins, muito bonitos, que chamaram minha atenção. Ela exalava um ar reconfortante seguido das flores crescendo em suas paredes, mas ainda assim era um ar estranho.


    Sentia que era o começo de algo. 
    Algo que não era o que eu esperava.