História Lorsque ses yeux - O orfanato.

-Afrodite! Está na hora de levantar! Você vai visitar um orfanato hoje!

A jovem ruiva grunhiu ao ouvir aqueles gritos e pressionou o rosto no travesseiro com força.Odiava aquelas atividades de ir ao orfanato. Não pelas crianças, na verdade, eram aqueles rostos angelicais e sorridentes que impediam ela de enlouquecer com as críticas que sempre recebia das mulheres que a preparavam para o cargo desde que era pequena. Não importava o que ela fizesse, sempre estava errado. 

-Fale com convicção Afrodite! Aquilo mais parecia um pato desengonçado do que uma dama andando de saltos! - A ruiva forçou a voz para imitar a das mulheres enquanto se levantava e se dirigia ao espelho para olhar o próprio reflexo.

Estava com algumas olheiras por não ter dormido bem a noite. Teve alguns sonhos estranhos e sem formas que a deixaram extremamente confusa e assustada. Por que aquele menino continuava a aparecer na sua cabeça? Devia ser algum tipo de alerta ou aviso. Ela rapidamente foi tirada de seus devaneios ao ouvir batidas na porta indicando que as criadas haviam chegado para arrumá-la.

-Entrem meninas... E... Por favor, fechem a porta, não quero visitas.

Assim que suas fiéis e únicas amigas fecharam a porta, Afrodite observou em silêncio enquanto uma prendia seus cabelos longos e a outra preparava seu banho. Dava para sentir o perfume suave dos sais de banho de onde estava e as meninas tagaleravam sobre meninos. Normalmente, Afrodite teria se juntado a elas para conversar mas naquela manhã estava um tanto perturbada pelo sonho que havia tido aquela noite. 

Logo assim que se despiu e entrou na banheira, se permitiu relaxar e por isso se esqueceu totalmente da hora. Quando finalmente percebeu que já deveria ter saído da banheira a muito tempo levantou rapidamente logo se secando e vestindo o vestido que estava em cima da cama por cima das roupas íntimas que ela colocou com uma rapidez digna de recorde. Logo assim que conseguiu fechar o vestido e calçou aqueles saltos que haviam escolhido para ela, correu para o espelho e arrumou com pressa os longos cabelos ruivos logo saindo do quarto e andando de modo calmo, mesmo atrasada, como uma dama andaria.

-Está atrasada Afrodite e uma dama nunca se atrasa! 

-Perdão senhorita Terri. Já estou pronta para ir.

-E já escolheu o livro? - A mulher perguntou com um ar de arrogância como se a jovem não tivesse feito. 

-Claro que sim. Escolhi um livro de mitologia grega para crianças.

Sorrindo de um modo um tanto debochado, Afrodite pegou o livro que estava próximo e fechou os olhos se concentrando para o teletransporte que havia aprendido a fazer. Logo assim que apareceu próxima do orfanato sorriu feliz por ter conseguido chegar sem a ajuda daquelas mulheres terríveis. Entrou no orfanato um tanto apressada mas percebeu uma aura diferente. Mesmo assim, continuou andando e logo se sentou na grama sorrindo para aquelas doces crianças que tanto amava e contando a história para elas. Quando percebeu um perfume diferente. Era intenso e bem masculino mas ao mesmo tempo era um cheiro que ela parecia já conhecer a tempos. Levantou o olhar e o viu.