História Loser - Bubbline - Beijos

  Sexta-feira. Um dia antes, de tarde, o Finn tinha me avisado enquanto conversávamos jogando que hoje teria o passeio, então poucas pessoas viriam. Eu agradeci a informação um pouco brava, já que não sabia se podia faltar. E após terminar a partida com Finn e ir checar as matérias do dia, a resposta era não. Eu tinha esquecido de entregar um trabalho pra professora de História e hoje era o prazo final, então tive de ir mesmo sabendo que seria uma merda.

Me arrumei como de costume assim que acordei, e já na rua percebi que uma ou outra alma condenada caminhava até a escola. Pior que a maioria só foi pelo passeio, então no começo da aula tinha bastante gente, mas quando os ônibus chegaram ficamos apenas eu e a Carol. Sim, numa sala de 24 alunos, apenas 2 foram para ter aula. Na verdade, eu e ela fomos só para entregar o trabalho de História mesmo; mas não tivemos como voltar para casa. Phoebe e Fionna, como os outros, faltaram. Bonnie tinha me mandado mensagem dizendo que estava incerta sobre vir, e no final ficou em casa. Não culpo ela de forma alguma, se eu pudesse também teria ficado.

Depois da aula de História, veio a de Matemática, e nós tivemos mais atenção da professora, que pôde nos explicar passo a passo o que era para fazer. Mas como a Carol mal sabia fazer conta de divisão direito, pudemos ambas perceber que estava cansada de repetir e quase impaciente. Eu estava morrendo de sono, como sempre, então para cada 5 números que eu escrevia soltava um bocejo. Enquanto ela explicava coisas de terceiro ano do fundamental para a Carol, eu deitava nos próprios braços e fechava os olhos para descansar. Do quê eu não sei com certeza, mas posso suspeitar que seja de ler e ver vídeos. Eu quase dormia quando fazia isso na mesa e como a Carol é lerdinha pra entender eu sempre podia relaxar um tempinho. E detalhe: nós duas tivemos que mudar de lugar e puxar as mesas para encostar na frente da que a professora usa, já que, como eu disse, éramos as ÚNICAS alunas presentes na aula.

Enfim, depois de terminar os exercícios, veio o intervalo (que mais parecia aula vaga) com pouquíssimas pessoas. O bom é que tinha pingue-pongue, e com poucas pessoas e logicamente a fila bem mais curta que o usual, pude jogar bem mais vezes e valendo mais pontos. Agradeci por isso, mas logo dois garotos se mostraram muito bons e eu não consegui ganhar muitas vezes. Uma hora, o menino era tão bom que ninguém conseguiu tirar ele. A fila deve ter rodado umas quatro ou cinco vezes até que o outro fulano bom conseguiu vencer dele. Eu não sou ruim, mas também não sou ótima. Me considero razoável.

O dia estava sendo muito entediante, e pra piorar, no final da aula, fomos tirados do pátio para sermos todos colocados em uma única sala, assistir um episódio de uma série sobre favela e fazer um relatório. No fimda aula. Certo, até os três professores que deram a ideia (de Artes, História e Geografia) decidirem que no relatório deveria ser feita uma relação entre as três disciplinas e o episódio. Quando faltavam apenas 5 minutos para o fim da aula. Apenas uma pessoa entregou a tempo e enquanto eu saía da sala com a mochila nas costas indo embora, escutei os professores revisando o que a aluna tinha escrito e era tudo muito apressado. Não gostei, acho que eles também não e foi porque ela fez mal feito querendo ir pra casa pra não ter que sair do celular momento algum de seu dia. Provavelmente. Mas isso são só deduções de minha mente extremamente realista e fantasiosa, simultaneamente.

Subi as ruas, como sempre, sendo castigada pelo Sol e tentando tirar meu foco do calor que queimava cada fio de cabelo e umedecia cada poro do meu corpo, grudava meus cabelos na nuca e me obrigava a espremer os olhos tentando evitar os raios que batiam diretamente em meus olhos, fazendo doer a minha testa.

Finalmente me encontrei com meu irmão, que pegou minha mochila e carregou até em casa (nos encontramos na esquina em frente ao mercado). Mesmo sem o peso nas costas, meus tornozelos já clamavam por piedade e as minhas duas panturrilhas doíam. Estranhamente, a esquerda doía mais. Acho que é porque sou destra (?). Quem sabe.

Chegando em casa MORTA de cansaço, não posso nem responder o cumprimento  de meus avós pela garganta e boca secas. Apenas passo por eles acenando com a cabeça em resposta com dificuldade para respirar, abro a geladeira e pego uma garrafa de água gelada e viro na boca, tomando alguns goles e já me sentindo melhor. Então vou para o quarto, fecho a porta e tiro minha camiseta devagar, cansada demais. Tiro a calça. Depois de ficar um tempo na frente do ventilador, coloco roupas mais confortáveis e vou fazer meu prato, já estava com fome. Nem lembro o que era, só lembro que depois de comer e arrumar a cozinha, eu fui deitar e tinham algumas mensagens. Uma de Bonnie, duas do Finn.

Bel-bel: Você foi? O)_(O

Eu: sim. e essa carinha é assustadora

Então fui ver as do Finn, já imaginando o que seria, e acertando em cheio.

Finn: E ai blz ?

Finn: Vai jogar hj ?

Sorrio de lado. Fiquei amiga do Finn há pouco tempo, mas já jogamos juntos quase todo dia por chamada e gostamos muito de trabalhar em equipe. Às vezes vamos um contra o outro.

Eu: sim, quando o marshall for pra faculdade

Uma nova mensagem.

Finn: Blz

Uma nova mensagem, e o som de notificação era da moedinha do Mario, que eu curti e quis colocar, mas já estou enjoando.

Bel-bel: Marceline.

Eu: oi

Bel-bel: O)_(O

Eu: caramba. pelo menos esse emoji sabe admirar minha beleza

Bel-bel: Espero que ele não seja seu amante.

Eu: você é invasora aqui, eu estou casada com ele há 7 anos.

Bel-bel: Uau! Como você casou aos 7 anos de idade? Não vale em festa junina.

Eu: mas eu tenho 40 anos

Bel-bel: Hahaha então eu namoro uma tia?

Sorrio ao ler a palavra “namoro”, feliz da vida (assim como todas as outras vezes em que falo com Bonnibel).

Eu: tia não, vivida.

Bel-bel: Kkkk você é muito boba. Eu vou estudar, beijos.

  Eu: tchau

Não tive coragem de mandar “beijos”, porque só de ler os dela fiquei envergonhada e vermelha. Quanto mais devolver. Sei que é idiota, mas eu sou assim.

  E a Bonnie tem um ótimo gosto. Pra coisas, eu digo.