História Loser [HIATUS] - Capítulo 07- Hyoung!

Senti meu corpo encostar-se à parede atrás de mim. Jaeyoon apoiava a mão ao lado do meu rosto, deixando-nos próximos de mais. Eu era capaz de sentir sua respiração próxima à minha pele. Assim como ouvir seus batimentos cardíacos, acelerados, fortes, desesperados.

–Hy...Hyung... – Não consegui manter minha fala firme.

Vi os olhos do homem na minha frente buscando o chão de certa forma. Parecia envergonhado por sua pergunta. Pelo menos foi o que eu pensei até sentir o toque de seus lábios. Sem ao menos pensar, nos separei, afastando-o para longe.

–Zuho... – Ouvi-o me chamar enquanto eu encarava o teto em choque. – Me desculpe. Eu não devia ter feito isso.

–Não é isso! – Sem controlar minha voz, gritei, abaixando o tom para um murmuro em seguida. – Só fiquei surpreso.

O clima pesado pairava pela casa, nenhum de nós falava uma palavra se quer. Se não fosse por eu andar até a varanda, seriamos capazes de nos transformar em estátuas vivas.

Não conseguíamos nos olhar e eu precisava de um tempo para pensar. Era estranho imaginar o irmão do meu melhor amigo de outra forma se não como “hyung”. O que aconteceria a partir de agora? Seria tão mais fácil fingir que nada acontecera, na realidade não passava de apenas um selinho entre amigos. Mas seria injusto, injusto com aquele que sempre me ajudou. Aquele que pôs meus sentimentos na frente de seus próprios.

–Desculpa? Desculpa seu hyung? – Jaeyoon envolveu seus braços em minha cintura enquanto soluçava baixo em meu ombro. – Não queria te assustar.

Eu nunca havia o visto daquela forma. Preocupado já, sempre, mas chorando jamais. Eu queria lhe dizer que estava tudo bem, que não existiam motivos para uma lágrima sequer. Queria ser tão bom para ele quanto fora para mim.

–Já disse, não precisa se desculpar. –Me virei, segurando seus braços para que me encarasse. – Eu não estou com medo, ok?

Estava clara em seus olhos a descrença.

Talvez... Talvez só houvesse uma forma de fazê-lo acreditar. Eu precisava tentar.

Dessa vez nenhum de nós se afastou. Dessa vez eu prestei atenção, eu senti sua boca, a carne macia e o sabor doce o qual eu era incapaz de reconhecer. Era para ser apenas um toque, um aviso: “Eu estou bem.” Jamais seria capaz de prever o calor que veio em seguida. Não era paixão, eu não sabia descrever, mas queria mais. Não aprofundaria aquele selar, apenas faria durar o tempo que me fosse permitido.

Nos separamos depois de segundos mais parecidos com horas. Enquanto via seu rosto colado ao meu tentava, inutilmente ler seus pensamentos, queria saber o que se passava em sua mente.

Era errado desejar alguém sem sentimentos ou segundas intenções? Era errado beijar algum amigo qual não amasse? Eu não queria perdê-lo, não queria afastá-lo. Estaria ótimo se permanecêssemos como neste exato momento: Olhos que se encaram num misto de carinho e amizade; um instinto de proteção.

Eu não estarei o usando se não desejar nada além de uma amizade, certo? Eu não estarei o usando se não passar de um beijo de vez em quando, afinal, posso estar pensando de mais.

Ele não havia se declarado com as palavras. Talvez só tivesse desejado saber como eu reagiria. Eu não faria uma grande confusão por pouca coisa.

Entramos no apartamento pouco tempo depois, o vento aumentara, deixando a varanda mais fria que o normal.  Me sentei no sofá que outrora pertencera a casa da família Lee. Estava entretido procurando o controle da televisão até ser interrompido pela almofada à voar em direção ao meu rosto.

–Você falou com a sua irmã? –Jaeyoon perguntou em pé do meu lado.

Neguei com a cabeça, voltando a minha busca.

–O controle não está aí. – Falou sério. – Só lhe entrego depois de ligar para a Jimin. Sabe que ela fica preocupada.

–Hyoung, eu estou sem celular... Joguei o meu fora.

–O que?!

Ele não parecia muito feliz com a minha resposta. Me fiz de desentendido, procurando qualquer coisa no teto para não encará-lo.

–Eu estava com raiva.

Recebi outra almofada na cara.

–Usa o telefone fixo. – Disse tranquilamente antes de gritar. –Agora!

Tive que me levantar para buscar o telefone na cozinha, o que me fez bufar de irritação. Quanto menos esforço, melhor. Disquei o número de casa uma, duas vezes, até que atendessem na terceira tentativa. Chani parecia com sono do outro lado da linha, balbuciou qualquer coisa quando pedi para avisar que eu não dormiria em casa, deixando a linha vazia em seguida. Estava prestes a encerrar a ligação, acreditando que meu irmão havia apenas ido dormir e esquecido de terminar a chamada, quando ouvi a voz histérica do outro lado da linha.

–A onde você está seu vagabundo filho da mãe?

–Hey, noona. Eu to bem ok? – Falei, implorando a Deus para não tomar um tiro. –Esqueceu que estou sem celular? Vou dormir aqui no Jaeyoon-Hyoung hoje, amanhã de manhã estou em casa.

–É bom que você chegue antes do almoço, se não eu te capo. Entendeu?

Engoli em seco.

– Ok.

–E nem pense que eu vou te dar um novo celular, se vire com os velhos aqui de casa.

Eu estava morto, apenas nisso que conseguia pensar. Não que eu tivesse medo dela, mas Jimin conseguia se tornar o demônio quando queria. Acho que vou precisar comprar chocolate na padaria amanhã de manhã.

Voltei para a sala prestes a me jogar no sofá novamente, porém certo ser humano deitado vendo algum programa qualquer, me impedia. Jae logo se levantou, desligando a televisão ao me ver.

–Pode dormir no meu quarto. Eu fico no do Inseong hoje. – Me informou indo em direção aos quartos.

O corredor em si era pequeno, começava entre a sala e a cozinha e terminava após passar por duas portas na direita e uma à esquerda, dando de cara com um armário no final. A primeira porta a direita era o banheiro, a segunda o quarto de Inseong. Jaeyoon ficava com a da esquerda. Fui guiado até seu quarto, apenas sendo deixado sozinho após me deitar na cama – como pais pondo seus filhos para dormir.

Estávamos praticamente ignorando o que acontecerá minutos antes. Nenhum de nós ousou tocar no assunto até as luzes serem apagadas.

Poderíamos viver dessa maneira, certo?