História Losing Your Memory - Losing Your Memory

“You’re losing your memory now”

Blaine estava sentado no chão de seu quarto. Havia se passado exatamente quarenta e oito horas desde que ele havia destruído todo o seu futuro, sua vida e principalmente a confiança do amor da sua vida.

Como ele pode ter feito isso? Como ele pode ter ser tão estupido?

As memórias daquele dia ainda estavam vivas em sua mente, o olhar magoado e ferido de Kurt talvez nunca deixasse sua mente.

Seria seu demônio pessoal em todos os dias que ele levantasse da cama e encarasse o mundo a sua frente.

As lágrimas desciam em seus olhos e agora ele encarava pela milionésima vez o seu telefone, esperando por um rastro de perdão vindo de um telefonema.

Ele pediu desculpas, ele implorou por perdão de diversas maneiras, cara-a-cara, mensagens, cartas e agora ele estava considerando voar até Nova York novamente e se ajoelhar se fosse preciso. Desde que ele entrou naquele avião de volta para Lima havia mais uma coisa em sua mente que o perseguiu até em casa.  

Blaine estava cansado.

Ele se levantou e foi até sua escrivaninha, abrindo a segunda gaveta e retirando um objeto que por ele há muito tempo não era visto e principalmente usado.

A lamina ainda parecia em bom estado, sua ponta era o suficiente para causar o estrago que ele estava desejando. O utensílio foi usado apenas duas vezes em sua vida até agora, sua sáida do armário e o baile Sadie Hawkins haviam sido o suficiente.

Blaine Anderson era definitivamente um covarde.

Ele limpou as lágrimas e retirou uma folha e uma caneta da primeira gaveta. Ele não iria embora antes de deixar algo para trás. Uma carta era como uma regra, certo?

“Eu sinto muito por estar sendo um covarde.

Eu sinto muito por ter estragado a sua vida.

Eu sinto muito por ter quebrado a sua confiança.

Eu sinto muito por ter partido o seu coração.”

Um ótimo começo.

Mais e mais desculpas.

“Eu nunca quis que aquilo acontecesse, eu fui um fraco, um idiota, um pedaço de lixo. Eu não tenho o menor direito de estar fazendo isso e te conseguindo mais um fantasma pra te perseguir mas eu simplesmente não consigo mais.

Eu não quero acordar e ter a realidade do que eu fiz com você em meus ombros todos os dias.

Eu sou um egoísta de merda.

Por favor me perdoe.

Eu te amo e quero que me esqueça e seja feliz.

Eu te amo mais do que qualquer coisa, Kurt Hummel.

Me desculpe.”

Blaine voltou a chorar mais uma vez, as lágrimas densas já cobriam o seu rosto novamente, os soluços estavam intermináveis.

Ele não queria que acabasse assim.

Ele olhou para o telefone e uma pequena consideração passou por sua cabeça. Não precisava terminar assim, apenas uma palavra seria o suficiente.

O moreno levantou em um pulo e agarrou seu celular discando aquele número que ele conhecia de trás para a frente.

-Atenda... Por favor... Por favor me impeça de fazer uma besteira... – Ele sussurrou agarrando o telefone ainda mais forte. O nervosismo notável em sua linguagem corporal. – KURT!

O celular fez um barulho que indicava que a chamada estava aceita e ativa. Blaine sorriu aliviado, seu coração acelerado. Kurt havia atendido sua chamada, ele se importava.

-Kur...

-PARE DE ME TELEFONAR! – A voz rouca e machucada do outro lado do telefone gritou. Blaine se assustou e suas palavras morreram em sua língua. – Por favor... Apenas pare... Eu não aguento mais isso, eu já ouvi suas desculpas, eu já vi sua cara de arrependido, eu só quero que você pare...

Ele sentiu a voz diminuir e um soluço se deu ao lugar.

-Eu não quero mais sofrer, Blaine. Saia da minha vida, eu não quero mais te ouvir, eu não quero mais ver sua cara, nunca mais. Não me ligue mais, me deixe livre e vá viver a sua vida, eu não me importo mais com você.

A chamada foi encerrada.

The beach is so cold in winter here and where have I gone?

O telefone caiu no chão. Estava tudo acabado e ele não tinha mais uma escapatória, um refúgio onde pudesse se esconder do destino cruel que o aguardava.

Ele olhou para o item na escrivaninha e de repente o mundo ao seu redor parou.

Tinha acabado.        

~~

Kurt acordou em um pulo, o menino de olhos azuis havia adormecido no sofá com o celular na mão.

De repente ele se lembrou do porquê. Os dias atualmente haviam sido um inferno para ele, dois dias sem dormir e fazer refeições breves e pequenas apenas o prejudicavam cada vez mais.

Ele estava perdendo sua essência.

Passar noites em claro chorando por um erro de uma pessoa que ele costumava conhecer havia sido a pior coisa que ele passou em sua vida inteira, no momento todo o bullyng, todos os xingamentos passavam como o nada perto do que Blaine havia feito para ele.

Como ele pode? Foi a pergunta que o incomodou e ainda o incomodava.

O castanho se lembrou da ligação recebida que ao olhar para a janela já havia se passado uma manhã inteira e deveria ser por meio de umas quatro horas da tarde. Ele se lembrou dos gritos e como colocou para fora tudo que estava segurando desde aquele maldito dia no parque. E o que o quebrava ainda mais por dentro era que ele não se sentiu bem, ele se sentiu horrível e uma angustia diferente estava dentro do seu peito.

Um estrondo na porta da frente retirou Kurt de seus devaneios.

Rachel apareceu com um semblante desesperado em seu rosto e Kurt automaticamente deduziu que algo está totalmente errado.

-R...Rachel?

-Kurt... Kurt, eu sinto muito. – Ela o abraçou fortemente. O menino mais alto pode sentir as lágrimas molhadas da morena em sua camiseta.

-O que... O que aconteceu? – Ele se desvencilhou do abraço. O rosto de Rachel automaticamente se alterou para uma face de horror.

A garota se perdeu nas palavras e não sabia por onde começar.

-Blaine... – Ela sussurrou.

Kurt endureceu e se virou para ir embora. Ele teve o suficiente de Anderson por um dia. – Eu não quero ouvir mais dele Rachel, por fav...

-Blaine se matou! – Ela gritou de uma só vez, fazendo o som ecoar por todo o pequeno apartamento. – Kurt me desculpe, Blaine foi encontrado na casa dele, com os pulsos... Oh meu Deus...

Ela chorou mais ainda.

Kurt estava paralisado.

A ligação.

A voz quebrada.

“Eu não me importo mais com você”

-Saia daqui, Rachel... – O castanho sussurrou com a voz quebrada. Sua fala ainda ecoando em sua mente.

Wake up, all the best of what we've done is yet to come.

-Eu...

-VÁ EMBORA! – Ele a empurrou até a porta. Não o suficiente para machucá-la, mas o bastante para que ele pudesse ficar sozinho.

-Kurt, por favor! – Ela chorou batendo na porta, agora fechada e trancada.

Kurt parou de escutá-la.

Ele caminhou até o quarto onde ele passou uma última noite com a pessoa que ele chamava de amor da sua vida.

Era só mais uma dolorosa lembrança.

Kurt gritou.

O grito era alto e cheio de dor. O menino não conseguiu se segurar, tudo que era alcançável em seus dedos era atirado no chão.

Os cacos e restos de coisas quebradas eram inferiores em comparação aos cacos do seu coração.

Blaine tinha ido embora. Dessa vez para sempre.

Kurt parou quando pegou o quadro com a foto que ambos tiraram poucos minutos antes de seus relacionamentos desmoronarem. As lágrimas não deixavam seu rosto, Kurt abraçou a foto e deixou seu corpo tombar no chão.

Estava tudo acabado.