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História Lost Boys - Intimidade


Escrita por: fallenbnew

Notas do Autor


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Boa leitura <3

Capítulo 8 - Intimidade


Fanfic / Fanfiction Lost Boys - Intimidade

Minha mãe logo tomou as rédeas da situação, tirando o longo casaco preto e passando-o para Dona Vaiola.

– Aqui. Por favor, cubra ele com isso. Está um gelo aqui fora.

Eu não conseguia ver muito bem o rosto dele de onde eu estava, mas dava para perceber que Austin tremia sem parar. Mas como ele poderia estar ali? Ele havia dito que era um fantasma e agora o que...?

Nada fazia o menor sentido! Tentei botar a cabeça no lugar e tomar o controle de meus pensamentos.

Aquela não era hora para entrar em pânico. As três senhorinhas sussurravam atentamente umas para as outras.

– Temos que tirá-lo desse frio primeiro.
– concluiu Dona Vaiola.

– O que nós precisamos é levar Megan de volta para casa! Você sabe que ela não está bem e que tudo isso foi demais para ela.
– Margaret sibilou.

– Mas não podemos deixá-lo aqui. Não agora.
– Dona Vaiola insistiu.

– Chame a garota. Ela pode ajudá-lo!
– Megan abriu a boca pela primeira vez.

A voz dela era melódica e muito baixa.

Todas as três se viraram para mim. Dei um passo para trás, assustada.

– Allyson, venha aqui. Não há porque ter medo, querida. Está tudo certo. Tudo ficará bem!
– garantiu Dona Vaiola, tentando me tranquilizar.

Olhei para minha mãe e ela balançou a cabeça, assentindo. Andei até Austin, me ajoelhei na grama e observei seu rosto se contorcer de dor.

– O que posso fazer?
– Minha voz não era mais que um sussurro.

Eu me sentia inútil.

Peguei uma das mãos de Austin, da mesma forma que ele havia feito comigo alguns minutos atrás. Ou será que aquilo havia sido apenas um sonho?

De qualquer forma, dessa vez minha mão, em vez de atravessar a dele, encontrou um corpo sólido. O toque gerou mais uma vez ondas de choque nas pontas dos meus dedos.

Austin gemeu, mas logo pareceu relaxar e as convulsões se tornaram mais espaçadas. Olhei, surpresa, para Dona Vaiola, mas ela apenas assentiu, aparentemente aliviada.

O que havia acontecido ali?

– Você pode levá-lo para a sua casa?
– Dona Vaiola perguntou para a minha mãe. – Só até conseguirmos resolver toda essa confusão.

– Tu... tudo bem. Allyson, querida, você acha que consegue ajudá-lo a andar?

– Não sei. Posso tentar.
– murmurei.

– É só mantê-lo perto de você e ambos ficarão bem.
– Dona Vaiola aconselhou enquanto se virava para ajudar a mais velha das senhorinhas, Meg.

Dona Violeta segurou um dos ombros da idosa e Margareth assumiu o outro lado.

– O que significa tudo isso?
– perguntei quando elas começaram a se afastar.

– Vamos, querida. Temos que levá-lo para casa.
– Minha mãe se ajoelhou ao meu lado.

Coloquei a palma que não estava tão machucada sobre o peito de Austin. Senti um formigamento ao tocar nele.

– Aus, você pode me ouvir? Acha que consegue se levantar? Por mim?
– implorei.

Ele concordou, esforçando-se para abrir ao menos um pouco as pálpebras pesadas.

Minha mãe e eu o ajudamos a levantar e fechamos bem o casaco ao redor do corpo dele. Eu esperava que ninguém percebesse que havia um garoto nu ali dentro quando caminhássemos para fora dali. Conseguimos levá-lo aos tropeços pelas alamedas do cemitério, apoiado em nossos ombros. Quando chegamos aos portões, as pessoas ainda entravam e saíam, mas ninguém prestou atenção na gente. De qualquer forma, estavam todos muito bêbados ou distraídos para se importarem com o que quer que fosse.

Deixamos o cemitério tão anônimas quanto entramos.

Alguns minutos depois de todos terem ido embora, uma figura escura surgiu na praça oval. Usava um manto pesado e desbotado que cobria quase todo o rosto pálido. Era alto, muito magro e movia-se com rapidez.

O manto cinza esvoaçava no vento cortante. Ele, entretanto, não se importava com o frio. Jamais sentia frio. Nem calor ou qualquer outra coisa. Aquelas eram sensações mundanas e ele estava longe de ser humano ou de pertencer a este mundo.

Olhou ao redor. Ficaria confuso ou levemente irritado se sentisse alguma emoção. Entretanto, as emoções, assim como as sensações, eram para os humanos. Ele apenas sentia a obrigação de seu propósito. Farejou o ar. Cheirava a magia. E ele estava atrasado. Apenas por alguns segundos, mas, ainda assim, atrasado.

Porém daria um jeito de resolver essa situação. Sempre resolvia as coisas. Esse era o seu trabalho, o motivo de sua existência: consertar as coisas que estavam erradas ou que escapavam da ordem natural. Ele organizava e corrigia os muitos, os inúmeros erros que aconteciam por aí.

E sempre havia tanto a ser feito, tanto caos em curso o tempo todo... Ele caminhou em silêncio ao redor do gramado. Um grupo de jovens surgiu, gritando, empolgado, com garrafas nas
mãos. Não se preocupou com eles. Sabia que não podiam vê-lo. Os do seu tipo nunca eram vistos. Jamais. Essas eram as regras.

Os jovens bêbados passaram por ele sem fazer a menor ideia da figura coberta por um manto ali de pé, a apenas alguns centímetros, a observar, analisar, não eles, mas um minúsculo ponto negro na grama. Ele se ajoelhou ali perto e o tocou. Sangue humano. Escuro, molhado. Não havia dúvida de que o ar espalhava a essência ancestral de magia poderosa.

Toda magia dessa natureza
necessitava de uma oferta de sangue. Ele cheirou a minúscula gota na ponta de um dos dedos. Aquele era o seu rastro, o seu guia. Podia seguir o sangue até sua fonte. Sempre os encontrava: os “erros”.

Ele os encontrava e os corrigia. Era apenas uma questão de tempo. Desapareceu tão silencioso e rápido quanto havia aparecido, sem deixar vestígios.

Enfim chegamos em casa. Levamos quinze minutos para chegar, mas pareceu que havia sido muito mais. Nós meio que andamos e meio que arrastamos Austin até o sofá e me joguei na poltrona ao lado dele. Sentia como se um caminhão houvesse passado por cima de mim.

– Bem, essa noite de Ano-novo foi um inferno.
– minha mãe murmurou.

Ela se sentou ao lado de Austin e colocou uma das mãos na testa dele para checar a temperatura.

– Meu Deus, ele está ardendo de febre.

Ela foi até o armário do corredor e trouxe uma toalha, alguns lençóis e um cobertor bem quente. Minha mãe secava a testa e o cabelo de Austin com a toalha quando senti uma onda de náusea me atingir como se eu houvesse batido contra um muro de tijolos e meu estômago finalmente desistiu de segurar seu conteúdo.

Cobri a boca com uma das mãos e subi as escadas mais que depressa em direção ao banheiro. Minha mãe surgiu ao meu lado no banheiro e segurou o meu cabelo enquanto eu vomitava.

Essa cena se repetiu mais três vezes. Na quarta, ficou óbvio para mim que minha mãe começava a ficar apavorada. Não sabia quantas vezes uma pessoa era capaz de vomitar em uma única noite, mas aposto que eu iria entrar para a história.

Nem tinha mais nada para vomitar. Meu estômago simplesmente se contraía com espasmos vazios. E a minha cabeça! Meu Deus do Céu! Parecia que a minha cabeça ia explodir.

– Já chega. Há algo muito sério acontecendo com vocês dois. Vou levá-los para o hospital! Vá lá para baixo e espere por mim. E onde eu deixei as chaves do carro?
– minha mãe resmungou, claramente aterrorizada.

Eu me arrastei escada abaixo, parando na porta da sala. Eu me sentia terrível. Queria apenas me encolher em um cantinho e morrer. Olhei para a sala de estar e lembrei que tinha que dar uma olhada em Austin. Ele estava deitado, inconsciente, no sofá, com os olhos fechados, o rosto pálido, como se estivesse morto.

O cabelo estava encharcado de suor e ele tinha voltado a tremer. Andei até a sala, devagar, e me sentei no chão, em frente ao sofá. Apoiei a cabeça no assento do sofá e estendi um dos braços, descansando a mão sob o
peito nu de Austin.

A sensação de formigamento retornou, aguda e forte, e, para minha grande surpresa, imediatamente me senti melhor, como se alguém houvesse acabado de me dar uma dose do mais impressionante e poderoso remédio já criado.

Suspirei aliviada. A dor de cabeça recuou de forma nada natural e meu estômago se acalmou. Olhei para Austin e foi então que entendi tudo.

Minha mãe descia as escadas às pressas, com as chaves do carro em uma das mãos e a carteira na outra quando gritei para ela:

– Mãe, a gente não entendeu direito.
– Lancei um sorriso fraco para ela.

– Estou bem agora. Não precisamos ir ao hospital. Tudo que preciso é ficar perto dele. Foi isso que a Dona Vaiola disse. Toda vez que me afasto dele, me sinto mal, mas, quando me aproximo de novo, melhoro. E veja: ele estava tremendo e suando em bicas há poucos minutos, mas agora parece melhor.

– É, ela disse que se você ficasse perto dele, os dois ficariam bem. – minha mãe lembrou, pensativa. – Nada na noite de hoje tem seguido lógica alguma, posso até acreditar nisso.

– Acho que vou ficar por aqui mais um pouquinho.
– Deitei a cabeça no sofá e pensei
em descansar os olhos por alguns segundos.

Mal me recordo de minha mãe lutando para me erguer e me ajeitando no sofá ao lado de Tristan. Em seguida, ela nos cobriu, deixando tudo macio, quente e seguro. Lembro-me de sentir a respiração dele, o calor que irradiava de seu corpo e o odor de suor que se mesclava com seu próprio cheiro natural.

E o formigamento que tomou conta de todo o meu corpo a noite inteira...

Acordei deitada no chão, mas o chão me parecia estranho porque era macio e granuloso debaixo de mim.

Quando levantei, percebi que, estava deitada na areia. Uma areia prateada, quente, fina. Aparentemente, não havia mar, apenas um belo deserto que ia até onde os olhos podiam alcançar. Podia ver tudo com perfeição.

Havia um ponto escuro lá longe na areia. Alguém estava ali. Andei devagar na direção da pessoa, já que não havia mais nada para fazer naquele lugar desconhecido.

Quando me aproximei, vi que, na verdade, era uma menina, tinha por volta da minha idade, talvez fosse um ou dois anos mais nova. Estava sentada na areia, esperando que eu me aproximasse. Tinha cabelo preto e comprido, olhos redondos e escuros iguais aos meus, porém usava bastante sombra e delineador. Também usava vários colares e pulseiras, um top esfarrapado, calças e botas, tudo tão negro quanto o céu acima de nós. Ela me olhou com curiosidade e, apesar da maquiagem carregada, o rosto da menina era quase angelical.

– Olá.
– cumprimentei.

– Oi.
– ela respondeu.

– Esse é um sonho estranho.
– murmurei para mim mesma.

Ela franziu a testa como se não pudesse discordar mais.

– Por que você está aqui, Ally?
– a menina gótica me perguntou.

– Não sei. Simplesmente... estou aqui. Não é assim que os sonhos funcionam?
– Ergui os ombros.

– Mas você não devia estar aqui. É melhor ir agora.

– Ir para onde?

– Qualquer lugar bem longe. Ele pode encontrar você aqui.
– Ela olhou ao redor, desconfortável.

– Ele quem? Olhei à esquerda dela e percebi que uma silhueta cinza borrada começava a aparecer.

– Acorde, Ally! – ela ordenou. – Para o seu próprio bem.

Pisquei e quando abri os olhos de novo, os raios de sol invadiram meu campo de visão. Pisquei mais algumas vezes para tentar me adaptar à mudança de cenário. O céu escuro e sem lua deu lugar a um belo dia de sol. Tentei despertar mais rapidamente, mas meus pensamentos pareciam lentos e embaçados.

Olhei ao redor e percebi que não estava na minha cama, mas no sofá da nossa sala de estar. Trechos da noite anterior começaram a reaparecer em minha cabeça. Noite de Ano-novo, cemitério, fogos de artifício, dor... e fantasmas.

Virei um pouco o corpo e me dei conta de que o braço de um garoto me envolvia em um abraço apertado. Era o braço de Austin. Nós dois havíamos dormido no sofá! Sorri ao lembrar que estava esperando por um beijo à meia noite quando, na verdade, acabamos dormindo juntos.

Bem, pelo menos literalmente, quero dizer...

As mãos dele envolviam as minhas sem apertá-las. Ele tinha dedos longos e finos. Mãos de pianista... As minhas pareciam tão pequenas por baixo das dele. Era algo tão íntimo, a maneira como ele me abraçava enquanto dormia. Podia sentir o seu rosto aninhando-se, confortável, contra a minha nuca e o calor de seu hálito em meu pescoço.

Eu me virei devagar para não acordá-lo. Ele suspirou profundamente, mas então rolou para o outro lado e voltou a dormir. Eu estava livre para me mexer, então me virei para olhar para ele, com a cabeça descansando sobre o sofá. Ele dormia tão tranquilamente, as mechas de cabelo loiro desalinhadas caindo sobre o rosto.

O peito nu e bem torneado estava descoberto e moviase para cima e para baixo no ritmo lento da respiração. Ele não tinha nem um único pelo no peito, apenas uma pequena trilha debaixo do umbigo que levava até... o sul. O cobertor macio o cobria da cintura para baixo.

Foi então que me lembrei de que ele
estava nu debaixo daquela coberta e senti meu rosto corando imediatamente. Comecei a sair do sofá para lhe dar mais privacidade quando ele começou a piscar devagar, acordado pelo meu movimento. Congelei, sem saber ao certo o que fazer.

Ele pareceu confuso por um segundo, mas então virou o rosto na minha direção e seus olhos registraram minha presença. E sorriu. Rugas marcavam o canto dos seus olhos cemicerrados que brilharam sob a luz do sol banhando a sala. Aqueles olhos me deixaram sem fala.

– Os seus olhos ainda são... cinza...
– murmurei para mim mesma.

Ele parecia confuso, como se isto fosse algo estranho de se ouvir dizer.

– E os seus ainda são castanhos como a tempestade.
– ele respondeu com suavidade.

– Como você está se sentindo?
– eu quis saber, preocupada.

Aquela havia sido uma noite difícil. Ele ergueu o braço direito, flexionou os dedos e olhou para a mão como se fosse a primeira vez que fazia aquilo.

– Tudo dói. – Ele contraiu o corpo e depois abriu um sorriso largo. – E isso é ótimo!

Franzi a testa, perplexa.

– Desde quando é ótimo sentir dor em todo o corpo?

– É melhor sentir dor e estar vivo do que não sentir nada
– ele disse em voz baixa.

–Estar morto é uma droga.

Fiquei em silêncio por um minuto, pensando a respeito.

– Você devia ter me contado. Sobre a sua... condição. – comentei com uma ponta de tristeza. – Você não confiou em mim.

Ele olhou para mim com uma expressão de culpa.

– Pensei que você ficaria assustada...

– Não me assusto fácil. Já falei isso.

– Eu sei. Sinto muito, Allyson.
– Austin ergueu um dos braços na minha direção e acariciou meu rosto suavemente com as pontas dos dedos.

Senti um leve formigamento, mas não como na noite anterior. A sensação era muito mais fraca agora.

– Você é a pessoa mais corajosa que conheço – ele acrescentou. – E eu seria capaz de confiar a minha vida a você.

Olhei nos olhos de Austin e vi o quanto aquilo significava para ele, a sinceridade daquelas palavras. E isso me fez sorrir.

– Lembra-se do que aconteceu no cemitério quando bateu meia-noite?
– ele perguntou.

Fiquei em silêncio por um momento, tentando organizar minhas memórias, que pareciam areia movediça, escorrendo por entre meus dedos.

Sentia como se tudo aquilo fosse um sonho que desaparecia pouco a pouco da minha mente após eu ter despertado.

– Na verdade não – confessei. – Tudo parece tão nebuloso e confuso.

– Olha, preciso contar uma coisa sobre ontem.
– Ele ajeitou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, mas então percebeu algo e se calou.

– Ei, eu posso tocá-la! Você faz ideia do quanto isso é incrível?
– Austin sussurrou.

O rosto dele se iluminou, fascinado. Bem devagar, ele se inclinou, seu rosto se aproximando do meu lentamente. Eu podia sentir o calor da sua respiração em meu rosto.

Mais um centímetro e seus lábios tocariam os meus...


Notas Finais


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