História Lost In Paradise - Changes.

2015

Quero me apresentar. De novo! Embora não tenha feito isso de um modo apropriado. Com toda a certeza, tenho meus ciclos. Não sou nem a metade de quem eu era há cinco anos. É como seu eu fosse outra pessoa, outra mulher... A propósito, me chamo Olívia Archetti! Liv, para os íntimos! Também me chamam de Sunshine. Mas isso é com os meus amigos virtuais. Longa história! Tenho quase 29 anos e quase nenhuma perspectiva. Mesmo! Vivo aqui nesse fim de mundo. Até uma alface tem mais vida do que eu! No momento não estou trabalhando, mas já o fiz. Dois empregos que em nada me satisfizeram: dar aulas de inglês e ser secretária/faz tudo.

Amo, sonho e quero, um dia, poder ao menos visitar os EUA. Los Angeles, Las Vegas e Nova Iorque! Acho que sou fluente em inglês, mas não posso ter certeza. Não tenho ninguém que possa falar em inglês comigo, então... Libriana, a louca dos crushes famosos e feminista. Essa sou eu! Ao menos é assim que me defino nas redes sociais! Não sonho em ser mãe. Não gosto do fato de estar aqui, casada, vivendo essa vida...

Por algum tempo foi suficiente, hoje não mais. Eu quero mais. Preciso de mais. E aqui nada do que eu quero, sonho e anseio será possível. Há quem diga que, pássaro que vive preso na gaiola, tem medo de voar! E é bem isso mesmo. Quero me libertar, mas não consigo, tenho medo... Aliás, acho que nem sei como se faz isso, voar. Não saberia nem por onde começar. Ter pais super protetores me fizeram ser uma acomodada total, dessas que nem sabem se virar sozinha. E aqui estou, bem, nada feliz, mas vivendo na minha zona de conforto! (...)

Se eu sou esquisita?! Sim. Muito! Não tanto fisicamente, porque aí acho que até dou pro gasto! Emocionalmente instável, abalada e fodida, com certeza! A eterna bagunça, mas que nada demostra e teima em dizer á todos e á si mesma de que está tudo bem, que tudo vai ficar bem. E sempre fica! Esse meu lado libriano harmonizador é fantástico!

Me dou bem com as pessoas, sou sociável, agradável e tudo. Tento ser. Gosto de ser! A minha boca grande é a minha perdição. Julgo muito e falo demais, meu pior defeito. Gosto de sair, inclusive sinto falta de quando eu saía a noite. Dançar com as amigas, encher a cara e tudo... Nunca enchi a cara, confesso! Sou fraca pra bebida alcóolica. Começo a rir e logo durmo, simples assim! Sinto falta de muitas coisas. Parece até que nada aconteceu, sabe?! Que tudo faz parte da vida de outra pessoa, não da minha... Acho que essas malditas correntes que me prendem estão me sufocando mesmo.

Tem dias que me sinto bem. Fico feliz! Sou feliz... Mas em outros sou o próprio descontentamento. Tudo me irrita. Me estresso facilmente, grito, choro, me odeio. Acho que ele tem culpa nisso. Ninguém quer estar em um relacionamento instável. Preciso de segurança, preciso saber que tomei a decisão certa quando me casei. Mas ele raramente me oferece essa certeza. Me tratar feito um ser inanimado não é a melhor opção e ele deveria saber disso! Não temos nada em comum. Nada! Duas pessoas completamente diferentes convivendo juntas há quase quatro anos...

Aí me pergunto seriamente, tentando entender o porquê de eu ainda estar aqui. Mas eu já sei a resposta. É mais fácil, é mais cômodo, é assim que era pra ser. Ponto! Esqueço que tenho uma escolha a fazer, que só depende de mim pra virar o jogo! Se eu não quero, eu não preciso estar aqui. Algo me prende e eu não sei o que é. Talvez aquele fio que une o sonho um dia idealizado ou a esperança de que um dia tudo melhore, como mágica! Mas eu sei que não vai melhorar. Simplesmente não vai acontecer. E eu não quero me sentir parte da casa. Eu preciso ser alguém, quero ser alguém... Amada, desejada e indispensável, do tipo que não pode ser substituída por mais ninguém. Única! (...)