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História Lost In Paradise - Whispers.


Escrita por: Sunkrich

Capítulo 25 - Whispers.


Fanfic / Fanfiction Lost In Paradise - Whispers.

A minha vida era resumida basicamente em estudar de manhã, indo ao curso na UCLA no qual o motorista me levava todos os dias. Eu tentava estudar ao máximo, relendo tudo pra que o tempo passasse e principalmente pra me entreter com algo. As meninas e eu sempre nos falávamos, o que era quase como um ritual sagrado pra nós, feito diariamente, todas as noites por Skype ou Facetime. Falávamos sobre nosso dia a dia, contando os problemas e tudo o que nos acontecia. Pra mim, a parte mais difícil era ficar sem elas.

Vinte dias depois que eu havia me mudado e ele ainda não tinha vindo me ver. Nem mesmo havia me ligado. Tudo o que eu tinha era somente o nada. Um vazio completo, uma ausência infinita que me angustiava imensamente... Era horrível me sentir assim, totalmente sozinha. Eu me distraía vendo filmes e conversando com os empregados, que eram minhas únicas companhias. Eu não tentei me aproximar de ninguém na Universidade, temendo que pudessem descobrir o meu grande “segredo”. Isso era algo que me atormentava muito. Ninguém podia descobrir.

Keith vinha me visitar regularmente. Uma ou duas vezes na semana. E com isso eu tinha a certeza de que Kevin estava com a família, a poucas horas de onde eu estava... Isso me doía absurdamente! Como uma faca cravada em mim, me cortando segundo a segundo... Era claro que ele não tinha interesse em mim. Ele estava fazendo a parte dele e era isso. O que mais eu podia esperar?! O que mais eu devia esperar?! Que ele largasse a mulher e os filhos pra vir me ver?! Não, isso era mesmo um absurdo! Pensando friamente, era sim. Mas não era como eu me sentia.

- Geminha,  tô com saudade!- Kylie falava do outro lado da tela. Shay e Sophia estavam com ela também!

- Também tô. Muita!- falei em tom de choro.

- E o famigerado?!- Sophia perguntou- Deu notícia, sinal de fumaça...?!

- Nada- suspirei- Nem um telefonema.

 - Assim não dá pra defender, né?!- Shay ficou de cara feia- Eu esperava mais dele, sinceramente... E também não entendo qual o propósito dele em te levar praí e fingir que você não existe.

- Talvez ele só esteja preocupado com a gravidez em si- respondi tristemente.

- Fosse ao médico já?!- Kylie perguntou seriamente.

- Amanhã- falei- O motorista vai me levar, eu acho.

- Motorista... – Sophia revirou os olhos- Kevin não tem culhões mesmo! Baita papelão!

- Não quero mais falar deste senhor que vem caindo no meu conceito- Shay parecia bem decepcionada.

- É, vamo falar de coisas boas e felizes!- Kylie mudou de assunto.

Contamos a novidades e ficamos assim por quase uma hora e meia. Desligamos porque já era bem tarde no Brasil, então...  Me despedi delas, desliguei o notebook e fui pra cama ver um pouco de TV. Era cedo ainda, por volta das 20h. Eu ainda não tinha jantado, então resolvi descer até a cozinha e ver se encontrava algo na geladeira pra comer. Meu estômago gritava de fome! Passei pelas escadas e ouvi alguém falando baixo, quase que num sussurro.

. Me aproximei mais, andando devagar e vi Keith sentado á mesa, ao telefone. Parei imediatamente pra ouvir. Eu não devia, mas também não tinha a coragem de interromper. Parecia ser bem sério.

-... Talvez você possa sugerir que ela entregue o bebê. Sua mãe poderia cuidar, não poderia?! Quero dizer, deixar com ela no Kentucky!

Por um segundo eu pensei não ter entendido bem ou qualquer coisa do tipo.  Continuei ouvindo, totalmente chocada!

- ... Você pode dar algum dinheiro á ela pra que ela volte pro Brasil depois do parto!

Me encostei na parede, sentindo uma onde de revolta, dor e decepção. Então era isso?! Ele realmente achava que eu era esse tipo de mulher?! Coloquei as mãos na boca, perplexa... Meu corpo todo tremia e sem querer acabei derrubando meu celular no chão, fazendo barulho.

- Liv?!- Keith olhou pra mim, virando-se.

- ME DEIXA EM PAZ!- gritei. Eu sabia que Kevin ainda estava escutando pelo telefone.

Corri o mais rápido que pude, subindo as escadas. Senti uma tontura forte e me sentei no chão mesmo, em um dos degraus... Comecei a chorar desesperadamente enquanto eu via meus olhos escurecerem e alguém me pegar, me tirando dali... (...)

 

Abri os olhos devagar, olhando tudo ao redor. Eu não sabia onde estava.

- Acalme-se- uma mulher me disse- Vai ficar tudo bem!

- O que aconteceu?! Onde eu tô?!- tentei me levantar, mas fui impedida por ela, que me deitou novamente.

- Você teve uma tontura apenas- sorriu- Resultado da gravidez, o que é normal! Mas também pela falta de vitaminas- disse me aplicando mais um frasco de medicamentos na veia em meu braço.

- E o... Bebê?!- perguntei temendo que algo tivesse acontecido.

- Não se preocupe. Vocês estão bem! – me assegurou- Não há com o que se preocupar!

- Quero ir embora- pedi.

- Vou chamar a pessoa que está te acompanhando- sorriu de novo e saiu.

O lugar era um quarto de hospital, mas muito bem decorado pra se parecer com um, muito diferente dos que eu estava acostumada a ir. Ouvi batidas na porta e ela foi aberta. Keith entrou, trazendo nas mãos um pequeno buquê de flores! Imediatamente virei meu rosto pro lado oposto, fingindo olhar a janela. Eu não queria vê-lo.

- Posso me sentar?!- me perguntou, indicando a poltrona ao meu lado.

Não respondi. Eu só queria que ele fosse embora o quanto antes. Ele colocou o buquê em cima da peça bem ao meu lado.

- Liv... – começou a me dizer- Quero falar sobre o que você me ouviu dizer ontem á noite.

- Não quero falar sobre isso- rebati- Não há nada há ser dito!

- Olha, não é o que parece...

- Eu sei o que ouvi- me virei pra encará-lo- Não tente me fazer achar que foi tudo uma mentira porque não foi!

- Tudo bem, tudo bem- ele bateu as mãos nas pernas, parecendo nervoso.

Fiquei em silêncio, esperando que ele dissesse algo, mas nada aconteceu.

- A ideia de que eu entregasse o bebê pra que a mãe dele cuidasse, foi sua?!- indaguei.

- Isso é realmente importante?! – me olhou.

- Sim ou não. Quero saber!- me impus.

- Foi algo que eu sugeri- contou- Estávamos conversando sobre essa... Sobre essa possibilidade.

- Não é uma possibilidade- o encarei- Não vou dar o meu filho á ninguém! Avise á ele! Não farei isso!

- Não se altere- me pediu- Você precisa ter calma. Pelo bebê!

- Como se você ou ele se importassem... – disse rindo ironicamente.

- Não seja injusta- me advertiu- Kevin está fazendo o melhor que pode.

- O melhor que pode é fingir que eu não existo?! Me deixando aqui aos cuidados do segurança, amigo ou o que mais você seja dele?!

- Melhor conversarmos outra hora- se levantou.

- Me diga somente uma coisa- engoli em seco- Ele vai vir?!

- Olívia...

- Me diz- me mantive firme- Ele ao menos vai vir me ver?!

- Você sabe que ele está com a família- seu tom de voz era impaciente.

Senti as lágrimas virem. Voltei a me virar, olhando a chuva fina que caía lá fora.

- Me deixe sozinha, por favor- pedi educadamente.

Ele saiu, parando em seguida antes de passar pela porta.

- As flores são pra você- indicou com a cabeça.

- Obrigada por ter comprado!- falei indignada- Com certeza isso foi por sua conta, não é?!

- Há um cartão- ele riu- Veja por si mesma! E ah, eu não tenho a mínima ideia de que tipo de flores você gosta. Tenho?!

Esperei que ele saísse, esticando meu braço pra pegar o cartão e olhar as flores. Eram orquídeas brancas, lindamente envoltas em um laço de fita azul! Orquídeas eram as minhas favoritas! Abri o cartão, tirando-o do envelope banco.  A letra era fina, não muito bonita, mas precisamente segura do que queria dizer. Sim, ele havia escrito, eu não tinha duvidas!

“Olívia,

Espero que você esteja bem. Não pense, nem por um segundo, que não me preocupo com você. Com vocês! Não preciso explicar os motivos que me impedem de estar aí fisicamente, você os conhece tão bem quanto eu. Pensando em você e pedindo pra que fique bem! Tomara que goste das flores!

Sinceramente,

K.”

Peguei o cartão entre as mãos, colocando-o junto ao peito. Deixei as lágrimas virem, descendo pelo meu rosto... Tudo o que eu mais queria no momento era vê-lo, nem que por alguns instantes. A saudade que eu sentia era absurda! Eu sabia que ele não viria. E isso me angustiava, me fazia sofrer imensamente... Era triste saber que talvez ele não se importasse realmente.

O cartão tinha amenizado um pouco a minha dor, mas não era suficiente. Apesar de tocar meu coração, eu sabia que ele estava fazendo apenas o necessário, nada além disso. Somente pra manter a boa educação e a cordialidade, nada mais. E eu queria mais! Queria que, ele viesse me ver, que se interessasse de verdade por mim...

Eu era grata por ele estar me dando o melhor, moradia em uma bela casa, todas as despesas pagas e nenhuma preocupação. Mas eu nunca quis nada disso. Nunca! Por mais que eu tivesse demonstrado, ele não entendia ou não queria entender. A gravidez, a minha vinda pra Los Angeles, nada disso se tratava de dinheiro. Tudo era sobre amor! Sobre você de despojar de tudo por alguém, mudando sua vida drasticamente, virando seu mundo pelo avesso...

Suspirei longamente, tentando acalmar todas as minhas emoções. Meus hormônios á flor da pele! Passei a mão pelo meu ventre com certa saliência, sorrindo grande!

- Parece que seremos mesmo só eu e você!

Peguei o cartão, colocando-o embaixo do meu travesseiro, voltando a olhar a paisagem bonita pelo vidro da janela do quarto. A TV estava ligada em um canal qualquer, mas eu não me mantinha entretida. Inesperadamente, “Siberia” começou a tocar em um documentário sobre perdas de pessoas queridas...  Meu coração e minha mente foram transportados pra perto dele. Fechei meus olhos devagar, sentindo o efeito dos remédios...

- Kevin- murmurei seu nome em meio ao choro sentido- Amo você. Amo tanto, mais tanto...

“Então meu coração foi parar lá na Sibéria

Estava esperando a mentira se tornar realidade

Porque é tudo tão escuro e misterioso

Quando quem você quer, não te quer também”

(...) 



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