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História Lost In Paradise - Watching life through a glass.


Escrita por: Sunkrich

Capítulo 26 - Watching life through a glass.


Fanfic / Fanfiction Lost In Paradise - Watching life through a glass.

Fui acordada nas primeiras horas da manhã. Me prepararam e fui encaminhada pra sala de exames.

- Vamos fazer um ultrassom!- uma das enfermeiras me disse.

Concordei, ainda zonza pelos medicamentos. Eu estava aflita, apreensiva e nervosa! Se ao menos eu pudesse contar com ele, se pudesse...

- Quer que eu chame seu marido?!- me perguntou, provavelmente pensando em Keith ou no motorista que havia me trazido.

- Não, ele não... Não é o meu marido!- falei, negando com a cabeça.

Me trocaram, colocando um roupão aberto na parte da frente. Me deitaram na cama e logo o médico veio. Ele me explicou o procedimento, embora eu já soubesse como funcionava. Respirei profundamente enquanto o gel gelado era distribuído pela minha barriga. Virei minha cabeça pro lado, olhando a pequena tela.

Segurei as mãos á cama, tentando me manter calma. Eu só precisava que ele estivesse ali, por um segundo que fosse. Precisava que ele soubesse que eu estava prestes a ouvir o coração do nosso filho! O barulho forte, alto e audível inundou meu coração! Fui tomada por uma emoção que jamais pensei sentir. Era como se tudo fizesse sentido, exatamente tudo! Comecei a chorar, emocionada com os batimentos daquele serzinho pequeno, daquele que seria o nosso elo nessa vida...

- Está tudo maravilhosamente bem!- o médico me disse- Os batimentos, o tamanho e o peso... Acho em nossa próxima consulta já poderemos saber o sexo!

Assenti somente, incapacitada de dizer alguma coisa. Quando terminou, me levaram de volta pro quarto.  Não demorou muito a me darem alta. Felizmente, me mandaram pra casa no dia seguinte. Alguns cuidados precisavam ser tomados. Eu precisava me alimentar melhor e tomar algumas vitaminas, além de repousar por um dia ou dois até que as tonturas cessassem um pouco. Keith tinha ido me buscar no hospital, com a ajuda do motorista.

A minha decepção era imensa. Mesmo depois de tudo, eu ainda acreditava que ele pudesse vir. Por um milagre talvez, mas ele não veio. Nem sequer ligou. Tudo o que eu tinha eram as flores e o bilhete. Como dava pra ver, nossa relação era estritamente formal. Se eu estava bem, era o suficiente pra ele. Keith podia verificar e resolver qualquer problema, simples assim!

Eu me sentia triste, desolada e muito decepcionada. Sempre achei que, ao menos ele pudesse ter um pouco de compaixão. Se não por mim, pelo bebê. Eu realmente não queria ter me metido naquela situação, jamais quis dificultar a vida dele, obrigar que, de algum modo ele ficasse comigo. Não. Ambos tínhamos nos colocado bem dentro do olho do tornado que se formava á nossa volta. Mas eu me culpava, somente á mim. E pelo jeito ele também!

Levantei logo cedo já que eu não tinha conseguido dormir bem. Toda a tensão de um quarto de hospital tinha me tirado o sono. Meus olhos estavam pesados de sono, inchados e minha cabeça doía. Meu corpo todo parecia doer em algum lugar. Me sentei na cama, me esticando um pouco. Liguei a TV com o controle e o noticiário de sábado falava sobre algumas nevascas pelo país. Fazia um frio considerável em pleno Março. Eu amava aquele clima chuvoso e frio.

Já eram quase 8h30. Meu estômago não estava dos melhores.  As benditas tonturas matinais, os enjoos e todas essas coisas naturais dos três primeiros meses me faziam querer chorar de nervoso!

- Malditos hormônios! – falei alto, passando as mãos pelo rosto.

Ouvi conversas no andar de baixo e imaginei ser Keith falando com alguém. Continuei deitada, esperando que todo o mal estar melhorasse. Além de tudo, eu ainda tinha que lidar com o fato de que Keith parecia ser o pai do bebê e não Kevin! Ele me vigiava o tempo todo. E eu esperava realmente que isso não demorasse muito.  Alguém bateu á porta, me fazendo dar um pulo de susto!

- Posso entrar?!- Keith apareceu.

- Uhum- resmunguei.

- Como se sente?!

- Bem- respondi sem dar muita importância á pergunta- Se tiver outras coisas pra fazer, fique á vontade!- aproveitei a deixa.

- Pode ser que eu vá- ele coçou o queixo- Aproveitar que alguém está vindo te ver...

Parei por um instante, com o coração aos saltos!

- Eu entendi direito mesmo ou...?!- perguntei.

- Sim, você entendeu- ele riu- Kevin está vindo pra cá!

Imediatamente comecei a empurrar a coberta, me levantando rapidamente.

- Eu preciso... Preciso me trocar e... – disse nervosamente, andando pela beirada da cama.

- Quer que eu chame a Judy pra te ajudar?!- disse se referindo á uma das empregadas.

Assenti. Eu realmente precisava de alguém ou acho que acabaria desmaiando pelos enjoos e pelo nervoso em si! Assim que ela veio, fomos pro banheiro e ela me ajudou a tomar banho, ficando de olho em mim pra que eu não caísse ou algo do tipo. Fiz minha higiene matinal, sequei o cabelo e me maquiei um pouco, nada demais, uma make básica que Sophia tinha me ensinado a fazer antes de eu me mudar!

Olhei algumas roupas no closet. A maioria delas já não estava me servindo. Calças e shorts abotoando com dificuldade... Optei por um vestido estampado, ligeiramente curto e decotado, colocando um cardigã, meia calça fina e sapatilha! Agradeci a ajuda e fiquei esperando por ele! Deitei na cama, olhando o visor do celular a cada cinco minutos. A espera era a pior parte pra alguém sem paciência como eu... Se eu estava feliz em vê-lo?! Muito! Há dias já que meu coração ansiava por isso quase que desesperadamente!

Peguei o celular, ligando-o em uma musica e colocando os fones de ouvido. Música era a única coisa que poderia me acalmar! Deixei tocar Lana Del Rey, me transportando pra algum lugar ao longe... Não sei quanto tempo depois senti meu braço ser tocado por alguém. Abri os olhos devagar, dando um pulo da cama! Keith!

- PUTA MERDA!- falei alto, levando as mãos ao peito.

- Te assustei?!- ele riu- Me desculpe! Mas eu bati e você não respondeu, então...

- É- resmunguei me ajeitando- Tô ouvindo musica!

- Más notícias- parou ao lado da cama- Houve um contra tempo e... Kevin não vai poder vir.

- É sério isso?!- comecei a sentir meus olhos arderem e minha garganta se fechar- Keith, por favor, ligue pra ele... – choraminguei- Por favor, eu tô pedindo...

- Calma- fez um gesto com as mãos- É brincadeira!- e riu.

- VOCÊ QUER O QUE?! ME MATAR DE SUSTO?!- joguei um dos travesseiros nele.

- É Keith, você não devia fazê-la passar nervoso!

Olhei em direção á porta, vendo-o parado exatamente ali. Somente o som da voz dele era capaz de acabar com todas as minhas estruturas! Kevin estava escorado no batente, rindo lindamente e parecendo se divertir com a situação no mínimo engraçada pra eles!

- Precisava ver a cara dela quando disse que você viria- Keith contou- Foi a primeira vez em que a vi sorrir nesses vinte dias!

Ambos trocaram olhares, partilhando de uma confissão da qual eu estava sendo deixada de fora!

- Vou sair- Keith disse- Tô lá embaixo se precisarem de alguma coisa!

Assim que ele saiu, Kevin fechou a porta atrás de si, vindo até mim.

- Oi Olívia!- disse se sentando na poltrona de frente pra mim.

O modo como ele me tratou, a frieza estampada em seu rosto, me fizeram querer morrer por dentro. Nem ao menos um abraço, nada...

- Oi- falei somente- fingindo mexer no lençol. Eu não podia olhar pra ele ou acabaria desabando!

- Tudo bem com você?!- perguntou educadamente- Com vocês- corrigiu-se.

- Sim, eu... Eu estive no hospital e eles fizeram... Fizeram um ultrassom- falei rapidamente.

Ele apenas assentiu, pensativo.

- Deu pra ouvir o coração!- contei emocionada.

- Acredite, eu gostaria de ter estado lá!- confessou parecendo ser sincero- Fico feliz em saber que está tudo bem!

Um pequeno silencio se instalou, como sempre acontecia quando estávamos próximos. Eu por não saber bem o que dizer, por temer querer demonstrar demais o que eu sentia e ele talvez por não ter nada a dizer.

- Gostou da casa?!- perguntou passando os olhos pelo lugar.

- É linda!- respondi- O por do sol também!- contei á ele, lembrando-o que ele mesmo havia dito pra eu prestasse atenção á isso!

- Keith tem me contado sobre você- disse me olhando.

- Keith é como se fosse minha babá!- revirei os olhos, fazendo-o rir!

O sorriso dele era como mil sóis iluminando o quarto, aquecendo todo o meu ser!

- Hormônios!- ele deu um assovio longo, me fazendo rir também.

- É, eu sei- meneei a cabeça- Acho que só vai piorar... E você, como está?!

- Bem, obrigado por perguntar!- respondeu emitindo um sorriso.

- Keith me contou que você não tem se alimentado direito –suas feições eram sérias- E que ainda não tomou café da manhã...

- É que eu estava esperando... – comecei, mas me calei a tempo de dizer que estava esperando por ele, sabe-se lá o porquê!

Alguém bateu á porta, abrindo-a em seguida. Judy entrou, trazendo uma grande bandeja de café da manhã, colocando-a em cima da peça ao lado da cama. Kevin agradeceu educadamente e ela se retirou.

- O que vai querer?!- me perguntou, olhando pra bandeja cheia de leite, suco, frutas e alguns pães doces.

- Isso tá meio brasileiro!- eu ri- Não tem nem ovos mexidos com bacon!

- Não, não tem!- voltou a sorrir- Não é bom que coma essas coisas!

- Não tô com fome- argumentei- Tô enjoada...

Fingindo ignorar o que eu dizia, ele me serviu de suco de laranja sem açúcar e uma fatia de pão caramelizado com manteiga!

- Serão só os primeiros três meses- se sentou novamente- Tende a melhorar depois!

Tomei o suco, mordiscando o pão. Eu não tinha um pingo de fome, mas não queria que ele se aborrecesse por algo tão pequeno. Ou pensasse que eu estava me fazendo de vítima! Algo martelava em minha mente, como uma insistência. Eu tinha que perguntar.

- Posso fazer uma pergunta?! – disse despretensiosamente.

Ele assentiu, me encorajando a continuar.

- Acharia ruim se... Se eu voltasse pro Brasil?!

Os olhos dele me olharam fixamente, me analisando. Abaixei a cabeça, me arrependendo de ter perguntado.

- Você quer voltar?!- devolveu a pergunta, virando toda a conversa a seu favor.

- Sabe que não – admiti- Mas me sinto imensamente sozinha aqui e... Queria que você... Que você viesse mais. Quando pudesse- fui falando, soltando todo o incomodo naquelas palavras.

Kevin continuou a me olhar, parecendo neutro demais, como se não se importasse com o que eu tinha acabado de dizer á ele. Senti vontade de chorar. Eu realmente estava sendo infantil, pressionando-o a fazer algo que ele claramente não queria fazer.

- Me desculpe- passei as mãos pelo rosto- Eu não devia...

Sem que eu pudesse me conter, deixei as lágrimas caírem. Eu precisava chorar. Não ia conseguir segurar por muito tempo. Era muito sofrimento pra alguém que esperava ao menos um pouco de atenção da parte dele. Senti uma pontada nas costas, o que me fez dar um gemido de dor. Isso sempre acontecia quando eu ficava muito tempo na mesma posição, devido aos meus problemas de coluna.

- O que houve?!- ele se levantou, preocupando-se- Tá tudo bem?!

Instintivamente, levei ás mãos ás costas, na parte em que estava doendo. Kevin debruçou-se na beirada da cama, arrumando os travesseiros em que eu estava sentada. Por um instante, pude sentir o perfume que vinha dele. Nossos rostos estavam bem próximos... Sem ter tempo de me arrepender e deixando meus impulsos me guiarem, peguei na mão dele, levando-a até perto do meu rosto. Fechei os olhos devagar, depositando um beijo, amorosamente...

Eu não conseguia dizer, mas podia fazer com que ele sentisse! Abri os olhos e ele ainda me olhava, como se tentasse ver através de mim... Inclinei levemente o corpo, me aproximando mais, tentando unir meus lábios nos dele... Ele abaixou o olhar seriamente, virando o rosto vagarosamente pro outro lado, recusando o beijo...

- Por favor- se levantou- Não volte a fazer isso.

Como se mil facas atravessassem meu peito, desabei no choro convulsivo... Eu não esperava ser rechaçada daquele modo.  Não tentei me desculpar. Ele também não tentou me consolar. Tudo o que eu mais queria e precisava naquele momento era de um abraço. Pode senti-lo, nem que fosse falsamente, ali, perto de mim... O vi ir em direção á porta. Ele me olhou novamente antes de ir, parecendo bastante surpreso e decepcionado com a minha atitude. Sim, não era a atitude de alguém madura e que vê as coisas como elas realmente são. Não! O meu pior defeito era deixar que meus sentimentos se sobrepusessem á minha razão.

Kevin fechou a porta, sem dizer mais nada. Me joguei na cama, chorando o mais que pude... Tudo era dor. Mais uma cena da qual eu era a protagonista, ridicularizando á mim mesma e colocando-o em uma situação desconfortável. Até quando eu iria me humilhar?!

Ouvi o carro lá fora depois de um tempo. Ele realmente tinha ido. Sem despedidas, sem promessas de um novo encontro. A minha angustia jamais teria fim. Jamais! Alguém entrou, parando bem de frente á mim. Abri os olhos coberto de lágrimas.

- Por favor, me deixe- pedi á Keith.

- Não o pressione- me disse num tom amigável- Só tende a perder com isso. Sei o que eu tô dizendo, Liv!

- Eu só queria que... Que ele se importasse- falei rente ao choro.

- Ele se importa, acredite- me assegurou- Do contrário, não teria vindo.

- COMIGO!- gritei, batendo com as mãos na cama- Eu só queria que ele se importasse comigo...

Keith saiu, me deixando ali. Com certeza achando que era algo devido ao meu humor ou algo do tipo. Pra ele, talvez eu fosse mesmo uma moça mimada, egoísta e que havia estragado tudo sem a mínima consideração! Certamente Kevin pensava da mesma forma. Eu tinha que me acostumar, tinha que entender que tudo era sobre o bebê, tudo. Nada era sobre mim. Sobre o que eu sentia ou queria. Minhas vontades, todo o meu amor e abnegação, todos os meus sacrifícios pareciam ser totalmente ignorados por ele. Talvez a solução de tudo, pra ele, fosse que eu voltasse...  (...)

 



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