História Lost In Paradise - Reality

Ainda consigo me lembrar da sensação de ser respondida por ele. Claro que foi somente na internet, mas pra quem mandava cartas e foi ignorada, até que estava bom... Um simples tweet na semana do show e meu mundo ficara mais bonito! Qualquer coisa relacionada á ele me deixava feliz!

Depois do show, entrei em um tipo de coma. Um vazio triste, dolorido e incomodo se fazendo presente desde então. Saí de lá temendo voltar pra casa. O sonho tinha mesmo terminado. Ainda assim, eu tinha a certeza de que isso era só começo... Eu já pensava em uma próxima vez. Teria uma próxima vez, porque no que dependesse de mim, eu o veria novamente!

A intensidade do sentimento era tanta que me permiti fazer uma tatuagem pra eternizar o momento. A realização de um sonho merecia ser eternizada! “Incomplete” do lado esquerdo do peito, bem abaixo do coração, me parecia uma bela homenagem! Eu amava a música e pensando nele, tinha um grande significado pra mim... Por alguma razão, eu me sentia incompleta. E pretendia mostrar, quem sabe um dia, á ele. Explicar ou ao menos tentar. Demonstrar um pouco do que era o meu amor...

Entrei de cabeça novamente. Se havia algo ou alguém relacionado á eles, eu fazia questão de estar lá e me aproximar, nem que fosse só virtualmente. Coincidentemente, eu já tinha amizade com algumas meninas, que já eram minhas amigas e se tornaram mais ainda por causa deles. Descobri que elas gostavam do grupo assim como eu, então juntei todo mundo e nos aproximamos...

Kylie amava Nick, Shay amava AJ, Sophia amava o Howie e eu amava Kevin. Tudo perfeito! Ainda precisávamos de uma Littrell, mas isso não era algo com o qual nos preocupávamos. De repente era como se o destino tivesse nos escolhido! Éramos como irmãs, partilhando uma amizade que crescia a cada dia, um sentimento verdadeiro, sincero e cercado pelo mesmo sonho que faria com que, enfim nos encontrássemos!

Não sabíamos quando seria isso, mas sabíamos que seria com eles e por causa deles! Planejávamos, economizávamos tudo o que podíamos para conseguir que, um dia, pudéssemos vê-los! Pros que estavam de fora, isso parecia uma verdadeira sandice. Não deixávamos de viver nossas vidas, mas era como uma meta que tínhamos e que precisava ser vivida e compartilhada por nós!

Kylie tinha um ótimo emprego, estava prestes a se casar, namorava há anos e tinha o amor da sua vida. Shay estava terminando a faculdade, lutando por um emprego que lhe permitisse custear os sonhos. Sophia tinha terminado a faculdade e estava á procura de um emprego também. Eu estava trabalhando aqui e ali, sempre poupando até os centavos do pão e poupando também a mim mesma de sair de um casamento ruim, sabe-se lá o porquê...

Algum tempo depois e tudo começou a mudar. Não em relação á nós. Não! Digamos que, as coisas simplesmente não eram como pareciam ser... Entrar novamente nesse mundo depois de quase uma década fora era emocionante, mas como tudo na vida, tinha seu preço. Fofocas, boatos e mais boatos... Estávamos acostumadas a vê-los como os “meninos” que eram quando nos tornamos fãs, mas não era assim. Com a globalização, as notícias corriam soltas por aí. Não precisávamos mais correr até a banca de revistas e comprar a primeira mentira que nos era contada.

Sem que procurássemos, os boatos chegavam até nós com uma facilidade incrível. E bem, eles não eram, nem de longe, os santos que imaginávamos... Não sabíamos se eram mesmo verdade todas as coisas, mas partíamos do princípio que, onde há fumaça há fogo! Eu era sempre a primeira a querer saber de absolutamente tudo e consequentemente, contava tudo á elas que, assim como eu, ficavam boquiabertas com o que ouviam!

Mentalmente, ao longo dos anos, eu tinha formado uma imagem dele dentro de mim. Ele era uma espécie de homem perfeito: ótima pessoa, bom pai, bom marido e acima de tudo, fiel! Quando me perguntavam sobre perfeição, eu era capaz de citá-lo sem piscar! Mas o que ouvi não condizia com tudo isso. Eu devia ser mesmo muito inocente por achar que ele podia ser tudo isso e mais um pouco...

Mesmo sabendo de tudo o que rolava no mundo da fama, eu pensava que ele seria incapaz de trair. Incapaz de olhar outra mulher além daquela que ele escolheu pra ser a esposa e mãe dos seus filhos. Meu mundo simplesmente desabou pela segunda vez. Ele estava me dando a terceira decepção! Decepção essa que estava se juntando ao fato dele ter se casado, de ter saído do grupo e de não ser tão fiel como eu achava.

Não vou afirmar nada. Eu não estava lá. Eu não vi. Só estou contando por alto as notícias (maldosas?!) que circulavam pelo fandom. Eu não queria acreditar, mas precisava. Ele era homem, acima de tudo! E eu, como mulher e feminista, devia acreditar nisso mais do que ninguém. Eu tinha todos os motivos para não acreditar em homem NENHUM!

Mas afinal, quem era aquela que andava atrás dele quase o tempo todo?! Que estava sempre onde ele estava?! Por que somente ela?! Era essa a pergunta que eu me fazia... Havia outras sim, dava quase pra fazer uma lista! Mas aquela em especial, me incomodava e muito. Vi fotos, vídeos e nada parecia fazer sentido a não ser que... Que tudo o que diziam era a mais pura verdade! Todos eles na verdade tinham algo com o que se sujar! Todos!

Será que nós também teríamos alguma chance?! Era somente isso que nos perguntávamos em todas as nossas conversas. Deveríamos tentar, quando chegasse a hora?! Seria a nossa vez?! Não queríamos fazer papel de bobas, mas também não podíamos perder a chance de tentar algo. Era loucura, claro que era! Mas como dizia Sophia: “O não nós já temos. Vamos correr atrás do sim!”. E de repente, era esse o nosso novo lema! Estava em nossas mãos tentar fazer com que não fosse apenas um meet & greet. Estávamos realmente dispostas á isso?! Deveríamos tentar?!

Eu não tinha tanta certeza assim... Metade de mim sorria de alegria e ao mesmo tempo tremia de medo só com a ideia de pensar sobre algo assim. Era muita loucura! Realmente era quase uma blasfêmia, um absurdo obsceno, uma insanidade total! Se eu o queria?! Muito! Desde a primeira vez em que botei os olhos nele... Mas agora não era algo infantil, inocente e puro. Era algo bem mais forte, palpável e real...