1. Spirit Fanfics >
  2. Lost In Paradise >
  3. With arms wide open!

História Lost In Paradise - With arms wide open!


Escrita por: Sunkrich

Notas do Autor


Escutem a música
Link nas notas finais ;)

Capítulo 41 - With arms wide open!


Fanfic / Fanfiction Lost In Paradise - With arms wide open!

5h45

Abri os olhos lentamente, tentando me acostumar com um pouco de luz que entrava por uma fresta da janela. O Sol nascia lá fora, anunciando um novo dia. Me virei na cama e olhei pro lado, vendo-o ali, dormindo como um anjo enviado dos Céus pra mim! Sorri interiormente, passando as mãos pela minha barriga de nove meses completos.

- Bom dia, princesa! – falei baixo, quase inaudível.

Aproveitei pra acariciar o rosto dele, afastando os cabelos do seu rosto, beijando seu rosto de leve.

- Bom dia pra você também, meu amor!- disse rente á boca dele.

Kevin sorriu lindamente pra mim! Infelizmente, ele tinha problemas pra dormir e sofria com insônia desde sempre. Vê-lo dormindo me acalmava. Eu só queria vê-lo bem! Não disse mais nada e o deixei ali, me levantando em seguida. Caminhei até a janela, vendo o nascer do Sol junto ao mar. O horizonte tinha cores de amarelo e laranja vivos. Afastei a cortina da sacada e uma brisa morna soprou meu rosto.

“Acabei de ouvir as notícias de hoje

Parece que a minha vida vai mudar

Fechei os meus olhos, comecei a rezar

Lágrimas de felicidade caíram logo pelo meu rosto”

 

Intuitivamente tive um insight, um aviso. Fiquei olhando a vista, sem sequer me mover. Eu sabia do que se tratava e embora me causasse medo, eu estava maravilhada! O Sol não estava dando bom dia á mim. Estava dando bom dia á ela! Eu sabia que ela estava vindo. Eu podia sentir tudo mudar ao meu redor, como uma premonição. Nada estava igual. Nada. (...)

 

6h45

Senti uma pontada de leve, me fazendo arquear o corpo pra frente. Estava começando. Eu podia literalmente sentir. Me virei devagar, indo em direção á cama. Dei alguns passos e me sentei na beirada, respirando fundo. Eu ainda olhava o mar lá fora. Isso de certa forma me mantinha calma.

- Liv?!- ele me chamou- O que houve?!

Kevin se sentou na cama atrás de mim, as pernas ao redor do meu corpo.

- O que foi?! Hã?!- disse beijando meu rosto devagar.

 Eu não conseguia dizer nada. Meu medo era imenso!

- Ela tá vindo!- consegui falar, a voz totalmente falha.

- Tem certeza?!- ele enlaçou as mãos nas minhas, depositadas em minha barriga.

Assenti somente, sentindo uma nova pontada. Ele se levantou, pegando o celular em cima da peça. Fiquei ouvindo a conversa. Ele estava ligando pros médicos, enfermeiras e toda a equipe que fariam o meu parto. A conversa não durou muito, somente o necessário. Assim que terminou, ele veio até mim.

- Acho melhor você deitar- me disse calmamente.

Kevin me ajudou a levantar, me deitando na cama, ajeitando os travesseiros nas minhas costas. Fechei os olhos, sentindo nova pontada. Ele sentou no chão, as mãos na beirada da cama, olhando pra mim. Ainda me lembro de vê- lo ali, os cabelos soltos, o peitoral nu e uma calça de moletom azul clara. Com toda a calma, paciência e tranquilidade do mundo!

- Vai ficar tudo bem!- ele beijou minha mão demoradamente, devotadamente. Voltei a assentir, acariciando os cabelos dele.

 

7h30

Não me recordo do tempo exato até que viessem e montassem toda a estrutura no quarto. Uma piscina no meio do lugar, bola, bambolê, um médico e duas enfermeiras, doulas! Não consegui esboçar reação alguma ao ver tudo aquilo ali. Ele me ajudou a levantar, me levando até o banheiro. Encostamos a porta e ele me abraçou forte, mais do que nunca!

- Você consegue fazer isso- me disse, segurando meu rosto com ambas as mãos, olhando nos meus olhos- Vou estar com você!

Enlacei os braços ao redor da cintura dele e chorei com a cabeça apoiada em seu peito. Eu estava com muito medo! Ele me ajudou a me trocar. Coloquei um top branco e enrolei uma toalha ao redor da cintura. Saímos. O médico pediu que eu me sentasse novamente. Mediram minha pressão e meus batimentos cardíacos, assim como os dela. Perfeitos!

As doulas me explicaram todo o processo novamente. Eu não tinha que fazer absolutamente nada. Meu corpo cuidaria de tudo! Tudo natural, como deve ser. A natureza daria seu jeito como sempre! Comecei a andar pelo quarto, repetidamente. Kevin me olhava, atento a tudo, fazendo perguntas. Ao contrário dele mim, ele era a calma em pessoa!

Andei por alguns minutos, sentindo as dores virem. Me pediram pra tirar a toalha e me sentar sobre a bola. Confesso que fiquei constrangida, apesar de não ter motivos pra isso. Me sentei e comecei a flexionar meu corpo pra cima e baixo, como os exercícios que eu havia aprendido nas aulas sobre parto. Aulas essas que frequentei sozinha. Eu entendia que ele não podia estar ali.

 

8h35

Meu corpo começou a dar sinais de dilatação. As contrações iam aumentando, diminuindo o espaço de tempo entre elas. Meia hora depois, a dor ainda era suportável. Perguntei a hora. 8h30. Eu esperava que ela não demorasse muito! Levantei-me, sempre sendo auxiliada pelas duas mulheres. O médico apenas observava, sem dizer nada. Minhas costas doíam muito. As cortinas foram fechadas, mas isso ainda não me impedia de ver o sol pela mesma fresta que vi pela manhã. Eu seria guiada por ele!

 

9h

Apagaram as luzes, acendendo velas, incensos, criando um clima menos tenso e bastante acolhedor! Sentei na cama, as pernas entreabertas. Kevin sentou atrás de mim. Senti as mãos dele escorregassem pelas minhas costas, junto com algo relativamente gelado. A sensação era boa, me acalmado...

 - Massagem. Pra relaxar!- ele riu abafado contra minha nuca. Fiz o mesmo!

Fiquei de olhos fechados, apreciando somente. Uma nova pontada, bem mais forte dessa vez, me atingiu. Tranquei a boca, emitindo um gemido de dor.

 

9h45

Eu estava em pé, as mãos devidamente apoiadas na pia do banheiro. Kevin estava atrás de mim, segurando minhas mãos, a cabeça apoiada na curva do meu pescoço.

- Doendo muito?!- me perguntou, a voz ligeiramente apreensiva.

- Um pouco- menti. Doía. Era inegável!

 

10h25

- Aqui- Kevin me estendeu um copo de água.

- Não quero- falei, sentindo meu estomago péssimo.

- Por favor- me pediu- Não pode ficar sem tomar...

Peguei o copo da mão dele, dando um grande gole. Senti uma ânsia vir á tona.

 

12h19

- Você não comeu nada, Liv- a voz dele era séria, porém terna.

- Não quero- respondi, ignorando o prato de salada bem á minha frente.

Basicamente, eu podia fazer tudo. Eu tinha fome, mas toda a tensão, medo e ansiedade me impediam de comer.

- Piquei os legumes. Está temperada com limão e pimenta do reino. Como você gosta!- sorriu pra mim.

Estiquei a mão, puxando o prato pra perto de mim. (...)

 

13h30

As dores estavam fortes. As contrações vinham a cada cinco minutos. Kevin me pegou pelas mãos, me levando até a beirada da pequena piscina, me ajudando a entrar. Agachei-me na água, sentindo a sensação reconfortante e morna. Felizmente, eu estava tendo dilatação suficiente! Ele sentou ao meu lado, prendendo delicadamente meu cabelo em um coque!

- Quer alguma coisa?!- me perguntou solícito.

- Não- neguei- Mas você ainda não comeu!

- Agora não- beijou meu rosto- Depois... Vou ficar aqui com você!

 

15h

As dores estavam muito intensas. Meu corpo todo se contorcia embaixo da água. Minhas pernas doíam, minhas costas, meu ventre, cada parte de mim era sacodido pela dor cortante, me rasgando ao meio! Eu queria ser forte e não chorar, mas era impossível...

- Liv?!- ele me chamou.

Kevin estava sentado na mesma posição há horas, assim como eu. Ele não havia saído do meu lado um segundo sequer, salvo pra ir ao banheiro, comer e beber, coisas que ele fez rapidamente!

Olhei pra ele, piscando os olhos repetidamente.

- Eu quero que saiba- começou- Que você pode dividir a dor comigo. Sabe que pode fazer isso, não sabe?!

Eu sabia que podia. Podíamos isso e mais! Me virei, colocando meu corpo de frente pro dele. Ele colocou as mãos na beirada e as segurei com as minhas, apertando forte a cada nova pontada de dor. Kevin uniu nossas testas e me deixei ser transportada pra dentro dos olhos dele, daquele verde que eu amava, daquele verde da cor do mar lá fora... Tudo com ele era mais suportável. Exatamente tudo!

A minha dor já não existia. A minha dor era dele agora também! (...)

 

16h21

Senti uma dor lascinante. Tombei minha cabeça pra trás e fui apoiada pelo peito dele. Pelo melhor lugar do mundo! Kevin estava sentado atrás de mim, as costas na beirada da piscina e eu entre suas pernas, como sempre ficávamos depois de fazermos amor! Meus olhos estavam cheios de lágrimas. Dor, angustia, espera... Tudo isso somado a um emocional que estava começando a se abalar. Quanto tempo mais demoraria?! Paciência não era meu ponto forte...

- Eu não aguento mais... - falei contorcendo meu corpo.

- Quase lá, meu amor- ele pôs uma das mãos na minha testa, a outra depositada amorosamente em minha barriga.

Ouvi o médico dizer que estávamos indo bem! Segundo ele, Mila já estava com a cabeça visível... Não ousei olhar pra baixo pra ver. Mas eu podia sentir!

- Tá doendo muito... - falei chorando, enterrando as unhas no braço dele- Me ajuda, por favor... – pedi quase num sussurro.

Kevin começou a cantar uma música pra mim! Eu não conhecia a canção, mas o som da voz chegava perfeitamente até mim, me atingindo, me anestesiando...

- Traga-a pra mim!- me disse, beijando meu rosto incansavelmente- Eu sei que você pode, Liv! Traga a nossa filha pro mundo! Ela está esperando por nós, como estamos esperando por ela!

“Não sei se estarei preparado

Pra ser o homem que tenho de ser

Vou tomar fôlego, vou trazê-la pra junto de mim

Paralisamos deslumbrados, criamos vida”

 

- Me ajuda- minha frase saiu quase sendo uma pergunta.

- Estou aqui, com você, com ela, esperando...

Senti as pernas dele se fecharem ao meu redor, formando um circulo. O meu círculo sagrado de proteção! Com ele, não havia absolutamente nada que eu não pudesse fazer! Relaxei o corpo, respirando e inspirando, com os olhos fechados, num tipo de transe... “Vamos lá, Mila. Venha pra mim. Pra nós”, mentalizei fortemente.

- Amo você!- ele me disse, me estreitando em um abraço, as mãos em volta do meu corpo.

 

17h30

Eu já não aguentava mais. Eu não tinha mais estrutura emocional. Eu só conseguia chorar, de dor, desespero e medo... Muito medo. E se eu não conseguisse?!

- NÃO QUERO MAIS- gritei de dor- POR FAVOR...

- Shiii- ele me beijou novamente- Fique tranquila. Tudo vai ficar bem, meu amor. Mila está vindo. Não está ansiosa pra vê-la?!

Nova dor, quase me fazendo desmaiar. Fechei meus olhos sentindo uma tontura e um misto de ânsia e torpor ao meu redor. A água estava relativamente quente. E pra minha surpresa, suja de sangue!

- Eu não posso... – resmunguei.

- Claro que pode!- ele me encorajou- Você é extremamente forte! E corajosa! Amo isso em você!

“Se eu tivesse apenas um desejo

Somente um pedido

Eu torceria pra que ela não fosse como eu

Espero que ele compreenda

Que pode ter esta vida

E segurá-la pela mão

E apresenta-la ao Mundo

Com os braços bem abertos”

 

Sim, eu era! Eu sabia que sim. Mila precisava de mim, da minha coragem, do meu sofrimento, lágrimas, da minha luta! Voltei a respirar com certa calma e ritmo compassado, mentalizando que logo ela estaria em meus braços... Logo ela seria minha de fato! Ela representava todo o meu sonho, toda uma vida, todo um desejo que se realizou. Ela era a prova, o fato concreto, o pequeno milagre do meu amor incondicional por ele!

Senti a dor de novo. Uma leve pressão em meu ventre, a agudez da vida sendo colocada pra fora, vindo á tona ao mundo, mudando  o rumo de tudo, fechando o ciclo que tínhamos aberto, concretizando nossos destinos... Olhei pra frente e vi os raios de sol atingirem meus olhos em cheio. Aqueles raios de Sol! Não outros, mas aqueles já conhecidos por mim, por ele, por ela... Então toda a minha existência nesse mundo foi explicada, ali, diante de mim, diante de nós... Toda uma vida buscando respostas, procurando, entendendo... Mila nasceu ás 17h30 de um sábado. Nesse dia, pôr do sol dava as boas vindas á ela!

Me lembro perfeitamente desse momento. E mesmo que eu viva mil vidas, eu jamais esquecerei. Mesmo que eu morra mil vezes, jamais me arrependerei! Kevin esticou as mãos, colocando-as na água. Ele foi o primeiro a segurá-la. O primeiro a tocar nela, a receber a nossa filha, o nosso elo nessa vida... Ele a pegou, tirando-a da água. Paralisei. Em choque, totalmente sem reação.

Amor, devoção, todo o meu ser ligado ao dela. Uma parte de mim, dele, de nós... Nossa! Kevin a colocou em meus braços. A segurei entre meu peito, sabendo exatamente o que deveria fazer com ela. Eu queria ver os olhos dela. O rostinho meigo, delicado e perfeito... Extremamente branca, cabelos claros, loiros. Como os irmãos, pensei.

Kevin chorava absurdamente! Eu nunca o tinha visto daquele modo. Ele também sentia o mesmo, aquele amor infinito e único! Ela era única, totalmente singular! Ele tentou me dizer algo, mas sequer conseguiu. As mãos dele tremiam, a voz embargada... Como se fosse a primeira vez. A dele também era. Agora, ele tinha uma menina! Um pedaço meu. Uma parte de mim! A segurei com todo o amor do imenso Universo e depositei um beijo em seu rostinho pequeno.

“Com os braços bem abertos

Sob a luz do Sol

Bem-vindo a este lugar

Vou-te mostrar tudo

Com os braços bem abertos

Agora tudo mudou

Vou-te mostrar, amor

Vou-te mostrar tudo

Com os braços bem abertos

Com os braços bem abertos”

 

- Bem vinda á este mundo, minha vida!

Ele me abraçou de lado, me dando um beijo demorado nos lábios.

- Bem vinda, pequena! Papai ama você! Sempre amei!- ele passou a mão na cabecinha dela, dando um beijo bem ali.

Ficamos olhando pra ela, admirando! Ela era realmente linda! Entreguei ela á uma das doulas. A outra, junto com Kevin, me ajudou a sair da piscina. Fui levada pro chuveiro e ela me ajudou a tomar um banho. Me vesti e logo em seguida voltei pra onde estava. Kevin a segurava no colo, totalmente absorto, completamente envolto no amor transcendental que irradiava dela!

Me sentei na cama e ela a colocou em meu colo novamente. Eu precisava amamenta-la! A segurei, sendo auxiliada por ele. Mila vestia uma roupinha vermelha, pra dar sorte! Assim que a peguei, ela abriu os olhos, fazendo meu coração saltar fora do peito... Ela tinha os olhos mais verdes que eu já havia visto! Eu conhecia aqueles olhos! Eu os reconheceria pra todo o sempre...

- São iguais... Iguais aos seus!- disse á ele.

- Ela é linda como você, Liv!- ele sorriu pra mim.

- Obrigada por ter me dado ela!- falei- Obrigada por ter transformado a minha vida! Por trazer luz aonde só havia escuridão...

- Amo você!- voltou a repetir- Amo você também, meu raio de Sol!- disse á ela.

Nunca, em toda a minha vida, eu havia sentido algo assim. E não era a primeira vez. Tampouco seria a ultima. Mila Grace Richardson, ela foi, é e sempre será o nosso destino! Não somente nessa vida, mas em todas as outras que houveram, em todas as outras que virão... (...)


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...