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História Lost In Paradise - Don't forget about me...


Escrita por: Sunkrich

Notas do Autor


Escutem a música quando sugerido!

Capítulo 50 - Don't forget about me...


Fanfic / Fanfiction Lost In Paradise - Don't forget about me...

Nós nem sequer comemos o peru. Kevin foi embora, então eu não estava mais no clima de agradecer. Eu havia estragado tudo, como sempre... No Natal foi o mesmo. Apenas eu e Mila, sozinhas. Ele tentou me ligar, mas pela primeira vez na vida, eu não cedi. Com o coração em pedaços e fazendo um esforço que exigia muito de mim, o ignorei. Todas as tentativas dele. Eu estava bem cansada de ser a segunda opção. Eu não me queixava, sabia que seria assim. Mas um pouco de afeto era bom, ás vezes.

AJ também tinha me ligado. Não nos falamos muito, rapidamente. No fim, fiquei ali, sem me importar com nada, cuidando da minha filha e vendo um filme na TV. Minhas amigas foram a única coisa que animaram meu dia. Conversamos por horas no Skype! Elas eram tão maravilhosas que nem dava pra crer que eram reais! Mila deu o primeiro sorriso á elas! Gritamos, choramos e ficamos maravilhadas! Um simples sorriso de uma bebê era como o mormaço quente, esquentando nossos corações! (...)

 

Fim de ano. Quando fazemos todas as promessas de sempre que jamais serão cumpridas. Mas, de algum modo, eu sentia dentro de mim que devia renovar tudo o que eu acreditava. Não só isso, mas tudo o que eu esperava da vida, de mim... Eu precisava renascer, de algum modo. Mais forte, mais sábia, mais certa e objetiva com as minhas decisões. Não só por mim, mas por ela, por ele, por nós. A Olívia dentro de mim tinha que se transformar.

É fato que vivemos de fases. A vida é feita de muitas delas! E assim como ela, devemos estar dispostos a nos transformar. Nada fica estagnado. Nunca. Viver é um vai e vem de mudanças constantes. Ou você segue o ritmo, ou o baile da vida te faz cair. Há os que caem, mas o que ela quer mesmo da gente é que dancemos com ela! E eu iria dançar. Pensar mais em mim, no que eu queria, nas minhas vontades e desejos reprimidos...

Nada de fato aconteceu durante todo o dia. O que deveria ter acontecido?! O dia seguiu, as horas passando lentamente... Eu não tinha a mínima expectativa de nada. Sozinha em um país desconhecido, com uma filha de meses de idade e as únicas pessoas que eu conhecia tinham outras... Prioridades!

Meu telefone tocou ás 21h.Eu estava deitada no sofá da sala com Mila. Eu meio que já sabia que era ele. De algum modo, eu sabia. Intuição?!

- AJ!- falei despojadamente.

- Ocupada?!- ele riu.

- Depende pra quem!- devolvi.

- Tá a fim de sair comigo?!- me disse diretamente.

- Talvez sua memória tenha sido afetada, mas hoje é dia 31 de dezembro, véspera de Ano Novo, então você não devia passar com sua família ou algo do tipo?!

- Rochelle e eu brigamos. De novo. Ela foi pra casa da mãe. Tô sozinho. – explicou.

- Ah- respondi somente- É claro que brigaram! Ou não teria me ligado!

- Ciúmes?! De mim?!- ele parecia meio surpreso.

- Cansada de ser a segunda opção- rebati de imediato.

- Há quem diga que os últimos serão os primeiros... - brincou- Mila tá dormindo?! Tá sozinha?!

- Sim e sim- falei- O que te faz pensar que Kevin estaria aqui, comigo?!

- As pessoas podem nos surpreender, Liv!- disse.

- Que horas você vem?!- perguntei.

- Ás 23h. Tudo bem pra você?!

- Certo!- concordei.

Desligamos, peguei Mila no colo e corri pro quarto. A coloquei na cama pra poder me arrumar. Eu havia emagrecido um tanto considerável, devido á amamentação. Mas, de um modo geral, não estava assim tão ruim. Eu já tinha tomado banho, então só mudei de roupa. Vestido branco, simples, curto, decotado e justo. Meia calça, dessas do tipo cinta liga. Preta. Calcinha da mesma cor. Pulseiras e brincos grandes dourados. Sandálias pretas, salto fino e alto. Maquiagem forte, esfumada, batom vermelho. Perfume. Arrumada demais?! Pra ele?!

Peguei algumas coisas da Mila e coloquei em sua bolsa de viagem. Fraldas, mamadeira, leite e tudo o que ela pudesse precisar. Não dava pra achar uma babá á essa hora, em cima da hora, quando todos estavam se divertindo como nunca. Ela teria que ir! A troquei também, agasalhando-a bem e colocando um casaco também. Peguei nossas bolsas e desci com ela. Mal cheguei no hall e a campainha tocou. 23h00 em ponto! Abri a porta com ela no colo e uma brisa gelada nos atingiu.

AJ estava todo de preto. Óculos, gorro, jeans e tênis. Bonito como sempre!

- Não há babás disponíveis- comentei- Espero que não se importe dela ir...

- Absolutamente- me disse- Mas posso chamar alguém pra ficar com ela. Você sabe, tenho meus contatos!

- Nada como ser AJ Mclean!- ri dele.

Esperei que ele ligasse. Uma babá de uma agencia estava vindo em meia hora. Entramos e ficamos na sala, apenas esperando.

- Não gosta de deixá-la, não é?!- me perguntou, ambos sentados no sofá.

- Odeio. Me sinto horrível!- contei- Embora saiba que eu devo sair e tudo...

A conversa não se estendeu. Aproveitei pra amamentá-la enquanto ele foi fumar do lado de fora. A babá chegou pouco depois. Fiz as recomendações, a beijei Mila e a deixei ali, com o coração nas mãos.

- Ela vai ficar bem!- me disse abrindo a porta do carro pra que eu entrasse.

Sorri de lado. Era a única coisa que eu podia fazer. Não era certo que eu passasse mais essa data sozinha. Não. Eu tinha que seguir a vida, o ritmo dela, não o meu... Antes de ligar o carro pra saírmos, AJ encostou a mãos no volante, olhando pra mim.

- O que foi?!- perguntei á ele.

- Seria demais se eu te beijasse agora?!- disse, as mãos indo pra minha nuca.

Eu não tinha certeza se queria. Mas tinha certeza de que queria descobrir se queria! Aproximei meu rosto do dele e o beijei! Como da outra vez, tinha sido bom. Muito bom! Apenas isso. Nos afastamos e ele ligou o carro, dirigindo. Eu não sabia pra onde iríamos, mas não importava. A companhia dele era ótima! Nos dávamos super bem, então isso não era o problema.

- Pensei em pararmos em alguma praia ou algo assim- ele disse virando o carro á esquerda pela auto estrada.

Estávamos um pouco afastados do centro de Los Angeles.

- Pensei em uma balada- respondi- Fumar, beber e dançar!- completei.

- Vamos pra praia. Balada depois!- piscou pra mim.

Aceitei. Passamos por uma loja de conveniência e compramos vodka, suco e cigarros antes de pararmos. AJ não bebeu uma gota sequer. Ele não bebia. Com certeza pelo problema que havia tido com álcool e drogas no passado. E também porque estava dirigindo. Ser pego dirigindo bêbado daria uma confusão dos infernos!

(Escutem a música- link nas notas finais!) 

"
Com medo da minha própria imagem
Com medo da minha própria imaturidade
Com medo do meu próprio teto
Com medo de morrer de incerteza
O medo pode ser a minha morte
O medo leva à ansiedade
Não sei o que está dentro de mim"

Paramos o carro em uma praia qualquer que eu nem sequer sabia o nome. Não havia ninguém. E eu sabia qual era a intenção dele. Sexo, obviamente! Nos encostamos no carro e ficamos ali.

- Não tá pensando em transar aqui, tá?!- olhei pros lados, rindo.

- Quinze minutos, duas doses e olha como você já tá!- ele riu de mim, tirando uma mexa de cabelo do meu rosto.

- RESPONDE!- meio que gritei, batendo no braço dele.

- Se você quiser... – deu de ombros, me instigando.

- É só por isso que me chamou?! Sexo?!- perguntei- Somos amigos, não somos?! Quero dizer, você gosta de mim, como pessoa...

- Claro que sim, Olívia!- ele ficou sério- Por que tá me perguntando isso?!

- Cansada de ser usada- refleti- Há uma linha tênue entre querer ser desejada e ser apenas usada. Vocês homens confundem isso, sabe?!

Não tocamos mais no assunto. Não havia nada a ser dito sobre isso. Precisávamos descontrair e não ao contrário.

- A briga foi muito feia?!- perguntei- Entre você e ela?!

- Acho que dá pra resolver- ele estava tenso- E Kevin?!

- Eu o ignorei. Pela primeira vez nada vida, fiz isso!- contei á ele- Pelo telefone. Eu não o atendi.

- Arrependida?! - quis saber.

- Talvez- dei de ombros- Eu não sei...

- Falando no Diabo... – AJ disse rindo.

"
Não se esqueça de mim
Não se esqueça de mim
Mesmo quando eu duvido de você
Eu não sou bom sem você, não, não"

 

Me virei pro lado, sem poder acreditar no que meus olhos viam. Ele estava ali. Kevin! Foi parando o carro preto esporte lentamente, até encostá-lo um pouco á frente do nosso. Assim que saiu, ele bateu a porta com força. Destino?! Conexão?! Alguém lá em cima querendo ferrar de vez comigo?! Eu não sabia. Aliás, não tinha noção de como agir dali por diante. Se ao menos fugir fosse uma opção...

- Puta merda!- praguejei baixo, olhando pra AJ.

Pelo que eu podia ver, ele também estava tenso, mas tentava agir naturalmente. Uma coisa era Kevin desconfiar de algo. Outra bem diferente era me pegar ali, com um dos melhores amigos dele, sozinhos, á noite, no meio do nada... Ele desceu do carro. Calça e camisa jeans quase no mesmo tom de azul claro e cabelo solto.

- Kev!- AJ foi até ele e o abraçou.

Kevin retribuiu, mais do que o necessário, batendo repetidamente nas costas dele. Era como o beijo de Judas! Abaixei a cabeça, olhando pra baixo, tentando reunir forças pra agir naturalmente. Eu sabia que não ia conseguir...

- Atrapalho?!- Kevin disse. O modo como eu falou me fez estremecer por dentro.

- Não- olhei pra ele- Por que atrapalharia?! Estamos aqui, nos divertindo!

- Aposto que sim!- ele rebateu, me encarando fixamente- Onde está a Mila?!

- Em casa. Óbvio!- respondi- Com a babá!

- Deveria estar com a mãe- me cortou.

- Ou com o pai- devolvi- A mãe dela também precisa sair, já que é ignorada pelo pai dela!

- Não vou discutir isso com você aqui- o tom de voz dele era incisivo.

- Anda me seguindo?!- dei mais um gole na bebida.

- Passei em casa e a babá me disse que tinha saído com ele- ele olhou pra AJ, que se mantinha calado.

- Los Angeles é bem grande- fingi pensar- Qual é a chance de você nos achar?!

- Você acredita na porra do destino, não acredita?!- ele tirou a garrafa da minha mão, bebendo tudo de uma só vez.

Fiquei olhando ele virar mais da metade, limpando a boca com as costas da mão.

- Não se prendam por mim- ele riu afetado- Continuem o que estavam fazendo...

- Não estávamos fazendo nada- respondi- Apenas conversando!

- Cara, qual é?!- AJ se manifestou- Olívia tá certa, só estávamos aqui, como amigos.

- Você também a consola quando eu não tô?!- ele olhou de mim pra ele- Quando ela tá a fim de foder?!

- CALA A BOCA!- gritei desesperada- CALA A PORRA DA BOCA!

"
Temperatura está caindo
Temperatura está caindo
Eu não tenho certeza se eu consigo
Ver isso parando algum dia
Cumprimentando as partes obscuras dos meus pensamentos
Você é tudo que eu tenho"

 

Eu não ia deixar que ele me tratasse assim. Não mais. Não era eu quem tinha outra família e traía minha esposa!

- Vamos conversar, ok?!- AJ fez um gesto apaziguador com as mãos- Todos estamos com os nervos á flor da pele, vamos nos acalmar e...

- Não sou imbecil- ele riu- E quer saber?! Foda-se!- ele atirou a garrafa ao longe- Foda-se toda essa merda!

Ele tinha razão. Pela primeira vez, eu podia ver isso... Não adiantava eu me iludir. Ele não me amava. Nunca ia amar. Eu era apenas o fardo. O fardo divertido com quem ele se entretinha quando sentia vontade. Com AJ, também não era diferente. “Dance no ritmo da vida, Olívia”, a voz me dizia. Sim, era o que eu devia fazer. Era o que eu ia fazer a partir de então...

Andei na direção de AJ, as penas mal me obedecendo, efeito da bebida. Parei de frente pra ele, certa do que eu ia fazer. Cega pela bebida. Cega por toda aquela confusão, por todos aqueles sentimentos dentro de mim. No olho do furacão!

- Você tá certo- ri alto- FODA-SE!

"
Roendo os bispos
Tirando as garras do sistema
Repetindo frases simples
Alguém santo insistiu
Eu quero que as marcas feitas na minha pele
Para significar algo para mim de novo
Espero que você não tenha partido sem mim
Espero que você não tenha partido sem mim, por favor" 

 

Sem pensar de novo, puxei AJ pra perto de mim, segurando seu pescoço com ambas as mãos e o beijei. Pra minha surpresa, ele não negou o beijo. Eu sentia o receio, o medo, mas a vontade dele era maior, eu sabia. Ele também tinha o ego grande demais, ferido demais por ser a segunda opção. Dessa vez, ele queria não ser. E estava desposto a mostrar isso!

Pra mim, o beijo tinha sido horrível. Amargo. Gosto de choro, de remorso, de culpa. Por estar ferindo ambos, mas principalmente Kevin. Mesmo que fosse sua masculinidade, seu sentimento de posse sobre mim. Eu estava passando por cima disso. E estava passando por cima de mim mesma. Eu sabia muito bem quem eu queria. Eu sempre soube... Atração jamais poderia ser comparada com o amor que eu sentia por ele. Jamais!

Kevin mantinha o olhar fixo em nós, perplexo. O semblante de antes não mudou. Ele permanecia inflexível, pelo menos por fora. Mas os olhos dele brilhavam, mais do que todas as estrelas no Céu, mais do que todos os fogos de artifício estourando ao longe. Os olhos dele não negavam. A alma nunca nega a verdade.

- Vamos pra algum lugar?!- sugeri- Nós três!

Eu estava mesmo sugerindo aquilo?! Estava?!

- Olívia, vou te levar pra casa... – AJ disse, me interrompendo.

- Não é o que vocês dois queriam?! Desde o começo?!- perguntei- Foda-se essa merda de jogo!- gargalhei- Vamos colocar as cartas na mesa... Isso é o que vocês sempre quiseram. O que sempre imaginaram em suas mentes... Vamos lá! Eu quero isso tanto quanto vocês!- falei abertamente. E mentindo!

Kevin se aproximou de mim, me prensando sobre o carro.

- Acha mesmo que é a primeira vez que fazemos isso?!- o tom de raiva e desprezo na voz- Que é a primeira mulher que dividimos?! Por favor, Olívia- ele riu- Você não sabe de nada...

- Vamos fazer isso então- voltei a sugerir- Vamos pra algum lugar...

- Liv, vamos pra casa- AJ me pegou pelo braço.

- NÃO- me soltei dele- Vamos fazer isso. Não precisa fingir que se importa. Nenhum de vocês precisa...

Ele saiu de perto de mim, puxando Kevin. Ambos conversaram, mas eu não consegui ouvir o que falavam. Vi Kevin abrir o próprio carro, pegando alguma coisa. Assim que se virou, ele jogou um buquê de flores no chão. Rosas azuis. As minhas preferidas! Azul, como toda a minha tristeza. Azul como o mar, como o céu, como toda a merda que eu estava prestes a fazer... Aquilo acabou comigo. Foi como se a realidade tivesse me atingido. Aquela realidade que você jamais quer ver. Tudo dentro de mim eram mil cacos. Mais uma vez. Só que agora, ele também seria estilhaçado. O que quer que exista dentro dele, ia saber como eu me sentia.

Nossos olhares se encontraram e eu soube. Nada mais precisava ser dito. Eu entendia. Nos entendíamos. AJ fez sinal pra que eu entrasse no carro. No dele. Nós três entramos. Fui na frente, com ele dirigindo. Kevin foi atrás. Me sentei e vi o carro seguir rápido pela estrada novamente.

- Cara, vamos pra casa, ok?!- AJ disse, totalmente tenso.

- Dirija a porra do carro, AJ!- Kevin rebateu- Dirija e vá pra porra de um hotel!

"
Ei! Ei!
Não se esqueça de mim, não
Ei! Ei!
Não se esqueça de mim, não
Ei! Ei!
Não se esqueça de mim, não
Ei! Ei!
Não se esqueça de mim, não"

 

Meus olhos se encheram de lágrimas. Me agarrei no banco do carro com ambas as mãos. Estávamos em um jogo. Em um maldito jogo do qual nenhum de nós ia desistir facilmente. Nenhum de nós estava disposto a ceder, a entregar a verdade. Me virei pra trás e o vi deitado no banco traseiro, o semblante lívido, quase sem expressão.

AJ olhou pra mim, me pedindo pra que dissesse o que fazer. Apesar disso, dava pra ver o quanto ele queria. O quanto estava achando no mínimo excitante toda a situação! Eu só queria que aquele maldito carro parasse. Só queria que ele tivesse coragem pra fazer com que tudo terminasse ali. Mas não.

A música “Doubts” do Twenty One Pilots tocava dentro do carro. Os vidros estavam abertos e uma brisa atingia meu rosto, movimentando meu cabelo. Certamente ele também tinha brigado com ela. Ele não estaria aqui se não fosse isso. Ou talvez tivesse dito que precisava fazer algo relacionado á trabalho. Eu não sabia. E também não ousaria perguntar.

Rodamos por quase uma hora até voltarmos pra Los Angeles. Muito trânsito, pessoas andando felizes pelas ruas, acaloradas pelo clima de festa. Ah, o Ano Novo! Sempre cheio de novos começos pra mim. De novas emoções, de novos pesadelos vívidos pelos quais em ansiava, mesmo negando á mim mesma que eu queria evitar... No fundo, eu sabia que era exatamente o que eu queria. Todo aquele caos. Eu era o caos! Felizmente ou infelizmente, AJ conseguiu ligar pra um hotel e fazer uma reserva de ultima hora, devido á uma desistência.

Ele deixou o carro com o manobrista e subimos pelo elevador. Subi na frente, evitando ao máximo os olhares. Mal sabia eu que eu que era invisível. Pra mim, pro mundo, pra eles... Ele pediu um quarto. Suíte. Seria no mínimo intrigante três pessoas em um quarto pra dois. Mas quem, á essa altura, questionaria algo?! Quando se tem fama e dinheiro, menos ainda. Ninguém dava à mínima!

Entramos no quarto andar. O penúltimo quarto á esquerda. Grande e bem iluminado, com tons de branco e pastel. Uma cama king size com lençóis de linho, duas poltronas grandes em marrom, um bar, um banheiro... Isso era tudo o que eu conseguia ver. Assim que chegamos, Kevin foi imediatamente pegar uma bebida. Aproveitei e fiz o mesmo, abrindo outra garrafa. Não ousei olhar pra ele. Fui até AJ e pedi que ele acendesse um cigarro pra mim. Ele fumava despreocupadamente agora, embora ainda desse pra ver que o assolava.

- Tem mesmo certeza de que quer fazer isso?!- ele me perguntou em tom baixo.

- Você não?!- o encarei friamente.

- Kevin?!- ele o chamou.

- Ele não se importa!- ri mais pra mim mesma- Nenhum de vocês, nem eu... É só a merda de uma noite. Eu posso aguentar- continuei- Não precisam mais fingir que se importam comigo. Olha até aonde chegamos! Olha aonde viemos parar... – falei olhando ao redor, abrangendo com os braços- Todos nós queremos, então vamos acabar logo com isso!

Kevin não disse nada. Apenas acendeu um cigarro também. Ele se sentou sobre a cama, as pernas entreabertas. Eu sabia o que ele ia fazer. Ou melhor, o que não ia!

- Vai apenas olhar, não é?!- perguntei, rindo absurdamente- Ele quer ver como você me fode, AJ!

AJ estava perplexo. Aterrorizado. Ele piscava os olhos freneticamente e estava ligeiramente sem fala.

- Ela é a mãe da sua filha!- disse na direção dele- Eu não...

- Faça como da outra vez- Kevin respondeu- Como da primeira vez que esteve com ela...

Ele não ia impedir. Não. Somente fechei os olhos ao ser envolvida pelas mãos e pelo beijo que eu conhecia, mas que já não queria. Era como estar em um pesadelo bom. Eu queria parar, mas ao mesmo tempo não queria. Por muitas razões. Pela vontade de fazer sexo no momento, que era intensa demais pra ser negada, toda aquela tensão e euforia do momento... Mas queria parar, por ele. E por mim! Muita dualidade pra uma só pessoa suportar. Muita indecisão. Muitos sentimentos, desejos sórdidos e intensos em jogo. Tudo no mesmo momento, tudo sendo colocado á prova!

Senti minhas roupas serem tiradas do meu corpo, me deixando apenas de calcinha e minha cinta liga. Algo dentro de mim havia me prevenido pra estivesse preparada! AJ me beijava com vontade, com todo o desejo do mundo. Pra ele, devia ser bem excitante. Kevin se mantinha no lugar. O copo de bebida e um cigarro entre as mãos. Ele queria provar á si mesmo que podia suportar. Os olhos dele estavam repletos de um verde intenso, lindo e enlouquecedor!

Abri meus olhos devagar, totalmente entorpecida por tudo e pela bebida, pelo cheiro de perfume e cigarro. Nossos olhos se encontraram pela segunda vez aquela noite. Os meus, pediam pra que ele parasse. Os dele me pediam perdão. Ele era covarde demais pra admitir que não podia suportar...

- Ela tá bêbada- AJ o advertiu, talvez pra si mesmo.

- Vá se foder!- dei o dedo do meio pra ele, rindo- Vamos transar ou não?!- o provoquei.

Inesperadamente, Kevin se levantou, deixando o copo e apagando o cigarro na bancada, dando uma ultima tragada. Ele era lindo naquele estado. Pelo ou menos era pra mim, mais do que nunca! Eu via outro lado dele, mais um. E por todos eles eu me apaixonava, por pior que fossem, por mais insanos e tóxicos...

Ele veio por trás de mim. O toque dele em meu corpo me fez tremer de imediato, como pequenas correntes elétricas me percorrendo. AJ me olhou. Ele sabia. Sabia que jamais poderia competir, que jamais seria igual. O que tínhamos era único! Eu estava ali, no meio dos dois, esperando o que quer que eles fossem fazer comigo, pronta pra dar a eles o que quisessem, despojada de mim mesma, totalmente entregue... Eu não me importava se ia me arrepender depois. Metade de mim ansiava por aquilo!

Voltei a fechar os olhos, aguardando... Kevin segurou minhas mãos entre as suas, firmemente. Desejei mentalmente que ele me levasse dali. Que me carregasse com suas asas de anjo enviado dos Céus pra mim! Sim, ele tinha asas. Talvez só não soubesse mais como usá-las pra me salvar. Dele. De nós. De mim!

- Não... Não posso- o ouvi sussurrar lentamente, quase suplicando.

Ele se afastou rapidamente. Barulhos ecoaram por todo o quarto. Coisas sendo atiradas. Ele estava quebrando tudo, jogando deliberadamente... AJ tentava impedi-lo.

- PORRA!- ele gritava, desesperado- QUE MALDITA PORRA É ESSA?!

Kevin se ajoelhou no chão, as mãos sobre a cabeça, transtornado.

- Você quer que eu te diga?! Hã?!- AJ disse em alto e bom tom- Você a ama! Tá completamente apaixonado por ela!

Nunca, em toda a minha vida, senti tanto medo. Ouvir aquilo me deixou fora de mim. Medo. Amor. Culpa. Arrependimento... Raiva. Felicidade fora do comum!

- Não- ri histericamente- Não, ele... Não!

Encarei os dois uma última vez. AJ não se importava comigo, nunca se importou. Era só sexo, desde o começo. Todo aquele desejo reprimido, aquele fetiche... Kevin era covarde demais pra admitir, pra evitar todo aquele dano desnecessário, mais um, pra mim. De certa forma, ele só se importava com ele!

Peguei minhas roupas, me vesti e abri a porta, saindo.

- Pra onde você vai, Liv?!- AJ ainda tentou me impedir.

- Pra Mila!- falei- Pra única pessoa no mundo que me ama e que realmente precisa de mim! Vocês dois são uns fodidos- apontei o dedo na cara dele- É o que vocês são!

Desci pelo elevador e entrei ás pressas em um táxi lá fora, que milagrosamente, estava disponível. Minha alma estava lavada! Mila merecia todo o meu viver. Eu estava voltando por ela!

- Dois fodidos!- ri sozinha.

A última coisa de que me lembro foi de dispensar a babá, que disse que ficaria até de manhã. Ordens do senhor Mclean, que havia acabado de ligar pra avisar. Deitei na cama e simplesmente apaguei! (...)


Notas Finais




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