História Lost Lovers - NamJin - Amantes Perdidos - Epilogo Lost Lovers

— Bom dia, dorminhoco. — disse ao moreno assim que deu um beijo em sua bochecha.

— Bom dia, Nam. — sorriu ao loiro.

— Feliz aniversário. — sorriu em resposta e o abraçou.

— Obrigado. — disse, se aconchegando no peito do maior.

Namjoon, mesmo apressado para curtir o dia especial com o namorado, ficou ali apenas aproveitando o pequeno consigo. Após alguns instantes — que não foram longos para que não houvesse risco de algum dos dois voltar a dormir — o loiro descabelado se movimentou na cama, ameaçando se levantar.

— Aonde vai? — questionou assim que teve que se desencostar do namorado para deixá-lo sair da cama.

— Eu vou preparar nosso café enquanto você toma banho. — o loiro, que já estava de pé, apoio um dos joelhos no colchão e inclinou-se pra baixo para beijar a testa do namorado sonolento.

— E você lá sabe cozinhar, Namjoon? — perguntou em tom de deboche.

— Hahaha, engraçadinho! — caçoou enquanto caçava sua cueca perdida, e, assim que a achou, vestiu-a rapidamente. — Ainda não levantou? Vamos que temos muito o que fazer hoje!

~

— Aonde estamos indo?

Após o café da manhã preparado por Namjoon — vulgo mistos-quentes, café e frutas — ambos se agasalharam e saíram sem rumo Seoul afora. Bom, pelo menos para Seokjin ambos estava andando sem rumo algum, mas Namjoon sabia muito bem onde estavam indo.

— Já estamos chegando. — disse suavemente.

"Não foi o que perguntei", Seokjin queria dizer, mas não o fez. Preferiu ficar calado e desfrutar do calor da mão do namorado já que ambos caminhavam de mãos dadas.

— Sua mão está quentinha, Nam. — soltou. — Geralmente ela é tão fria.

— Quando estou com você meu eu se aquece.

O moreno quase parou de andar com a declaração do loiro. Suas bochechas coraram bastante, o ar lhe faltava nos pulmões, suas pernas quase vacilaram e o derrubaram no chão. Seu coração disparou e a sensação que ele sentia dava para ser equiparada com a de correr uma maratona.

— Chegamos. — disse Namjoon com um sorriso no rosto.

Claro que o rapaz percebeu as reações de Seokjin, eram meio óbvias na verdade, mas preferiu não envergonhar o menino novamente ao dizer coisas fofas.

O menor, ao sair do transe, viu que o outro havia o levado à um parque de diversões que havia sido montado há algumas semanas na cidade. Ambos os rapazes andaram cerca de quinze quarteirões até chegarem ao local, eles preferiram não pegar um táxi para poderem passar mais tempo juntos aproveitando a companhia um do outro.

Seokjin sorriu animado e só faltou ele pular de tanta empolgação! Definitivamente Kim Seokjin era uma criança presa num corpo de um quase adulto, por assim dizer. Namjoon nem precisou dizer nada, apenas foi arrastado pelo menor até a bilheteria, onde comprariam as fichas para usarem nos brinquedos e, é claro, o ingresso do parque.

Ver que o namorado havia gostado da surpresa deixou o Kim mais velho extremamente feliz. O rapaz sorria de orelha à orelha enquanto observava um Seokjin animado a alguns passos à sua frente olhando as atrações e as barraquinhas, como se tentasse decidir em qual ir primeiro.

— Vamos naquele! — apontou para uma montanha russa, a maior do parque por sinal.

Namjoon engoliu em seco e quase caiu das pernas ao ver que o brinquedo fazia até um loop, além de andar de cabeça pra baixo em alguns trechos. Não importa o que ele sentisse em relação aos brinquedos, o loiro não negaria um pedido de Seokjin — ainda mais em seu aniversário.

— Ok. — deu o seu melhor para não hesitar. — O que estamos esperando? — forçou um sorriso.

~

— WAAA! — saiu aos pulos da montanha-russa enquanto o namorado o seguia quase vomitando ou desmaiando em qualquer canto. — Vamos de novo, Nammie-ah!!

— Dessa vez eu passo. — disse se apoiando em poste perto de onde estavam.

— Ah! Não me diga que ficou com medo, Namjoon-ah. — questionou o namorado divertidamente.

— Eu quase tive um troço naquele treco!

O moreno gargalhou alto, afinal não pôde evitar.

— Kim Namjoon com medo de um brinquedinho? Não acredito! — riu mais um bocado.

O loiro revirou os olhos para fingir irritação e fez uma força imensa para não rir da risada de "bucha limpando vidro" do namorado.

— Não precisa ficar chateado não, bebêzão! — limpou uma lágrima que escorria em seu rosto depois do ataque de risos que tivera. — Pra não dizer que sou injusto vou deixar você escolher o próximo brinquedo.

Namjoon sabia muito em qual queria ir, dessa vez Kim Seokjin iria conhecer seu lado vingativo.

— Vamos à Casa Mal-Assombrada.

O sorriso do moreninho morreu na hora. Ele sempre fora fraco quando o assunto era terror, sustos, assombrações, lendas urbanas etc.

— Ah não, Namjoon... Você não tá falando sério, tá?

— Seríssimo. — respondeu sem alterar a expressão facial, indicando que realmente não era uma piada.

Era quase meio dia e eles se encaminhavam para o segundo brinquedo, após ele ambos iriam lanchar. A Casa não ficava no centro do parque, mas ficava numa parte mais afastada para que os sons do parque em si não interferissem nos do brinquedo, para deixar a experiência mais "emocionante".

De mãos dadas o casal atraía alguns olhares nada amigáveis, mas que disse que estavam ligando? Eles ignoravam todas as pessoas que possuíam olhares hostis e apenas seguiam com o percurso.

No caminho para a Casa, os rapazes se depararam com diversos outros brinquedos, como: Carrinho de Bate-Bate; mais duas Montanhas-Russa (só que não tão emocionantes como a que foram); Carrossel; Roda-Gigante; Túnel do Amor; Pedalinho etc. Além de localizarem a praça de alimentação, que continha barracas de lanches rápidos e nada saudáveis — como: hambúrgueres, algodões-doces, cachorros-quentes, churros etc — e continha barracas de jogos como aquele de acertar o alvo etc.

Chegaram ao brinquedo escolhido por Namjoon após alguns bons minutos de caminhada. A fila estava pequena e, para a surpresa dos dois, só podiam entrar duas pessoas por vez — e só depois que as que estavam na casa saírem! Bem que Seokjin tentou convencer o namorado a não ir naquele brinquedo, mas não adiantou de nada.

O moreno fez as contas. Havia três duplas em sua frente, ou seja, ele ainda tinha bastante tempo para convencer o namorado cabeça-dura.

E lá se foram longos minutos — que, para Seokjin, passaram voando — até que, enfim, o cobrador chamou pelo casal Kim. Namjoon entregou ao rapazinho duas fichas e, após ouvirem algumas instruções, finalmente entraram na famigerada casa.

Seokjin estava quase tendo um enfarto — e olha que eles apenas passaram pela porta principal! Em sua cabeça aquela casa era a casa do "A Casa Monstro" — um filminho "infantil" segundo o criador — que comeria os dois por terem a invadido. O moreno não estava assim tão viajado das ideias, até porque o exterior do brinquedo é bem semelhante ao exterior da casa monstro, mas o interior era diferente por completo.

Ao entrar, o rapazes deram de cara com um corredor de espelhos — até ai tudo bem — que possuíam formatos estranhos e, por causa disso, cada espelho refletia uma imagem única. Seokjin não largou o braço do namorado em nenhum momento e mantinha-se sempre olhando em volta com medo de ser surpreendido, e Namjoon apenas ria internamente do jeito desconfiado do moreninho.

O menor, após ver sua bela imagem horrendamente distorcida em vários espelhos, achou um espelho normal e se pôs de frente a ele. Ele estava pálido e suando, e seus olhos estavam tão grandes que ninguém ousaria chamá-lo de oriental. Namjoon havia conseguido sair dos braços do namorado graças ao narcisismo do mesmo, que nem ao menos notou a falta de presença do loiro. Tudo o que o maior queria fazer era dar um susto no namorado.

Seokjin olhava fixamente o espelho que, do nada, se iluminou e revelou ser aquela espécie de vidro que é um espelho de um lado e é apenas um vidro comum do outro — como aqueles vidros de interrogatórios em filmes americanos. Mas não fora só isso. Além de o outro lado ter se iluminado, iluminou também algo — ou alguém — que encarava Seokjin fixamente.

— H-Hyo... — Seokjin mal conseguiu completar a palavra quando o vidro se apagou e voltou a ser um mero espelho.

O moreno quis gritar mas nada saia de sua boca. Ele olhou para o lado e não viu Namjoon. Estava sozinho.

Ao lado do espelho trolador havia apenas mais dois espelhos e depois disso o corredor acabava. Do lado direito tinha uma porta — a única porta no corredor além, é claro, da porta de entrada do brinquedo. Namjoon só podia ter ido por ali, pensou.

Ao passar pelo batente — já que não havia uma porta em si ali — Seokjin se deparou com mais dois corredores, um seguia para a direita e outro para a esquerda. Ele olhou para o lado esquerdo e não viu Namjoon, olhou para o lado direito e também não o viu. Aquele safado me deixou aqui e deu no pé, pensou já puto com o namorado. Resolveu seguir o caminho da esquerda, e quando olhou pra lá novamente deu de cara com Namjoon.

— AH! — gritou pra não desmaiar. — Seu desgraçado maldito! — começou a desferir tapas no braço e no peito do loiro, que chorava de tanto rir. — Não tem graça!

— Claro que tem! Tinha que ter visto a sua cara!

— Ah que se foda também! Vamos sair daqui logo!

Seokjin estava realmente muito bravo com Namjoon. É bom ele me recompensar depois dessa palhaçada, pensou. Achou melhor não comentar sobre quem viu no espelho com o loiro, ele apenas queria sair dali e comer um belo balde de frango frito e esquecer esse pequeno momento do seu "dia perfeito".

Após minutos, que mais pareceram horas para Seokjin, de muitos sustos, mini enfartes, pseudo-desmaios, e muitos gritos — tudo isso por parte de Seokjin —, ambos saíram daquele brinquedo horroroso. O moreno estava descabelado, pálido, suando frio, quase rouco e trêmulo, enquanto o loiro estava absolutamente normal e até mesmo ria do menor.

Seokjin estava com lágrimas presas nos olhos desde o momento em que deram de cara com um cara fantasiado de gorila que resolveu correr atrás deles. Assim que ele saiu daquele lugar e se sentou no primeiro banco que viu, tudo fora liberado. Com os cotovelos apoiados nos joelhos, o rapaz levou suas mãos ao seu rosto, escondendo-o, e chorou.

No começo Namjoon achou que Jin estava fingindo, mas depois viu que ele realmente estava chorando. O loiro se sentiu muito mal por ter feito seu pequeno chorar em seu aniversário, ele só queria que fosse um dia incrível para Seokjin, e a partir daquele instante Namjoon faria de tudo para deixar o dia perfeito.

Agachou-se na frente do namorado e tentou afastar suas mãos de seu rosto, não conseguindo.

— Jin. — chamou baixo. — Olhe pra mim. — segurou seu pulso sem muita força e tentou afastá-lo mais uma vez, não obtendo sucesso. — Por favor.

Seokjin respirou fundo e tirou as mãos do rosto, revelando-o vermelho e inchado por causa do choro que ainda não havia cessado.

— Não chore. — Namjoon levou suas mãos às bochechas de Jin, limpando as lágrimas que escoriam com o polegar. — Me desculpe, ok? Eu não imaginei que você choraria... Se... Se eu pudesse voltar no tempo, eu voltaria e daria um soco no meu rosto no momento em que eu sugeri a casa. — riu sem humor. — O que quer fazer agora, hm?

— Quero comer. — fungou. — Idiota... — xingou baixo, fazendo o loiro rir.

— Tem toda razão, sou um idiota. — beijou a testa do moreno e pôs-se de pé. — O que quer comer?

~

Após comerem cachorros-quentes, refrigerante, churros e algodões-doces, ambos procuraram um local mais quieto para descansarem um pouco. Acabaram por achar uma área verde que não havia sido ocupada por brinquedos, então acomodaram-se debaixo de uma árvore.

Namjoon estava com as costas escoradas na árvore e Jin estava com a cabeça deitada sobre sua coxa. As mãos do loiro passeavam na cabeleira de seu moreninho, fazendo-lhe um cafuné gostoso. Seokjin poderia dormir ali facilmente com aquele carinho de Namjoon, e Namjoon poderia dormir apenas observando a expressão serena que se formava aos poucos no rosto de Seokjin.

E o casal passou cerca de meia hora ali e, além de deixar a comida assentar, a pausa também serviu para ambos descansarem bem, afinal ainda tinham um longo dia pela frente.

O primeiro brinquedo da tarde fora o carrinho de bate-bate. Foi uma loucura! Um mal conseguia pilotar o carrinho direito, sempre empacava em algum canto. O outro batia em todos os carrinhos do brinquedo sem a menor piedade. Após minutos de muitas batidas, gritos divertidos, risadas histéricas, e mais batidas, a dupla seguiu para a próxima atração.

Carrossel. Seokjin até achou que poderia ser divertido, mesmo com Namjoon dizendo que não valeria a pena. E o resultado não fora outro: além de achar o brinquedo uma chatice só, Seokjin ainda teve que ouvir o namorado lhe dizer o bom e velho "Eu te disse".

Pedalinho. A ideia em si parecia divertida e romântica — pelo menos Jin poderia riscar o "Dar uns amassos num 'barco'" da recém lista imaginária de "O que aprontar com Namjoon". Contudo, teve uma hora durante o passeio em que o pedalinho simplesmente não saía do lugar, e o moreno já estava começando a surtar por achar que do nada um tubarão poderia simplesmente saltar do meio do lago e devorá-lo.

Tiro ao alvo. Ambos foram brincar numa barraca de jogos para tentar ganhar uma prenda. Seokjin queria porquê queria ganhar uma alpaca rosa de pelúcia que estava disponível como um dos prêmios. Namjoon achou engraçado, mas ele também tinha um prêmio em mente: um ursinho Ryan!

Cada um pagou — nesse brinquedo não se jogava com rifas — seus cinco tiros e pegaram duas das três espingardas disponíveis na tenda. Com suas ambições em mente, dispararam o primeiro tiro — daqueles de rolha de garrafa de vinho —, errando feio. Após os cinco tiros, todos os pontos do moreno deram para trocar por uma mola de brinquedo, e os do loiro deram para trocar por um jogo de damas bem vagabundo.

Chateados e com vontade de enfiar a rolha no orifício do dono da barraquinha, ambos seguiram para o próximo brinquedo: uma outra montanha-russa. Dessa vez ela não ficava de ponta-cabeça e nem dava piruetas, então Namjoon não viu problema algum em ir. E ainda bem que ele foi! Fora incrivelmente divertido e nem um pouco traumático como fora a primeira, e Jin ficou extremamente contente pelo namorado ter aproveitado a atração consigo.

Horas e horas se passaram e os dois ao menos perceberam. Só caiu a ficha de que já era tarde quando anunciaram nos alto-falantes que o parque fecharia em uma hora. O céu já estava escuro quando eles decidiram ir em mais um brinquedo, o que Namjoon quis ir por último desde o início: a roda-gigante.

— Próximos! — exclamou o supervisor do brinquedo, próximo a uma das cabines da roda-gigante.

Namjoon e Seokjin deram um passo a frente e adentraram a pequena cabine do brinquedo, sendo trancados lá dentro pelo supervisor. A cabine em si cabia três pessoas de um lado e três do outro, mas pelo fato de não ter tanta gente no parque — muito menos no brinquedo — àquela hora, o rapazinho deixou os casais — que era o que mais tinha na fila — ficarem às sós em cada uma das vinte caixas de metal.

Sentados um do lado do outro e de mãos dadas, o casal esperou pacientemente a roda se mover aos poucos para ocupar todas as suas cabines até que começou a girar de verdade. Lentamente eles iam vendo Seoul se revelando mais e mais através dos vidros da cabine, dando-lhes uma visão maravilhosa da cidade iluminada.

— O dia foi incrível, Nam. — Seokjin quebrou o silêncio agradável que preenchia o pequeno ambiente. — Obrigado.

— Ainda não acabou, vou cantar a música que fiz para você.

— Agora? — o moreno perguntou já animado para ouvir a música que seu namorado escrevera pra si.

— Não, pensei em aproveitarmos essa bela vista enquanto estamos aqui. — sorriu de ladinho.

— Hm... Acho que você não está interessado na vista, Kim Namjoon. — falou semi-serrando os olhos e sorrindo sapeca.

— E quem disse que a vista era a cidade? — aproximou-se do moreno e colou ambas as testas. — Eu estava falando de você.

— Gosta do que vê? — perguntou fechando os olhos e se controlando para não capturar os lábios do loiro de uma vez.

— Não gosto. — disse simples.

Jin ficou um pouco chateado, e afastou seu rosto do do namorado um pouco. Contudo foi impedido de continuar por duas mãos que seguraram seu rosto, aproximando-o novamente.

— Eu amo. —sorriu para o aniversariante, que retribuiu o gesto, e puxou-lhe para um beijo.

O mero contato de ambos os lábios já aquecia aquele frio início de noite. Não havia línguas, não havia pressa, não havia malícia naquele beijo. Aos olhos alheios aquele era um simples selar, mas para Seokjin e Namjoon, aquele selar refletia todo o carinho que um sentia pelo outro.

O beijo não durou muito mais, logo ambos afastaram as cabeças com sorrisos estampados nos lábios. A cabine que ocupavam na roda-gigante estava quase no topo, hora que Namjoon julgou ser a ideal para dar a Jin sua canção de aniversário.

— Jin. — chamou-o.

O moreno, que já havia se dispersado após o termino do beijo, retornou sua atenção ao loiro. Namjoon estava meio tenso, afinal era a primeira vez que cantaria uma composição de sua autoria pra alguém — na verdade, aquela seria a primeira vez que ele cantaria qualquer coisa para alguém. De olhos fechados, respirou fundo para acalmar-se pelo menos um pouco.

— I know you love me, boy
So that i love you
Sempre estarei ao seu lado
Não se preocupe com nada,
Meu amor

Eu sei
Naquele dia seu olhar permaneceu em mim
Nada no mundo pode substituí-lo
É algo compartilhado entre você e eu

(Diga à mim)
Se tu me amas
(Diga-me)
Se você sente o mesmo que eu

A única coisa que posso fazer é
(Cantar pra ti)
Diga eu te amo
(Direi à ti)
Que te amo também
Se você consegue me ouvir
Vou cantar com todo meu coração

I know you love me, boy
So that i love you
Sempre estarei ao seu lado
Não se preocupe com nada,
Meu amor

O rapaz terminou de cantar a última estrofe de olhos fechados, ele estava meio tímido e esperava do fundo do coração que Seokjin tivesse gostado da música. Bom, o loiro obteve sua resposta quando o moreno envolveu os braços em seu pescoço e o abraçou forte.

Seokjin não havia dito nada, mas seu fungar expôs seu choro, bem como as lágrimas que molhavam os ombros de Namjoon. Aquele era um choro de felicidade, ninguém nunca fizera algo assim pra o moreno afinal.

— Eu te amo. — disse ao loiro sem desvencilhar-se do abraço.

~

Ainda era cedo, quase oito e meia da noite, então o casal resolveu ir à um restaurante de comida italiana. O restaurante não era muito longe do parque, portanto foram a pé mesmo.

Seokjin não comentou nada com Namjoon, mas ele estava com uma sensação estranha desde a hora que viu a imagem no espelho, lá na casa mal-assombrada. E para piorar, a sensação havia voltado, porém mais forte. O moreno tinha a impressão de estar sendo seguido enquanto caminhava ao lado do namorado. Novamente ele resolveu ignorar o sentimento e seguiu agindo como se tudo estivesse normal.

— Jin! — Namjoon disse um pouco mais alto para chamar a atenção do namorado.

— Hm? — acordou de seus pensamentos.

— Você ouviu o que eu disse?

— É... Não, desculpe. Pode repetir?

— Perguntei se você quer ir à uma boate depois.

— Quero sim! Vai ser divertido. — sorriu sem mostrar os dentes.

— Tem uma aqui perto. — sorriu. — Podemos ir depois que comermos.

— Perfeito.

Caminharam por mais uns minutos até chegarem à seu destino. O restaurante era um pequeno estabelecimento familiar e seu interior era incrivelmente aconchegante. Escolheram uma mesa de dois lugares e esperaram alguns minutos até que uma garçonete aparecesse para atendê-los.

— Boa noite, meu nome é EunBin e serei sua atendente hoje. — a jovem, que aparentava ter seus dezesseis anos no máximo, cumprimentou os rapazes com um sorriso e com muita educação. — Aqui estão os cardápios, fiquem a vontade e me chamem quando decidirem o que vão pedir, ok?

— Ok, obrigado. — sorriu Namjoon.

A garçonete sorriu e se curvou antes de ir atender outras mesas.

— Que cara é essa, Jin?

— Hm? É minha cara ué.

— Não é isso. — riu. — É que parecia que você queria arrancar os olhos da garota.

— Ah, isso. — compreendeu o que o namorado quis dizer. — Queria mesmo, pra ela aprender a não olhar pra quem tem dono.

— E como se ela tivesse de olho em mim, né? — riu. — Tava mais que na cara que ela tava olhando pra você.

— Ah, claro! Só se ela for vesga, porque ela estava claramente te secando.

— Vamos deixar de falar disse, sim? E então... — abriu o cardápio e começou a procurar um prato interessante. — Vai querer o que?

Jin começou a foliar o cardápio e seus olhos congelaram num prato que aparentava ser bem apetitoso.

— Vou querer nhoque. E você?

— Hm... Vou pedir isso daí também. E pra beber? Podemos fazer um esquenta, que tal?

— Que mané esquenta, Namjoon. — riu. — Somos menores de idade.

— Affe, Jin. — acompanhou o menor no risada. — Vamos deixar as bebidas para quando estivermos dentro da boate, né?

— Você não tem jeito mesmo, né?

— Prazer. — sorriu e ergueu a mão para chamar a garçonete, que não demorou para aparecer na mesa para atender o casal.

— Já sabem o que vão querer?

Lógico né, filha. Se não soubéssemos não teríamos te chamado aqui, Seokjin disse isso mentalmente.

— Já sim. — foi o que disse de verdade, e ainda por cima acompanhado por um sorriso bem forçado.

Namjoon, vendo o lado ciumento e grosso do namorado, tomou frente na conversa antes que Jin desse alguma patada na pobre garota.

— Vão ser dois nhoques e duas Coca-Colas, por favor.

— Dois nhoques e uma Coca... — repetiu baixinho enquanto anotava. — Ok!

— Não, é... São duas Cocas, não uma. — o loiro corrigiu-a.

— Ai, perdão! — disse sorrindo "envergonhada" enquanto punha a mão no ombro do loiro. — Duas Cocas... — arrumou o pedido no bloquinho de notas. — Mais alguma coisa?

Seokjin sacou o joguinho da garçonete na mesma hora, provando a si mesmo que ele estava certo: a garota estava mesmo dando em cima de Namjoon.

— Amor... — falou enfatizando o "Amor" e levando sua mão à do namorado, que descansava em cima da mesa. — Depois podemos ir ao cinema, o que acha?

EunBin não havia notado que os dois eram um casal — de fato a garota pensou que eles eram apenas amigos saindo juntos. A garota não sabia onde enfiar a cara depois de tentar chamar a atenção do loiro, que a atraí-la.

— Posso levar os cardápios? — pergunto olhando pra baixo, não tinha coragem de olhar na cara de nenhum dos dois rapazes.

— Claro, obrigado. — disse Namjoon.

Rapidamente a garçonete juntou os dois cardápios e saiu dali o mais depressa possível.

— O que foi aquilo, Jin? — perguntou assim que a garota sumiu de seu campo de visão.

— Não viu que ela tava se esfregando em você, Namjoon?

— Ela só pôs a mão no meu ombro, Seokjin. Que coisa.

— Só você que não viu que ela tava se insinuando pra você.

— Jin, deixa disso. Já passou. Já foi. Fim. Acabou. Se ela deu em cima de mim, ou não, pode ter certeza que ela não vai dar mais. Não depois do que você falou. Agora podemos por favor parar de falar disso?

Seokjin não disse nada, até porque não queria se irritar ou deixar Namjoon irritado, não queria discutir por conta de um ciúme bobo, e não queria estragar "seu dia perfeito".

Cerca de cinco minutos depois, EunBin voltou à mesa com as latinhas de refrigerante e os copos. Ela não disse nada, nem sequer olhou nos rostos dos rapazes de tamanha vergonha que sentia.

A mesa em que estavam ficava mais ou menos no meio do restaurante, e de onde Seokjin estava ele tinha visão da rua — ou seja, Namjoon estava sentado de costas pra rua, obviamente. Havia bastante movimento tanto fora quanto dentro do restaurante, tanto é que este estava quase lotado.

Mesmo depois de um tempo, a sensação ruim que o moreno sentia não desapareceu, na verdade ela até aumentou. O rapaz desviou o olhar para a rua, onde via as pessoas caminhando ou em pares ou em grupos, talvez indo para uma baladinha, talvez apenas voltando para suas casas depois do happy hour.

Contudo, havia uma pessoa que não andava nem para um lado, nem para o outro. Ela estava parada do outro lado da rua, escorada numa parede. Mesmo estando "longe", Seokjin viu que a silhueta era de um homem e que vestia um moletom preto, e que inclusive usava o capuz.

O moreno forçou um pouco a visão — até porque era de noite — e conseguiu ver o rosto do homem. Sua espinha gelou-se assim que reconheceu a figura ali os observando.

— Jin..? Tá tudo bem? — Namjoon perguntou, preocupado com o namorado. Jin voltou o olhar para Namjoon, que continuou a falar. — Parece até que viu um fantasma.

O moreno riu tentando parecer o mais natural possível e balançou a cabeça em negação. Depois ele voltou o olhar pra fora novamente, mas o homem havia sumido.

~

A música eletrônica era alta e o ambiente era apenas iluminado por luzes verdes e violetas. As pessoas ou se acabavam de dançar na pista de dança ou se acabavam no bar. Jin e Namjoon estavam em um canto da boate dando uns amassos, na verdade haviam diversos casais ali se pegando.

Assim como na boate que eles foram com os meninos, nessa também o bar man nem chegou a pedir suas identidades, então ambos conseguiram tomar boas doses de vodka. Seokjin era meio fraco pra álcool, por isso bebeu apenas um shot, já Namjoon, que era mais resistente, bebeu quatro.

O casal havia ficado cerca de uma hora no restaurante e levaram aproximadamente dez minutos para chegarem até a boate mais próxima. Eles já estavam há aproximadamente uma hora na festa. Já eram quase onze horas da noite e ambos ainda estavam cheios de energia.

— Vou pegar mais uma bebida. — interrompeu o beijo e falou um pouco mais alto no ouvido de Jin para que ele pudesse ser ouvido no meio de toda aquela música alta. — Vai querer algo?

— Uma batida de morango sem álcool, não quero passar mal depois.

— Eu cuido de você caso passe mal. — riu e mordeu o lóbulo do moreno.

— Olha só que má influência é você, Kim Namjoon. Querendo me embebedar. — sorriu debochado e mordeu o lábio inferior do mais alto.

— Amo você também. — sorriu e deu um selinho antes de se afastar e caminhar até o bar, deixando Seokjin sozinho.

Escorado na parede, Jin esperou que Namjoon retornasse com sua bebida. Olhou para a direita e viu casais se pegando, olhou para a esquerda e viu mais casais se pegando. Mais a sua frente as pessoas dançavam como loucas, e mais um pouco atrás da multidão uma pessoa estava parada.

A mesma pessoa que estava detrás do espelho. A mesma pessoa que estava de frente para o restaurante.

— Jin! — chamou alto estendendo-lhe o copo. — Aqui.

— Sabe o que é, Nam? Eu não estou me sentindo bem... Podemos ir embora?

— Claro, vamos. — pegou a mão do namorado e seguiram para a saída lateral da boate. — Toma. — entregou a batida para a primeira pessoa que viu na frente.

Namjoon abriu a porta de metal e logo ambos já estavam fora da boate. Aquela saída era a de emergência e ela dava num beco — muito mal iluminado por sinal. Era tarde da noite e o vento gélido assoprava sem dó. O beco era sem saída de um lado, mas do outro dava pra rua, que mal tinha movimento mais.

— Vou ligar para um táxi.

— Tudo b- — fora interrompido por uma voz que nunca mais queria ouvir.

— A festa estava tão boa, por que vão tão cedo?

Seokjin virou-se para o lado de onde vinha a voz e ficou estático ao ver que seus palpites estavam certos. Hyosang estava atrás do espelho. Hyosang estava observando-os no restaurante e na boate. Hyosang estava ai, na entrada do beco.

— Quem é você? O que faz aqui? — questionou Namjoon.

— Ora, ora, ora. Se não é o idiota do elevador.¹

— Elevador? — olhou-o confuso. — Mas de que diabos está falando?

Hyosang riu debochado olhando para baixo, depois ergueu a cabeça, fitando o loiro confuso e o moreno assombrado.

— Jin, Jin Hyosang. — Namjoon continuou com uma expressão confusa no rosto. — Mas sou mais conhecido como Kidoh.

— Kidoh? — franziu o cenho. — O que faz aqui, seu desgraçado?!

— Meu assunto não é com você, idiota. — voltou sua atenção para Jin. — Há quanto tempo, Seokjin.

— O-O que faz aqui? Não era pra você estar na ca-

— Cadeia? Ah, sim. Eu estava lá sim.

— Como...

— Sabe, Seokjin... Você fudeu com muita coisa. — o rapaz começou a andar de um lado para o outro calmamente. — Tivemos que queimar todo nosso estabelecimento e toda a mercadoria graças à você e sua denúncia de merda. A sorte é que deu tempo de carbonizar todas as provas contra mim antes da polícia chegar no local.

Fez uma pausa.

— Fiquei preso por um tempo, mas fui solto por falta de provas. — sorriu. — Fiquei sabendo que vocês dariam uma voltinha hoje, sabe? Tenho um informante mais próximo à vocês do que imaginam.

— Informante? — Namjoon questionou confuso.

— Conhecem meu irmão? Jaebum.

— Jaebum é seu irmão?! — Namjoon estava em choque por descobrir que seu colega de química era irmão desse monstro.

— Eu nem sabia que você tinha um irmão! — Jin disse indignado pelo ex nunca ter mencionado o irmão em dois anos de namoro.

— Há muitas coisas que você não sabe sobre mim, Seok. Jaebum ouviu você — apontou para Namjoon. — e seus amiguinhos comentando sobre sua programação para o dia de hoje e me contou. Ele quase foi preso também, mas o miserável conseguiu se safar.

— O que quer? — o loiro disse.

— Já falei que meu assunto não é com você! — esbravejou e voltou sua atenção para Seokjin. — Como sei que a ideia de ir à polícia não foi sua, até porque você nunca teria coragem pra isso, vou te dar uma chance para se redimir. Para não dizer depois que fui injusto vou te dar opções. Opção um: você vem comigo sem relutar e eu não mato seu namoradinho. E opção dois: você vem comigo à força após ver seu namoradinho morto. De qualquer modo você vem comigo, e eu juro que esqueço a merda que você fez.

— E-Eu...

— Ele não vai com você e você vai voltar pra cadeia. — o loiro se pôs na frente do namorado para protegê-lo.

— Você está me irritando. — Kidoh sacou um revólver e apontou para os dois, mais especificamente para Namjoon. — Venha, Seokjin. Agora.

— Já disse que ele não vai.

— Namjoon, eu me viro com ele. — o rapaz falava e sentia lágrimas surgirem em seus olhos só de pensar em perder seu loirinho. — Por favor...

— Não, Jin. Ele só te terá se me matar antes.

— Namj-

— Tudo bem. — interrompeu-o.

Na mesma hora o rapaz puxou o gatilho. O som estridente ecoou pelo beco sujo e estreito e Namjoon fechou os olhos já se preparando para o que viria a seguir. Entretanto, ele não sentiu nada em seu corpo, então pensou que o outro apenas blefara. Quem dera.

— J-Jin... — o loiro balbuciou apavorado assim que abriu os olhos e viu seu namorado ali.

Seokjin havia girado o corpo, entrado em sua frente e tomado o tiro em seu lugar. A bala acertou seu pulmão em cheio. Ele fitou o loiro nos olhos, sorriu fraco e caiu, já sem vida.

— Jin! — Namjoon conseguiu segurar o corpo do namorado antes que este caísse no concreto.

O loiro ajoelhou-se no chão e pôs o corpo de seu namorado "sentado" em si. Ele abraçava Seokjin enquanto lágrimas molhavam sua face. A dor que lhe consumia era horrível, agonizante.

— Hey, Jin... Vamos, levante... Não me deixe... Por favor...

Suplicou, mas de nada adiantou. Jin já estava morto.

— S-Seok... — Hyosang estava em choque, não queria acertar o moreno, muito menos matá-lo.

Kidoh largou a arma — que caiu no chão — e cambaleou para trás, tropeçou e acabou caindo no chão também. Namjoon, com raiva, depositou o corpo do namorado no chão com cuidado e apanhou a arma, que não estava muito longe de si. Conferiu a munição e notou que o revólver ainda tinha cinco dos seis tiros.

O loiro estava cego e faria algo que queria fazer desde o momento em que descobriu as coisas terríveis que Kidoh fez com Jin: iria matá-lo. E assim o fez, mas não sem antes torturá-lo um pouco.

Bang. Um tiro em sua coxa, partindo-lhe seu fêmur ao meio. Um grito ecoou no beco.

— Isso foi por você tê-lo chutado!

Bang. Mais um tiro, dessa vez em sua virilha. Um grito mais alto.

— Isso foi por você tê-lo estuprado!

Bang. Terceiro tiro, dessa vez na mão direita. Mais um grito.

— Isso foi por você tê-lo socado!

Bang. Quarto tiro, dessa vez no coração. Silêncio.

— E isso foi por tê-lo matado.

Ainda restava-lhe uma bala. Uma única bala. E ele sabia muito bem o que fazer com ela.

Se aproximou do corpo de Seokjin, deitou-se ao seu lado, segurou sua mão, e apontou a arma para a própria cabeça.

Bang. Último tiro.

A música dentro da boate estava tão alta que ninguém sequer havia ouvido os tiros, mesmo estando literalmente do lado, e se ouviu certamente pensou que eram fogos de artifício ou algo do tipo.

Seokjin morreu olhando suas estrelas: os olhos de Namjoon.

Namjoon morreu olhando as estrelas: o lugar onde estava seu Seokjin.

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Sabe as histórias que contam a respeito das almas gêmeas? Não? Então chegue mais perto que eu vou lhe contar.

Quando existem as chamadas "almas gêmeas", o destino faz de tudo para que essas almas se encontrem em algum momento da vida para que possam ficar juntas para sempre.

Acontece que quando essas almas não conseguem, por qualquer motivo, ter uma vida feliz — ou melhor, um final feliz —, o destino faz com que ambas nasçam de novo e tenham uma nova chance.

Não importa quantas chances o destino tenha que dar, o que importa é que em uma delas a vida de ambas as almas vão caminhar juntas com beleza, alegria e muito amor, até o fim.

Esse não é o fim, é apenas o começo, porque os "Amantes Perdidos" hão de se reencontrar novamente!

I know you love me, boy
So that i love you
Sempre estarei ao seu lado
Não se preocupe com nada,
Meu amor