Jeon Jungkook’s point of view
Eu sabia que o que estava acontecendo era perigoso, parecia errado e poderia acabar muito mal, mas não conseguia parar, era impossível ignorar o que ele me fazia sentir. Era proibido, e isso sempre me atraiu. Parecia muito com o que senti por Yoongi, mas algo me dizia que era mais forte e que seria ainda mais difícil.
Flashback on
Estava pronto para o tal jantar no qual meus pais insistiam que eu deveria comparecer, já sabia como seria: Um tédio. Com certeza estaria cheio de sócios e amigos do meu pai, aqueles homens velhos e tediosos que viviam perguntando quando eu assumiria os negócios da família e blábláblá.
Assim que chegamos soube que a mansão era dos Min, donos de um grupo de empresas muito influente em toda a Ásia, que estavam passando alguns dias nos Estados Unidos e seriam futuros sócios de papai. O lugar era gigantesco e muito bonito, havia muitas pessoas conversando e bebendo, vários executivos bem vestidos com suas esposas 35 anos mais novas e igualmente bem vestidas. Igualzinho a todas as outras festas em que fui obrigado a frequentar desde a infância.
Estava andando distraído pelo lugar que mais parecia um museu, cheio de obras de arte para todo lado, quando esbarrei num corpo um pouco menor que o meu, sentindo uma boa quantidade de vinho ser derramada em minha camisa e paletó. Ótimo! Agora além de entediado eu estava molhado (e não num bom sentido).
Olhei para frente e vi um garoto de pele muito branca e cabelos que eu acho que deveriam ser verdes, mas tava tudo meio azul... Sei lá tô louco, não identifiquei, só sei que ele parecia bem bravo e olha que quem estava com a camisa toda manchada nessa história era eu.
- Você não olha por onde anda não garoto? – garoto? Será que ele é mais velho? Não parece.
- Bom, me desculpe, mas a culpa não é só minha. Se estivesse olhando por onde anda isso não teria acontecido. Eu nem sei por que está tão irritado, não é você que está cheio de vinho. – o olhei de cima, fazendo a phyna que sou.
- Se olhasse por onde anda não estaria cheio de vinho. – sério, que cara mal-humorado.
- Ou estaria. – disse sorrindo. Ele até que era bonitinho, quando não estava gritando com as pessoas.
- Bom, não me interessa. O banheiro é na terceira porta à esquerda, subindo as escadas. – apontou para as escadas atrás de si – Eu diria que foi um prazer conhece-lo, mas não foi. Adeus. – se curvou minimamente e saiu apressado, com cara de paisagem. Que cara estranho, e mal educado, odiei, esquece a parte do bonitinho ele é ridículo.
Depois desse incidente fui até o banheiro e tentei resolver o problema, porém, desde quando água tira mancha de vinho? Exato, desde nunca. Portanto voltei para o tal salão com uma mancha rocha no meio da roupa, sorrindo como se nada estivesse acontecendo, e como se aquele carinha não tivesse arruinado um Gucci caríssimo.
Sentei-me ao lado de minha mãe que sentiu a minha dor quando viu meu terno manchado daquela maneira. Logo o jantar foi servido. Olhei para os outros na mesa e me deparei com o garoto sentado do outro lado, com aquela mesma cara de paisagem. Mas o pior ainda está por vir, o carma não se contentou apenas em manchar meu precioso terninho, ele precisava arruinar a noite de vez.
- Eu tenho o prazer de apresentar a vocês Jeon Junghyun meu mais novo sócio e amigo. – disse um homem alto, de cabelos negros e a pele muito branca mesmo. Será que essa família conhece uma coisinha chamada... Sol?
- Olá, eu sou Jeon Junghyun e esses são minha esposa Jeon Somin, e meu filho e único herdeiro, Jeon Jungkook. – me levantei e me curvei levemente assim como minha mãe.
- Seu pai me falou muito de você, Jungkook, esse é Yoongi, meu filho. Espero que possam ser bons amigos, iremos nos ver com muita frequência de agora em diante.
Ele sorriu, bem diferente da cara de paisagem de uns minutos atrás, até achei que daria pra fazer amizade com ele assim, numa boa, mas na primeira oportunidade que tivemos de ficarmos sozinhos a coisa mudou completamente de figura.
- Se pensa que vamos ser amiguinhos está muito enganado, garoto. – ele cochichou quando nossos pais se distanciaram um pouco. – Não pense que estou feliz de estar aqui e que por isso teremos uma ótima amizade, isso não vai acontecer.
Ele saiu e nem me deu direito de resposta, sorri. Bem, acho que até podemos nos divertir. Afinal, sempre amei desafios.
Flashback off
Quando Yoongi e eu nos aproximamos de verdade, o que foi muito difícil, até que nos gostávamos, não era amor, mas a nossa relação era muito boa. As coisas só pioraram quando meus pais vieram com um papo de arranjar alguém para estar ao meu lado quando assumisse o negócio da família e essas coisas. Então Yoongi disse que seus pais estavam com essa mesma conversa, mas não tão amigavelmente, e que provavelmente eles nos obrigariam a nos casar.
Dito e feito.
Algumas semanas antes do pedido, Yoongi decidiu que era a hora de cortar relações com os pais e voltar para a Coréia como ele sempre quis fazer, mas pelo que conheci de seus pais sabia que não seria assim tão fácil e, como o esperado, não foi.
No minuto em que souberam dos planos do único filho, o casal fez um verdadeiro escândalo, utilizaram de alguns artifícios bem ruins para convencê-lo a ficar, mas ele era cabeça dura demais para desistir. Bem, eu gostava de Yoongi e não queria me separar naquele momento, além de a ideia de assumir a empresa de meu pai nos Estados Unidos ser algo muito assustador, então juntei o útil ao agradável e decidi viajar junto.
E então as coisas começaram a dar errado numa velocidade recorde. Meus pais surtaram com a ideia de me ter do outro lado do mundo e disseram que eu só iria casado, os pais de Yoongi o chantagearam com algo que ainda hoje não sei o que foi e nossa última semana na América foi bem conturbada. Mas no final fiz o melhor para nós, fui até o aeroporto e o pedi em casamento. Não era exatamente o que eu queria tendo apenas dezenove anos, mas foi o único jeito de sair daquele país ao qual eu não pertencia e fugir de uma responsabilidade que me foi imposta tão prematuramente.
Voltar para o meu país foi maravilhoso e estar noivo, por mais assustador que fosse ainda era algo com que estava disposto a me acostumar, estava completamente disposto a amar Yoongi quando nos casássemos. Mas então as coisas viraram de cabeça para baixo de novo.
No dia do meu noivado estava bastante animado, as coisas até que poderiam dar certo, eu estava fazendo de tudo para que desse, mas então conheci Park Jimin e no mesmo instante senti algo estranho, não sabia o que era, mas era bom e aqueles olhos ficaram em minha cabeça durante todo o tempo que estive longe dele.
A maneira como nos aproximamos foi espantosa, tínhamos muito em comum e eu sentia uma vontade imensa de cuidar daquele hyung, sim, ele era mais velho, apesar de não agir como tal, na maior parte do tempo. Enfim, algo crescia entre nós, eu queria muito descobrir mais sobre ele e me abrir mais a cada conversa. E quando aquele acidente aconteceu foi como se algo dentro de mim tivesse gritado o quanto aquele homem havia se tornado importante e o quanto eu sofreria se não o tivesse por perto. A lembrança desse sentimento ainda era muito nítida, mesmo depois dele ter ido para casa, após a recuperação no hospital.
xxx
Uma semana. Duas semanas. Um mês. O tempo passava rápido demais do lado de fora, mas dentro daquele quarto ele parecia ter parado. Jimin ainda estava internado e eu era uma das pessoas que mais o visitava, seus pais eram muito ocupados e Taehyung ainda se sentia culpado.
O acidente foi algo horrível, mas acabou nos aproximando ainda mais. O que sentia por Jimin ainda era um mistério, talvez eu tivesse uma ideia do que pudesse ser, mas era cedo demais e isso me assustava um pouco, ainda assim, com tudo o que aconteceu tive uma certeza, a de que não conseguiria viver sem ele. Era algo muito parecido com dependência, mas no fundo eu sabia que era mais forte e mais bonito que isso.
E durante o mês que ele passou no hospital, eu o visitei todos os dias, levava algum chocolate escondido, flores para enfeitar um pouco aquele quarto branco e sem graça e o que mais o animava: levava meu violão e cantava para ele.
Numa dessas visitas ele estava um pouco distante e eu travava uma luta interna, entre observar o quanto ele estava lindo, mesmo internado, ou fazer algo para descobrir o que o moreno estava pensando e tentar animá-lo de alguma maneira, então decidi pegar o violão e cantar alguma coisa, já que ele sempre elogiava minha voz e dizia que melhorava o seu dia me ouvir.
Quanto mais o tempo passa
Fico cada vez mais destruído
De jeito nenhum, de jeito nenhum, desabarei novamente
Uma casa feita de cartas e nós dentro
Mesmo já vendo o fim,
Mesmo que vá desmoronar em breve
Uma casa feita de cartas e nós como bobos
Mesmo que seja um sonho inútil,
Apenas fique um pouco mais
Como se não houvesse amanhã
Como se não houvesse próxima vez
Na minha visão se você não está aqui
É uma escuridão enorme
Digo isso como hábito
Não podemos fazer isso
Mesmo assim, tenho esperança
Porque, no final, se eu estiver com você, eu estarei bem
...
Tempo, desacelere
Por favor, fique um pouco mais
Por favor, amor. Acalme-se!
Só mais um pouco
É novamente arriscado, perigoso
Tão ruim... Nós
Para equilibrar, se sustentar
Tão difícil
Desabarei novamente
Uma casa feita de cartas e nós dentro
Mesmo já vendo fim,
Mesmo que vá desmoronar em breve
Uma casa feita de cartas e nós como bobos
Mesmo que seja um sonho inútil,
Apenas fique um pouco mais
Não sei em que ponto ele começou a prestar atenção e me olhar como se eu fosse a coisa mais linda que ele já viu, só sei que era assim que me sentia ao ter seu olhar tão fixo em mim daquela maneira. Também não me lembro em que outro momento me senti tão amado, mesmo que nenhuma palavra tenha sido dita, acho que porque isso nunca tinha acontecido comigo, nunca me senti tão bem como naquele momento.
E nesse mesmo dia quando cheguei em casa e vi Yoongi lendo um livro qualquer na varanda do apartamento, nosso apartamento, percebi que essa era uma das únicas coisas que realmente tínhamos em comum, o mesmo apartamento, o mesmo quarto, a mesma infelicidade, mas nunca um amor na mesma intensidade.
Foi então que senti falta de Jimin, apenas algumas horas depois de ter saído de seu quarto no hospital, senti tanto sua falta que as lágrimas que escorreram incessantemente de meu rosto por horas naquela madrugada foram as únicas testemunhas do quanto aquele casamento era algo que eu, mais do que nunca, não desejava.
E pior do que um casamento arranjado é ter de abrir mão de quem se ama para que esse casamento aconteça, e o pior é que eu nem mesmo me sentia seguro para amá-lo, Jimin me era proibido em tantos níveis diferentes, apenas o fato de conhecê-lo a tão pouco tempo já bagunçava minha cabeça. Seria possível que eu já o amasse?
Eu não sabia se estava pronto pra isso, sacrificar a minha felicidade por um mero negócio de meus pais. Naquele momento eu não era o único insatisfeito com a situação, já que tudo nessa relação era completamente forçado, mas toda a vontade que eu tinha de tentar fazer dar certo se esvaiu assim que se tornou claro que o amor não estava lá.
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