Já havia se passado 1 hora desde que havíamos chegado ao hospital de Boston e eu já estava aflita com nenhuma notícia dada. Os médicos insistiram em me tratar e quando eles já tinham terminado, eu disse a eles que queria ver a minha esposa assim que fosse possível.
— Quando for internada, você não vai poder sair para ver sua esposa. — Alguém explicou.
— Então não vou aceitar ser internada. Compreensivelmente, eles tentaram argumentar comigo, mas não lhes dei ouvidos. Eu me recusei a ser internada antes de poder ver minha esposa. Eles finalmente concordaram em me mandar para a enfermaria para ficar em observação, e disseram que, se eu mostrasse sinais estáveis, permitiriam que eu visitasse Regina. Ela ainda estava na UTI, e me informaram que eu poderia ser levado até ela em uma cadeira de rodas. Eles me avisaram sobre o que eu iria ver. Fui informado de que devia me preparar para um forte choque quando visse extensão dos ferimentos que ela havia sofrido e o enorme número de aparelhos no quarto. Mas nada daquilo importava para mim. Eu simplesmente estava feliz por ela estar viva. Quando chegamos à porta da UTI, pedi ao técnico de enfermagem que estava empurrando a minha cadeira de rodas que parasse.
— Se houver alguma chance de que ela possa me ver, quero que ela perceba que estou caminhando. Vou até ela com minhas próprias pernas. — Expliquei ao rapaz. Fiz força para me levantar da cadeira de rodas e atravessei a porta a passos lentos.
Fiquei agradecida ao perceber que o auxiliar estava logo atrás de mim com a cadeira de rodas enquanto eu andava, porque, assim que consegui ver Regina, caí para trás. Era difícil de acreditar, mas ela não precisou passar por cirurgias; entretanto, devido às lesões cerebrais que havia sofrido, o corpo dela estava ligado a todo tipo de aparelho. Seu corpo estava preso à mesa, e ela se mexia tentando se soltar das correias que a prendiam, seu corpo estava agitado pelas convulsões. Seus olhos e lábios ainda tinham uma coloração arroxeada e escura.Pude ver que havia tubos que lhe entravam pela boca e pelo nariz, e outros que desapareciam por baixo dos lençóis; as mangueiras das bolsas de soro estavam conectadas a agulhas enfiadas nos dois braços dela, e também em um dos pés. Havia uma sonda instalada em sua cabeça para medir a pressão entre o cérebro e o crânio, com fios e cabos que conectavam o aparelho a alguns dos monitores que, literalmente, enchiam a sala. Ela estava sedada e não tinha condições de falar, por causa de todos aqueles tubos e mangueiras, mas eu estava desesperada para que ela me enviasse um sinal, ou que tentasse se comunicar comigo de alguma maneira. Voltei a me levantar da cadeira de rodas e segurei na mão da minha esposa.
—Sou eu, querida! — Eu disse, com a voz baixa. — Se você consegue me ouvir, aperte a minha mão. Devido aos vários outros ferimentos, bem mais urgentes, ainda não sabíamos que a mão pálida e fria que eu estava segurando com tanto cuidado estava quebrada. Não percebi qualquer reação em seu rosto depois de ter pronunciado aquelas palavras... Mas ela apertou a minha mão. Uma fagulha de esperança se acendeu dentro de mim. Regina ainda estava ali. Em algum lugar, debaixo de todos aqueles fios e tubos, minha esposa ainda vivia. Foi o primeiro sinal de vida que conseguimos detectar se fosse preciso usar um aparelho. Embora, aparentemente, fosse uma coisa pequena, eu me senti tomada por uma onda de alegria. Os médicos não ficaram tão animados quanto eu com a reação de Regina. Na opinião deles, era muito mais provável que ela viesse a morrer do que se recuperar. Não demorou muito até que os pais de Regina e sua irmã Zelena chegassem, vindos de storybrooke. Como muitos outros, eles passaram as horas agonizantes da noite anterior chorando e rezando por um milagre. Entretanto, quando chegaram, Cora e Henry pais de Regina estavam incrivelmente calmos, mesmo depois de verem sua filha coberta por tubos e fios, com o rosto distorcido e quase irreconhecível.
Como geralmente acontece em casos como esse, os horários de visita na área de recuperação da UTI eram bastante limitados. Apenas membros da família poderiam entrar na unidade, e tinham permissão para ficar ali por apenas 30 minutos. Mesmo assim, os médicos nos deixavam ir e vir sempre que quiséssemos. Se qualquer um de nós estivesse com a cabeça tranquila para pensar no por que, nós teríamos percebido que algo não estava certo. O que não sabíamos era que os médicos de Regina haviam informado à equipe de enfermagem que deixassem qualquer pessoa entrar, a qualquer hora, pois ela morreria dentro de poucas horas. Os médicos passaram um bom tempo nos explicando à situação de Regina. Fomos informados de que havia dois problemas principais, e um deles tornava o outro ainda mais grave. A primeira situação, e também a mais perigosa, era o problema do edema no cérebro dela. Aquele inchaço impedia que o sangue fluísse normalmente até as células do cérebro de Regina, e elas necessitavam com urgência de que os nutrientes e oxigênio pudessem chegar. O segundo problema era sua pressão arterial, que estava perigosamente baixa. Mesmo que não houvesse outras complicações, a baixa pressão arterial havia reduzido o fluxo de sangue para os órgãos, especialmente para o cérebro, o que viria a resultar em danos devido à falta de oxigenação. Em resumo, o edema e a baixa pressão representavam uma complicação dupla. Não foi preciso que ninguém explicasse que vasos sanguíneos constritos, associados a um baixo fluxo de sangue, eram uma combinação mortal. Mas, com o tempo, como Regina estava resistindo, os médicos começaram a pensar que ela poderia sobreviver, apesar de todas as evidências contrárias. Anteriormente, no período da manhã, percebemos um sinal de que ela não ficaria paraplégica quando conseguiu mexer os dedos das mãos e dos pés. Mesmo assim, de acordo com os médicos, a cada minuto que o cérebro recebia uma quantidade insuficiente de oxigênio, as chances de que ela pudesse ter uma sequela cerebral permanente aumentavam. A pressão intracraniana havia diminuído um pouco, mas voltara a aumentar sem qualquer aviso. Eles estimaram que seu organismo precisaria de 24 a 48 horas para reverter o edema e restaurar completamente a oxigenação do cérebro. Quando aquilo acontecesse, se ela ainda estivesse viva, minha mulher sobreviveria, mas em um estado vegetativo permanente. Tivemos que aprender o que significavam as informações apresentadas em cada um dos aparelhos no quarto, e passamos o resto do dia observando os números subirem e descerem. Embora soubéssemos o significado daquelas informações, não tínhamos qualquer condição de ajudar Regina. Os números em uma tela eram meramente os indicadores da vida e da morte, e não havia absolutamente nada que qualquer um de nós pudesse fazer a não ser sentar e observá-los piscando, esperando que começassem a se mover na direção certa.
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