História Lost Stars - I Don't Want

Eu não quero...
Não quero que se esconda. Eu realmente me esforço para olhar através de você, é difícil de ver... Minha pequena estrela inconstante, seu brilho é fraco porém intenso, o deixe transparente e forte para que eu possa ver o que realmente há em seu interior!

Entrei no apartamento meio desnorteado, coloquei minha mochila no balcão e andei devagar até a sala, um dos policiais me notou e me chamou para mais perto, peguei uma cadeira me sentando de frente para eles que estavam no sofá. O mais alto pensou um pouco até que finalmente falou:

-Você entende que é errado manter este garoto aqui, certo? - Respirei fundo o olhando um pouco inquieto e ele continuou. -Quando encontra alguém menor de idade nestas condições a primeira coisa que deve fazer é chamar a polícia. - Explicou calmamente, quando o mais baixo resolveu falar também. -Sabe, entendemos suas intenções mas que sirva de lição para você, tenho certeza que este garoto aqui não irá fazer uma queixa contra você, então não se preocupe. - Ele disse enquanto bagunçava os fios de Kuroko que agora olhava fixamente para baixo. 

Sentia que era mais que isso, algo tinha acontecido. O mais alto se levantou e me chamou para falar a sós na cozinha de onde podia ver claramente a sala.

-Você deve está confuso sobre como achamos o garoto, é realmente uma longa história, mas confesso que foi muita coincidência por aquele cara ali ser irmão da recepcionista do hospital - Apontou para o policial que estava com o Kuroko, o olhei confuso "irmã de quem?" pensei comigo. -A verdade é que a mãe desse garoto morreu a dois dias atrás, ela cometeu suicídio. - Ele foi direto. O olhei sem fala, estava em choque e no momento só podia continuar a ouvi-lo. -Vou explicar do começo... - Ele olhou para baixo como se desse seus pêsames e voltou a olhar para mim, deveria está acostumado aquelas situações.

-Bom, ela já estava em depressão a alguns anos, por isso imagino que para o garoto não tenha sido uma surpresa, ele nem sequer chorou ao ouvir isso... Só mordeu o lábio e abaixou a cabeça, está assim até agora desde que lhe contamos, tem coisas que ele pediu para que não falássemos a você, então o que vou falar agora é o máximo que eu posso explicar. - Me encostei na parede buscando algo para me apoiar, para o monte de informações que tinha recebido, olhei brevemente para o garoto na sala imaginando como ele deveria está se sentindo, queria consolá-lo de alguma forma, mas ele ainda não confiava em mim, tinha dito para o policial esconder informações, isto fazia meu peito doer.

O homem continuou ao ver que eu estava preparado: -Tudo começou porque fomos dar a informação a família sobre a morte desta mulher, chegamos na casa de seu marido e ele simplesmente nos expulsou de sua casa dizendo não querer saber nada sobre ela e que se estava morta era melhor ainda, não desistimos. No registro dizia que ela tinha um filho com mais ou menos 16 anos agora, porém o homem disse que tinha se livrado do garoto a muito tempo, ficamos surpresos com está informação e fomos em busca do garoto, Ken - Apontou para o policial ao lado de Kuroko - ...estava com a foto do Kuroko em seu bolso para procurá-lo no dia seguinte, então sua irmã, que era atendente do hospital onde estiveram, foi lavar sua calça e achou, disse que tinha visto alguém parecido no hospital á 5 dias atrás, que ele foi levado com um garoto ruivo, até que depois de algumas conversas com os residentes das redondezas chegamos até você, por sorte este garoto atendeu a porta então confirmamos tudo. Ele nos contou com dificuldade o que tinha acontecido e fomos juntando as peças. O fato é que o marido de sua mãe foi preso então ele não tem onde ficar. - "preso? porque?"  Pensei, porém isso não me importava muito agora, logo minha cabeça se encheu de outras perguntas, ele viu minha comoção, estava estampado o quanto eu sentia por tudo que tinha acontecido.

-Você ainda é muito novo, acredite não vai querer cuidar de um pirralho, a mãe dele não tinha nenhum parente próximo para que ele fique e se o colocarmos em um orfanato só ficará lá por dois anos, claro que a opção é sua de ficar com a guarda dele, á esse ponto a justiça já desistiria de colocá-lo para adoção, afinal ninguém quer um filho tão velho... Você pode fazer isso sem investigação sobre sua renda e modo de vida, o governo só vai querer se livrar logo, mas se for para dar um conselho, não desperdice sua vida com ele! Provavelmente tem alguns transtornos psicológicos por causa dos traumas, te dará muito trabalho!

-Onde está o contrato?! - perguntei no mesmo momento, ele me olhou confuso. -Vamos, onde eu tenho que assinar, ficarei com ele, se há alguma opção assim, ficarei com ele!  - Confesso que agi impulsivo, no momento eu só pensava em proteger o garoto de todo mal, depois de tudo que ele tinha passado, naquele momento para mim era a única coisa que se passava na minha mente.

-Ei, ei vá com calma! Vamos te dar um prazo de uma semana para pensar, as coisas não acontecem tão rápido assim, você irá mudar de ideia de qualquer jeito. Pense bem, por enquanto vamos deixá-lo aqui.

Depois disso eles se despediram. Kuroko continuava no sofá, me sentei ao seu lado por um momento e dei um breve suspiro, deixei meu olhar cair sobre ele que me olhou também, sua expressão era como se não quisesse que eu soubesse disso tudo, já eu me sentia como se ainda soubesse tão pouco.

-Kuroko.. - hesitei por um momento e respirei fundo antes de falar. -Posso te abraçar? - perguntei sincero, o olhei com o semblante claramente preocupado, senti que ele só não queria ter que explicar nada, estava muito cansado para negar ou se afastar e por isto só assentiu, não podia me segurar por muito tempo então logo o abracei, queria que ele sentisse todo o calor passado por mim naquele momento, queria que soubesse que existia alguém com ele agora, alguém que realmente se preocupava! Esta ideia parecia deixá-lo com medo, mas ele sentiu meu calor e apenas fechou o olhos se deixando levar por mim. 

Quando o afastei vi uma lágrima escorrer de seus olhos, mas seu olhar permanecia o mesmo, inexpressivo, ele não parecia acostumado a ter alguém se importando com ele.