Justin.
Acordei com provavelmente a pior dor de cabeça que já tive desde quando sofri o acidente – e olha que já tive muitas –, aos poucos eu ia me lembrando do que aconteceu na noite passada, uma garota loira, muita bebida, sexo e Emily com uma cara nada boa quando cheguei em casa.
Era segunda feira, eu devia ir para a terapia e Emily para a loja, depois teria que ir para a loja também, assim como de costume. Levantei da cama e peguei o relógio, eram 8h38 a.m, eu devia estar no hospital há alguns minutos atrás, rapidamente entrei no banheiro e tomei banho, vesti qualquer roupa e tomei um suco, eu estava tão apressado que havia até esquecido a dor de cabeça, corri para o hospital e agora teria que esperar mais um pouco, já que eu perdi o horário da minha sessão.
Decidi ligar para Emily, afinal eu iria me atrasar no trabalho. Disquei seu número, chamou alguma vezes até sua voz calma atender.
- Oi, Justin. - Emi, vou chegar um pouco mais tarde, aconteceu um imprevisto. – eu disse, é claro que eu não iria mencionar que eu simplesmente acordei tarde, ela me mataria.
- Tudo bem, quando vier passa no armarinho e pega minhas encomendas.
- Tudo bem, tchau.
- Tchau.
Pelo menos ela não estava brava comigo, ainda bem. Emily não consegue ficar brava por muito tempo com alguém.
Sentei-me no banco de espera e saiu da sala uma jovem com os pais, sei disso porque sem querer prestei atenção na conversa deles, pareciam felizes e satisfeitos com os exames da filha, ela tinha a apoio deles. Eu queria saber quando eu iria rever meus pais, se é que eu tinha pais, as terapias pareciam não surtir efeito, já que a única coisa que eu lembro é de um amigo morto chamado Matt.
[...]
Não vi Peter pelos corredores, saí do hospital e fui andando até o ateliê, era bem próximo mesmo, e eu já conhecia Santorini como a palma da minha mão, já poderia me considerar até grego, já que estava quase fluente na língua.
Entrei pela porta da loja e Emily estava no ateliê – de costas –, segurando algo, só quando ela virou o rosto para o lado e soltou a fumaça pela boca eu pude ver que ela estava fumando. Ela fuma? Eu não sabia, mas também, não é da minha conta.
- Oi, Emily. Cheguei. – eu disse simplesmente, ignorando o fato dela estar fumando tranquilamente e ela quase caiu para trás.
Emily largou o cigarro no chão e me fitou desconfiada.
- Não conte nada ao Peter. – ela disse ainda com a feição culpada.
- Minha boca é um túmulo.
- Trouxe minhas encomendas? – ela perguntou procurando com os olhos, pois eu não tinha nada nas mãos.
- Coloquei atrás do balcão. – respondi.
Eu não sabia qual era a dela de esconder de Peter que fumava, e também não queria me meter, era assunto dos dois, não preciso de mais problemas, principalmente com Emily, que era a pessoa mais próxima de mim no momento.
[...]
- Estou de folga esse final de semana e chamei Justin para ir comigo numa poolparty, quer ir também? – Peter perguntou para Emily, que semicerrou os olhos.
- Então agora as madames resolveram me incluir nos passeios? – ela respondeu um tanto enciumada e nós gargalhamos.
- Então, você vai?
Ela rolou os olhos e respondeu:
- Fica para a próxima, tenho um quarto inteiro para organizar.
Eu já estava pronto para ir, Peter e eu depositamos um beijo em cada lado das bochechas de Emily e saímos.
A semana passou voando, Emily e eu estávamos aparentemente de bem, nenhuma confusão e nada que lembrasse o beijo, o lucro durante esses dias foi ótimo, nunca vi Emily reclamando das despesas ou coisa assim, ela sempre se mostrou bastante otimista em tudo que faz.
Peter dirigiu até o tal lugar que íamos, era um pouco longe da casa de Emily, então aproveitei para esclarecer algo que não saía da minha cabeça desde que eu vi.
- Você sabia que a Emily fuma? – perguntei com a voz baixa.
Eu sei que prometi a Emily que não contaria nada a Peter, mas era necessário, que queria ajuda-la, afinal, cigarros fazem mal a saúde, eu não queria vê-la se acabar assim.
- O quê? – ele perguntou um tanto exaltado. – Ela parou, faz tempo.
- Não, ela estava fumando essa semana. – respondi ainda receoso.
- Eu não acredito que Emily tem mentido para mim! – ele quase gritou.
- Olha, não brigue com Emily, eu prometi que não contaria. Mas eu só quero o bem dela.
- Você fez o certo, Justin. – ele disse já calmo e deu um suspiro. – Ela começou a fumar quando Ethan a deixou, foi uma fase difícil, achei que ela tinha parado, mas fui enganado.
- Eu sinto muito. – foi tudo o que eu consegui dizer.
Chegamos no local da poolparty, era um terreno bem alto, com uma ótima vista para o mar, haviam várias garotas bonitas de biquíni, Peter me apresentou várias pessoas, a festa estava fervendo, assim como o clima de Santorini.
- Justin, essa é a Sophia. – Peter disse com um sorriso sacana no rosto. – Ela também é americana.
- Olá Justin. – ouvi a voz fina da ruiva me cumprimentar e puxei-a para um abraço e dei um beijo em sua bochecha.
Logo, Peter saiu e nós ficamos conversando, era ótimo poder falar em inglês, pois eu ainda me enrolava com grego. Sophia era muito gentil e meiga, parecia ser muito inteligente, estávamos dando muito bem, minhas investidas estavam sendo correspondidas, poucos minutos depois já estávamos nos beijando.
Eu estava indo buscar mais uma bebida para Sophia, a mesa ficava um pouco mais afastada de onde todos estavam, quando alguém esbarrou em mim e deu um solavanco para trás, ia caindo, mas eu a puxei pelo braço fino e segurei-a, a garota levantou a cabeça e assim eu pude ver seu rosto, era dona de um par de olhos tão azuis quanto o mar e uma pele clara e delicada.
Minha cabeça latejou como se eu tivesse levado uma pancada forte, rapidamente, a imagem do rosto de uma linda mulher de olhos azuis e cabelo loiro, mas muito arrogante, gritando com ao que me parece, um motorista.
- Be? – perguntei confuso olhando para a garota que me fitava assustada.
- Me solta, palhaço! – ela puxou o braço para si e saiu andando com rapidez.
Que garota doida!
Finalmente eu tive uma lembrança da minha antiga vida, sentei-me em uma das espreguiçadeiras na beira da piscina para me acalmar, eu ainda estava um pouco tono. Suponhamos que a tal “Be” seja minha namorada, por que diabos eu sentiria atração por uma pessoa tão arrogante? Era um mistério.
Perdi totalmente o ânimo para festa, não vi mais Sophia, entrei em um dos quartos que haviam na casa e deitei um pouco, Peter me chamaria quando fosse hora de ir para casa, eu só queria voltar para junto de Emily e contar da minha lembrança, sei que ela ficaria feliz por mim.
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