História Louco - Louco (Capítulo Único)

Quando estou no teu corpo, afundado em tuas curvas, inebriado pelo teu cheiro, imergindo em insanidade quando ouço teus gemidos, submerso quando sinto tuas unhas castigando minha carne, sinto-me louco.

“Louco” no sentido literal da palavra, à risca em todos os sentidos que a palavra abriga.

Anormal, maluco, perturbado, doido, desequilibrado.

Sim, sinto-me louco... Louco para despi-la com meus dentes, louco para senti-la tão excitada quanto eu, louco para vê-la revirar teus olhinhos pequenos quando te chupo, com volúpia, a lascívia percorrendo os meus sentidos mais primitivos; louco para sentir tuas pernas trêmulas juntamente ao teu lábio inferior proeminente, louco para ouvi-la gargalhar gostosamente devido a alguma bobagem que digo — porque você ri facilmente de qualquer coisa, qualquer tolice ou qualquer estupidez que eu digo —, louco para senti-la rebolar sobre mim, louco para vê-la ruborizar quando sussurro palavras sórdidas ao pé do teu ouvido, louco para sentir tua língua em contato com a minha, porque possuíamos essa conexão inexplicável, louco para emaranhar meus dedos e embriagar-me nos teus cabelos, louco para tê-la aqui, comigo, beijando-me e olhando-me distraidamente enquanto trago o cigarro que tu aprecia e que tu roubas da minha boca.

Mas tu não estás aqui, comigo, e talvez nem esteja tão cedo.

Por quê?

Porque eu faço essas merdas que tu não gosta, porque eu erro com quem gosta de mim, porque os demônios que vivem aprisionados dentro de mim às vezes se sobressaem, porque tu não aceita as coisas que faço, porque tu não precisa me assistir morrer aos poucos, porque você diz gostar demais de mim para suportar não conseguir fazer nada e me impedir de foder ainda mais comigo mesmo, porque você me acha estúpido por não usufruir das inúmeras oportunidades que a vida já me proporcionou.

E talvez eu seja.

Minha família inteira adora deixar isso claro quando direcionam àqueles olhares de reprovação que tanto adoro ignorar. Mas e você? Você nunca me olhou daquela forma, você adorava observar minhas tatuagens, você adorava tocá-las e sentir a textura da pele, você adorava brincar com os meus cabelos sem cor, você gostava de sentir o anel metálico em meu lábio roçando em tua boca, você simplesmente gostava de mim, nem que fosse um pouco, você não se importava com o que os outros costumavam achar “inadmissível”. 

Acho que é por isso que me apaixonei por ti, Blue. Porque tu carregas esse nome e porque tu adoravas me ouvir te chamar de “anjo” — e eu gostava de chamá-la assim. Eu gostava bastante de você. Não, eu ainda gosto. Nós nunca admitimos os nossos sentimentos porque amávamos aquela essência e nós preferíamos não estragá-la com coisas desnecessárias. Eu gostava da tua força, da tua independência, da tua personalidade tempestuosa e da tua persistência em tentar me mudar. Eu gostava da tua pele acariciando singelamente a minha quando me afundava nos meus vícios e, mesmo que você odiasse me ver daquela forma, você ajudava-me a me recuperar — apenas para eu te prometer não fazer mais e, em seguida, fazer novamente, porque sempre fui fraco demais para resistir a isso.

Anjo, eu acho que o meu vício maior era você. E por mais clichê que isso soe, virei teu dependente.

Eu quero te sentir novamente, entretanto, como o esperado, você foi para longe. Não tiro tua razão. Eu sei que tu estás certa, eu sei que tu desistisses, eu sei que tu insististe por um longo período de tempo e cansaste... Eu sei que estavas saturada daquela situação inviavelmente desfavorável... Contudo, isso não me impede de sentir a tua falta e te querer por aqui, em meu colo, gostando de mim, dedilhando minha pele e... E... Anjo, quando puder, volta para mim... Não precisa dizer que me ama, ou que sentiu a minha falta, que pensou em mim ou que se preocupou comigo, apenas volte para que eu possa só te ver, só te tocar e só me sentir ainda mais louco.