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História Louvor, Honra e Glória - Glória


Escrita por: requintte

Notas do Autor


Recebam por favor essa escritora derrotada que acabou de sair daquela prova chamada ENEM.
derrotada, eu mesma

Capítulo 4 - Glória


“Exaltai o dinheiro em primeiro lugar...
Faça dele o seu Deus, foco e objetivo;
Se não o tiver, então nada terás...
Morrerá sozinho, afogado no próprio sangue,
Seja famoso e faça disso a sua essência, para ser amado...
O que você realmente precisa não importa;
Se for para glorificar e agradecer,
Então pelo menos o faça de forma correta, não deixe rastros,
Seja reconhecido e premiado pelos seus feitos.”

 

Capítulo Quatro ─ Glória.

 

 

─ O que aconteceu em 4 de setembro de 2002? ─ pergunta uma mulher encapuzada, sentada do outro lado da mesa onde se assentou.

─ Foi o dia em que invadiram a casa. ─ ele responde, sentindo os pulsos doloridos por conta das algemas presas a cadeira ─ Vocês devem ter ouvido as histórias, ninguém nessa cidade sabe ficar de boca fechada.

A mulher suspirou e se levantou, sem quebrar o olhar sobre o de Minhyuk. Seus olhos eram um tom castanho mel que lhe dava um tom carinhoso e misterioso ao mesmo tempo. Ele desejou poder enxerga-la inteira apenas para concluir sua teoria.

Era uma casa abandonada. As paredes já estavam rachando e a madeira do assoalho se desprendendo, fora as teias de aranha que se espalhavam por toda a estrutura. Minhyuk sempre foi muito detalhista.

E por esse mesmo motivo, de alguma forma, ele sabia que não estava apenas ele e a mulher no cômodo. Vez ou outra, risadinhas eram ouvidas e comentários sobre as suas respostas também eram feitos. Se perguntou por que a Iniciativa teria o escolhido para esse sequestro, ao invés de alguma das primas ou a mãe.

Teriam feito mais sucesso.

Seus pensamentos foram interrompidos por um grito agonizante que se espalhou por todo o andar, então Minhyuk soube que não era o único a ser interrogado, e que deveria agradecer por não estar também sendo torturado.

O grito pareceu despertar a mulher, que deu mais alguns passos para a esquerda e logo depois voltou a se sentar na cadeira que estava inicialmente.

─ Lee colabore, nós não temos a noite inteira. ─ disse.

A frase o deixou nervoso, nem sabia quanto tempo da noite ainda tinham. Era por volta das dez horas da quarta quando tinha sorvido o sonífero e não fazia ideia de quanto tempo havia permanecido inconsciente.

Acordou dentro do carro com um pano preto na cabeça o impedindo de enxergar o caminho que o mesmo fazia. Quando o veículo parou de se movimentar, foi empurrado para dentro do casarão, se lembrava de ter sido empurrado escada acima e depois algemado na cadeira.

A porta bateu forte e permaneceu sozinho por algum tempo até a mulher que o interrogava agora aparecer.

Essa não vai durar até o amanhecer. ─ ouve uma voz masculina desta vez se referindo ao grito ─ Você tem sorte Lee. Não sei o porquê, mas o Corvo gosta de você ─ ou outros as suas costas riem ─, só conte o seu lado da história e não poupe os detalhes.

Minhyuk tombou a cabeça para o lado e respirou calmamente ao som de outros gritos se misturando aos da mulher, juntamente com gemidos mais baixos e roucos. Quase dormiu naquela posição até que um tiro foi disparado em um rompante.

Levantou a cabeça e resolveu colaborar. Se está no inferno, então abrace o capeta.

─ Estava eu mais o hyung brincando na sala ─ começou ─, naquela época a gente ainda não morava em Goyang e a casa era pequena. ─ disse fechando os olhos, não suportava o olhar da mulher sobre si ─ O drama já tinha acabado fazia tempo então já era bem tarde da noite. Eu era bem pequenininho na época, acho que tinha quase cinco. Lembro que o hyung queria estudar porque tinha uma prova importante no outro dia e eu queria brincar, então não parava quieto ─ ri soprado ─, era uma criança bem hiperativa e ele já estava começando a ficar bravo. ─ engole em seco tendo consciência de que estava sendo gravado ─ A mãe veio até a sala mandar a gente calar a boca e deixar ela dormir.

─ Lee ─ a mulher intervém ─, isso não é importante.

─ Só estava detalhando. ─ provoca ─ Eu me escondi no braço de Minseok-hyung enquanto omma continuava brigando conosco. Senti ele se tencionar, e, quando levantei o olhar, vi parcialmente o corpo de uma mulher entrando pela porta de casa. Ela se vestia inteiramente de preto e realmente parecia com vocês.

─ Lee, foca na história.

─ Mas isso é importante! ─ ri mais uma vez ─ Sem que a mãe percebesse, ela deu sinal e dois homens entraram pela janela. Quando o hyung notou isso, ele gritou e a mulher tirou uma arma do coldre e atirou na mãe sem pensar duas vezes. ─ faz uma pausa dramática ─ Como se essa fosse uma senha, mais pessoas mascaradas entraram na casa e ela começou a ditar ordens.

“Foi nesse momento que Minseok me levou até a cozinha e me mandou que entrasse dentro de um dos armários ─ abriu os olhos e se deparou um um gravador de áudio ─ Não diga nada e não faça barulho, Minhyuk-ah. Não saia do armário até que o hyung ou o pai venham aqui te buscar. ─ foi o que ele disse ─ Passou muito tempo, eu vi pela fresta os homens de preto levaram o meu pai e o hyung enquanto a mãe continuava sangrando no chão.

Acabei dormindo e só acordei com a polícia arrombando o armário. Eles tentaram me fazer falar, mas eu sempre obedeci ao meu irmão, não disse quase nada, por fim eles me liberaram e fui diagnosticado com estresse-pós-traumático. Se quiserem saber mais, tentem encontrar o meu irmão. Ele sabe mais do que eu. Minseok-hyung era mais velho deve se lembrar de mais coisa do que eu.”

─ Isso é tudo? ─ ela pergunta.

─ É tudo o que eu sei.

─ E o seu pai? ─ a mesma voz masculina ao fundo diz ─ O que se lembra dele?

─ Ele foi um bom pai ─ fala estalando a língua ─, fazia tudo o que nós queríamos, e sabia ser duro quando necessário.

─ Você precisa ser sincero agora. ─ fala dessa vez a mulher ─ Você acredita que ele possa estar vivo?

─ Eu tinha cinco anos quando vi ele pela última vez, e não lembro quase nada dele. ─ ele foi sincero ─ Minseok-hyung disse que Appa foi um cara de personalidade forte, cabeça dura que amava muito a sua família. Então, se ele ainda estiver vivo, está sendo forçado a viver fora do país.

─ Pelos caras de preto?

─ Possivelmente. ─ a mulher suspirou novamente e levantou o olhar para algo além de Minhyuk.

─ Mas as pessoas que levaram o Sr. Lee ─ ele ouviu uma voz as suas costas ─, realmente se pareciam com a gente?

─ Muito! ─ ele fala mais alto do que o necessário ─ Eu estou falando sério ─ falou quase torcendo o pescoço para levar o olhar para as pessoas em suas costas ─, até mesmo a maneira que vocês andam e falam.

─ Ahn?

─ Vocês abaixam um pouco a coluna e correm realmente rápido ─ continua mantendo a mesma empolgação ─, tipo parkour. ─ mais risadinhas ─ Do mesmo jeito que invadiram a minha casa quinze anos atrás.

─ Em que ano a Iniciativa foi criada? ─ a mulher fala séria na sua frente.

─ 1998 ─ uma voz até então desconhecida para Minhyuk se revela ─, eu acho. Isso vale a pena de ser considerado? ─ escuta e vê a mulher assentir com a cabeça ─ Bom, vou levar a informação ao Corvo.

A mulher se levantou e saiu correndo pela porta. Outros passos na mesma direção foram ouvidos e Minhyuk soube que estava sozinho no quarto. Com o silêncio, passou muito tempo pensando ao som dos sons da tortura.

Sua mente estava em alerta. Conforme a madrugada ia transcorrendo os gritos e gemidos pareciam apenas piorar. Pensou tanto que seu cérebro quase derreteu. Não sabia quem era o Corvo, mas ele deveria realmente gostar de Minhyuk. Ao que tudo indica, torturas estavam acontecendo durante toda a extensão do corredor daquele andar. Depois de um tempo, alguém desligou a luz e Minhyuk acabou caindo no sono ali mesmo, algemado e com a cabeça sobre a mesa.

Lee. ─ ouviu uma voz soando longe ─ Hey você, acorda ─ sentiu um cutucão na costela e abriu precariamente os olhos ─ O sol já nasceu lá fora, é hora de levantar, Lee ─ ouviu a voz mais alto agora ─ Lee... Lee... Caralho Lee morreu dormindo?

Levantou o rosto da mesa e se arrependeu no mesmo instante. Por conta da posição que tinha dormido, seu pescoço ardeu e as costas queimaram, nem tentou movimentar os pulsos, sabia que deveriam estar numa situação pior.

Tentou se espreguiçar e tirar a sensação de dormência do corpo mais foi em vão. Viu que o sol já estava alto no céu e se perguntou se alguém já tinha notado o seu sumiço.

─ Vou ver se encontro alguma coisa para você comer. ─ falou o mesmo rapaz que tinha lhe acordado saindo saltitando pela porta e Minhyuk se perguntou qual era a dele.

A porta estava aberta e algumas pessoas não paravam de passar. Todos vestidos de preto e altamente armados. Carregavam caixas de um lado para outro sem cessar.

Nenhum deles usava máscara ─ deveriam ter eliminado o perigo ─ com exceção das marcas que as algemas deixaram no pulso, Minhyuk não tinha machucados e ainda vestia as mesmas roupas na noite anterior.

─ Infelizmente só tinha frutas na cozinha. ─ falou o rapaz retornando ─ Você gosta de kiwi? ─ estava trazendo uma pequena sacola, onde deveria estar os frutos ─ Acho que estamos nos mudando novamente. ─ falou olhando para a porta.

O rapaz era um pouco mais baixo do que Minhyuk, possuía um rosto arredondado e quando falava seus olhos se reduziam a meros risquinhos. Quando sorriu, covinhas apareceram dos dois lados das bochechas. Fofo.  Não parecia alguém que faz parte de uma gangue.

Estereótipos. O Lee odiava quando via alguém julgando o outro pela aparência e estava fazendo o mesmo. Hipócrita.

─ Eu gosto. ─ Minhyuk lhe responde baixo ─ De kiwi.

─ Ok ─ ele respondeu colocando a sacola sobre a escrivaninha ─, vou te desprender da cadeira, pra você poder comer. ─ fala abrindo as persianas ─ Sou o Jooheon, se alguém perguntar, fala que está comigo ─ Minhyuk assentiu com a cabeça ─, as coisas estão um pouco complicadas.

Jooheon retirou as chaves dos bolsos e segurou delicadamente os braços de Minhyuk para que ele não se machucasse ainda mais com as algemas. O Lee acompanhou com o olhar os movimentos e viu sangue embaixo das unhas do rapaz.

Em algumas partes das mãos havia até mesmo sangue coagulado. Passou os olhos pelas roupas do menino e notou os amassados, mais marcas de sangue e toda a sujeira distribuída. Havia olheiras em volta dos olhos e um corte superficial no pescoço.

Deveria ter passado a noite carregando corpos ─ Minhyuk gostaria de acreditar que não tinha sido ele o assassino.

Ouviu o barulho das algemas se soltando e sorriu contente por conseguir movimentar os pulsos. Como se Minhyuk fosse um boneco de porcelana e pudesse quebrar em qualquer passo em falso, ele retirou as algemas com uma delicadeza impressionante.

─ Tem sangue na sua roupa ─ pergunta sem conseguir conter a língua ─, alguém se machucou?

─ Bastante gente, você vai ver nos noticiários. ─ ele ri ─ Vai ser divertido! ─ fala empolgado ─ Nós somos legais ─ fala abrindo a sacola com as frutas ─, na Iniciativa até o sequestro é cinco estrelas, o banheiro fica no final do corredor, tem roupas limpas no armário e se sair do quarto, use uma máscara, ninguém pode te reconhecer.

─ Entendi.

Viu Jooheon sair pela porta e não se surpreendeu ao ver sangue na sola dos seus sapatos. Girou os pulsos mais algumas vezes para se certificar de que ainda estavam em seus lugares e comeu dois kiwis da sacola.

Girou os braços no ar e sentiu os ossos estalarem. Levantou da cadeira e descobriu que as pernas também estavam doloridas. Olhou pela janela e viu a quantidade de guardas que cercavam a casa, além das cercas elétricas. Não iria conseguir fugir nem se tentasse. Comeu mais um kiwi da sacola e resolveu tomar um banho.

Como instruído por Jooheon, ele vestiu as roupas limpas no armário. Por um lado, foi bom se livrar do terno Armani mais caro do que talvez aquela casa, mas não se sentiu muito confortável dentro das roupas de lavagem escura presentes no armário.

Saiu pelo corredor apenas por curiosidade, mas logo se trancou novamente dentro do quarto. A casa estava vazia, mas sangue coagulado ainda estava espalhado por todos os cantos.

As paredes e o chão estavam inteiramente manchados pelo liquido viscoso e pegadas ajudaram a espalhá-lo por toda a casa. Se deitou na cama e deixou a mente divagar sobre o que estaria acontecendo no mundo real.

As fofocas que as senhoras deveriam estar fazendo a respeito da invasão. As manchetes falando sobre os desaparecidos da noite anterior. As teorias a respeito do retorno da Iniciativa Dimas. E, é claro, as lideranças tomando providências para evitar a criminalidade em Laus.

Se perguntou se a família teria sentido a sua falta. Ficou ali deitado na cama, talvez tenha dormido ou cochilado, não tinha certeza.

Lee está acordado?

─ Só estou deitado. ─ respondeu a voz que presumiu ser a de Jooheon.

─ Estamos evacuando a casa antes que o nosso paradeiro seja revelado.

─ Isso me inclui?

─ Isso te inclui ─ fala suspirando ─, vamos?

Para falar a verdade, Minhyuk até gostava da Iniciativa. Eles lutavam pela justiça, iam lá e faziam, ao contrário da maior parte da população que fazia apenas cochichar. Pessoas morriam, os mortos não falam, logo, o problema estava resolvido.

Ele se apressou em calçar as botas que estranhamente couberam certinho no seu pé, vestiu outro casaco por cima da blusa de lã e colocou a máscara. Olhou para a porta e visualizou quando Jooheon levantou o cachecol na altura do nariz deixando apenas os olhos e o cabelo amostra.

─ Os outros querem limpar a bagunça ─ ele agarra uma das mãos de Minhyuk ─, vem.

Assim como todos os outros militantes, Jooheon tinha um passo rápido e silencioso. Em alguns instantes já estavam saindo da casa. Minhyuk nem percebeu quando o capuz do moletom foi erguido e colocado sobre sua cabeça. O Lee estava irreconhecível.

Como Jooheon tinha dito, eles estavam evacuando o local. Apenas uma pessoa guardava o portão da frente.

─ Quem é esse? ─ fala o guarda tentando barrar a saída de Minhyuk.

─ Não viu a mensagem do Corvo?

─ Ah o Lee ─ o guarda abre o portão ─, esse é qual dos dois? ─ Jooheon fecha a cara ─ Para onde você vai levar ele?

─ Não é da sua conta.

Minhyuk, parado ao lado de Jooheon estava adorando presenciar aquela cena. A Iniciativa parecia incrível. Eles tinham desenterrado o caso do desaparecimento do seu pai, que tinha acontecido há mais de dez anos apenas para descobrir a verdade ─ coisa que nem a polícia se deu ao trabalho.

Ele nunca diria isso em voz alta, mas se tivesse coragem o suficiente, entraria para o Dimas para ser um agente duplo e ajudar a desvendar os podres das famílias tradicionais. Mesmo entre eles, tudo era secreto e pareciam ter muitos espiões.

Segundo o ponto de vista de Minhyuk, dentro da Iniciativa, haviam muitas subdivisões, Jooheon era um dos privilegiados, o único que sabia de tudo e comandava tudo, era aquele que chamavam de Corvo. E pelo o que tinha entendido, era um protegido do tal do Corvo.

Em plena luz do dia Jooheon dirigiu o Hyundai Santafe com vidros fumê até o bairro de Goyang com Minhyuk sentado no banco do carona. Era o bairro nobre, onde Minhyuk morava. Por um instante, quase pensou que seria devolvido até entrarem no estacionamento de um dos prédios de luxo.

─ E a câmera? ─ pergunta vendo Jooheon entrar no subsolo.

─ Tá quebrada.

─ Como você sabe?

Jooheon não respondeu, riu baixo e conduziu Minhyuk até o elevador. Nesse momento, já havia retirado a bandana, e Minhyuk a máscara. Viu Jooheon apertar o botão para o 19° andar, isto é, a cobertura e cantarolar baixinho alguma música desconhecida.

─ Acho que é agora que a gente se despede. ─ fala olhando para o próprio rosto no espelho.

─ Como?

─ A porta vai abrir e você irá até o apartamento 1901 ─ ele fala, direto ─, eu vou saber se você não foi.

─ Está me ameaçando?

─ Minhyuk-ssi não se engane ─ ele continua encarando Minhyuk pelo reflexo ─, você ainda é um refém e eu, um bandido. ─ as portas do elevador se abriram ─ Foi bom trabalhar com você, tenho certeza que vamos nos ver novamente. ─ e o empurrou porta afora.

Minhyuk saiu porta afora, caminhou até o final do corredor e tocou com as mãos trêmulas na campainha da porta 1901. Estava realmente muito próximo de casa, talvez se corresse por três quadras chegaria em sua residência antes que Jooheon percebesse.

Mas como já citamos alguns parágrafos acima, Minhyuk gostava da Iniciativa, e não vacilaria com eles.

Depois de algum tempo, a porta abriu e um rapaz surgiu na sua frente com o cabelo despenteado e cara amassada ─ como se tivesse acabado de levantar.

─ Ah você chegou cedo! ─ a pessoa abre a porta ─ O Jooheon disse para eu fazer comida. pois te traria na hora do almoço ─ o menino falava baixo e Minhyuk jurava já ter ouvido aquela voz antes ─ Que horas são? Se você tiver escolha, não confie no Jooheon-hyung.

─ Changkyun ─ fala finalmente reconhecendo o vivente ─, você faz parte disso?

─ Ah esqueci que você é refém e que pegamos as suas coisas. ─ fala depositando uma das mãos sobre o rosto ─ Isso responde a sua pergunta?

─ Sim.

─ Não é bom ficar na porta, alterei todas as câmeras, mas ainda não é seguro. ─ fala rápido, mas sem aumentar o volume da voz ─ Pode entrar, fica à vontade, sinta-se em casa. ─ fala abrindo mais a porta ─ Vou fazer algo pra gente comer. ─ e saiu resmungando para o outro lado do apartamento deixando Minhyuk sozinho.

Ficou parado em frente a porta por alguns segundos pensando sobre o que tinha acabado de acontecer, até ouvir um baque. A porta havia se fechado e trancado sozinha. Estava preso novamente.

Retirou os sapatos e passou a caminhar pela sala do Im. Tinha se esquecido completamente da forma na qual havia ido parar nas mãos da Iniciativa. Foi Changkyun quem havia o conduzido para a saída de emergência. Era por isso que parecia ser amigo dos mascarados, ele era um deles.

Espalhados por toda a sala, haviam variados porta-retratos de Changkyun junto com a sua família, principalmente com o pai ─ o presidente do Grupo Don, um dos maiores bancos do país.

Minhyuk se perguntou o motivo pelo qual Changkyun havia adentrado na Iniciativa Dimas, parecia ser bem próximo ao pai e também sabia que o CEO Im era um dos menos corruptos da região. O banco crescia cada vez mais sob a sua administração impecável.

Será que o Im mais novo assumiria a presidência após o pai?

─ Só tenho ramyun nos armários. ─ fala retornando à sala ─ Você come ramyun?

─ Como. ─ responde incerto olhando para trás ─ Você é a segunda pessoa a perguntar se eu como alguma coisa. Comida é só comida, se a pessoa estiver realmente com fome ela come até pedra.

─ Seu primo deve estar sem fome há quase uma semana então.

─ Você está com o meu primo?

─ Infelizmente ele ficou com a outra equipe ─ fala realmente mostrando pesar ─, não poderá vê-lo. Dimas é dividida em diversas equipes e você ficou na mais competente e qualificada. ─ ele ri ─ Seu primo não teve tanta sorte assim, ouvi histórias de que ele está sendo torturado e como tem reclamado da comida, está sem comer desde que chegou.

─ Então vocês são mais bonzinhos?

─ Pelo contrário. ─ fala voltando para a cozinha ─ Não temos ordens para te machucar ─ surge novamente segurando uma tigela com ramyun ─, pelo o que eu entendi é só para te manter longe da civilização até segunda ordem. Você não foi torturado pelo Jooheon, ainda está com todos os membros no lugar e pode muito bem pegar comida sozinho, tá fazendo o que em pé ai? ─ pergunta e Minhyuk permanece estático, sem reação ─ Vai logo, o jornal vai começar.

Minhyuk pediu desculpas telepaticamente para Changkyun e foi até a cozinha. Era um apartamento de luxo e o Im havia possivelmente o ganhado do pai ou algum outro familiar para usar enquanto estivesse em Laus.

Tudo estava impecável como se estivessem acabado de montar os móveis em seus devidos lugares e Minhyuk quase se sentiu desalojado. Pegou uma tigela no balcão e a encheu com o máximo de ramyun que conseguiu.

Voltou até a sala, se sentou no chão ao lado de Changkyun, e manteve uma distância segura do seu sequestrador, este, que se ocupava em espalhar queijo por todo o alimento.

─ Há quanto tempo você trabalha com eles?

─ Cala a boca Lee ─ fala de boca cheia ─, vai começar.

Ontem à noite durante a Festa Anual de Abertura, a população de Laus foi surpreendida pela interrupção da gangue auto denominada “Iniciativa Dimas”. ─ a repórter começa, usando o mesmo tom para toda a frase ─ Eles invadiram o Pavilhão de Eventos e fizeram mais de vinte reféns, cinco pessoas foram mortas.

─ Tudo isso? ─ diz Minhyuk.

─ Como assim chamou a nossa religião de gangue? ─ fala Changkyun desacreditado ─ Máfia se encaixaria melhor. ─ coloca mais comida ainda na boca ─ Esses números estão errados, eu sozinho carreguei cinco cadáveres.

─ Dá na mesma! ─ Minhyuk retruca ─ Há realmente a necessidade de matar tanta gente?

─ Mais tarde eu vou te ensinar as diferenças entre gangue e máfia. ─ fala enquanto a mulher descrevia o crime enquanto fotos da noite anterior irrompiam pela tela ─ Se morreram foi porque tinha um motivo.

A segurança do local afirma que não haviam notado a vulnerabilidade do seu sistema e se desculpa pela invasão. ─ quem fala dessa vez é o homem a sua direita quase engasgado na própria gravata ─ Os meliantes foram identificados completamente vestidos de preto, com máscaras e demais acessórios tampando o rosto. Em um áudio do que parecia ser o líder da quadrilha...

─ Está ficando pior. Quadrilha? Quem eles pensam que eu sou? Um cara que amarra a camisa no rosto com um fuzil nas costas? ─ Changkyun fala fazendo Minhyuk rir.

Eles manifestam principalmente contra as corrupções e injustiças que ocorreram no último ano na cidade. Prometeram expor os envolvidos numa ameaça direta às Famílias Tradicionais.

Um vídeo da noite anterior começou a ser projetado na tela. Mostrou o exato momento em que o Corvo havia começado a falar. De acordo com os jornalistas, o vídeo tinha viralizado na internet durante a madrugada.

Outras dez pessoas foram dadas como desaparecidas incluindo Lee Minhyuk, um jovem de vinte anos que estaria substituindo o primo durante a Cerimônia de Abertura. A Iniciativa assumiu responsabilidade sobre todas elas.

─ Pelo menos pegaram uma boa foto sua ─ Changkyun observa dando um gole na latinha de refrigerante ─, agora vai começar a parte divertida.

A repórter no estúdio fala mais algumas palavras sobre a noite anterior e a tela muda para um cenário conhecido de Minhyuk: sua casa.

Outra repórter estava prostrada em frente a porta de sua casa no bairro de Goyang. Uma dor veio de imediato em seu peito. O prédio de Changkyun também ficava em Goyang. Sua casa estava tão perto, mas, ao mesmo tempo, tão longe.

 ‘O mesmo grupo denominado Iniciativa Dimas, na manhã de hoje, assumiu responsabilidade sobre o desaparecimento de Lee Hwahee, um jovem de 21 anos que não dava notícias para a família há quase uma semana.

‘Na noite de ontem, logo após o acontecido no Pavilhão de Eventos a família informou que teriam recebido uma ligação do rapaz, ao atende-la, eles ouviram Hwahee pedindo ajuda durante o que seria uma tortura.

─ Eu não acredito. ─ foi a primeira coisa que Minhyuk disse.

‘Desde que a família tomou uma atitude, os policiais tentam negociar com os bandidos. Hwahee estaria estudando no Japão durante mais de um mês e não havia dito para a família que viria para passar o Natal, então, por esse motivo, pensaram que Hwahee chegaria em Laus apenas no primeiro dia do ano para a abertura.

─ Caralho, pensei que você estivesse brincando! ─ fala Minhyuk, estupefato ─ Ele é um bosta mais ainda é meu primo.

─ Minha família também é assim ─ Changkyun ri ─, são todos uns merdas, mas amo todo mundo.

‘Por conta dessa falta de informações, a polícia teme que Hwahee tenha sido alvo de torturas durante todo o período que permaneceu em cativeiro, e que o outro primo ─ Lee Minhyuk, esteja passando pela mesma situação, ou pior.

Antes mesmo que a mulher terminasse a sentença, Changkyun desligou a TV, recolheu as duas tigelas e foi até a pia para lavá-las, deixando Minhyuk sozinho com os seus pensamentos.

Teria algum dos gritos que ouvira durante a noite anterior dentro do casarão sido do primo mais velho?

Tortura, assassinato, extorsão. Era disso que aqueles caras viviam. Poderia estar sendo bem tratado, mas haviam outras pessoas sendo maltratadas, isso não é certo. Se levantou de onde estava e foi até a cozinha importunar Changkyun.

─ Organização. ─ ouve assim que dá o primeiro passo ─ É isso que difere uma gangue de uma máfia. ─ ele suspira guardando a última tigela no armário ─ Numa máfia, existe um chefe pré-definido, um objetivo claro e relações hierárquicas para cada um saber o seu lugar, o que fazer, e a hora de agir ─ faz uma pausa ─; em uma gangue não existe isso, cada um faz o que quer, segundo o seu objetivo próprio usando a violência acima de tudo.

─ Por que está me dizendo isso?

São Dimas ─ fala apoiando uma das mãos na cadeira ─, padroeiro dos Pecadores Arrependidos ─ continua rindo timidamente ─ no dia da Paixão do Senhor.

─ Você é católico?

─ Todos das Famílias Tradicionais são. ─ fala explorando o óbvio ─ Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São João: “E, levando Jesus às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado calvário, que em hebraico, se chama Gólgota, onde o crucificaram, e, com ele, outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio”.

─ Glória a vós Senhor! ─ zomba Minhyuk.

─ O ladrão da direita, se arrependeu no último instante, o nome dele era Dimas. ─ Changkyun o ignora ─ Todos temos direito a segunda chance, todos ainda podem se arrepender, mesmo se for no último instante.

─ E o ladrão da esquerda?

─ Ele morreu e não foi salvo ─ justifica ─, por que não se arrependeu. Por isso que algumas pessoas acabam morrendo nesse ramo.

─ Você é religioso?

─ Nem um pouquinho ─ ri alto, e Minhyuk o acompanha ─, tudo isso é ideologia.

 

 

Capítulo Quatro ─ Glória.

 

 

“Não use de Deus ou de falsos espíritos para justificar,
Agradeça então a aquele que realmente importa!
Isto é, meritocracia,
Você trabalhou por isso, você que se esforçou e se lascou...
Então é digno disso, pode aproveitá-lo sem culpa.
Onde estaria agora se não fosse pelo dinheiro?
Ele molda você, se tem pouco ou nem tem!
Tu não é merecedor da Glória...
Se se conseguiu muito dele...
Então é honrado o suficiente para usá-lo"

 


Notas Finais


É isso aí coleguinhas!! Não se esqueçam do Jooheon, personagem importante d++ (fic joohyuk pq será?)
Podem criar expectativas pq tem coisas ótimas chegando rsrs


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