História Lovable Girl - Capítulo I

Andava tranquilamente enquanto lia um dos livros de seu autor preferido, J.R.R Tolkien. Sabia que era perigoso, mas já estava tão acostumada com aquela situação que para ela andar normalmente era algo incomum.

Absorta na leitura apenas se dera conta de onde estava quando uma pétala rosada caiu sobre o livro, chamando sua atenção. Parou de andar desviando seu olhar para o céu azulado, sorriu com a imagem do mesmo contrastando com as flores de cerejeira.

Estava tão hipnotizada com tal imagem que não percebeu a aproximação repentina do rapaz. O mesmo parou atrás da garota pigarreando para lhe chamar atenção. Virou lentamente assustando-se com a imagem do homem a encarando irritado. Iria desculpar-se por parar no meio do caminho, porém ele a cortou.

- Namora comigo? - Soou um pouco rude, dando um passo em direção da azulada sem deixar de encará-la.
- S-sim. - Arregalou os olhos ao perceber o que havia dito.

Estava louca? Como pôde deixar seu medo responder por ela? Mas, ele parecia tão nervoso que temia o que poderia acontecer se negasse. Conhecia a fama de delinquente de Gajeel e não queria vê-la pessoalmente.

Ficou observando o moreno afastar-se, queria desfazer aquele mal entendido, porém tinha medo da reação do rapaz. Ficou um tempo amaldiçoando-se por ter sido tão precipitada e fraca perante aquele olhar. Sem mais o que fazer foi para sua sala, teria que esperar pelo intervalo para poder falar com suas amigas, já que era a única que escolhera cursar letras.

As aulas passaram rapidamente e logo encontrava-se indo em direção da cantina. Não demorou muito para encontrar as garotas e contar o que havia acontecido. Um silêncio perturbador formou-se na mesa para logo tornar-se uma briga de quem falava antes. Erza dizendo que iria matá-lo, Lucy pedindo como Levy pôde concordar com aquilo, Cana rindo descontroladamente e Juvia tendo seus devaneios loucos com Gray.

- Não importa. - Soara alto o suficiente para chamar a atenção de todas. - Esclarecerei tudo quando encontrá-lo novamente.

Esclarecer tudo... Mas, como? No final das aulas, lá estava ele a esperando no portão com sua costumeira expressão.

- Vamos. - Deu as costas andando um pouco rápido.

Não sabia se essa era a melhor hora, porém ele não poderia atacá-la na frente da escola, poderia? Andou rapidamente até ficar a uma distância razoável, respirou fundo reunindo toda a coragem que havia em seu ser.

- Gajeel. - Estava hesitante, porém deveria falar antes de ser levada para um local estranho.
- Hm... - Parou de andar, virando para encará-la.
- Não... - Balançou os braços em frente ao seu corpo, sorrindo forçadamente.

Suspirou derrotada vendo o rapaz voltar a andar, porém mais devagar. Sentia-se idiota por não conseguir dizer o que queria. Ele provavelmente terminaria ainda naquela semana ao perceber como era desligada e estranha. Então, estava tudo bem, certo?

Caminharam por alguns minutos até chegarem em uma cafeteria. As paredes brancas estrategicamente descascadas mostravam os tijolos, dando um ar antigo e reconfortante ao local. As mesas redondas de madeira rústica estavam espalhadas com suas cadeiras, da mesma composição, porém estofadas.

Tinha uma iluminação perfeita caso alguém sentisse vontade de ler, nenhuma música era tocada, o que a agradava. Porém, o que mais lhe chamou a atenção foi a estante de livros mais ao fundo. Andou até a mesma surpreendendo-se com os livros que haviam ali. Eram todos raros e antigos, não havia um ali que ela não gostaria de ler.

Não sabia se era permitido pegá-los, mas não se importou. Pegou o que mais lhe chamou atenção e foi sentar-se na mesma mesa que Gajeel. O mesmo apenas a olhava sem entender como ela podia ficar tão estupidamente feliz por causa de um livro.

- Você sempre vem aqui? - Tomou coragem para perguntar depois de fazerem seus pedidos.
- Claro que não. - Encarou-a como de costume, vendo-a encolher-se um pouco antes de abrir o livro e começar sua leitura.

Não imaginava quanto tempo havia se passado. Já havia pedido umas oito xícaras de café, sem contar com os refrigerantes. Desse jeito iria à falência, mas não se importava. Era um tanto engraçado observá-la lendo, as expressões que a mesma fazia dependendo do que lia, por algum motivo, lhe fascinavam. Poderia ficar dessa forma por horas que não se incomodaria.

- Com licença, já iremos fechar. - Sorria gentilmente olhando para o casal.

Levy assustou-se com o que a mulher de madeixas esbranquiçadas falava, porém sorriu tímida como resposta. Olhou para Gajeel, que já pagava a conta, esperando uma bronca, mas apenas recebeu a mesma expressão costumeira, vendo-o levantar-se.

Não fazia ideia do que se passava na cabeça do moreno. E, apesar de ter perdido a noção do tempo, ele não parecia incomodado, o que a surpreendeu já que o mesmo parecia sempre querer esmurrar alguém.

- Você é tão idiota quando está lendo. - Deu um pequeno sorriso ao ver a expressão levemente ofendida da azulada. - Vamos lá, não é tão ruim assim.

Aproximou-se dando leves tapinhas na cabeça da garota, ela parecia tão pequena e indefesa. Talvez isso também contribuiu para lhe chamar a atenção, nunca havia sentido aquela vontade de proteger alguém como agora. Soltou uma risada acompanhada de um “Geehee” ao ver Levy passar de ofendida para emburrada.

O que ela era? Uma criança por acaso? Mas, era estranho vê-lo daquela forma tão diferente do normal. Ou, talvez, apenas não o conhecesse como imaginava, talvez ele não fosse tão assustador como falavam.

Duas semanas já haviam se passado desde que começaram a ir até aquela cafeteria. Não sabia o motivo daquilo estar durando por tanto tempo, mas não era tão desagradável como pensou que seria. Ele apenas sentava em silêncio e a esperava ler sem se importar.

Não estava fazendo de propósito para que ele se cansasse dela, ela simplesmente não conseguia parar de ler. Até pensava em parar antes de Mira avisá-los que estavam fechando, mas era impossível, sempre perdia a noção do tempo estando naquele local.

E, novamente, foi interrompida pela esbelta mulher, não entendendo o motivo da mesma chamá-la tão cautelosamente. Apenas percebeu o motivo ao vê-la apontar em direção de Gajeel que dormia tranquilamente apoiado na mesa.

- Como você sabe, após os clientes atingirem certo valor gasto em nosso estabelecimento, tem direito a uma foto com qualquer uma de nós. - Falou referindo-se as garotas que trabalhavam na cafeteria. - Porém, não aguentei e acabei tirando uma foto ontem... - Olhou para Levy como se pedisse desculpas pela atitude. - Bem, espero que goste. - Sorriu gentilmente.

Levy pegou a foto de Mira, corando ferozmente com o que viu. Ela com as bochechas coradas e uma expressão de surpresa, sabia exatamente o momento em que Mira tirou aquela foto. Ainda lembrava-se da vergonha que lhe assombrou ao ler a cena do beijo com Gajeel a sua frente.

Mas, o que mais a perturbou era Gajeel que a olhava tão intensamente, parecia que a engoliria a qualquer momento. Olhou para o rapaz adormecido sem conseguir compreender o que se passava entre eles. O que exatamente se passava na cabeça de Gajeel?

Guardou a foto em seus pertences, pronta para acordá-lo, porém algo chamou sua atenção. Sabia que não deveria mexer nas coisas de outras pessoas, mas sua curiosidade foi mais forte, fazendo-a tirar um livro da mochila, aberta no chão, do garoto.

Havia várias páginas marcadas, cada uma com uma cafeteria diferente. Também haviam alguns locais que casais provavelmente frequentavam. Corou ao ver a cafeteria em que estavam com um marcador vermelho. Ele havia feito aquilo tudo pensando nela? Mas, por quê?

Colocou o livro onde havia pego, estava corada e não compreendia o que aquilo poderia significar. Respirando fundo, tentou acalmar-se antes de acordar o moreno. Gajeel olhou em volta vendo que já estava na hora de irem, iria pagar a conta, porém foi impedido pela azulada dizendo que já havia feito aquilo. Suspirou saindo do local com a azulada atrás.

- Gajeel... Por que você me escolheu? - Corou ao ter a atenção do rapaz voltada para si.
- Eu não tenho razões para me apaixonar. - Encarou-a seriamente vendo a surpresa formar-se no pequeno rosto da garota. Em seguida, virou-se para frente, voltando a andar.