Tempo perdido ?
DOIS MESES DEPOIS
VIVIAN
Acordei desanimada ...enfrentar a monotonia daquela rotina , estava sendo bem difícil .
Me sentir dependente de outras pessoas para as minhas necessidades mais básicas , era constrangedor e doloroso . Agora , eu conseguia compreender o que Mike e Nick , sentiram quando ficaram impossibilitados de se locomoverem por si mesmos .
Por falar em Mike , continuávamos conversando diariamente . Entretanto , eu só tinha o visto uma vez nesses últimos dois meses , quando ele e Bella vieram me visitar . Infelizmente , não ficamos à sós em nenhum momento. Ela parecia fazer uma marcação cerrada para impedir que ficássemos sozinhos e contava com a ajuda de Nick.
Já ela vinha ao menos uma vez por semana me ver e ligava todos os dias . Nós nos aproximamos muito , nossas conversas me distraiam . E isso também me fazia sentir culpada , por continuar nutrindo sentimentos nada fraternais por Mike .
Eu vivia em uma confusão de sentimentos e me sentia uma bomba relógio , prestes a explodir . Principalmente porque Mike , estava se comportando como um irmão dedicado e preocupado com o meu bem estar , mas só isso . Em nossas conversas e trocas de mensagens , falávamos sobre diversos assuntos , mas nunca sobre o que sentíamos . Quer dizer , provavelmente o que eu ainda sentia , já que ele parecia não me ver mais como mulher .
E por mais , que todos tentassem tornar essa situação suportável , eu me sentia sendo posta à prova ... e infelizmente , falhando no teste . Comumente , ficava mau humorada e impaciente , já que meu mundo havia sido restrito ao meu quarto. Eu assistia TV , lia e até comecei a fazer aulas avançadas de português e espanhol online , tudo para ocupar meu tempo e não ficar pensando no que poderia acontecer à bebê .
Isso mesmo , a bebê . Uma menina forte e lutadora , que apesar de todas as probabilidades e dificuldades , estava se desenvolvendo . A cada dia eu a amava mais e cada vez que a sentia se mexer , concluía que esse sacrifício e qualquer outro que eu tivesse que fazer valeria à pena por ela .
Fui tirada do meu momento de introspeção por Nick , que havia voltado a trabalhar e chegou mais cedo do escritório .
- Oi , baixinha . Como meus amores passaram o dia ? – perguntou sorrindo e se sentando ao meu lado na cama , passando a mão pelo meu ventre .
- Sobrevivemos . – respondi seca , sem retribuir o cumprimento e muito menos ao sorriso .
- Ok ... – pareceu sem saber o que falar por um instante, até que perguntou com um tom melífluo – Há algo que eu possa fazer por você ?
- Só se você for Deus !!! – disse amarga – Do contrário , só me deixe sozinha !!!
Ele se levantou abruptamente da cama e saiu do quarto sem dizer nada .
Droga !!! O que eu estava fazendo ?!
Ele não tinha culpa de nada e maltrata – lo não irá mudar a situação , só piorar.
- Nick ... NICHOLAS !!! -gritei arrependida .
Ele veio ofegante e assustado :
- O que foi ?! Você está se sentindo mal ?!
- Estou ... Eu ...
- Calma , eu vou ligar para o Dr. Anders e ...
- Nick !!! – disse incisiva, interrompendo – o - Estou me sentindo mal , pela maneira com te tratei . Me perdoe ,amor ... eu não sei o que me deu . Eu só ...
Ele suspirou aliviado e sentou ao meu lado , me abraçando .
- Tudo bem . Eu sei que está sendo difícil e sofrido para você passar por tudo isso , eu entendo . Porém , eu também sofro ao te ver assim .
- Eu sei , vida . Mas é que às vezes , eu fico com tanta raiva e acabo descontando em você. Que bela psicóloga eu sou ... Não consigo controlar meus sentimentos e nem entende – los .
- Vida , você é uma excelente profissional . Acontece que agora , você está diretamente envolvida na situação , não há como manter o distanciamento necessário para analisar e tentar encontrar uma solução . Nós só podemos desejar que o tempo seja nosso aliado .
- Você tem razão . – falei mais calma .- Mas mesmo assim , preciso que me perdoe . Eu fico arrasada , a cada vez que me descontrolo e acabo agredindo você .
- Eu entendo , minha baixinha invocada !!! Está tudo bem.
Me beijou castamente , mas eu o segurei pela nuca e aprofundei o beijo , invadindo sua boca com a minha língua sofregamente . Quando separamos nossos lábios em busca de ar , ele falou bem humorado :
- Hum ... preciso te deixar arrependida mais vezes .
- Seu bobo. – falei , voltando a beija – lo .
O abracei e passei a acariciar suas costas , enquanto pressionava meu corpo ao seu com ansiedade . Ele retribuía ao beijo sugando minha língua e mordiscando meus lábios . Acariciei seu tórax e tentei abrir sua camisa , mas ele me impediu .
- Vivian , é melhor não começarmos uma coisa que não poderemos terminar .
Disse isso e se levantou , se afastando de mim. Eu ardia de desejo e agora de frustração .
- Nicholas !!! Você não me deseja mais ...- disse triste .
- Vida , claro que te desejo e muito . Mas ...
- Mas eu estou gorda e feia !!! Não é isso ? -perguntei com raiva .
- Vivian !!! Claro que não !!! Você continua linda , mas nós temos que seguir as recomendações médicas . Não podemos colocar nossa filha em perigo , amor .
Ele pareceu constrangido e bastante desconfortável com a situação.
- Sei , nossa filha ... Nicholas , você está me traindo ?! – perguntei de supetão .
- Vivian !!! Claro que não !!! – disse aparentemente chocado. – Eu te amo !!! Jamais faria isso .
Nesse momento o celular dele começou a tocar , ele o tirou do bolso e verificou quem era . Dizendo em seguida , com uma expressão indecifrável :
- Preciso atender . É do trabalho . – se encaminhou para a porta e saiu do quarto , mas eu ainda pude ouvir quando ele atendeu . – Oi, Lígia ...
Ao ouvir aquele nome , senti uma angústia indefinível ... será que ... ? Não !!! Rechacei de imediato, esse pensamento .
Instantes depois ele voltou ao quarto e eu fingi dormir. Não queria continuar aquela discussão, que não nos levaria a lugar algum .
Ele tomou banho e depois de se trocar , se deitou ao meu lado. Entretanto , não se aconchegou a mim como costumava fazer , permaneceu em seu lado da cama .
Havia algo errado .
Muito errado , acontecendo e eu irei descobrir de qualquer maneira !!!
Com esse pensamento em mente , acabei adormecendo e caindo em um sono agitado .
NICK
Cheguei em casa cansado e louco por um banho .
E apesar de ter tentado sair mais cedo do escritório , mais uma vez Lígia , havia me segurado lá por um motivo irrelevante e aproveitou para se insinuar de novo .
Confesso que dessa vez , não achei tão ruim ficar por mais um tempo no trabalho . Ultimamente , voltar para casa estava sendo desgastante, já que Vivian estava frequentemente de mau humor e eu era o alvo preferido em que ela o descontava .
Obviamente, repeli as insinuações dela . Mas reparei como ela era bonita , se eu não fosse casado e amasse minha esposa , certamente me envolveria com ela .
Flashback on
Estava terminando de desligar meu computador , pronto para ir embora , quando ela entrou sem bater em minha sala .
- Nick , eu encontrei um erro em uma cláusula desse contrato .
Olhei para a pasta que ela tinha em mãos e em seguida para seu rosto que tinha uma expressão enigmática. Suspirei cansado e disse :
- É mesmo , Lígia ? Então vamos ter que revisa – lo pela milésima vez .
Não consegui evitar de ser sarcástico e ela me olhou estreitando os olhos , em um claro sinal de desagrado .
- Vamos mesmo , dr. Bennet . Afinal , somos pagos para isso e , muito bem pagos diga – se de passagem . – respondeu ferina .
- Ok . Vamos lá. – falei ignorando sua provocação e me sentando.
Ela se aproximou em silêncio , se sentou à cadeira em frente à minha mesa e começamos a trabalhar .
Duas horas depois , com fome e dor de cabeça, terminei a revisão . Acrescentei um adendo à cláusula , algo que ela mesma poderia ter feito , e o problema estava resolvido. Salvei o arquivo e desliguei o computador . Me levantei e me espreguicei , sob o olhar analítico dela .
- Nick , você tem andado muito tenso . Precisa relaxar ... – seu sorriso sugeria um tipo específico de relaxamento .
- É , ando mesmo . Mas nada que não se resolva com um bom banho e um abraço da minha esposa .- seu ar de desagrado ao ouvir minhas palavras, foi cômico .
- Eu pensei em algo mais interessante ... – falou , enquanto se aproximava e ficava a centímetros de mim .
Encurralado por ela , a olhei sério e falei :
- Eu prefiro ir para casa e ficar com a minha mulher. Para mim , não há nada mais interessante .
Porém , a proximidade do corpo dela , estava despertando uma sensação bem conhecida : desejo .
- Ah , que pena você ser tão careta !!! Nós podíamos nos divertir muito juntos . – falou passando a unha do dedo indicador , pelo meu peito.
Repeli seu contato e a tirei da minha frente , sem muita delicadeza.
- Lígia , você está nos colocando em uma situação constrangedora e muito desagradável . Nós somos colegas de trabalho e não passaremos disso , fui claro ? – falei friamente.
- Claro ,mas não convincente . – me surpreendeu com sua resposta e um beijo no canto dos lábios .
E em seguida saiu rindo e rebolando os quadris generosos , me deixando sem reação e com uma ereção vergonhosa.
Flashback off
No caminho para casa , vim me recriminando por ter reagido daquela forma à provocação dela . Tentei me justificar para mim mesmo , alegando que era uma reação natural de um homem saudável que não fazia sexo há mais de dois meses . Mas era apenas físico e nada mais . Eu sentia falta de fazer amor com a minha baixinha , mas principalmente , do seu carinho e das nossas longas conversas . De ficarmos abraçados , ouvindo música ou de não de não fazermos nada , mas estarmos juntos e em paz .
A constante tensão e irritação dela , me fazia pisar em ovos o tempo todo e me sentir um inútil . Já que tudo o que eu fazia , a deixava de mau humor ... eu tinha a sensação de não acertar nunca . E ultimamente , vinha sentindo cada vez menos vontade de voltar para casa ...
E chegar em casa e ser tratado mal , não estava ajudando.
Procurava ser tolerante , afinal ela estava passando por uma situação que poderia ser chamada de no mínimo , difícil . Eu sabia muito bem , como era ruim depender dos outros e não poder ter uma rotina normal . E eu ainda tinha tido o agravante de ter passado por tudo isso , acompanhado de uma dor excruciante e pelo nosso relacionamento em crise .
Contudo , por mais que eu fizesse , ela sempre conseguia achar alguma coisa errada e transformar isso , em um motivo para brigar comigo . E confesso que mesmo entendendo e relevando suas agressões , me sinto sem paciência .
E pela primeira vez , gostei de ser incomodado por uma ligação de Lígia, fora do horário de trabalho . Aquela ligação , que antes eu chamaria de inoportuna , veio a calhar . Evitou que discutissimos e acabássemos por nós magoar .
Entretanto , confesso que fiquei tentado à aceitar o convite de Lígia , para tomar um drinque com o pessoal do escritório . Recusei com vontade de ir e me senti culpado por isso .
Tomei banho e quando saí do banheiro , dei graças ao céus por ela estar dormindo . Me deitei e pela primeira vez , não tive vontade de abraça – la .
Acabei por adormecer , pensando que no dia seguinte eu não poderia me refugiar no escritório , pois era sábado e seremos apenas nós dois . Nossas mães têm compromissos.
No dia seguinte , acordei primeiro que ela , fiz minha higiene e fui preparar o nosso café da manhã . Quase uma hora depois , quando voltei ao quarto ela ainda dormia .
Fiquei observando – a , tão serena e desejei ardentemente , que ela continuasse assim quando acordasse . Evitei de fazer barulho e me sentei na poltrona para ler .
Não sei ao certo , quanto tempo depois a ouvi me chamar :
- Nick ...
- Bom dia , vida . Dormiu bem ?
-Bom dia , amor . Sim , dormi . Mas preciso ir ao banheiro ...
- Ok . Vou pegar a cadeira ...
- Não !!! Eu quero ir andando . – falou taxativa.
- Certo . Mas você devia evitar ...
- A distância é curta e você está aqui , caso aconteça algum problema . Por favor ...
- Então vamos lá . – falei .
Eu não conseguia resistir aquele tom doce e ao olhar de criança pidona que ela fazia .
A ajudei levantar e fui a amparando até o banheiro . Notei que ela estava pálida e bem fraca , o que é normal para quem só ficava deitada a maior parte do tempo . Esperei que ela se aliviasse e dei banho nela . Lavei seus cabelos com delicadeza e seu corpo , massageando cada pedacinho .
Me surpreendi quando cheguei à sua intimidade e ela segurou minha mão ali , friccionando -a . A olhei e vi o desejo arder em seus olhos e meu corpo reagiu de imediato .
Comecei a brincar com seu sexo , massageando seu clitóris entre meus dedos, até faze – la arquear o corpo . Então a penetrei com meus dedos delicadamente, estocando lentamente. Não precisei repetir muitas vezes o movimento , pois senti se contrair ao redor dos meus dedos e gozar.
Quanto à mim , sentia meu membro latejava de tão ereto porém não havia como me aliviar , senão sozinho . Afinal , ela estava proibida de manter relações sexuais .
Terminei de dar banho nela , a sequei e troquei , colocando na cama no mais absoluto silêncio. Quando terminei de acomoda - la , ela disse baixinho :
- Desculpe por ser essa decepção ...- a olhei surpreso e vi seus olhos cheios de lágrimas , que pareciam prestes a transbordar .
- Vida , está tudo bem . Você é a melhor coisa da minha vida ... vocês duas , são .
- Eu nem posso ser sua mulher por completo ...
- Você é a mulher mais completa e perfeita para mim . E depois que nossa filha nascer , farei você me recompensar .
A abracei e senti suas lágrimas umedecendo minha camiseta.
Depois que ela se acalmou , trouxe nosso café e comemos , conversando sobre amenidades . Ela parecia relaxada e rimos juntos , como há muito não fazíamos .
Após nos alimentarmos , ficamos na cama abraçados e assistindo um filme da Disney . Entretanto , na metade do filme, ela adormeceu . Aproveitei para ir ao banheiro , antes de preparar nosso almoço.
Enquanto urinava, lembrei do banho dela e do que havia acontecido . Imediatamente , me sentir enrijecer e precisei me aliviar . Estava indo tudo bem , até que a imagem de Lígia invadiu minha mente ...
- Puta que pariu !!!
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