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História Love And Letters - Contato - Sete Letras


Escrita por: BahMorgado

Notas do Autor


Essa fic é principalmente para me ajudar com os estudos, mas ainda assim, espero que gostem
Enjoy!

Capítulo 2 - Contato - Sete Letras


POV/N

“Para vocês, o que é respeito? Onde começa e onde termina? Vocês acham que são pessoas exemplares que merecem respeito? Olhe para o colega ao lado. Ele merece respeito? Sim? Não?”

Lauren olhou para o lado, encontrando Dinah a fitando de um jeito engraçado, como se exigisse uma resposta para a pergunta da professora.

“Lauren.”, a professora chamou, trazendo a atenção da turma para a morena.

“Sim, Senhorita Lovato?”

“Dinah merece respeito? E você, merece o respeito dela? Por qual motivo?”, a professora, doutora na mesma Universidade em que agora trabalhava, esperava uma resposta nada menos que perfeita de sua aluna favorita.

“Dinah é minha melhor amiga, então é óbvio que a respeito e muito. Mereço o respeito dela exatamente porque a respeito, entende? Isso tem de ser mútuo...”, Lauren se sentia tensa por saber que todos estavam olhando para ela. Respirando fundo, imaginou que naquele momento só existiam ela e sua professora. “... C-como pessoa, não tenho dúvidas, ela merece muito respeito, no mínimo, da minha parte, porque nunca fez nada de ruim para mim e nem para outra pessoa. As pessoas só deixam de merecer respeito a partir do momento em que elas deixam de respeitar o limite do próximo.”

Lovato sorriu e Dinah puxou Lauren para um abraço rápido e acalorado.

“E é exatamente nessa parte em que eu queria chegar… Respeito é uma questão de não ultrapassar o espaço do outro se ele não te deu autorização para isso, seja físico ou emocional.”, houve uma pausa para fitar cada um de seus alunos, que em quatro anos, seriam professores. Eles precisavam aniquilar seus preconceitos. “Independente se isso te incomoda ou não.”

Naquele momento a sala totalmente fechada ganhou um brilho a mais, o que acontecia quando as portas eram abertas, e uma professora jovem seguida por pelo menos vinte alunos adentraram o local. Lauren e sua quase claustrofobia não aprovaram a situação. A professora da segunda turma se juntou a professora de Letras e as duas iniciaram uma conversa sussurrada.

“Mas que porra é isso?”, a voz de Ally vinha logo atrás das mais novas.

“É o que vamos saber agora.”, Dinah murmurou com tédio.

Nesse momento alguns alunos ainda desciam e um deles teve o incrível azar de tropeçar no próprio pé e cair desajeitado sobre a mesa de Lauren, - que em sua fila se sentou por último para o corredor declinado de degraus -, tentando a todo custo se equilibrar para não continuar caindo escada abaixo. A sorte de Lauren era que a longa mesa era bem presa ao chão.

“Desculpa, desculpa.”, Camila disse ao erguer o rosto vermelho, pronta para encontrar alguém a fitando com ódio.

“Você está bem?”, Lauren perguntou docemente, contrariando os pensamentos envergonhados da latina.

Esmeralda. Camila constatou e corou fortemente.

“Não… Digo, sim. Sim. Estou bem.”

Chocolate. Constatou Lauren e não pode deixar de sorrir pela forma fofa como a mulher a sua frente se comportava. Bem, seria aquela uma mulher? Ou estaria ainda vivenciando a adolescência, como a maioria de seus colegas? Seus pensamentos foram cortados por uma mulata, que chegou rindo embora tentasse se conter.

“Camila, você só me faz passar vergonha.”, a latina revirou os olhos enquanto era puxada pela outra mulher para alguma vaga para que pudessem se sentar.

Sentindo seu braço arder, a morena se virou para a melhor amiga com os olhos arregalados. Dinah tinha os olhos brilhantes e um ar meio abobalhado.

“É ela…”

“Ela quem, Jane? E solta meu braço! Quer arrancar meus ossos?”

Ela ficou esperando uma resposta, então Ally se debruçou e disse,

“Normani Kordei. E se você se recorda, Ashlee também é louca por ela.”

Isso foi o bastante para fazer a maior procurar por toda a sala desesperadamente por sua outra amiga. Ashlee, que não era boba nem nada, já estava sentada ao lado de Normani, tendo um diálogo com ela e a latina.

“Eu vou cortar os dedos dela um por um se ela encostar na minha garota.”, Dinah praticamente rugiu.

A amizade entre Ashlee e Dinah tinha um limite e esse limite tinha nome. Tanto Lauren quanto Ally estavam acostumadas em presenciar discussões que envolviam a aluna de Artes Plásticas... O que era bastante engraçado, já que Normani, até então, não fazia ideia da existência de nenhuma das duas.

“Atenção.”, a professora Lovato pediu e todos tiveram que desviar o foco para a baixinha de cabelo curto e negro. “Hoje temos uma surpresa para vocês.”, anunciou, indicando com a cabeça a outra jovem professora. “Eu e a senhorita Gomez estamos com uma ideia já faz mais de um mês de juntar nossas turmas para um projeto muito interessante que beneficia ambos.”

“Vai contar mais que qualquer coisa para o conceito final de vocês do semestre, então se empenhem muito.”, toda a turma pareceu prender o ar com a revelação. “Espero que não tenham problemas sociais porque vamos juntá-los mesmo.”

Lovato continuou;

“O que queremos é que meus alunos escrevam um mini-book contando a importância da comunicação, das línguas, das letras, da importância do todo, com pesquisas profundas, fontes e, principalmente, escrevam formalmente fazendo reflexões... Envolvam assuntos diversos, me surpreendam aplicando o tema em um gênero qualquer. Com criatividade!”, o que Lauren poderia querer mais que aquilo? Nada. Estava no lugar certo, com os amigos e professores certos. Seu sorriso mal cabia em seu rosto com a sentença do trabalho.

Sentindo que estava sendo observada e seus instintos, que estavam corretos, a guiaram para a moça do rabo de cavalo. A latina sorria em sua direção distraída, admirada, até corar ao perceber que tinha sido pega no flagra e então cortaram as duas o contato. Um friozinho afagou o estômago de Lauren e seu rosto esquentou, contente. Nunca havia visto olhos castanhos tão lindos em toda sua vida.

“E quanto aos meus filhotes…”, todos riram da forma como a professora de Artes se referiu aos seus alunos. “Quero que criem capa, contracapa e produzam artes visuais ao final de cada capítulo e que, claro, faça jus ao que, nós, professoras, acabamos de ler. Façam com amor. Quero que apliquem interpretação, percepção, reflexão e crítica em suas produções. Pode ser uma simples arte até a arte digitalizada. Vocês têm no máximo dois meses para finalizar o trabalho. Os três melhores terão seu livro publicado no final do ano. Ralem. Ah, claro, meus alunos, agora mesmo, escolham cada um seu colega de Letras e se sente ao lado dele.”

Começou uma movimentação na sala que Lauren achou sufocante. Em meio a reclamações, os alunos do curso de Artes iam se sentando ao lado de quem sobrava do outro curso. Ao que parecia, nem todos ficaram contentes com o trabalho, e ela podia ouvir pessoas preocupadas com seus horários apertados e onde encaixariam uma tarefa tão importante. Ally já tinha seu par, um homem de cabelos e olhos escuros e de rosto fino. Os dois se entenderam bem logo de cara, mas não foi assim com Dinah e sua parceira.

Lauren percebeu surpresa a pupila de sua melhor amiga passar atrás de si para se sentar ao lado de Dinah, que muito nervosa, teve que pular a própria cadeira para dar lugar para o parceiro ou parceira de Lauren.

“P-por que me escolheu?”, Dinah perguntou exageradamente curiosa e a morena quis enterrar o próprio rosto de tanta vergonha. Normani deu de ombros, nem um pouco interessada em saber sequer o nome de sua nova parceria.

“Minha amiga escolheu sua amiga, então eu vim para ficar perto dela.”, e ponto.

Após ter sua resposta, Dinah ficou estranhamente quieta e tímida.

“Olá.”

“Olá.”, Lauren cumprimentou Camila com um aceno da cabeça e a ameaça de um sorriso. “Estou surpresa que tenha conseguido chegar aqui sem sofrer nenhum acidente.”

Camila riu. Ela não podia negar que era a personificação de desastre ambulante.

“É porque você não viu, mas quase torci meu pé ao levantar da cadeira em que me sentei.”

“Após aquela cena quando chegou, não duvido do que acabou de dizer.”

“Isso acontece sempre…”

Com tantos murmurinhos dentro da sala, a professora Lovato teve de bater em sua mesa para atrair a atenção de todos. Avisou que a professora de Artes e sua turma teriam que voltar para seus prédios, então todos tinham que trocar número e email o mais rápido possível.

Camila usava coturnos, calça de couro e camisa xadrez vermelho/preto. Era muito bonita e atraente. Lauren sentiu seu rosto esquentar, se envergonhando ao imaginar… A menina mulher se aproximaria se soubesse o que se passava em sua mente?

“E você é…”

“... Lauren Jauregui. E você…”

“... Camila Cabello, prazer.”

“Prazer”, Lauren apertou sua mão pequena e macia. “Será que pode me passar seu número?”

A latina estreitou os olhos.

“Abordagem rápida demais?”, perguntou a morena, tentando fazer piada.

A outra pareceu pensar sobre.

“Na verdade, desespera, não acha?”, retrucou mordendo o lábio volumoso.

“Na verdade, não. E então, será que posso ter essa honra?”

“Claro, moça. Achou que isso não aconteceria? Agora somos parceiras.”, ela disse aquilo olhando para o decote de Lauren, que fingiu não perceber e esperou ela terminar de anotar no papel. Só de pensar em ficar sozinha com uma pessoa tão atraente sentia um calafrio. E toda a graça que Lauren via nela, podia jurar, mesmo sem saber a razão, vinha de qualquer parte que ainda não descobriu, menos de sua aparência.

Olhando para o lado viu Dinah flertando com uma Normani claramente desinteressada. Riu achando graça da situação.

“Tem medo de doar sangue como uma criancinha, mas não teme a dor de levar um fora. Essa é minha garota...”, comentou com um sorriso.

A latina lhe entregou o papel agora séria, pálida, para ser mais exato, lhe ofereceu um meio sorriso nada sincero e saiu depois de puxar Normani para a saída, como se as palavras de Lauren tivessem apertado um gatilho em seu cérebro. E realmente foi o que ocorreu. Ela lembrou das centenas de panfletos que distribuiu de manhã após uma madrugada inteira os criando e tirando cópias, lembrou que teria que distribuir mais e que naquele momento sua prima poderia estar ainda pior que na noite passada.

Enquanto isso Lauren se perguntava se havia dito algo errado.

Dinah voltou derrapando para seu lado.

“O que aconteceu, Laur?”, ela a olhava brava por ter sua conversa animada interrompida.

“Não sei o que aconteceu, DJ.”

Ergueu os ombros ainda confusa com a rapidez com que o momento ocorreu. Depois dali não pode deixar de ficar chateada e pensando que podia ter estragado a tarde de uma pessoa falando alguma besteira. E logo de sua nova parceira. Palavras. Em sua boca se transformam em desastre. A felicidade logo foi substituída pelo medo de seu par pedir para que fizesse o trabalho com outra pessoa. E ela nem fazia ideia do porquê fazia tanta questão que fosse ela.

Ao final da tarde elas não falaram com Ally, que saiu dali conversando com seu misterioso parceiro, nem com Ashlee. A mulher negra com dreads passou por elas com um esbarrão no ombro de Dinah. Lauren só não queria perder a amizade dela, sabia o quão diferente e singular Ashlee era do restante das pessoas.

“Vamos embora, Bee. Antes que a biblioteca feche.”, Lauren disse cansada.

“Antes que o Paraíso nos feche suas portas por toda a eternidade. Até amanhã.”

“Isso foi profundo.”, ela murmurou, aprovando sua interpretação poética sobre a biblioteca.

Ainda não era noite, mas o tempo já estava escuro o suficiente para que isso fosse contestado. No Maine, especificamente, em Whitecloud, isso era bem comum, assim como a temperatura cair de súbito e acabar com o clima agradável.

“Vi que as coisas com a sua garota não foram tão ruins.”, Lauren sussurrou.

Dinah chutou uma pedra invisível, chateada.

“Foi péssimo… Ou ela é hétero ou eu sou muito sem graça… E nem sei se ela vai me ligar, não quis passar seu número para mim.”

“Vocês terão muito tempo juntas, Bee.”, Dinah balançou a cabeça nada animada. “Se ela não perceber a pessoa incrível que você é, nem mesmo que seja para se ter uma amizade, então não vale a pena o tempo que você gasta desenhando casais de bonecos de palito que você diz que são vocês duas.”

Como pretendia, Lauren conseguiu fazer sua melhor amiga rir.

“Acho que você aprovou sua parceria.”

“Não teve como não aprovar, Dinah. Me senti tão bem, você sabe o quanto sou tímida. Camila tem uma presença leve, agradável. Gostei disso. Acho que ela não me aprovou.”

“Eu encho a cara dela de porrada se ela ficar de frescura com você. Você é estranha mas não a ponto de falar uma coisa que faça uma pessoa fugir.”, Dinah a olhou de esgueira. “Eu acho.”, fechou a cara. “E pare de revirar os olhos, idiota.”

Ela apertou o braço envolta do pescoço de Lauren e essa gemeu entre risos. Um grupo estiloso passou as olhando torto pela cena. Naquela cidade as pessoas costumavam agir muito reservadamente e reservada era uma coisa que Dinah não era. A biblioteca estava a poucos passos delas agora e, maravilhosamente, de portas abertas.

“Você só tem tamanho, Dinah Jane.”, sentiu a boca da maior pressionar o alto de sua cabeça por cima da touca que usava.

Era possível caber tanto amor dentro do peito por alguém? Se não era, Lauren acabava de burlar a regra, porque o seu carinho por Dinah Jane era infinito.

“Lauren?!”

As duas pararam abraçadas, uma tinha um pé no degrau único até a entrada na Biblioteca, então se virou.

“Robert!”

A morena se desvencilhou do abraço da amiga e correu a todo vapor até estar com as pernas em volta da cintura de seu melhor amigo de infância. Os braços compridos e fortes a envolvendo com força. Após longos segundos girando em seu colo, ele a colocou no chão. Robert estava todo agasalhado com uma roupa escura, contrastando com seus olhos azul esverdeados, a pele rosada e os cabelos louros. Continuava, fisicamente, sem imperfeições.

“Wow, Lauren. A cada ano que passa você fica mais linda, como isso é possível, bolinho?”

Corou, acanhada com o elogio e pela forma adorável com ele a olhava. Ele era o tipo de homem a moda antiga; como rotulavam as famílias tradicionais, os homens educados e cavalheiros. Ouviu Dinah atrás de si batendo o pé no chão com impaciência.

“Você também está muito bem, Rob.”, ele sorriu de leve. Robert nunca foi de acreditar em elogios.

“Como você está?”

“Hoje, ótima. Aliás, essa é Dinah Jane, minha melhor amiga.”

“Oh, muito prazer.”

Ele estendeu a mão e ela apertou com educação. Lauren agradeceu por aquilo.

“Prazer.”, ela respondeu com a voz grossa, provavelmente enciumada e se afastou, como era de seu feitio quando se distraia ou estava irritada.

“O que está fazendo aqui? Esperava encontrar qualquer um, menos você.”

Ele estreitou a testa de um jeito fofo.

“Acredita que sou doutor? Estou trabalhando no hospital central, passei aqui para ver uma amiga e já estou indo fazer hora extra.”

Lauren o encarou abobada, ele tinha um sorriso orgulhoso.

“Uau, Rob. Parabéns!”

“Obrigado, linda. E como está seu livro?”

A expressão da mulher passou de aberta para uma expressão séria na hora, torcendo a boca para não dar uma resposta infeliz. Não existia uma boa resposta para a pergunta, e pensar em uma estava fora de cogitação. Aquele assunto se tornou um trauma há muito tempo.

“Podemos falar disso depois?”

Robert logo percebeu que tinha tocado num assunto delicado.

“Hm, me desculpe.”, ofereceu um sorriso. “Como posso me redimir?”

Era exatamente o que ela queria, uma oportunidade.

“Estou querendo doar sangue e convencer Dinah a doar também. Será que pode nos levar ao seu local de trabalho, Dr. Pattinson?”

C.C.E

Quando cheguei ao hospital com Normani nos deparamos com a sala de Vero estranhamente cheia. Ian, o namorado dela, lhe fazia um carinho na bochecha, enquanto Troye e Alessia falavam pelos cotovelos, fofocando sobre os assuntos do pessoal do Ensino Médio. Até Joe, um primo nosso, estava lá. Depois eu teria que perguntar ao meu pai se o diretor agora estava mais liberal.

Verônica podia estar na pior, porém, não estava sozinha. O que quer que fosse que ela tivesse que enfrentar, nós lutaríamos com ela e por ela. Ninguém sabia o que ela tinha de tão especial mas talvez fosse o sorriso fácil, largo e feliz, que fazia qualquer um se render a ela.

“Vou pegar uma água.”, disse a todos antes de sair dali. Não que alguém tenha realmente se interessado em escutar.

Uma vibração em meu bolso me alertou sobre uma nova notificação. Desbloqueei a tela e era uma mensagem de Lauren, soube pela foto de perfil. Aquele rosto perfeito era inconfundível. Gemi de frustração. Ela deve estar pensando que sou louca depois de ter ido embora daquele jeito, como se ela tivesse feito algo errado. Tive a sorte de poder escolher meu par, e agora corria o risco de ela pedir para fazer o trabalho com outro artista da minha classe.

Entretanto, na mensagem, ela pedia apenas que eu dissesse meus horários disponíveis para trabalharmos. Bom, isso era um grande passo. Salvei seu número e nome no meu celular antes de me adiantar até meu pai, que vinha em minha direção com uma prancheta.

“Por que estão todos aqui essa hora?”, inquiri ainda confusa.

“Dia de visitas, esquecidinha.”, meu pai sorriu.

“Oh, é mesmo.”, dei um tapa em minha testa. “Como está Sinu?”

Apesar de guardar grande mágoa por conta dela, ainda assim me preocupava se ela estava bem.

“Sua mãe está bem… Ela quer bastante que você entenda o lado dela. É muito ruim quando você fica muito tempo sem nos visitar.”

“Eu e você nos vemos sempre.”

“Você entendeu, Camila.”

Suspirei.

“Eu posso estar sendo intolerante, pai, mas nesse caso eu não posso ser menos.”

Ele fitou o teto por alguns segundos.

“Olha, filha, não vou insistir nisso. Acho que vocês deviam conversar.”

“Diz o que você quer dizer logo, pai.”

Conheço Alejandro como a palma de minha mão, e ele não terminou de dizer o que estava pensando. Ele passou a mão no rosto antes.

“Acho que você precisa amadurecer.”

Ri. Simplesmente ri. Ele não podia estar falando sério. Comecei a andar para longe dele.

“É disso que estou falando!”, Alejandro disse alto.

“Está bem.”, falei alto também, a minha voz carregada de raiva.

Droga! Por que ao invés de me escutar eles querem dar lição de moral? Não entendem que isso é contrário ao que eu quero? E nem é por mim, é por Verônica! Deus!

Minhas mãos tremiam enquanto eu tentava encher um copo de água. Merda! Merda! Merda! Odeio que me chamem de imatura. Tomei a água num gole só e quase engasguei ao escutar uma voz conhecida.

Lauren e sua amiga seguiam um doutor alto para outra ala do hospital, fazendo várias perguntas aleatórias. Elas estavam com as mesmas roupas. Fiquei bastante curiosa mas decidi voltar para o quarto de Vero, rezando durante o caminho para não encontrar com meu pai novamente.

Minha cabeça quando fico com raiva não consegue focar nada além das tremedeiras de minhas mãos e nos meus abatimentos acelerados.

Adentrei o quarto o mais discretamente possível, mas logo Normani veio me perguntar o que estava acontecendo. Eu não consegui dizer. Já estava chato ficar repetindo aquele assunto para ela toda hora e ela, como uma a amiga perfeita, ouve tudo como se fosse a primeira vez.

“Me beija, Mani.”, pedi fazendo cara de gato sem dono.

Ela cruzou os braços emburrando a cara.

“Aqui, Camila??”

“Estão todos prestando atenção na Vero, ninguém vai ver.”

Nos encostamos de mansinho na parede. Troye, Joe, Ian e Alessia conversavam animados com Verônica, apoiados em sua cama, ela não parava de sorrir nem um segundo.

Senti a boca de Normani no meu queixo antes de ela se apossar de minha boca. Imediatamente me senti mais calma, o coração desacelerando lentamente. Segurei em sua mão com força, não querendo pausa. Normani sempre foi e sempre será minha salva vidas de todos os momentos. Era um beijo apenas de lábios, e praticamente não nos movíamos para não chamar atenção. Só quando realmente cansei que a afastei e foi só nos afastar para Normani reagir de um jeito que eu não esperava. Ela endureceu.

“Que foi?”, perguntei preocupada, tocando seu rosto. O pessoal continuava entretido com Vero. Então, o que poderia ser?

“Esquecemos da janela, sua anta.”

Me virei de supetão, assustada. Lá estava, na janela, onde as persianas permaneciam abertas, a amiga de Lauren movendo a cabeça de um lado para o outro negativamente, os olhos vermelhos e lágrimas correndo seu rosto. Fiquei sem entender a cena, confusa. Ela estava chorando por me ver beijar Normani? As pessoas realmente estavam se importando muito com a homossexualidade nessa cidade.

“Que porra!”, Mani praguejou, indo se sentar na poltrona.

Assisti Lauren se aproximar da amiga com o médico e se assustar ao vê-la chorando. A mulher gesticulou muito em meio a falas rápidas e fiquei ansiosa para saber se ela estaria nos xingando e dizendo que o que aconteceu era pecado. O homem tinha a expressão confusa, mas aparentemente Lauren entendeu a amiga, pois olhou para mim e diretamente em meus olhos de um jeito que não consegui identificar antes de sumir de meu campo de visão.

Então me lembrei das últimas falas de Lauren antes de eu deixar o prédio do curso de Letras, no momento em que Dinah conversa com Normani.

“Merda…”


Notas Finais


Não sei se devo continuar, de verdade.
X0


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