Antonieta acabava de sair de seu mais novo estágio no Profeta Diário e, novamente, tinha ficado até mais tarde a pedido de sua chefe Rita Skeeter. A noite estava fria, sombria e silenciosa, muito provavelmente por causa dos dementadores que estavam ao lado de Voldemort e se recusavam em ficar aos redores de Azkaban, onde era seu lugar. O único barulho que se podia ouvir era o som de seus sapatos ecoando no asfalto, toc toc. Ela não era mais só uma aluna de Hogwarts.
Os últimos meses de seu 7º ano tinham sido cheios, com a notícia da morte de seu pai, as tarefas dos professores e as noites que ela usava para praticar oclumência e legillimens com Evan Rosier, porém, ainda assim, no final ela tinha sido excelente em suas N.I.E.M.s.
Agora, fora de Hogwarts, ela preferia poder voltar para o estresse das provas finais do que ter que aguentar as exigências de Rita Skeeter, todas as tarefas que a preparação de um casamento exigia e seu mais novo dever: as reuniões da Ordem da Fênix.
Sua primeira reunião acontecera uma semana antes e não houvera um lugar onde ela se sentira mais deslocada do que ali na sala de estar dos Longbotton, sendo provavelmente a única sonserina presente, alvo de olhares desconfiados. Seu próprio irmão lhe parecera bem diferente, quase como um líder ao lado de Lily, logo abaixo de Alastor Moody, mas nada daquilo a incomodara tanto quanto saber que Sirius e Marlene eram parceiros, faziam suas missões juntos, perseguindo e interrogando Comensais da Morte e faziam uma ótima equipe.
Antonieta bufou e cerrou o punho dentro do bolso da capa pensando em quantas noites os dois passavam juntos.
Estava quase chegando em casa quando sentiu algo esquentar sua pele até queimar. Soltou um grunhido aborrecido e segurou o medalhão, não podia mais ignorar o chamado dele, então aparatou sem saber aonde iria parar. Quando abriu os olhos, se viu na sala de estar da mansão Malfoy. Tom Riddle estava sentado em uma poltrona e abaixou o livro que estava lendo quando ela apareceu.
— Estou aqui.
— Soube que se formou em Hogwarts, Srta. Potter? Como foi nas provas finais?
— Quer mesmo saber disso? Não podemos ir direto ao assunto? — perguntou aborrecida e acrescentou para não parecer impertinente: — Perdoe-me, estou em um mal dia, milorde.
— Estou apenas sendo cordial, sente-se e me conte tudo o que já descobriu sobre a Ordem da Fênix.
Antonieta não se sentou, preferiu andar de um lado para o outro enquanto falava tudo o que tinha permissão para falar sobre a Ordem da Fênix.
— Eles se comunicam por meio do feitiço do patrono. E as reuniões são sempre em locais diferentes, anunciadas horas antes, eles não têm uma sede. Dividem-se em setores, mas estão com dificuldades em recrutar. Isso é tudo, por enquanto — revelou Antonieta automaticamente, sua mente estava em Sirius e Marlene, se perguntando se eles estariam juntos se não fosse pelo voto perpétuo que a unia a ele.
— E quanto ao armário sumidouro em Hogwarts, Potter? Nunca mais pude voltar lá.
— Está quebrado, o setor de interrogação da Ordem deu veritaserum ao Sr. Burke e descobriu que estava usando o armário e que ele levava até Hogwarts. Dumbledore inutilizou o armário. — Antonieta omitiu a parte em que ela própria o quebrara.
— De qualquer forma ele não me será mais útil. Quero uma lista com nomes, esconderijos. Irei matá-los, cada um dos fantoches de Dumbledore. — sussurrou o Lorde sem que Antonieta sequer lhe ouvisse, ainda andava, inquieta, de um lado para o outro, o que não passou despercebido por Riddle. — Parece inquieta, Potter.
Antonieta parou e encarou o Lorde, sem sequer se dar conta que em sua inquietação deixara as barreiras de sua mente aberta e que suas lembranças agora eram compartilhadas com o bruxo a sua frente. Antonieta vendo Sirius e Marlene juntos na reunião da Ordem, assistindo-os comemorar uma vitoria de um jogo de quadribol em Hogwarts alguns anos antes, a Potter provando seu vestido de casamento.
— Belo vestido. — elogiou o Lorde e só então Antonieta se deu conta de que ele estava em sua mente e expulsou-o, aterrorizada com a ideia de que ele poderia usar algo que tivesse visto contra ela. — Com ciúmes, minha cara Nina?
— Não. — disse com a maior convicção que conseguiu colocar em seu tom de voz. — É um casamento arranjado, não sinto nada por ele.
— Oh, claro que não! — comentou o Lorde com condescendência. — Assim como não é a Rosa Negra.
— Exatamente, mas isso eu já lhe disse, mestiço. — Antonieta não controlou a língua e foi atingida pelo feitiço cruciatus que a fez cair no chão se contorcendo.
Tom finalmente se levantou e parou ao lado da Potter com um sorriso entre desdenhoso e arrogante, a garota o divertia com o olhar furioso que lhe dirigia. Ele estendeu a mão a ela, sua espiã não devia odiá-lo.
— É isto o que faço com insolentes, Srta. Potter, tem que concordar que mereceu. Contudo, tenho a intenção de gratificá-la pelas informações que me trouxe hoje. O que me diz?
Com juras de fazê-lo pagar por torturá-la em pensamento, Antonieta aceitou sua mão para se levantar e o seguiu até um porão de pedra enorme no subsolo da mansão, iluminados por archotes pendurados em paredes rústicas.
— Vai me fazer prisioneira aqui? Não posso ser sua espiã se serei uma prisioneira.
— Não dessa vez, Srta. Potter, embora eu possa mudar de ideia se não se comportar.
— Você e essa mania de me tratar como criança, milorde.
— Pegue sua varinha. Quero ver do que é capaz, Antonieta.
A bruxa arqueou uma sobrancelha, mas o fez, empunhou a varinha e se preparou para duelar. Se perguntando se Voldemort queria torná-la uma Bellatrix 2.0, porque aquilo não ia acontecer.
Tom Riddle se surpreendeu de imediato, Antonieta tinha o mesmo potencial de Bellatrix, mas diferente da Lestrange, não achava os duelos divertidos, não ria e se descuidava por mero gracejo. Não, ela se concentrava a ponto de se irritar a cada derrota e voltar melhor (ainda que não estivesse nem perto de ser tão boa quanto ele).
Antonieta não sabia quanto tempo havia se passado, mas sabia que não pensava mais em Sirius e Marlene, não pensava em mais nada, sequer estava estressada com o estágio. Seu foco estava em seu desempenho no duelo e descontava ali toda sua raiva. Quando mais uma vez ele a desarmou, ela tirou a capa e jogou-a no chão, furiosa.
— Chega por hoje. — anunciou Riddle.
— Não, vamos tentar mais uma vez — disse Antonieta obstinada. Os cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo agora tinha vários fios soltos e arrepiados. Ela pegou a varinha caída no chão e olhou com expectativa para seu mestre que se aproximou com um quase sorriso divertido.
— Acha mesmo que pode me vencer, tolinha? — perguntou o bruxo fazendo-a bufar aborrecida, antes de ficar sério. — Você tem habilidade, é esperta, poderia superar Bellatrix, poderia ser uma bruxa extraordinária se não estivesse ocupada provando vestidos e bolos. Já pode ir.
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