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História Love at second sight - Lily


Escrita por: lagerfeld

Notas do Autor


Olá meus amores, tudo bem?
Eu sei que vocês provavelmente estão querendo me matar, e ao invés de fazer um texto enorme para me explicar, vou apenas pedir desculpa pela imensa demora. Espero que vocês gostem, esse é o último capítulo, mas quarta-feira eu posto o epílogo e com ele o meu texto de agradecimento a todas vocês. Beijos e até quarta <3

Capítulo 28 - Lily


Fanfic / Fanfiction Love at second sight - Lily

Point Of View — Justin

O líquido amargo se atiça em minha língua, até finalmente descer queimando minha garganta. Essa sensação segue por alguns instantes, mas nada que desvie a atenção da pior coisa que aconteceu em minha vida. Tomo outro gole, praticamente implorando para que o excesso de álcool em meu organismo me leve ao desmaio. A garrafa de uísque está quase no fim, apenas uma quantidade insignificante se faz presente e eu lamento.

Inclino minha cabeça para trás deitando-a no colchão. Minha bunda está dolorida, perdi a conta de quanto tempo estou sentado na mesma posição, sem chegar para a direita ou me inclinar para a esquerda. Fecho meus olhos ficando completamente no escuro, exatamente como eu estava a momentos atrás tanto metaforicamente quanto literalmente. Sinto-me em um breu, um vácuo escuro onde não enxergo nada, nenhuma luz no fim do túnel.

Também me sinto envergonhado, pois sei que a estou decepcionando, mas não consigo. Simplesmente não consigo. Não tenho forças para lutar contra o abismo de medo e vazio dentro mim. Ela se foi e levou consigo tudo, meu chão, meu rumo, minha vida. Um mês. Trinta dias que para mim parecem uma eternidade.

Sinto falta dela. Sinto falta do seu sorriso meigo, da forma como eu a deixava vermelha, do brilho em seus olhos, das suas bochechas gorduchas e nariz minimamente de batata. Sinto falta da sua gentileza, bondade, amizade, companheirismo, bom humor. Sinto falta do seu cheiro, do seu toque, seu beijo, seu corpo. Porra, como eu sinto falta dela.

–– Justin! –– a voz de Jazmyn ecoa por toda a casa e o que antes estava completamente silencioso se torna um perfeito caos quando os cachorros começam a latir.

Suspiro pesadamente e empurro a garrafa de uísque para longe, ouvindo o som do vidro rolando para baixo da cama. Jazmyn me chama mais uma vez, sua voz está mais próxima e nesse instante eu dolorosamente gostaria que ela sumisse. É errado eu sei e também sei que ela apenas quer me ajudar, assim como minha mãe, meus amigos e até mesmo meus sogros. Mas, ninguém entende o quanto eu estou sofrendo.

Talvez, os únicos que possam realmente sentir minha dor sejam os pais de Charlie, entretanto eles ainda têm a Haley e também tem um ao outro. Sei que minha mãe a amava como filha, e que Jazmyn a considerava uma irmã, mas ainda sim... Elas não perderam tudo como eu perdi.

Através da fresta na porta eu vejo Jazmyn passando pelo corredor. Seus passos são duros e ela parece exclusivamente determinada a me encontrar. Novamente suspiro e decido logo acabar com isso, não importa quanto tempo eu enrole, ela não vai embora.

–– Estou aqui. –– digo alto o suficiente para ela cessar seus passos.

A porta do quarto é escancarada, a luz se acende e imediatamente eu aperto meus olhos tentando me acostumar com tamanha claridade.

–– Meu Deus, isso está um chiqueiro. –– ela diz, quase grita ou talvez seja apenas exagero de quem passou dias isolado sem ouvir outra voz sem contar a de minha cabeça.

–– Obrigada por dizer o óbvio. –– enfim abro meus olhos e a vejo parada em frente à porta com os braços cruzados, postura rígida e expressão de abalar qualquer um, um misto de decepção e pena. –– O que está fazendo aqui?

Com dificuldade me levanto. Meu corpo parece exclusivamente mais pesado nessa noite e o simples movimento de sustentá-lo pelos pés está mais difícil que o normal. Cambaleio para a direita, trombando contra o criado mudo e quase levando o abajur ao chão.

–– Você está bêbado. –– afirma.

–– O que está fazendo aqui Jazmyn? –– refaço minha pergunta.

–– Eu vim trazer a sua filha Justin, se lembra dela? O bebê sem nome que você abandonou no hospital. –– não a encaro, mas a fúria em seu tom de voz é o suficiente para me fazer estremecer. Sento-me na cama e abaixo a cabeça. –– Eu sei que está sofrendo, todos nós amávamos a Charlie, mas... –– ainda encarando o chão vejo os seus pés se aproximando. Jazmyn para a minha frente, mas não ergue minha cabeça e agradeço por isso. –– Ela queria esse bebê mais do qualquer outra coisa Justin, então, por favor, honre o último pedido de sua esposa.

–– Eu não consigo. –– sussurro tão baixo que me questiono se ela conseguiu me ouvir.

–– Por que não? –– sinto suas mãos em meus joelhos e logo ela está ajoelhada a minha frente.

–– Porque quando eu olhei aqueles olhos tudo o que eu consegui ver foi a pessoa que tirou minha mulher de mim. –– as lágrimas se acumulam em meus olhos. –– Eu a amava Jazmyn, Charlie era minha vida e agora ela se foi.

–– Eu sei. Eu sei que você a amava, mas... –– ouço-a a fungar e nesse momento sei que ela também está chorando. –– Agora precisa amar esse bebê. Essa criança é uma mistura de você e da Charlie. É a prova desse amor verdadeiro e incondicional que sentiam um pelo outro. Esse bebê é o último pedaço vivo da sua esposa.

Suas mãos tocam meu rosto, sustentando-o até que meus olhos se encontrem com os seus e assim como eu, ela não tenta limpar as lágrimas que escorrem.

–– Onde ela está? –– um sorriso mínimo se faz presente em seus lábios.

–– Na sala, dormindo na cadeirinha. –– o sorriso aumenta. –– Ela é linda Justin.

–– Certifique-se de que ela fique longe de mim. –– afasto suas mãos.

–– Mas, Justin...

–– Jazmyn, eu quero ficar sozinho. –– quase grito e ela se levanta com os olhos arregalados. –– Por favor.

A decepção predomina seus olhos vermelhos devido ao choro. Jazmyn abre a boca algumas vezes, é óbvio que ela tem um milhão de coisas a me dizer e deduzo que grande maioria sejam xingamentos. Mas, ao invés de me ofender ou dizer o quanto está irritada comigo e minha atitude, ela simplesmente sai do quarto, apagando a luz, batendo a porta e me deixando novamente sozinho com a voz em minha cabeça.

Mesmo não me sentindo confortável, me deito na cama, estou dolorido demais para voltar ao chão. Foram trinta dias no chão duro, apenas com um travesseiro que mal teve uso durante as noites.

Talvez seja o colchão confortável. Talvez seja o excesso de bebida. Talvez seja o cansaço que finalmente me venceu. Talvez seja o cheiro de Charlie que ainda está presente na roupa de cama ou talvez sejam as quatro coisas juntas, mas depois de trinta dias de insônia eu finalmente adormeço profundamente.

• • •

O céu está límpido, azul como eu nunca havia visto antes e sem qualquer vestígio de nuvem. O sol está brilhante e esquenta minha pele de forma prazerosa. As árvores balançam lentamente com a brisa, sua folhagem é de um verde intenso, vívido e de dar inveja a qualquer outra planta. A minha esquerda uma pequena aglomeração de flores que não reconheço a princípio, mas ao me aproximar noto serem lírios brancos.

Olho ao redor, procurando por algo ou alguém familiar. Procurando por qualquer coisa que me indique onde estou.

–– Justin? –– então eu escuto a sua voz, o mais lindo som que já adentrou meus ouvidos. Doce. Suave. Perfeito.

Ao me virar a vejo trajando um longo vestido branco que assim como as folhas das árvores ao nosso redor também balançam lentamente com a brisa. Seu cabelo escuro está solto e cai em forma de cascata sobre os seus ombros. Ela está perfeita como sempre e não tenho outra reação além de correr para perto, puxando-a para um abraço, apertando seu corpo contra o meu até que seus pés flutuem no ar. Afundo meu nariz em seus fios negros, tragando o cheiro de morango.

Eu a afasto apenas o suficiente para poder observá-la mais uma vez antes de tomar seus lábios em um beijo apaixonado. O encaixe ainda é perfeito e seus lábios continuam sendo os melhores lábios que já tocaram os meus. Minhas mãos permanecem firmes em sua cintura, inclinando em minha direção e acabando com qualquer mínimo espaço que ainda nos separasse.

–– Eca! –– a exclamação inesperada me leva a soltá-la e encarar a figura inusitada em meio aos lírios. Uma garotinha trajando um vestido amarelo.

–– Quem é ela? –– pergunto sem conseguir desviar minha atenção da forma como suas pernas curtas correm de um lado para o outro.

–– Você não sabe? –– ela questiona.

Dou um passo à frente estagnado com a imagem a minha frente. Ela sorri alegremente e se esconde atrás do tronco de uma das árvores. Seu cabelo é escuro e uma franja parece incomodar seus olhos já que a todo o momento ela tentar arrumá-la de lado. Suas bochechas são gorduchas, as íris parecem uma piscina de mel e o nariz... Se parece exatamente com o meu.

–– É a nossa filha. –– afirmo sem dúvida alguma.

–– Mamãe, papai, venham brincar comigo. –– pisco algumas vezes.

Charlie segura minha mão entrelaçando seus dedos aos meus e me conduzindo em direção a nossa filha. Nosso olhar se encontra e ela parece notar o quanto estou surpreso com tudo isso, e se diverte com isso. A menina é ainda mais linda de perto.

–– Que flor é essa mamãe? –– pergunta com a voz doce.

–– Essa é um lírio. –– Charlie se afasta, agachando-se em frente a ela. Ambas em meio aos lírios brancos.

Charlie arranca um lírio e lhe entrega. Ela parece apaixonada pela flor e corre para longe de nós, rodopiando o vestido.

–– Ela é linda. –– afirmo.

–– Você precisa cuidar dela. –– novamente sinto Charlie entrelaçar nossos dedos. –– Não precisa se preocupar comigo, eu vou esperar por você. –– abaixo a cabeça, mas quase imediatamente ela a ergue e acaricia meu rosto com o polegar, exatamente como eu costumava fazer com ela. –– Está tudo bem. Eu estou bem, é ela quem precisa de você agora.

–– Eu devo chamá-la de Emily? –– ela sorri.

–– Não. –– nega com a cabeça. –– Ela é pura e inocente, como estes lírios.

–– O que isso significa? –– ela ri.

–– Você é um homem esperto, vai descobrir.

• • •

Acordo com um som estridente incomodando meus ouvidos, um grito agudo que após alguns instantes reconheço como choro de bebê. Aperto meus olhos e me espreguiço. Assim que me sento na cama pego o celular no criado mudo e me surpreendo ao ver que ainda é de madrugada. O choro se torna mais intenso, e a fim de acabar com isso eu me levanto saindo do quarto e seguindo pelo corredor até o quarto de onde vem o som, o quarto amarelo que pintei meses atrás para me desculpar com Charlie.

O lugar está escuro, apenas a luz fraca de um abajur impede o completo breu. E no meio do quarto, deitado no berço eu vejo o pequeno ser humano se contorcendo. Seu corpo é pequeno, mas o grito forte representa o potencial de seus pulmões.

A encaro por alguns instantes e me surpreendo quando ela fixa seu olhar ao meu. Receoso, me pergunto se devo ou não pegá-la, mas quando ela grita novamente o ato é involuntário, e quando percebo já estou com a bebê em meu colo, balançando o quadril de um lado para o outro como minha mãe havia ensinado a Charlie.

Ela cabe perfeitamente em meus braços. É tão pequena e frágil que tenho medo de machucá-la. Sua pele ainda está um pouco rosada, é cabeluda, e parece perfeitamente saudável apesar de prematura. Me preocupo em estar segurando-a da maneira certa, mas quando a pequena simplesmente se cala eu me sinto bem, e de alguma forma sei que está tudo bem.

–– Está tudo bem? –– a voz de minha irmã ecoa, mas não me preocupo em encara-la.

–– Sim. –– respondo, depois de um tempo finalmente virando-me para vê-la, e o sorriso travesso em seus lábios entrega o seu plano.

É óbvio que Jazmyn havia escutado o choro, ela estava dormindo no quarto ao lado. Ela apenas quis se arriscar, deduzindo que seu plano maligno daria certo. E talvez tenha sido coincidência ou o destino, mas o sonho e o choro da bebê... Tudo parece ter sido uma conspiração para me fazer perceber que essa pequena vida em meus braços é pura e inocente, ela não tem culpa do aconteceu com Charlie e a melhor coisa que posso fazer por minha esposa é cuidar do seu maior tesouro, esse pequeno ser humano que é a perfeita mistura de nós dois.

–– Está tudo bem Lily, o papai está aqui.


Notas Finais


Caso tenham gostado do capítulo não deixem de comentar, pois isso me incentiva muito. Críticas são sempre bem-vidas, desde que as mesmas sejam construtivas. Beijão e até o próximo capítulo <3

TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=DoQ3VBlhrok


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