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História Love at second sight - Wedding day


Escrita por: lagerfeld

Notas do Autor


Olá meus amores, tudo bem?
Hoje é sábado, e sábado é dia de que? Capítulo novo, capítulo novo o/
No capítulo passado eu montei a lista oficial de personagens, mas só quando eu fui responder os comentários eu percebi que não tinha selecionado ninguém para ''interpretar'' a Amber. Então eu pesquisei muito, e acreditam que foi muito difícil achar alguma famosa loira de olhos azuis? Pois é, ao que parece praticamente todas loiras tem os olhos verdes ou castanhos, por isso eu mudei a cor dos olhos da Amber, e decidi que ela será ''interpretada'' pela Sasha Pieterse, minha eterna Alison Dilaurentis <3

Boa leitura!

Capítulo 4 - Wedding day


Fanfic / Fanfiction Love at second sight - Wedding day

Point Of View — Charlie

A claridade solar incomoda meus olhos, ainda fechados. Coço os mesmos de forma preguiçosa, e lentamente abro minhas pálpebras. Os raios de sol atravessam o vidro da janela, e me atingem em cheio, esquentando a pele de minha face, mas não impedindo minha visão. Fito o teto por alguns instantes, demora um pouco para que eu perceba que dia é hoje, e o que vai acontecer daqui a algumas horas, mas quando me lembro um sorriso largo apodera-se de meus lábios.

–– Bom dia, esposa. –– ouço a voz rouca, e preguiçosa de Lucas, no pé de minha orelha, seguida de um beijo na nuca.

Viro-me de lado, juntando as mãos ao lado do peito, e estagnando meu olhar ao dele. Uma felicidade absurda me preenche, sucumbindo qualquer outro sentimento. Só no que consigo pensar, é em nós dois, em cima do altar, daqui a algumas horas, fazendo juras de amor eterno.

–– Ainda não sou sua esposa, mas pode me chamar assim, se faz com que se sinta bem. –– ergo minha mão próximo a sua face, acariciando seu queixo, e maxilar áspero,  sentindo sua barba por fazer.

–– Isso faz com que eu me sinta muito bem. –– ele sorri, e consequentemente eu sorrio também.

O quão sortuda eu sou? Eu tenho o emprego que sempre quis, ajudo os animais, e quando volto para casa, tenho o homem dos meus sonhos me esperando. Ele é bonito, gentil, me faz rir, e me ama. Em algumas horas ele se tornará meu marido, e eu não posso pensar em algo melhor, do que passar o resto de minha vida ao seu lado. Essa vida, a minha vida, é um sonho. É o meu sonho.

Rolo minimamente pela cama, apenas o suficiente para que possa olhar as horas no relógio, em cima do criado mudo, do meu lado da cama. Meus olhos se arregalam quando vejo as horas, sendo ela, nove e meia, em ponto.

–– Nós precisamos levantar. –– aviso, já me sentando no colchão. –– Minha mãe, minha irmã, e minhas madrinhas vão chegar daqui a meia hora. E seu pai, e seus padrinhos também. –– digo apressada, calçando meus chinelos. –– Eu tenho meia hora para deixar a casa nas mãos de homens irresponsáveis. –– franzo o cenho ao pensar em minha frase, preocupada com o estado físico de minha casa recém arrumada. –– Por favor, não quebrem nada. –– ele ri.

–– Você precisa ficar tranquila. –– diz calmamente. –– Vá tomar seu banho, e eu preparo o seu café da manhã. –– ele levanta-se da cama.

–– Obrigado, marido. –– sorrio boba, ao dizer tal palavra.

Ás dez horas em ponto, a campainha de nossa casa é tocada de forma estridente, e desesperada. Lanço um olhar para o meu noivo, e ele assente, como quem diz:

Ok, estou preparado, nós podemos fazer isso.

Ao abrir a porta, vejo um grupo com no mínimo doze pessoas, sendo elas homens e mulheres. Todos exibem um sorriso largo, de orelha a orelha, como as fotos que compõem porta-retratos a serem vendidos, é algo natural, acolhedor, e demonstra a felicidade de todos ali, deixando claro o quão alegres estão por poderem compartilhar esse momento conosco.

Minha mãe dá um passo à frente, e deixa sua bolsa cair no chão, ao puxar-me para um abraço. Seus braços envolvem meu corpo, quase me colando a ela, e nos tornando apenas uma. As pessoas atrás da própria soltam um suspiro em uníssono, como se tal momento fosse uma linda cena de filme, digna de lenços de papel. Relaxo a cabeça no ombro de mamãe, ouço-a suspirar, e logo sou afastada minimamente. Fixo meus olhar ao dela, e surpreendo-me ao vê-la chorando.

–– Mamãe, porque está chorando? –– pergunto mansa, passando meus dedos por sua face, e limpando suas lágrimas. Ela funga o nariz.

–– Não acredito que minha menina vai se casar. –– choraminga. –– Você se tornou uma mulher maravilhosa Charlie, e eu tenho muito orgulho de você. –– sorrio largamente, e a puxo para mais um abraço, dando um beijo estalado em sua bochecha.

–– Essa é a hora que ela me compara a você, e diz que devo ser mais como minha irmã mais velha. –– diz Haley, fazendo com que todos ali gargalhem. –– Oi irmãzona.

–– Oi, irmãzinha.

Hales aproxima-se de mim, e me abraça rapidamente. Seu couro cabeludo fica exatamente na linha de meu nariz, devido a sua pouca altura, e o cheiro doce de seu shampoo invade minhas narinas. Ela tenta se desvencilhar de meus braços, mas eu a puxo novamente, rindo de sua reação.

Minha irmã e eu sempre fomos unidas, e melhores amigas, mas completamente diferentes, desde o gosto para comida, até a escolha para rapazes. Eu sempre fui quieta, mesmo quando criança, e Haley era o furacão em pessoa. Nunca escondi o meu romantismo, o quão chorona eu fico ao ler um livro do Nicholas Sparks, e assistir a um filme baseado em sua obra, ou qualquer um que me deixe emocionada.  Mas, Haley... Arrisco-me a dizer que, a falha em seus relacionamentos passados, a tornou uma pessoa sem expectativas para o amor.

Nós duas sofremos com nossos ex-namorados, a lista de antigos relacionamentos é enorme se as juntarmos, mas ao contrário de minha irmã mais nova, eu decidi não me deixar abalar, segui em frente, continuei acreditando no amor, e deu certo.

–– Por favor, pessoal entrem. –– digo a todos.

Assim que todos entram em nossa casa, Lucas acomoda-se na sala com seus padrinhos, e seu pai. O grupo de seis pessoas é composto por dois primos, três amigos de faculdade, membros da mesma fraternidade de meu noivo, e George, meu sogro, que ao contrário de Verônica, apoia nossa união, e minha entrada a família Scott. Vou para a cozinha com minha mãe, Haley, e minhas outras madrinhas, sendo todas as quatro, minhas amigas de longa data.

Por um lado aprecio a ausência de Verônica, mas por outro, me dói pensar que minha sogra, pessoa que fará parte de minha família em algumas horas, não gosta de mim como nora.

Decido fazer uma limonada, antes de sairmos. O papo na cozinha está animado, mas posso ouvir a risada dos homens, a poucos metros de nós. Às dez e meia, a jarra de limonada está vazia, e mamãe apressa todas nós para sairmos.

Assim que contei a minha mãe sobre o noivado, ela disse que eu teria o casamento dos meus sonhos, assim como de meu livro. Cresci assistindo filmes de princesas, e mesmo já os tendo visto um milhão de vezes, meus olhos sempre brilhavam ao verem os lindos casamentos. Sendo assim, ao completar sete anos, eu fiz um livro de desenhos, com o máximo de detalhes possível, sobre o meu casamento, sendo ele inspirado nas cerimônias matrimoniais de A pequena sereia, Cinderela, e a cena final de A bela e a fera.

Esse era o meu sonho de infância, não me recordava do mesmo com clareza, mas quando visitei meus pais, no fim de semana seguinte ao do pedido de noivado, mamãe me surpreendeu com o livro perfeitamente em bom estado, e disse que eu teria o meu dia de princesa. Não pensei que isso literalmente aconteceria, só percebi o quão sério a mesma falava, quando ouvi sua ligação, marcando um dia completo no spa de Charleston.

O lugar é o sonho de qualquer mulher, elegante, completamente decorado em tons neutros, e com destaques em dourado. A recepcionista extremamente simpática, nos guia até o segundo andar, e ao ver minha suíte, não tenho outra reação, a não ser literalmente abrir a boca, e arregalar os olhos.

–– Fiquem a vontade. O frigobar está cheio, podem pegar qualquer coisa, e a cesta em cima da cama, é uma cortesia. –– sigo seu olhar, só então percebendo uma cesta enorme em cima da cama, cheia de biscoitos, e coisas gostosas, que com certeza me ajudarão com o nervosismo. –– Em cima do aparador está os seus horários, e  o número das salas de cada sessão. Espero que aproveitem o dia.

A mulher de longo cabelo escuro, extremamente liso, e olhos puxados  sorri, e saí da suíte, fechando a porta. Minha irmã se joga na cama, e minhas madrinhas atacam a garrafa de champagne, me fazendo rir. Vou até o aparador, e pego o papel, onde a uma lista de cinco coisas digitadas.

Primeiro banho com pétalas de rosas. Segundo, massagem com óleos quentes. Terceiro limpeza de pele, e esfoliação. Quarto manicure e pedicure, e por último, mas não menos importante, cabelo e maquiagem.

–– Então querida, é como você imaginou? –– pergunta minha mãe.

–– Não, é muito melhor. Obrigada. –– sorrio.

–– Vá para o banheiro se preparar, seu banho com pétalas de rosas é daqui dez minutos. Eu vou até o carro buscar seu vestido de noiva.

• • •

Olívia, uma de minhas madrinhas aproxima-se de mim, com o vestido em mãos, porém dentro de uma embalagem, para não ser amassado. O mesmo é posto sobre a cama, e uma vez livre, meus olhos brilham ao fitarem-no. Desfaço o nó do roupão, ficando apenas de lingirie, a mesma é branca, límpida como a neve, toda rendada, sexy, porém nada vulgar.

O vestido é posto em posição, e sem pressa alguma eu entro dentro do mesmo. O tecido grosso desliza de minhas pernas, até o busto, onde eu visto suas alças, e espero ansiosamente para que Olívia o feche. O mesmo é fechado, e um cinto de pedrarias é envolto em minha cintura o complementando.

–– Pronto. Pode ir até o espelho agora. –– ela diz sorrindo.

Ainda com pés descalços eu caminho até o espelho, mas não me encaro de imediato, pois fecho os olhos, antes de ver o meu reflexo. Suspiro lentamente, repito tal coisa três vezes, até finalmente me sentir pronta. Abro minhas pálpebras, e assim que me vejo meus olhos lacrimejam.

O vestido está perfeitamente certo em meu corpo, como se tivesse sido feito para mim. Sua saia rodada, lembra-me os vestidos das princesas, que tanto amava quando pequena, e é impossível não sentir-me bem ao realizar esse sonho de menina. Sua frente é simples, sendo apenas destacada pelo cinto, e deixando o destaque principal para as costas, onde um tule, bordado com brilhantes ganha completa atenção.

Minha maquiagem é leve, composta principalmente por uma pele iluminada, e um fino delineado nos olhos. O cabelo está preso em um coque, e deixando alguns fios em relevo. Preferi não exagerar nos complementos, o vestido é glamuroso demais, em minha opinião, sendo assim, apenas coloquei brincos pequenos de pérolas, que pertenceram a minha avó materna.

–– Com licença. –– a moça da recepção entra na suíte. –– Uau, você está linda. A noiva mais linda que já vi. –– mesmo sabendo que ela deve dizer isso para todas as suas clientes, eu sorrio.

–– Obrigada.

–– Desculpe interromper, mas tem uma mulher lá em baixo, que insiste em falar com você.

–– Quem? –– pergunto curiosa.

–– Ela disse que se chama Amber. –– minhas sobrancelhas se juntam.

–– É a cachorra que dá em cima do seu noivo, futuro marido? –– Haley pergunta, sem papas na língua.

–– Eu acho que sim. –– torço os lábios, completamente sem graça com o que ela disse. –– Pode deixá-la subir. –– a mulher assente, saindo em seguida.

–– Querida, tem certeza de que quer falar com ela? –– pergunta minha mãe.

–– Sim, quero saber o que ela faz aqui. –– respondo.

Ouço duas batidas na porta. Suspiro pesadamente, e dou a deixa para que Alexis abra a porta. Amber entra na suíte e percorre todo o lugar com os olhos, encarando cada mulher ali presente, inclusive eu, que ganho sua atenção especial.

–– Você está linda, Charlie.

–– O que faz aqui? Não deveria estar na igreja? –– pergunto, ignorando completamente seu elogio, sendo ele falso, ou não.

–– Sim, eu estava indo pra lá, mas... –– ela suspira. –– Podemos conversar a sós, por favor. –– intercalo meu olhar entre Amber, e todas as outras.

–– Por favor, nos deixem sozinhas. –– digo, depois de alguns instantes.

Todas saem da suíte, e a última fecha a porta. Meu olhar se fixa, aos intensos olhos verdes de Amber. A mesma dá dois passos a frente, diminuindo o espaço entre nós, mas aumentando a tensão que se instalou no local.

–– O que faz aqui, Amber? –– refaço minha primeira pergunta.

–– Eu vim te contar algo. ––  ela deixa sua bolsa no aparador. –– Olha, você é uma garota legal, e merece saber a verdade. –– cruzo meus braços em frente ao peito, sem me importar se isso irá amarrotar o vestido. –– Eu dormi com Lucas, e não foi apenas uma vez. Não estou te contando isso para impedir o casamento, acredite se quiser, eu me arrependo do que fiz. Resolvi te contar, pois não achei justo você se casar sem saber toda a verdade.

–– Está mentindo. –– digo firme.

–– Não, não estou. –– debate. –– Posso provar se quiser. –– permaneço em silêncio.

Amber pega sua bolsa, e tira de dentro dela seu celular. Ela caminha até mim, e estende o mesmo em minha direção. Tiro o celular de sua mão, e dou play no video, o que eu vejo faz com que o meu mundo desabe. É um video de Amber e Lucas fazendo sexo. Caio sentada na cama, e levo minhas mãos a boca. Tento dizer algo, xinga-la, e gritar, mas nada saí. As lágrimas inundam meus olhos, escorrendo por minhas bochechas, sem que eu consiga para-las.

–– Eu não fui a única, Charlie.

–– Como sabe? –– pergunto em um fio de voz, sem encara-la.

–– Ele me contou, enquanto me penetrava. ––  fecho meus olhos com força.

Meu sangue ferve em minhas veias. Ergo meu corpo em um movimento rápido, e preparo minha mão para um tapa estalado em sua face, mas pauso meu movimento, deixando minha mão a centímetros de sua face.

–– Não vai me bater? –– pergunta surpresa.

–– Acredite, eu quero. Mas bater em você não vai mudar as coisas, além do mais, não é com você que eu estou prestes a me casar. –– fungo o nariz. –– Sai daqui.

–– O que vai fazer?

–– Não é da sua conta. Já disse o que tinha para me dizer, agora sai, por favor.

Tento me manter forte, ao menos até ela sair do quarto, mas antes de ouvir a porta bater, eu desabo na cama, enterrando minha face entre minhas mãos, chorando e soluçando, como uma criança. Me sinto sem chão, completamente perdida, em uma escuridão sem fim. Meu coração acelera, e o choro aumenta.

Como pude ser tão estúpida?

–– Filha, está tudo bem? O que aquela garota queria? –– a voz doce e suave de minha mãe adentra meus ouvidos.

Meu instinto é jogar-me em seu colo, e pedir pelo conforto que apenas ela pode me dar, pois sei que ela não irá me julgar, não fará perguntas, ou deixará esse momento pior do que realmente é. Ela vai me abraçar, sei que sim, vai afagar meu cabelo, e dizer que tudo vai ficar. Mas assim que recordo-me do quão feliz ela está ao ver sua filha mais velha se casando, eu ignoro meu instinto, tendo em mente, que lidar com a minha dor, será igualmente doloroso para ela.

Rapidamente eu enxugo meus olhos, tentando me livrar de qualquer vestígio de choro, mesmo sabendo que isso é em vão, pois minha mãe sempre sabe quando a algo errado. Ergo minha cabeça, e tento forçar um expressão, no mínimo indiferente.

–– Ela queria apenas me desejar felicidades. –– minto, o mais natural possível, mas nunca fui uma boa mentirosa. De algum jeito, as pessoas sempre sabem quando estou mentindo, pode ser a forma como minhas pupilas aumentam, ou fato de não conseguir encará-la nos olhos.

–– Tem certeza?

–– Sim, mamãe. –– forço um sorriso.

–– Charlie, está na hora. Precisamos ir. –– avisa-me Haley.

–– Ok, eu só preciso retocar a maquiagem. Podem descer, encontro vocês lá em baixo. –– minhas madrinhas fazem o que eu digo, e minha irmã é a próxima a sair, mas minha mãe continua a me encarar, ela sabe que tem algo errado, está nítido, mas por algum motivo desconhecido, ela não diz nada. Quando finalmente saí, eu solto o ar, que não havia percebido estar preso.

Levanto-me da cama, e mesmo estando sem salto, eu cambaleio para o lado, e me sinto tonta. Steven, o maquiador do spa, que estava parado próximo a penteadeira, corre até mim, e segura minha cintura. Minha visão fica turva. Fecho os olhos, e depois de alguns instantes me sinto melhor. Encaro Steven e lanço-lhe o melhor sorriso que consigo, o que não é muita coisa.

–– Só estou um pouco nervosa. –– explico, e ele parece me entender.

Steven me acompanha até a penteadeira, onde eu me sento bem devagar. Ela pega seus instrumentos de trabalho, e começa os retoques. Enquanto as leves pinceladas são dadas em meu rosto, eu encaro meu reflexo, e não gosto do que vejo, apenas sinto pena de mim mesma. Estou olhando para a imagem de uma mulher traída, uma mulher iludida, cuja a dignidade eu não sei a onde se encontra.

Como não percebi? Como me submeti a isso? Será que ele me vê apenas como uma piada?

Essas e mais algumas perguntas, se repetem em minha mente de forma dolorosa.

–– Você está maravilhosa. Felicidades. –– ele diz sorridente, fitando-me através do espelho. –– Vem, vou te ajudar com o sapato.

Uma vez com os saltos calçados, estou completamente pronta, e não a mais desculpas para permanecer no quarto. Sendo assim eu saio, e desço os lances da escada lentamente, e segurando no corrimão. A dois carros parados em frente ao spa, um deles encontra pronto para sair, e o outro apenas espera por mim.

O caminho até a igreja não é longo, e seria facilmente feito em uma breve caminhada, mas não quando se está usando saltos, e um vestido enorme, extremamente branco. Um nó enorme se forma em minha garganta, e torna difícil manter a respiração calma, mas tento não me apavorar, pois sei que é tudo obra de minha cabeça.

O carro para, e sinto um frio na barriga. Saio do carro, e logo vejo minhas madrinhas posicionadas em uma fila indiana, Adalind está próximo a elas, entregando a cada uma, um buque menor que o meu, de rosas vermelhas. As mesmas entram uma a uma, com seus respectivos pares. E assim que todos tomam seus lugares no altar, a porta da igreja é fechada.

–– Está pronta? –– pergunta Adalind.

–– Sim.

Passo meu braço pelo de papai, que parece tão nervoso quanto eu, ou ainda mais, mas ainda sim, ele sorri. Eu queria ter passado mais tempo com ele nesse dia, e talvez, só talvez, ter contado a ele minha recente descoberta. Tenho certeza de que seria mais fácil dar-lhe a má notícia, do que a mamãe.

A música cerimonial é inciada, ecoando por todo o arredor, e mesmo ainda estando do lado de fora, posso ouvi-la com perfeição. A grande e pesada porta de madeira é aberta, chamando a atenção de todos para mim. Dou o primeiro passo a frente, adentrando a igreja, e ao ver o quão belo está o lugar, assim como todos ali, sinto um forte enjoo, e ele aumenta ao ver meu noivo no altar, sorrindo de orelha a orelha.

Agora, nesse exato momento, percebo o quão falso seu sorriso parece. Todo o nosso relacionamento foi uma mentira, assim como cada sorriso que o mesmo expôs ao meu lado, e cada vez que ele disse me amar. Não entendo porque ele fez isso comigo, não entendo o motivo de tamanha crueldade. Eu sempre fui boa para ele, não fui uma namorada chata, nunca exigi demais, nunca reclamei demais, então... Por quê?

Por toda a minha vida, eu esperei por esse momento, mas se eu soubesse que ele seria tão ruim, jamais o teria desejado.

Papai solta o meu braço assim que chegamos próximo ao altar. Ele segura minha mão, e da um beijo em minha testa, apertando a mão de Lucas em seguida. Meu noivo me olha, suas órbitas azuis brilham, mas não acredito mais nas mentiras que seus olhos  me contam. Ele segura minha mão, e esse simples toque me incomoda, e doí tanto quanto a picada de uma cascavel.

–– Estamos aqui reunidos para celebrar a união de Charlie Dawson e Lucas Scott. –– o padre começa a falar, mas não consigo prestar atenção em suas palavras. Minha atenção está unicamente focada em Lucas, e no quão tola ele pensa que sou.

–– Você dormiu com a Amber? –– pergunto baixo, mas alto o suficiente para que ele e o padre ouçam. O homem de idade a nossa frente engasga com suas próprias palavras, e me encara, mas não para de falar. E Lucas por sua fez, muda completamente de expressão, deixando nítido o seu nervosismo.

–– Amor, o que está falando? –– sussurra.

–– Não adianta mentir, eu sei que sim, só queria ver se teria coragem de confessar na minha cara. –– digo firme, mas ainda sussurrando. –– Eu não sei porque, eu não sei se eu fiz algo de errado, ou se você é o problema, mas eu fico feliz por ter descoberto antes de cometer o maior erro da minha vida.

–– Lucas Scott, você aceita Charlie como sua legítima esposa? –– pergunta o padre, mesmo depois de ouvir tudo o que eu disse.

–– Aceito! –– diz Lucas.

–– Promete ser fiel na alegria, e na tristeza, na saúde, e na doença; Amando-a e respeitando-a por todos os dias de suas vidas?

–– Prometo.

–– Charlie Dawson, você aceita Lucas como seu legítimo esposo? –– ele me encara, mesmo já sabendo minha resposta. Desvio meu olhar para meus pais, eles parecem tão felizes.

–– Não!

Os olhos de Lucas se arregalam, e ouço todos fazerem "oh!", mostrando como foram pegos de surpresa. Eu não me surpreendo com as reações, eles não poderiam expressar outro sentimento. Quem acreditaria que a mulher que estava louca para casar diria um não ao futuro marido na igreja? Eu não acreditaria. 

Minha visão vaga por todos os rostos familiares daquela igreja, até parar na face indescritível da minha sogra, seus olhos me queimam, mas não posso deixar de pensar o quanto ela está feliz com minha resposta. Olho para minha mãe que tem as mãos tampando a boca, e os olhos marejados, ela deve estar decepcionada.

Levo as minhas mãos para a saia enorme do meu vestido, e ponho as minhas pernas finas para correr para fora da igreja. Enquanto vou passando pelo longo corredor em direção à saída, as pessoas vão se levanto, e os múrmuros só aumentam.  Ao passar pela porta de entrada desço os degraus da igreja, o mais apressada que consigo, pois os saltos não ajudam muito. Vejo o motorista do carro que me trouxe para a igreja encostado ao veiculo, olho para trás vendo Lucas e os seus pais vindo logo atrás de mim, então me aproximo do motorista. 

— Pode me emprestar o carro, por favor? — pergunto ao homem, e tiro a chave do seu carro da sua mão. Ele tenta me segurar, mas eu empurro o mesmo fazendo-o cair no chão. Abro a porta do veiculo, me acomodando no acendo do motorista, então bato a porta do carro deixando o meu véu preso. 

— Charlie, abre essa porta. — escuto a voz abafada de Lucas. Meus olhos começam a arder novamente, e algumas lágrimas descem pelo meu rosto ao ver a face falsa de Lucas. Livro-me dos meus saltos, e ligo o carro saindo dali cantando pneu. 

Dirijo mais rápido do que o habitual, e a paisagem passa como um borrão pela janela, mas não me importo, apenas continuo o meu caminho, querendo a solidão de minha casa, e o conforto de minha cama macia, onde eu poderei chorar em paz, e finalmente aceitar todo o pesadelo que esse dia se tornou. As lágrimas deixam minha visão turva, tornando o trabalho de dirigir mais complicado, e não importa o quanto eu limpe meus olhos com os dedos, elas sempre voltam.

Estaciono o carro bem próximo a minha casa, e praticamente salto para fora, batendo a porta com toda a minha força. Entro dentro de casa, e subo a escada correndo, me jogando na cama, assim que entro em meu quarto. Abafo o choro com o travesseiro, me sentindo um pouco sufocada, mas aliviada por poder chorar livremente.

Um cheiro forte adentra minhas narinas, e quase imediatamente eu o reconheço. É o cheiro dele. Afasto de minha face do travesseiro, e olho ao redor, só então percebo que tudo ali me lembra ele, ele está em cada canto dessa casa, e isso é doloroso demais. Corro até o guarda-roupa, e tiro todas as suas roupas, jogando-as pela janela, mas isso não é bastante, e não faz com que eu me sinta melhor.

Saio do quarto, não aguentando ficar ali nem mais um segundo, pois as lembranças são muitas. É impossível não lembrar-me de todas as noites em que ele me abraçou, me beijou, e me fez mulher naquela cama. Pensar que tudo não passou de algo físico, dói tanto quanto levar uma facada no peito. Ao passar pela sala, o móvel da televisão ganha minha atenção, devido as fotos ali presente. Sem pensar duas vezes eu taco os porta-retratos no chão, e vejo vidro de espatifar.

Me sinto sufocada, agoniada, e completamente sem ar. Corro para fora de casa, pisando na grama úmida, até meus pés se afundarem na areia da praia. O vento bate contra mim, me fazendo sentir o gosto salgado da maresia. O mar está agitado, e as ondas quebram com precisão.

Eu não sei o que pensar, minha cabeça está um turbilhão. Um milhão de coisas se passa em minha mente, inclusive a imagem de Lucas e Amber fazendo sexo.

Será que ela é melhor do eu? Será que ela faz algo que eu não faço? Será que não fui mulher o suficiente para ele?

Ignoro meus pensamentos, ignoro tudo, e apenas caminho a adiante, ficando a cada passo mais próxima do mar agitado. A água gelada submerge meus pés, e molha a barra do vestido. Todo o meu corpo se arrepia, e quando as ondas se quebram contra mim, eu me dou conta da estupidez que estou fazendo. Balanço a cabeça em negativo, e dou meia volta para voltar a areia, mas...

É tarde demais. 


Notas Finais


Meu Deus, o casamento está arruinado. Tadinha da Charlie '-'
Não se esqueçam, caso tenham gostado do capítulo não deixem de comentar, pois isso me incentiva muito. Críticas são sempre bem-vidas, desde que as mesmas sejam construtivas. Beijão e até o próximo capítulo <3

TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=DoQ3VBlhrok


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