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História Love at second sight - Lifeguard


Escrita por: lagerfeld

Notas do Autor


Olá meus amores, tudo bem?
Ainn gente eu fiquei com tanta pena da Charlie no capítulo passado, imagina o quão terrível deve ser descobrir a traição do homem que você ama justo no dia do seu casamento. Se Deus quiser eu nunca vou saber o que é isso. Amém! Ah, e eu preciso dizer que vocês foram simplesmente sensacionais com os comentários, muitas realmente se colocaram no lugar da personagem pedindo até a castração do Lucas kkkkk.

Enfim, boa leitura!

Capítulo 5 - Lifeguard


Fanfic / Fanfiction Love at second sight - Lifeguard

Point Of View — Justin

–– Pronto, garota. Agora você é uma cadela livre.

Molly corre para fora assim que abro à porta de casa, dando-lhe a tão sonhada liberdade. Paro em minha varanda, escorando-me em uma das pilastras próximas a escada, e observando a golden retriever correr atrás de seu divertimento, sendo ele, uma borboleta amarela. A cadela corre de um lado para o outro, com sua atenção focada no inseto que voa a poucos metros do chão, como se estivesse se divertindo com o fracasso de meu animal, assim como eu.

Entre o riso, e algumas gargalhadas, algo chama minha atenção. A alguns metros de minha casa, vejo alguma coisa no mar, mas não sei dizer o que é. Cerro meus olhos, forçando minha visão, e quando finalmente percebo que o que tanto se mexe dentro d’água é uma pessoa, eu corro em direção ao mar.

Meus passos são rápidos, e tensos, levantando areia. A água do mar está gelada, e arrepia minha pele, mas não deixo que isso tire meu foco de salvar a vida da pessoa desesperada. Mergulho sobre as ondas, acelerando o ritmo de meus pés e meus braços, que trabalham em perfeita união.

–– Me ajuda! –– grita uma voz doce, porém regada a desespero.

Paro por um instante, para recuperar meu fôlego, e quase imediatamente eu a vejo se debater por entre as ondas, com os cabelos negros cobrindo quase toda a sua face, exceto seus olhos assustados.

Uma onda forte vem contra nós, me obrigando a me abaixar, para não ser derrubado. Prendo a respiração, e enquanto me afundo solto bolhas de ar. Quando volto a superfície não a vejo mais, não a nenhum sinal da garota, e isso faz com que eu sinta um aperto em meu peito.

–– Charlie, onde você está? –– grito.

Meus olhos percorrem toda a imensidão. O mar estranhamente se acalma, e apenas algumas ondas leves batem contra mim. Os gritos das gaivotas ecoam em meio a tanto silêncio, e isso me deixa a beira do desesperado, como se fosse o meu pior pesadelo. Algo se destaca na água, um tecido branco flutua em ritmo lento, e ele é tudo o que preciso para não perder minha fé de encontrá-la.

Eu mergulho, segurando seu corpo em meus braços, puxando-a para a superfície. Solto um suspiro pesado, meu cabelo cai sobre minha testa, dificultando minha visão. Ando pra fora d´água com a garota em meus braços, seus olhos estão fechados, a cor saudável e reluzente de sua pele é amenizada pela palidez, não a nenhum brilho sobre ela, e me sinto carregando um peso morto. Seus lábios, antes tão atraentes, agora estão roxos.

Deito-a na areia, afastando os fios de cabelo de seu rosto. Aproximo meu ouvido de seu coração, e ao ouvir seus batimentos minimamente, eu fecho meus olhos. Nunca fui um homem muito religioso, minhas crenças sempre foram céticas, mas eu oro, peço a Deus para que salve a vida dessa garota, e praticamente imploro para que ele atenda ao pedido desse pobre pecador.

–– Vamos lá garota, acorde. –– imploro, em forma de sussurro.

Balanço minha cabeça em negativo, e lamento. Deus não fará nenhum sozinho milagre, então cabe a mim, trazê-la de volta a vida.

Junto minhas mãos em seu peito, iniciando uma massagem cardíaca. Abro sua boca, e tampo seu nariz. Aproximo meus lábios dos dela, soprando ar para dentro de sua boca, implorando para o mesmo atinja seus pulmões. Repito esse ato três vezes, e cada tentativa falha leva consigo os vestígios de minha fé. Quando perco minhas esperanças, ela tosse, cuspindo uma quantidade preocupante de água. Seu olhar vaga, entre mim e o céu, ela parece perdida, atordoada, e tentando entender como tudo aconteceu, mas eu ignoro sua reação, olho para cima, fitando o céu, e mentalmente digo um obrigado, mesmo sem saber se isso foi obra de Deus.

–– Agora que está viva, por favor, me diga o que te levou a entrar no mar, agitado como estava? –– pergunto, relaxando meu corpo cansado sobre a areia úmida.

Fecho meus olhos, repouso um de meus braços sobre meu abdômen exposto, e estico as pernas.

–– Foi uma estupidez. –– responde curta, e sem estender o assunto.

Espero pacientemente para ouvir alguma outra coisa, como um ligeiro obrigado, mas isso não acontece. Abro meus olhos, e me dou conta de que estou sozinho na praia. Ao virar-me vejo Charlie um pouco distante, quase chegando em sua casa. Levanto-me rapidamente, e corro atrás dela, não deixo de notar o vestido branco, completamente ensopado. É um vestido de casamento, tenho certeza disso.

–– Charlie, porque está usando seu vestido de casamento? –– pergunto manso, acompanhando o ritmo apressado de seus passos.

Ela suspira pesadamente, mas não me responde. As gotas de águas escorrem por todo a sua extensão, o vestido, que antes deveria ser muito bonito, agora serve apenas para atiçar minha imaginação, pois o mesmo, agora molhado, deixa visível seu corpo curvilíneo. Charlie vira-se em minha direção, e me encara, focando seu olhar ao meu. Sua boca se abre, mas nada sai. Ela desvia o olhar para o nada, e parece pensar na coisa certa a dizer.

Aproveito de seu momento de distração para fitá-la dos pés, a cabeça, mesmo com os cabelos bagunçados, e maquiagem borrada, ela é linda, sua face é delicada como nenhuma outra, aos poucos seus lábios voltam a coloração normal, um rosa claro, e extremamente convidativo, não me importaria de passar o resto do dia beijando-a, e sentindo seu gosto, que presumo ser doce, doce como ela.

–– Não precisa responder. –– digo depois de algum tempo, pois percebo que ela não  parece confortável com minha pergunta. –– É melhor você entrar, tomar um banho, e vestir uma roupa quente. Ou pode passar no hospital para ver se está realmente bem, posso te levar se quiser.

–– Eu estou bem, só preciso descansar. –– ela cruza os braços em frente ao corpo, abraçando sua cintura fina. Seus olhos vagam pelo terreno, e se encontram com Molly, ainda distraída com a borboleta amarela. –– Ela não deveria fazer tanto esforço, é sério.

Dito isso ela se afasta, caminha até sua varanda, e eu a perco de vista quando ouço a porta bater. Ela não se despede, e percebo que também não me agradeceu, tal coisa me deixaria puto, afinal eu pulei no mar para salvá-la, mas relevo sua atitude, tendo em mente que hoje parece não ter sido um dia fácil para Charlie.

— Molly, vamos para casa, garota — chamo a minha cadela.

Caminho em direção a minha casa, sentindo os meus pés cobertos de areia, se misturarem com a grama. A água da minha roupa escorre pelo meu corpo encharcado, e o gosto salgado do mar ainda esta presente no meu paladar. 

Assim que chego à minha varanda abro a porta de casa para Molly, e entro logo atrás dela. Fecho a porta, vendo todo o rastro de sujeira das patas de Molly, juntamente a algumas pegadas minhas, depois olho para o meu corpo, e suspiro ao pensar que terei que limpar tudo. Sigo para o armário em baixo da escada, abro a porta da madeira, e tiro uma toalha para mim tomar um banho. O gosto amargo do sal do mar me incomoda, então vou para a cozinha e tiro uma garrafa d’água de dentro da geladeira. 

Olho para Molly que não para de pular animada, sua energia para brincar não parece ter fim. Molly me encara por alguns segundos, e sai para o quintal através da pequena abertura na porta, penso em ir atrás dela, mas ao contrário do que minha mãe e Charlie disseram, ela está bem.

Abro a garrafa d’água, e levo a mesma aos meus lábios bebericando o liquido aos poucos, minha visão vaga involuntariamente para a janela da minha cozinha e vejo Charlie com um copo d’água na mão, encostada a pia da sua casa. Ela ainda veste o vestido de casamento. Franzo a testa ao tentar imaginar os motivos dela ter feito tal ato idiota, de entrar em um mar agitado. Continuo observando ela parada, como uma estatua, como se algum movimento fosse entregar os motivos de ter feito aquilo. O copo escorrega lentamente entre os seus dedos caindo no chão, mas ela não parece se importa, pois continua imóvel, fitando o nada. Ela leva as mãos ao rosto, e em seguida posso vê-la chorando.

Eu queria poder ajudá-la, e a fazer se sentir melhor, mesmo não sabendo o que a deixou dessa forma, mas não a conheço, assim como ela não me conhece. Somos apenas vizinhos, desconhecidos um para o outro. Charlie é uma incógnita para mim, assim como o motivo de sua tristeza.

• • •

Passo o antebraço em minha testa, tomando cuidado para não me sujar de graxa, e limpando o suor que molha minha testa, assim como a lateral de minha face. O mesmo suor que escorre por minha nuca, deixa meu abdômen marcado na camiseta branca, e me faz lamentar o ar condicionado quebrado.

Dou os últimos retoques no carro, trocando as peças necessárias, e mudando as velhas por novas. Fecho o capô do próprio, e me livro das luvas quentes, tomando o lugar do motorista. Ponho a chave na ignição, e a giro, quando ouço o ronco do motor dou um soco no volante, comemorando. Estava a dias trabalhando nesse carro, e vê-lo finalmente voltar à vida é quase tão bom quanto terminar meu expediente com uma boa loira gelada.

Com isso em mente, eu desligo o carro, e me livro do macacão sujo de graxa, deixando-o em um dos cabides próximo a uma prateleira. Lavo as mãos na pia, e aproveito para molhar minha face, as gotas de água gelada escorrem do meu pescoço, molhando a camiseta, mas não me importo apenas me sinto refrescado.

Subo a escada de metal, indo para o andar principal do lugar, uma espécie de escritório, onde são feitas as encomendas de peças, e onde eu posso conversar melhor com os clientes. Assim que vejo os três marmanjos esparramados no sofá, travo o maxilar, irritado por ser o único preocupado com os carros que precisam ser entregues até segunda.

— Tenho certeza de que o chefe adoraria ver uma cena dessas. — murmuro sarcástico, ao torna-me presente no ambiente. — Se gostam de trabalhar aqui, é melhor levantarem essas bundas muchas do sofá, estou cansado de fazer o trabalho sujo sozinho. — completo.

— Qual é cara, não aja como um velho. — protesta Chaz, o que me surpreende, pois de todos nós ele é o mais sensato, sempre pegando em nosso pé quando se trata do trabalho, e agindo como se fosse o próprio chefe.

— Chaz, está certo. São sete e meia, nosso expediente já acabou. — diz Ryan.

Encaro o relógio atrás de mim, e suspiro. Não percebi as horas passarem. Meu estômago ronca, não me lembro de ter almoçado, ou comido algo desde as duas da tarde. As horas passaram sem perceber, mas meu corpo reclama, e pede por descanso. Massageio meus ombros, tentando amenizar a dor que se estabiliza no local.

— Cara, você está péssimo. — indaga Chris. Seu senso de humor, é sempre mais irritante do que engraçado de fato, mas como é o caçula dos quatro, relevamos suas atitudes, tendo em mente que o pivete ainda tem coisas a aprender, como por exemplo, a fazer piadas que realmente nos faça rir.

— Isso é o que acontece, quando se rala o dia inteiro. — pego uma toalha limpa no armário a minha esquerda, e uso-a para limpar meu rosto, ainda úmido. — Deveria tentar qualquer dia. — taco a toalha em sua direção, mas para a minha infelicidade, ele a pega no ar.

— Chega de papo furado. — Ryan chama nossa atenção. — Bieber, vá tomar uma ducha. Estou cansado, com fome,  e quero dar um beijo em minha noiva, antes de ir pra casa.

Não protesto, não repreendo seu tom levemente autoritário, ou, ao menos reviro os olhos, apenas caminho em passos lentos até o banheiro, pois um banho é tudo o que preciso, e assim como Ryan, também estou com fome, e reconheço isso.

Tiro minha camiseta suada, jogando-a em um canto qualquer do banheiro. Não é um ambiente amplo o suficiente para que eu me sinta confortável, foi o que pensei na primeira vez, mas depois de incansáveis dias de trabalho, esse pequeno banheiro, com apenas uma pia, uma privada, e um chuveiro, não tão potente quanto o de minha casa, tornou-se meu quarto melhor amigo.

Tomo uma chuveirada rápida, apenas para tirar o mau odor, e refrescar o corpo. Pego a mochila que guardo em minha sala, e tiro de lá uma camiseta simples, idêntica a de momentos atrás. Visto a mesma calça, calço o mesmo tênis, dou um jeito em meu cabelo mal cortado, e visto uma camisa xadrez azul escuro, por cima.

— Agora sim, está lindo. — zomba Christian, assim que saio da sala. — Talvez consiga uma garota essa noite.

— Eu faria isso, mesmo estando sujo se graxa. — me gabo.

Ajeito a camisa xadrez do corpo, e dou uma última olhada no espelho.

— Espero que sua noiva tenha arrumado o meu prato, estou faminto. Caso contrário, seu salário virá um pouco mais baixo esse mês. — digo a Ryan, com o tom de voz zombateiro, mas o mesmo junta sua sobrancelha, demonstrando seu desgosto com minhas palavras. — Lembre-se, sua noiva, é minha irmã, e ela já cozinha pra mim, antes de você pensar em corteja-la.

Dou um tapa em seu ombro, e rio, para amenizar sua expressão séria. Saímos os três da oficina, iniciando nosso caminho pelas ruas de Charleston, enquanto Chaz tranca o lugar. A noite já chegou, a lua está plena no céu como em todas as noites, e uma brisa quente nos conforta. As ruas estão movimentadas, com pessoas indo e vindo, porém o fluxo maior de movimento se encontra no porto, nosso destino.

O Cinco Irmãos é o melhor lugar da cidade para ir depois de um longo dia de trabalho, o ambiente é descontraído, com música ao vivo, cantada por quem sabe, a próxima descoberta do American Idol. A comida é tão boa quanto a de um restaurante cinco estrelas, mas o preço é mais em conta, e os funcionários, são amigos de longa data. Tony, Marcos, Jeffrey, Alfred, e Beau, não são os cinco homens mais inteligente que eu conheço, mas foram espertos o bastante para conseguirem manter o negócio da família.

Ergo minhas duas mãos a frente, empurrando a porta branca de madeira.

— Fala ai caras, é sempre um prazer, vê-los por aqui. — Beau, o mais novo, caminha até nós e nos cumprimenta com um aperto de mão. — Já consertou a caminhonete da minha garota? — assinto.

— Passe para pegá-la na segunda. — ele sorri. — Como vai a família?

— Muito bem, mas meu pai ainda está com a ideia maluca de se mudar para o Texas, acha que o restaurante pode ter mais reconhecimento lá.

— Não o deixe cometer esse equívoco, a população de Charleston não sobreviveria sem as receitas de sua mãe.

 Afasto-me dando um leve tapa em suas costas. Caminho até a mesa do canto, a mais reservada de todas no lugar, e arrisco-me a chama-la de nossa, pois para isso se concretizar, falta apenas entalhar meu nome em seu banco de madeira.

— O que os meus garotos preferidos vão querer? — pergunta uma garota loura, de cabelos na altura dos ombros, e traços finos. Ela apoia sua mãos na mesa, inclinando o corpo para frente, e estagnando seu olhar ao de Ryan, que fita a bela garota dos pés a cabeça.

— Garotos preferidos? — se faz de ofendido. — Amor, eu sou seu único favorito.

A bela loura, minha irmã, Jazmyn, põe a mão na boca, para esconder seu riso. Quase imediatamente ela deixa o bloco de papel, e a caneta de lado, e acomoda-se no colo do noivo, juntando seus lábios ao dele. Desvio meu olhar, fitando o porto a minha direita, pois observar minha irmã trocando saliva com um marmanjo, é uma cena que eu prefiro não ter em mente.

Ainda estou tentando me acostumar com essa ideia de noivado. Quando eu finalmente havia aceitado o namoro dos dois, Ryan pediu a mão da própria, e antes que eu pudesse dizer um ‘’Ah!’’, minha irmã já havia dito sim. Eles são novos, Jazmyn é um ano mais nova do que eu, e Ryan é um ano mais velho, não acho que vá da certo, estou cético quanto isso, mas ela é minha irmã, e se acha que meu melhor amigo pode fazê-la feliz, vou apoia-la, e manter minhas dúvidas em segredo.

— Não se preocupe com os outros, você sempre será meu favorito. — ouço-a dizer. — E você... — ela se levanta, aproximando-se de mim, com a expressão séria. — Pare de amedrontar meu noivo.

Intercalo meu olhar entre ela, e Ryan, e sibila um ‘’eu não disse nada’’, me fazendo rir. Jazmyn suaviza seu expressão, e bagunça meu cabelo, tendo em mente o quanto isso me incomoda.

— Vou trazer as cervejas, e já pedi para Tony preparar a isca de peixe. — diz, ao sair.

Levo minhas mãos a cabeça, tentando dar um jeito na bagunça de minha irmã.

— Ei, Justin. — me chama Chris. — No bar. Cabelo preto, copo na mão... Corpo sensacional. — rio da maneira como o mesmo parece fascinado.

Giro minha cabeça em direção ao bar. Percorro o lugar com os olhos, e demora alguns instantes, para que eu encontre a garota descrita por Christian, mas assim que a vejo, não faço outra coisa, a não ser concordar mentalmente.

Mesmo estando de costas para mim, e podendo ver apenas um pouco de seu perfil, eu a reconheço, e nesse momento, penso que talvez, só talvez, não seja capaz de confundi-la com outra pessoa. Desvio meu olhar para o copo em sua mão, cheio de um líquido sem cor, e minha curiosidade se atiça, querendo saber se é água, ou alguma bebida alcóolica.

— É a minha vizinha, Charlie. — digo.

Jazmyn aproxima-se de nós com uma bandeja de prata em mãos, compondo quadro garrafas de Heiniken em seu centro. Ela distribui as cervejas, dando uma para cada um de nós. Dou um gole em minha cerveja, o líquido amargo desce maravilhosamente por minha garganta.

Sem que eu perceba, meus olhos já estão estagnados sobre Charlie, como se a mesma fosse um imã, e eu, uma grande placa de metal, que não consegue lutar contra a força que me leva diretamente a ela.

— Coitada, o fim de semana não está sendo como ela imaginou que seria. — desvio meu olhar para Jazmyn, e vejo com o olhar piedoso, enquanto beberica a cerveja de seu noivo.

— O que quer dizer com isso? — pergunto curioso.

— Não soube? — nego com a cabeça. — Ela deixou o noivo no altar ontem. Dizem que ele a estava traindo.

Suspiro, me sinto um tolo, tal hipótese não havia se passado em minha cabeça. O quão estúpido eu sou? Era óbvio que algo havia dado em errado em seu casamento, afinal... Por qual outro motivo ela estaria vestida de noiva?!

Levanto-me abruptamente da cadeira, mantendo a garrafa de cerveja firme em minha mão. Ao longe, ouço Christian dizer algo, e mesmo não entendendo com clareza, tenho certeza de que foi um piada, que me faria dar-lhe um soco. Ao aproximar-me de Charlie, noto o quanto a mesma está distraída, ou bêbada, não sei ao certo. Permaneço atrás de si por alguns instantes, apenas observando o movimento de seu dedo indicador, que acompanha a circunferência do copo, em movimentos lentos.

— Huhum. — pigarreio chamando sua atenção.

Ela me encara de soslaio, mas logo volta sua atenção ao que estava fazendo antes. Não entendo isso como um convite a me retirar, pelo contrário, afasto uma banqueta, e sento-me ao seu lado.

— Soube o que ouve ontem, sinto muito. — digo manso. Goleio minha cerveja, e espero que ela diga algo, mas nem mesmo um suspiro é ouvido. — Por isso estava no mar ontem? — quebro o silêncio, mas novamente sou ignorado. Ela nem ao menos dirige seu olhar a mim, e de certa forma, isso é desconcertante. — Charlie, você tentou se matar?

— Não. — responde simples, ainda sem me encarar. — Eu tentei voltar pra areia, mas não consegui. Eu estava chateada, mas não queria me matar. — ela afunda as mãos no cabelo, quase deitando a cabeça no balcão. Seus olhos estão pequenos, quase fechados, entregando o seu sono. Tomo a liberdade de pegar o copo a sua frente, e assim que o aproximo de meu nariz, sinto cheiro goste de vodca.

— Quantos desses já tomou?

— Apenas dois, mas eu nunca fui forte com a bebida, e por algum motivo, ela sempre me dá sono. — ela apoia os braços no balcão, e relaxa a cabeça sobre os mesmos, finalmente fechando seus olhos por completo. Rio anasalado, é impossível não compará-la a uma criança, pois a expressão cansada é a mesma, assim como a ingenuidade.

— Eu acho melhor ir pra casa. — afasto alguns fios de cabelo de sua face. — Como chegou aqui? — lentamente ela abre suas pálpebras, finalmente fixando seu olhar ao meu.

— Eu vim com minha irmã, mas ela saiu com um rapaz, e me deixou aqui.

— Posso leva-la pra casa, se quiser. — sugiro, mas ela já está com os olhos fechados novamente. — Charlie, quer que eu te leve pra casa? — pergunto manso, e sussurrando.

— Sim, por favor.

Com receio eu me afasto, e refaço o meu caminho, voltando para onde estava antes. Durante o curto trajeto, olho para trás, no mínimo cinco vezes, apenas para me certificar de que ela continua ali, quase adormecida e serena.

— Jaz, preciso do seu carro. — ela cruza os braços.

— Não vou emprestar meu carro pra você poder se dar bem. — balanço a cabeça em negativo.

— Quando eu faço sexo, gosto que ambas as partes estejam aproveitando, irmãzinha. Então mesmo que eu quisesse, não tentaria nada com Charlie essa noite. — ela me encara por alguns instantes, como se pensasse no que eu disse, até que finalmente entrega-me a chave de seu carro, e eu lhe entrego a minha.

— Ele está estacionado próximo a oficina. — aviso.

Suavemente eu toco o ombro da garota adormecida, a fazendo despertar. Deixo uma nota de vinte dólares no balcão, e a ajudo a levantar. Passo um de meus braços por sua cintura, e o mesmo parece ter sido feito para viver nesse lugar. Charlie relaxa a cabeça em meu ombro, e lentamente nós andamos para fora.

Já do lado de fora, ela começa a cantarolar uma música, mas devido ao modo embolado como as palavras saem de sua boca, não consigo adivinhar qual é, então apenas rio, realmente achando graça na situação. Eu a coloco dentro do carro, passando o cinto por seu corpo, certificando-me de que caso algo ruim acontecesse, ela estaria bem protegida.

Dou a volta no veículo, e tomo o lugar do motorista.

Charlie encontrasse novamente adormecida, encolhida no banco, com o corpo escorado contra a porta do carro, e as mãos juntas sobre as pernas. Seu peito sobe e desce devagar, sua respiração é lenta, e o único som que ouço durante o trajeto até nossas casas.

Ela parece tão serena, feliz por ter se perdido em sua mente, que imagino eu, ser um mundo único que jamais poderei compreender, assim quando estaciono o carro em frente a minha casa a observo por alguns instantes, sinto pena de acorda-la, e traze-la de volta ao mundo real, onde as coisas não vão muito bem. Mesmo assim, mesmo não querendo, eu a acordo tocando seu ombro lentamente, deslizando meu dedo pela pele exposta de seu braço, e sentindo o quão macia ela é. Bem devagar ela abre suas pálpebras, e me encara confusa.

— Chegamos. — digo manso.

Ela ergue o tronco, exibindo sua cara amassada, e cabelo um pouco bagunçado, o que ocasionalmente me faz sorrir.

— Obrigada. — ela diz, assim ambos que estamos fora do carro.

— Não precisa agradecer, foi só uma carona. Além do mais, eu moro a meio metro de distância. — rio.

— Não estou agradecendo apenas pela carona, mas sim, pelo o que fez ontem. Você salvou minha vida, e só agora percebi que não te agradeci, então... — ela dá um passo a frente, diminuindo o espaço entre nós. Seu olhar ainda sonolento esta fixo ao meu. Lentamente ela aproxima seu rosto do meu, mas antes que eu possa sentir seu hálito quente contra o meu, seus lábios tocam minha bochecha, e eu sorrio, um pouco decepcionado, mas ainda sim, feliz. — Obrigado por ser meu salva-vidas nesse final de semana.

— Acredite, eu não me importaria de salva-la outra vez, mas prefiro que não faça aquilo novamente. — ela se afasta, dando alguns passos para trás.

— Não vou. — sorri sem mostrar os dentes. — Boa noite, Justin.

Ela passa por mim, andando em direção a sua casa. Mantenho meu olhar fixo sobre ela, e a vejo parar, antes de subir o primeiro degrau, para a sua varanda. Ela fica parada, sem mover um músculo, então sei que tem algo errado.

— Qual é o problema? — pergunto, sem me aproximar.

Ela se vira pra mim, mas não me encara fixamente, ao invés disso, intercala seu olhar entre mim, e o chão, mantendo seu lábio inferior, prisioneiro de seus dentes.

— Posso dormir com você? — pergunta em um fio de voz, deixando-me completamente surpreso.

Minha testa se franze em um ato involuntário, e consequentemente eu coço a nuca. Charlie é uma garota linda, não nego, mas ainda sim, não está em sã consciência, e aceitar seu pedido, seria o mesmo que me aproveitar, pois sei o quanto está frágil, e sensível com tudo o que aconteceu.

— Charlie...

— Justin, eu não quero fazer sexo com você. Só quero que me salve, de uma noite solitária, porque eu não quero chorar a noite inteira, como fiz ontem. E definitivamente não quero passar a noite sendo alvo de pena dos meus pais. — ela ergue sua mão, limpando os olhos marejados com as costas da mesma. Meus lábios se contraem, mordo o lábio inferior e olho em volta enquanto me pergunto se é uma boa ideia. Seus olhos castanhos não tem o brilho de alguns dias atrás, porém estão fixos em mim. Rodo a chave de casa em meu dedo, e dou alguns passos em sua direção dando um pequeno suspiro. 

— Eu posso te salvar mais uma vez. 


Notas Finais


Só tenho uma coisa a dizer: Justin pode me salvar a hora que ele quiser, estou aqui de braços abertos esperando pelo meu salva-vidas :) kkkkkkk Não se esqueçam, caso tenham gostado do capítulo não deixem de comentar, pois isso me incentiva muito. Críticas são sempre bem-vidas, desde que as mesmas sejam construtivas. Beijão e até o próximo capítulo <3

TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=DoQ3VBlhrok

Para quem gosta de Jelena eu recomendo a fanfic da minha linda, a Gi @acender <3

WILD: https://spiritfanfics.com/historia/wild-5554073


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