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História Love at second sight - Wild girl


Escrita por: lagerfeld

Notas do Autor


Olá meus amores, tudo bem?
Meeeeeeeeeeu Deus, nós chegamos aos +200 favoritos. Eu acho que vocês não conseguem imaginar o quanto eu estou feliz, mas sério, eu estou quase soltando fogos de artifício. Eu amo essa história e ver o quão bem ela está sendo aceita por vocês me deixa imensamente feliz e satisfeita comigo mesma. Então muito muito obrigada <3

Boa leitura!

Capítulo 6 - Wild girl


Fanfic / Fanfiction Love at second sight - Wild girl

Point Of View — Charlie

Aperto os meus olhos com força, desejando nunca sair dessa cama macia, e acolhedora. Subo a minha mão para o emaranhado dos meus cabelos, enfiando os dedos entre os fios, e coçando o couro cabeludo com as minhas unhas medianas. A minha cabeça começa a latejar, sinto uma forte dor bem a cima dos meus olhos. Sinto o ar quente e um pouco abafado circular pelos meus pulmões. Abro e fecho a minha boca, como se estivesse mastigando algo, então um gosto amargo toma conta do meu paladar.

Alguns flashes de memória começam a passar pela minha mente, então viro o meu rosto para o outro lado da cama, na tentativa de afastá-los, mas, infelizmente as lembranças continuam presente em minha mente, me torturando como um pesadelo sem fim. Tudo parece se repetir, tão doloroso como antes. A expressão surpresa de Lucas quando lhe acusei de traição, o jeito estranho que a mãe dele me olhava, os sons dos convidados boquiabertos, e para finalizar, o fato de inconsequentemente imaginar Lucas tocando Amber. Tudo me deixa enjoada, meu estômago revira, e o meu corpo já começa a suar frio.

Abro os olhos assustada. É impressionante a capacidade que minha mente tem de fazer com que as simples e infelizes lembranças se tornem tão reais e verdadeiras novamente. Impulsiono o meu corpo para frente, me sentando na cama. Minha respiração esta acelerada, então olho em volta de forma desesperada, e percebo que não estou no meu quarto.

Aperto o lençol macio contra o meu peito. Meus olhos percorrem todo o local de forma curiosa, procurando por qualquer detalhe que me lembre o motivo de estar em um cômodo desconhecido.

E então, como um estalo em minha mente acontece... Eu me lembro.

Quando os meus olhos se encontram com o boné azul, do time de futebol Carolina Panthers, pendurado atrás da porta, eu o reconheço quase imediatamente, e não demora mais do que alguns segundos para que minha dúvida seja esclarecida.

Me sinto suja. Dois dias atrás estava entrando em uma igreja, vestindo branco, e indo ao encontro do homem que, pensei ser o amor de minha vida e agora, estou na cama de um completo desconhecido, que apenas sei o nome. O que me conforta é o meu estado, estou vestida dos pés a cabeça, e nada em mim, ou ao me redor, me leva a pensar que fiz sexo com meu vizinho.

Suspiro aliviada.

Rapidamente eu me levanto. Meu sapato não está ao lado da cama, ou ao menos o vejo pelo quarto, então não tenho outra opção, além de andar com os pés descalços. Por mais que eu queira sair logo dali e ir para minha casa, onde o ambiente não é desconhecido ou novo, minha curiosidade está aguçada, então no caminho para fora do quarto, observando as coisas, percebendo alguns detalhes, como as diversas camisas xadrez penduradas em seu guarda-roupa aberto, e o cheiro amadeirado e másculo que predomina todo o ambiente.

–– Justin. –– o chamo apreensiva, assim que chego ao topo da escada.

–– Na cozinha.  –– ele diz, um pouco alto para que eu possa escutar com clareza.

Desço os degraus lentamente, e a cada passo mais próxima do andar de baixo, uma música se faz presente. É algo diferente do que ouvi a primeira vez que entrei em sua casa, é lento, com uma melodia suave, e apropriada para se ouvir nesse horário. Desço o último degrau, e viro a direita, passando pelo corredor de quadros que tanto chama a minha atenção.

–– Bom dia. –– ele diz animado, desviando minha atenção dos quadros, e ganhando toda ela. O encaro, envergonhada com essa situação desconfortante, mas Justin parece não compartilhar de tal sentimento. Estranhamente ele está... Tranquilo. Sorrindo suavemente, exibindo seus dentes bracos, e deixando suas bochechas magras em evidência.

–– Bom dia. –– sorrio sem mostrar os dentes.

–– Ei, bundão. –– ambos somos atraídos pela a pessoa que passa pela porta da cozinha. É uma garota, e ela é linda, não nego. Seu corpo é esguio, como qualquer mulher gostaria de ter, seu cabelo é loiro, e bate na altura dos ombros. Seus olhos azuis claros, me fitam dos pés a cabeça, me deixando intimidada.

Droga! Eu sempre fico intimidada por garotas loiras de olhos claros.

–– Quando uma garota aparece por aqui a essa hora da manhã, ela está interessada em apenas uma coisa... –– ela cerra os olhos, e junta as sobrancelhas. Engulo em seco, lembrando-me de ter ouvido essas mesmas palavras serem ditas por Justin, dias atrás.

–– Café da manhã. –– a torradeira apita. –– Charlie, essa é minha irmã. –– mesmo não podendo me ver, sei que minha expressão foi de surpresa. Mas agora, olhando para os dois posso notar algumas semelhanças, além da cor do cabelo.

–– Você é a garota do bar, certo? –– ela pergunta, sentando-se a minha frente.

–– Eu acho que sim. –– mordo a bochecha internamente. Quase imediatamente ela se vira para o irmão, e o encara seriamente. Ele sem compreender o motivo de tal coisa, apenas dá de ombros.

–– Você disse que não ia dormir com ela. Droga Justin, a garota estava bêbada. –– ela diz estridente, parecendo realmente zangada com a atitude de seu irmão. Escuto-a bufar.

–– Eu não dormi com ela. –– mantém o tom manso, mas a mesma o encara com desdém. –– Não dormi, eu juro. Sim, eu deitei com ela na cama, mas assim que Charlie pegou no sono eu fui para o quarto de hóspedes. –– ele diz tudo calmamente, mas realmente parece querer se explicar, e acabar com esse mal entendido.

Ele a encara, mas logo fixa seu olhar em mim. Eu não sei o que dizer, ou se devo dizer alguma coisa. Minha cabeça ainda doí, e me sinto culpada por estar aqui, mas de qualquer forma não posso o ignorar o fato de sentir-me mais leve, ao saber que não passamos a noite juntos.

–– Eu vou embora, preciso trabalhar daqui a pouco. –– encaro ambos. –– Obrigada por me ajudar ontem a noite, foi constrangedor, eu sei. Eu não costumo beber nada além de uma cerveja, e agora eu me lembro o porque. –– ele ri nasalado. –– Foi um prazer te conhecer. –– digo a garota, que apenas acena enquanto eu saio de cena.

Ouço a porta bater, assim que eu a solto. Desço os três degraus da escada, e meus pés tocam a grama úmida, causando-me desconforto inicialmente. Desvio meu olhar para o mar, e apenas por encarar a imensidão sinto um frio na espinha.

–– Charlie. –– ouço me chamar, e logo reconheço a voz rouca e mansa. –– Você esqueceu seu sapato. –– viro-me para trás, e o vejo com minhas sapatilhas preta em mãos. Eu as pego.

–– Eu não queria causar problemas entre você e sua irmã. –– Justin enfia as mãos no bolso de sua calça de moletom, desviando seu olhar do meu, e comprimi os lábios me linha reta.

–– Não liga para o que ela disse, Jazmyn tem estado muito irritada ultimamente. Acho que é o famoso estresse pré casamento.

–– Sei exatamente pelo o que ela está passando. –– reviro os olhos. –– Justin, eu não sei exatamente o que eu te disse ontem a noite, e espero que eu não tenha dito nada errado, mas eu quero que saiba, que o que aconteceu ontem não costuma acontecer.

–– Wow, então você não costuma ir a bares, ficar bêbada com duas doses de vodka, e dormir na cama de um estranho?! Estou chocado, pensei que fosse uma garota selvagem. –– sua fala carregada a sarcasmo me arranca um riso sincero e eu aprecio isso, pois é a primeira vez que rio desde que tudo em minha vida desmoronou. –– Charlie não precisa se preocupar, ou pedir desculpas. Você estava vulnerável devido a tudo o que aconteceu, e tudo bem, eu fico feliz em ter ajudado.

Justin tira sua mão direita do bolso, e a move para frente, mas logo recua como se tivesse pensado em fazer algo, mas percebeu não ser uma boa ideia. Um silêncio se instala entre nós, sendo preenchido apenas pelo som das ondas se quebrando na costa, a poucos metros de onde estamos. Escuto um suspiro, mas fico confusa, pois não pareceu ser realmente um suspiro, e sim uma lufada, e um riso ao mesmo tempo.

Tentar decifrar o que foi esse som, me deixa distraída o suficiente, para que eu me surpreenda ao sentir os dedos de Justin roçarem minha face, levando uma mecha de cabelo para trás de minha orelha. Ergo meu olhar, fitando suas íris carameladas, agora iluminadas pelo sol. Seus dedos descem para minha bochecha, acariciando-a. Sinto minha face esquentar, e mesmo sem poder ver, sei que estou corada.

–– Ele é louco, um perfeito lunático. Essa é a única alternativa, que explica o fato dele ter feito o que fez. –– demora alguns instantes para que eu entenda a quem ele se refere.

–– Talvez seja minha culpa. Talvez eu tenha forçado as coisas.

–– Não faça isso. –– ele diz sério, mas ainda calmo. –– Não tente achar uma justificativa para o que ele fez, porque ela não existe. Você não merecia isso, Charlie. –– o toque de sua mão em minha face torna-se mais presente, e menos receoso, fazendo com que os pelos de minha nuca se arrepiem. Seus olhos encaram-me com intensidade, deixando-me nada menos do que constrangida.

–– Eu deveria estar surpreso? –– a voz mansa, que antes me arrancava sorrisos adentra meus ouvidos, mais grave do que nunca.

Meu corpo todo estremece, e logo não consigo mover um músculo, como se estivesse petrificada. Justin afasta sua mão do meu rosto, e fixa seu olhar em um ponto específico atrás de mim, que mesmo sem olhar, sei bem qual é. Sua postura leve, e suave de antes some. Ele estufa o peito e trava o maxilar, tensionando os músculos de seu corpo.

Suspiro pesadamente e me viro.

–– Nosso casamento foi a dois dias atrás, e você já está com outro. –– diz rígido. Seu olhar intercala entre Justin e eu, como se não soubesse quem fuzilar com os olhos.

–– Desculpe, mas nosso casamento nunca aconteceu. Você destruiu tudo o que tínhamos, Lucas. –– digo firme, mas com a voz embargada.

–– E pra se vingar, você dorme com o primeiro que aparece? –– sua pergunta me choca tanto, que fico sem fala. Como ele é capaz de pensar uma coisa dessas? Nós passamos anos juntos, e parece que ele não me conhece, porque se conhecesse saberia que não sou capaz de dormir com qualquer um apenas por vingança.

–– Eu acho melhor você se acalmar. –– diz Justin, passando a minha frente, como se eu fosse uma pobre criança indefesa que precisa ser protegida.

–– E, eu acho melhor você não se meter. –– rebate Lucas, dando um passo a frente para afrontá-lo. –– Agora que dormiu com esse cara, você não é melhor do que eu. Nós dois somos farinha do mesmo saco, Charlie. Você é...

Lucas não pôde terminar a frase, pois antes de proferir tal ofensa o punho de Justin acerta seu rosto em cheio, o fazendo cambalear para trás e curvar seu corpo para frente, grunhindo de dor. Levo as mãos até minha boca, horrorizada com tal coisa. Entendo que Justin queira apenas me ajudar, e defender minha honra, mas sempre odiei brigas, e odeio ainda mais sabendo que sou o motivo da própria.

–– Eu disse para se acalmar. –– ele diz firme, balançando a mão no ar, provavelmente para tentar diminuir a dor.

Intercalo meu olhar entre Justin e Lucas, mas quando vejo meu ex-noivo cuspindo sangue na grama, percebo que ele está em uma situação pior, e apesar de ter dado início a todo o circo não posso vê-lo assim.

–– Vá colocar gelo em sua mão, Justin. –– digo, passando a sua frente e aproximando-me de Lucas. Justin me encara incrédulo, mas nada diz, apenas se afasta com a cara amarrada e tudo bem, eu não tiro sua razão.

–– Eu sabia que ainda me ama. –– ele diz, e só então percebo o cheiro forte de álcool que saí de sua boca.

–– É claro que eu ainda te amo, mas isso não significa mais nada. O que você fez foi imperdoável Lucas, então se ainda não entendeu, nós acabamos.

• • •

Abro o armário de vidro atrás de mim, retirando uma atadura de tamanho médio. Ao virar-me, fixo meu olhar ao pequeno cão deitado na maca. Sua pelagem é escura, tão negra quanto as asas de uma graúna, assim como os seus olhos, que agora parecem menos entristecidos do que momentos atrás, tudo graças ao analgésico que lhe dei.

Lentamente eu ergo sua pata traseira machucada, ele grunhi de dor, mas não tenta me impedir. Passo a gaze por sua pata, cobrindo toda a ferida, e terminando o curativo.

–– Agora você vai ficar bem, amigão. –– digo, acariciando sua barriga.

Pego o pequeno cão no colo, e abro a porta de meu consultório, indo para a sala de espera.

–– Como está o meu bebê? –– pergunta a senhora Rickson, vindo a nosso encontro.

–– Ele vai ficar bem. –– respondo, tirando o cão de meus braços e passando-o para os dela. –– Aqui está a receita, de preferência dê o analgésico uma vez ao dia, sempre no mesmo horário. E o traga novamente no mês que vem, quero ver como vai estar a ferida.

–– Obrigada doutora Dawson. –– agradece, guardando a receita em sua bolsa.

–– Por favor, me chame de Charlie.

A senhora Rickson saí sorrindo, conversando com o cão e lhe fazendo perguntas, como se o mesmo fosse lhe responder. Tal coisa me faz sorrir. Encaro o relógio na parede, e suspiro, dando fim ao meu horário de trabalho.

Acomodo-me no sofá vazio de forma relaxada, inclinando a cabeça para trás e fechando os olhos.

–– Parece que alguém teve um dia cheio. –– a voz doce de Patrícia ecoa pelo ambiente.

–– Quase lotado. Mas isso é bom, faz com que eu me distraia.

–– Sei que não é de minha conta, mas... –– ela solta uma lufada. Patrícia caminha até mim, e senta-se ao meu lado, fixando seus olhos azuis aos meus. Arrumo minha postura, deixando os ombros retos, e ela pega minhas mãos. –– Eu não consigo imaginar pelo o que está passando, então se precisar tirar um tempo do trabalho, eu compreendo, e a clínica ainda estará aqui quando estiver pronta para voltar.

Desvio meu olhar do dela, fitando o tapete no chão, mas mantenho nossas mãos juntas. Não sei o que dizer, realmente não sei. Alguém no mundo deveria ter escrito um livro sobre isso, assim eu saberia exatamente o que dizer, não só a Pattie, mas a todas as pessoas que tem falado comigo ultimamente. Todos os outros assuntos parecem ter sido excluídos do mundo, sobrando apenas, a vergonha, e a dor de ter sido traída.

Eu entendo todos, e agradeço a força que estão tentando me dar, mas continuar a falar sobre isso, não torna as coisas mais fáceis, apenas faz com que eu não consiga esquecer. Sei que faz apenas dois dias, sei que ainda vou lamentar muito tal coisa, mas quero tentar superar com a cabeça erguida, assim como superei todas as minhas decepções amorosas anteriores.

–– Posso te perguntar uma coisa? –– pergunto, ignorando qualquer agradecimento que eu deveria ter feito.

–– Claro, querida. –– ela sorri simpática.

–– O que eu faço com minha família? Eles estão me deixando louca. –– lamento. –– Minha mãe só sabe lamentar, meu pai quer matar o Lucas, e minha irmã mais nova acha que eu devo sair por ai, pulando de cama em cama.

Ela ri.

–– Eles são sua família, querem o melhor pra você, mas ninguém sabe o que está realmente sentindo, Charlie. Dê um tempo a eles. Dê um tempo a você, e logo a poeira vai abaixar. –– ela aperta minha mão, não de forma bruta, apenas demonstrando que está ali, disposta a me ajudar.  –– Eu não sei o que vai fazer, não sei se pensa em perdoar seu noivo mas...

–– Ex-noivo. –– interrompo-a corrigindo sua fala. –– E não, eu não penso em perdoá-lo. Mas eu sei que precisamos conversar. Na verdade, eu deveria me encontrar com ele daqui a quinze minutos no café da Rose.

–– E você vai?

–– Eu acho que sim, por mais que seja doloroso, eu quero ouvir os motivos dele.

–– Então eu não vou prende-la mais aqui. Mas, Charlie, eu quero que saiba, que se precisar de uma amiga, eu estou aqui. Sei que sou velha, mas sei dar bons conselhos. –– ela diz com humor, e me puxa para um abraço, tão confortante quanto o de minha mãe.

–– Obrigada, Patrícia.

–– Por favor, me chame de Pattie. –– sorrio.

Ao sair da clínica ando pelas ruas de Charleston sem pressa alguma. O café não é tão distante de onde estou, então prefiro ir caminhando, assim posso respirar ar puro e ganhar um pouco mais de tempo. A noite está bonita, e o clima agradável, com uma leve brisa quente atiçando meus fios de cabelo.

Paro em frente ao café, mas não entro imediatamente. Percorro meus olhos pelo lugar através da grande janela de vidro, que me dá uma ampla visão. Em um canto, afastado da maioria das pessoas posso ver Lucas e droga... Ele está lindo.

Suspiro pesadamente, ingerindo uma grande quantia de coragem. Entro no café e o sino toca, anunciando minha chegada. Quase imediatamente Lucas me encara, e exibe um sorriso de lado, mas eu nada faço, apenas continuo o meu caminho para perto de si.

–– Pedi um chá de erva cidreira pra você, é o seu favorito. –– ele diz assim que eu me sento. Observo a caneca em cima da mesa, com um pouco de fumaça saindo do líquido quente.

–– Obrigada. –– digo, apenas por educação.

Eu não o encaro, não por birra, ou tentando fazer jogo, apenas não consigo. Não consigo fitar suas órbitas claras, pois ela são mentirosas. Não acredito em suas palavras, não acredito em seus olhos, e não importa o que Lucas diga ou faça, não acredito nele.

–– Charlie o que eu fiz hoje cedo foi...

–– Ridículo? Estúpido? Infantil, e humilhante? Ou todas as alternativas?

–– Você está brava. –– afirma. –– Tudo bem, eu fui um babaca, mas se concordou em vir é porque...

–– Lucas eu só vim até aqui porque sou adulta o suficiente para encarar essa situação. Nós moramos na mesma cidade, e apesar de tudo, não penso em me mudar de Charleston, eu gosto daqui. Então é óbvio que iremos nos esbarrar vez, ou outra. Pensei que podia me sentar aqui, e ouvir suas mentiras, mas percebi que não quero me submeter a isso.

–– Já que pretende ficar na cidade, pode ficar com a casa. –– rio forçada.

–– A casa está em meu nome, então mesmo que você não quisesse, eu ficaria com ela. –– ele dá um gole em sua bebida, que pela cor escura, presumo ser café. –– Agora que já decidimos tudo, eu vou embora. Pode passar em casa amanhã pra pegar suas coisas. –– levanto-me da cadeira, arrumando minha bolsa em meu ombro. Dou um passo para frente, mas sou impedida de continuar, pois Lucas segura minha mão, obrigando-me a parar e encará-lo fixamente pela primeira vez desde que cheguei.

–– Você pode não acreditar, mas eu te amava. Eu ainda te amo. –– engulo em seco.

–– Você tem razão, eu não acredito.

• • •

Estaciono o carro em frente a minha casa, como sempre. Pego minha bolsa, a chave e saio. As luzes da casa estão acesas, e pelo horário presumo que mamãe deva estar fazendo o jantar. Sorrio com a ideia de deliciar-me com o gosto de seu tempero. Mas fora de casa algo chama minha atenção, papai está sentado na varanda, como se esperasse por mim.

Em suas mãos um livro grosso, do qual eu não consigo ver a capa, mas conhecendo papai tão bem quando conheço, é fácil imaginar qual seja o assunto, provavelmente algo filosófico. Sorrio, ao vê-lo tão sereno.

–– Você demorou.

Deixo minha bolsa, e a chave na mesa de madeira e sento-me no balanço, também de madeira, ao seu lado. Ele me encara, e deixa o livro de lado.

–– A clínica estava lotada hoje. –– minto, tendo em mente que dizer que estava com Lucas não é uma boa ideia. Papai me encara por alguns instantes, e imediatamente sei que ele percebeu minha mentira.

–– Você nunca foi uma boa mentirosa, e eu amo isso em você. –– rio. –– Estava com aquele cara, não estava? –– a forma como ele se recusa a dizer o nome do próprio, como se fosse um palavrão, ou até mesmo um pecado, é engraçado, não nego.

–– Estava apenas dando fim às coisas, papai.

Papai passa seu braço por meu ombro, e eu acomodo-me em seus braços, tombando a cabeça para o lado. Seus dedos alisam meu cabelo, em um cafuné lento.

–– Sua irmã disse que dormiu na casa de um rapaz ontem.

–– Eu dormi, mas não do jeito que ela provavelmente insinuou. –– explico, pois tenho certeza de que na cabeça de Haley, eu fiz com Justin o mesmo que ela faz com seus namorados de uma noite. –– Ele é apenas um... Amigo.

–– Bom... Seu amigo deixou isso pra você. –– ele tira um papel do bolso e me entrega. –– Tenho certeza de que ele não esperava encontrar com o seu pai quando veio, mas ele se comportou bem. Parece ser um bom garoto.

–– Ele é apenas um amigo, papai. –– insisto.

–– Você já disse isso. –– rimos. –– Charlie, quero que me prometa uma coisa. –– a forma rápida como seu tom de voz se torna preocupado me deixa apreensiva. Ergo meu tronco, e o encaro, dando-lhe toda a devida atenção. –– Me prometa que amanhã, quando formos embora, você vai ficar bem filha.

Levo minha mão até seu rosto, acariciando-o enquanto sorrio.

–– Eu prometo, papai.

–– Ótimo! –– ele beija minha testa, e se levanta. –– Vou ajudar sua mãe com o jantar.

Cruzo minhas pernas em cima do balanço, e acompanho papai com meus olhos, até perdê-lo de vista. Fito o pedaço de papel em minhas mãos por alguns instantes, surpresa por recebê-lo, já até imaginava o que tinha no papel, provavelmente insultos dizendo o quanto sou idiota.

Sem mais delongas, eu o abro, e surpreendo-me com a mensagem.

‘’Precisa libertar a garota selvagem que tem mantido escondida, fazer coisas loucas, e encontrar um novo motivo para sorrir.‘’

 


Notas Finais


Eu adoro esse capítulo, então espero que vocês tenham gostado também :) Não se esqueçam, caso tenham gostado do capítulo não deixem de comentar, pois isso me incentiva muito. Críticas são sempre bem-vidas, desde que as mesmas sejam construtivas. Beijão e até o próximo capítulo <3

TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=DoQ3VBlhrok


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