História Love By Accident HIATOS - Gravida?

13/dezembro – terça-feira.

– Estava falando que hoje vamos ter um jantar com Jeremy e contaremos a ele sobre sua gravidez! - senti o ar faltar e comecei a tossir sem parar. Pattie arregalou seus olhos e veio até mim batendo nas minhas costas. Respirei fundo me recuperando.

– Não, não e não! - falei me levantando.

– Keisha… Sei que é difícil, mas… - a interrompi.

– Mas? Mas? - falei irritada. - mas nada Patrícia! Você e seu filho estão fazendo as coisas sem se importar com nada do que eu acho! Estou farta disso, vocês nem ao menos me dão um tempo para digerir as coisas e já estão pulando para a próxima etapa. Jeremy vai arrancar-me o figado juntamente com o de Justin! Ou pior, ele vai arrancar o MEU filho! Você entendeu? O MEU FILHO! - cuspi as palavras desesperadamente.

– Oh, Keisha… - ela respirou fundo passando as mãos no seu vestido social. - as coisas têm que ser assim… - tentou me consolar. As lágrimas já estavam preste a vagar pelo meu rosto.

– Não Patricia! Eu não quero! - falei firme, mas senti meu corpo estremecer ao ouvir a voz rouca atrás de mim.

– Não quer o que? - perguntou e senti meu corpo ficar tenso. Me virei encarando-o e não o respondi. Qualquer palavra que fosse se entalou na minha garganta. - Você tem que entender Lesley, que nesse jogo… - ele fez uma pausa rindo nasalo e cruzando seus braços. - você não tem escolha de sobrevivência! - falou e eu engoli a seco. As lágrimas desceram. Olhei para Pattie atrás de um acolhimento, mas nada! Eu apenas encontrei um olhar de pena.

– Mas… mas… - eu não conseguia dizer nada.

– Mas nada! - a voz rude de Justin adentrou meus ouvidos me dando um choque de realidade. - estarei aqui as oito e espero não ter que esperar um minuto de atraso se quer! - falou e virou as costas saindo. Olhei novamente a Pattie que ainda tinha seu mesmo olhar, de pena.

– Sinto muito Keisha, mas… - ela pausou e seu olhar de pena ainda era nítido e como eu odiava isso! - Justin tem razão… Nesse jogo a sua única escolha somos nós… - falou e eu neguei com a cabeça.

– Eu nunca obriguei-os a fazer nada por mim… - disse em um sussurro e pude ver Pattie arregalar seus olhos.

– Como você está sendo ingrata Campbell! - chamou-me pelo sobrenome e então eu percebi como as coisas ficaram serias. Abaixei minha cabeça limpando minhas lágrimas.

– M-me desculpa… - pedi gaguejando – eu só estou… não sei, talvez com medo… - falei e ouvi um suspiro de Pattie e logo seus braços me envolveram em um abraço apertado. Senti o meu refúgio de volta aqui e deixei os soluços vazarem juntamente de minhas lágrimas mais dolorosas.

(…)

Estava organizando as calças de moletom nos seus estoques enquanto vagava por pensamentos dolorosos de toda minha vida. Eu não sei o que fiz de tão ruim na vida passada para receber tudo isso agora. Hoje estava sendo um péssimo dia. Cheguei na loja e perdi mais de três clientes, então a gerente me mandou organizar os estoques o que não fez diferença, pois estava tão distraída que consegui derrubar todas as calças moletom no chão, e aqui estava eu arrumando tudo novamente.

Senti minha garganta fechar e o choro entalar, eu não podia ser fraca! Eu estava com tanto medo, mas o que eu poderia fazer? Justin e Pattie já disseram… EU NÃO TENHO ESCOLHA! Eu jamais tive escolha. Eu queria um colo para chorar. Eu queria Alessandra, maldita hora que seus pais inventaram essa viagem!

Eu estava me sentindo tão perdida, eu não sabia ao certo se isso que estava acontecendo era bom ou não. Agora eu não tenho escolha e tenho um bebê na barriga, antes eu não tinha escolha e não tinha nada dentro de mim, mas passava fome, apanhava quase todos os dias… Eu sinceramente, não sei qual o pior, a dor física de antes ou a dor sentimental de agora…
Eu sentia as marretadas dentro do meu peito e eu não podia negar o quanto aquilo doía!
Eu sei que apesar de tudo a minha vida não era a pior de todas, pois sabia que tinha muito mais pessoas que sofrem mais do que eu por ai, mas quem merece a dor da solidão? Isso é tão dolorido quanto cair de bicicleta! Então não diga-me que reclamo por pouca coisa, porque ninguém jamais é capaz de tomar as nossas dores.

– Keisha! - ouvi meu nome e olhei para trás vendo Leila sorrir.

– Ah… oi – falei e ao ver o sorriso da mesma se esvair percebi o quão seca fui. - desculpa, eu estava distraída. - falei e ela assentiu.

– Eu percebi. - ela riu e eu sorri. - vamos para o almoço? Preciso te contar algo! - falou animada e um pingo de curiosidade surgiu em mim. Assenti rápido e logo a segui para fora da loja. Fomos em um restaurante simples e fizemos nossos pedidos e logo a comida estava em nossas mesas.

– A comida está ruim ou você perdeu a fome mesmo? - ouvi a voz de Leila e a encarei tirando-me do transe.

– Não… eu só… - procurei uma desculpa. - só dormi mal essa noite… - falei, mas a frase soou tão insegura que percebi pelo olhar de Leila que ela não acreditou.

– Não insistirei para me contar, quando estiver pronta sei que você vai me contar… - falou e eu agradeci profundamente por isso. – Mas enfim, tenho novidades! - falou animada e não queria deixá-la na mão e por mais que nenhum vestígio de alegria era encontrado em mim hoje, me esforcei para demonstrá-la animo.

– Quais? - perguntei sorrindo e finalmente comendo a comida que estava para esfriar no meu prato.

– Primeiro, você pode assinar o contrato de emprego amanhã! - falou e eu sorri animada. - segundo, conheci um cara! - falou e eu arregalei meus olhos.

– Sério? Quem? Onde o conheceu? Qual o nome dele? - fiz as perguntas sem pausa e ela riu abobalhada. Pude perceber sua felicidade.

– O nome dele é Beto, conheci em um barzinho que fui ontem com minha irmã. Ele me chamou pra dançar, ficamos conversando a noite toda e no final ele pediu meu número e hoje recebi uma mensagem sua me chamando para um encontro! - ela falou tão animada que comecei a rir.

– Quero conhecê-lo! - falei e ela negou com a cabeça ainda rindo. - que bom Lê, estou muito feliz por você! Você merece tudo do bom e do melhor! - falei sorrindo.

– Obrigada, saiba que você também merece tudo isso em dobro! - falou e pegou minha mão em cima da mesa a acariciando.

– O-obrigada… - gaguejei! Talvez eu mereça, mas não tenho e talvez nunca tenha.

…

Ouvi a buzina pela segunda vez e então respirei fundo e decidi ir antes que Justin decidisse vir atrás de mim. Eu usava um vestido que Pattie fez questão que eu usasse, apesar de estar um pouco apertado preferi não contrariar seu pedido. O vestido era roxo, com uma jaqueta de couro preta por cima já que fazia um pouco de frio lá fora e uma salto não muito alto no pé.

Sai da porta para fora e logo vi Justin saindo do seu carro com fúria, mas assim que me viu paralisou sua expressão de fúria foi a calmaria o que me espantou de certa forma. Ficamos nos encarando durante segundos. Eu tentava de todas as formas ver um Justin verdadeiro ali, mas ele não me permitia era como se uma muralha nos separasse. Uma muralha construída por ele.

– Vamos! - ordenou. Assenti quieta e fui até o seu carro adentrando no mesmo seguida dele que logo deu partida. Ele andava a mil por hora, meu estômago estava a se revirar, tudo estava começando a girar.

– JUSTIN! - Meus olhos se arregalaram e meu coração disparou. Justin freou a tempo do seu carro não bater no caminhão que acabará de virar a esquina que também freou com demasiada força. Justin me olhou curioso, procurando uma resposta de se estava bem ou não. Então a única coisa que consegui fazer foi sair do carro correndo e ir para calçada e colocar tudo para fora, o que era nada! O líquido saia transparente como água, porém uma água muito azeda. Senti meu cabelo ser segurado olhei de escanteio e pude ver Justin com sua cara de preocupação, o que claro, não passava de uma farsa bem reforçada.

Após colocar tudo para fora com meu estômago doendo levantei e me sentei no banco que havia ali me recuperando do mal estar.

– Você está bem? - Justin perguntou e sua voz não saiu rude como das outras vezes, saiu suave com mistura de preocupação. Assenti sem encará-lo. – Então vamos, eu vou com mais cuidado… - falou e eu novamente apenas assenti e me levantei indo em direção ao seu carro que agora estava estacionado de frente com a calçada. Fechei meus olhos encostando no banco e respirei fundo, eu não estava preparada! Senti minha mão ser segura por mãos macia e abri meus olhos lentamente para ter a certeza de que eu não estava a imaginar coisas.
Justin acariciou minha mão. Minha boca abria e fechava e nada saia dela, como sempre!

– Não fica nervosa… - tentou me transmitir calma. - Jeremy não é tão ruim quanto parece ser… - falou e sorriu singelo. O que está acontecendo? - Bom, pode ter certeza que pior do que eu… - ele fez uma pausa e soltou minha mão e deu partida e um sorriso repleto de deboche surgiu. - pior do que eu ele não é. - completou sua frase e um calafrio percorreu toda minha espinha. Justin era maluco, só pode! Uma hora está a me querer bem e na outra simplesmente está a me tratar mal.

Olhei para o rádio e ainda marcavam 08:30, bom a noite será longa… 

Olhei para aquela casa e pode acreditar, se a casa de Pattie era grande essa, com certeza, era ainda maior! Justin passou por mim andando por meio daquele jardim, onde a passagem era por pedras brancas. O segui sem pressa e assim que adentrei aquela casa atrás de Justin senti meu coração disparar e minhas mãos soarem. Olhei em volta e encontrei Pattie sentada no sofá ao lado de Jeremy.

– Querida! - Pattie se levantou chamando minha atenção. Andamos em suas direções e logo fui preenchida por um abraço de Pattie e logo depois por Jeremy.

– Tudo bem Sr. Jeremy? - falei sorrindo a ele que contribuiu da mesma maneira.

– Estou muito bem e você Keisha? - falou com intimidade e poderia dizer que foi ousadia da sua parte, mas a maneira que ele disse foi engraçada e não me incomodei.

– Bem também… - falei. Acho que todos ali notaram a indiferença, não tinha nem como eu disfarça o quanto estava péssima.

– O jantar já está na mesa, só estávamos a espera de vocês. - Jeremy disse sorrindo. Andamos até a sala de jantar que era simplesmente LINDA!

A mesa já estava servida e o cheiro maravilhoso de comida predominava o ar o que fez minha barriga roncar no mesmo instante. Nos sentamos a mesa com Jeremy e Pattie um ao lado do outro e o que me restou foi o lugar ao lado de Justin, mas não me importei, a fome era tanta que minha boca estava cheia de água e não estava me importando com nada, apenas em comer! A empregada de Jeremy destampou as comidas fazendo meus olhos brilharem e meu estômago doer.

Meatloaf era o prato principal com o acompanhamento de arroz branco, feijão e saladas verdes.

Começamos a nos servir e pensei em não exagerar muito, mas quando me sentei a mesa de volta vi que todos olhavam espantados.

– O-o que foi? - perguntei olhando a todos sem entender. Justin lançou um olhar para o meu prato e então percebi que o meu prato era o mais cheio de todos. Nem o de Jeremy estava tão cheio quanto o meu. Sorri sem graça e me ajeitei na cadeira baixando a cabeça logo em seguida. Jeremy coçou a garganta percebendo meu desconforto e logo começando um novo assunto com Justin sobre a empresa no qual eu preferi ficar de fora.

A empregada estava servindo a sobremesa que era musse de morango com diversas coberturas na qual poderíamos escolher qual por sobre a musse. Porém assim que senti o cheiro do morango um enjoo subiu-me, mas permaneci assim.

– Não vai comer Keisha? - Pattie perguntou se servindo e eu neguei com a cabeça, pela careta que eu fiz ela deve ter entendido o porque.

– Então! - Jeremy nos encarou. E quando digo isso quero dizer que encarou diretamente eu e Justin. – Pattie disse que vocês tem algo para me dizer! - falou sorridente e senti vontade de sair correndo e fugir para qualquer lugar, mas apenas permaneci em silêncio esperando uma iniciativa de Pattie ou Justin.

– É… - Justin pronunciou. – É… - a fala engasgou na sua garganta.

– É? … - Jeremy debochou brincalhão e Justin riu nasalo. Falso!

– Pai! - Justin recomeçou a frase. Respirou fundo sem olhar para ambos os lados. – Eu vou ser pai! - Justin soltou de uma vez a bomba e meu estômago revirou, minhas mãos soaram e meu coração disparou.

– O que? - Jeremy se surpreendeu e depois riu fraco.

– E Keisha é a mãe. - Terminou Justin e apontou para mim. Eu tenho certeza que fiquei parecendo um pimentão. Jeremy me encarou boquiaberto e eu engoli a seco.

– Keisha está gravida? Vocês só podem estar de brincadeira comigo! - falou Jeremy e sua voz falhou no final. Isso não era bom, nenhum pouco bom!

– Não estamos… - Justin diminuiu seu tom de voz e percebi ele ficar tenso.

– Justin… - ele começou, mas parou antes que fizesse alguma merda. Ele respirou fundo e olhou para Pattie que se mantéu quieta. – Justin, essa garota tem quinze anos! - falou entredentes e Justin engoliu a seco.

– Na verdade, ela tem dezesseis. - fiquei surpresa ao ver que Justin ainda sabia minha idade. Meus olhos se arregalaram quando Jeremy partiu para cima de Justin lançando-lhe um soco em cheio. Minhas mãos automaticamente foram para minha boca espantada assim como Pattie. Jeremy empurrou Justin fazendo o mesmo cair ao chão e logo montou em cima do mesmo dando lhe socos. Não percebi nada quando me dei conta estava ajoelhada ao lado de Justin abraçada ao seu tronco impedindo que Jeremy encostasse qualquer dedo sequer nele.

– Para! Por favor, para… - pedia repetidamente. O nariz de Justin sangrava e me sujava, porém não me importei. Pattie se aproximou e segurou Jeremy o tirando de cima de Justin. Me levantei e estendi minha mão a Justin, porém sua cara estava pior do que a minha quando passo mal. Ele se levantou sozinho ignorando minha ajuda. Senti minhas bochechas arderem em vergonha e raiva. Como eu defendo um idiota como este? Eu deveria é mais ter deixado ele apanhar até desmaiar.

– Jeremy, calma! - Pattie se pronunciou. - O que pensa que está fazendo? - perguntou abismada com a cena anterior.

– Acho que estou punindo-o! - falou debochando.

– Mas a culpa não foi de Justin! - afirmou Pattie e eu dei um passo para trás. Pattie estava despejando toda a culpa em mim?

– Não? Não foi Patricia? - perguntou debochado.

– O que está dizendo? Você fez o mesmo! - Patricia defendeu novamente Justin.

– A diferença é que eu era apenas um ano mais velho que você e não seis! E a diferença é que eu também era um adolescente imaturo! E Justin tem VINTE E DOIS anos de idade, ele já é um homem com responsabilidades de um homem de verdade e olha a merda que ele fez? Uma garota de quinze anos? Como pode? - Jeremy se virou a Justin que limpou seu nariz co o braço e o encarou sem dizer nada.

– E por eu ser um homem eu assumi e por eu ser um homem de responsabilidade eu tenho dinheiro o suficiente para sustentar essa criança! - falou Justin se defendendo. E Jeremy riu.

– Não, você tem que ter dinheiro para sustentar o seu filho e a mãe do seu filho! - falou e eu arregalei meus olhos. Não, isso eu não queria de Justin! Justin riu.

– Essa obrigação eu não tenho. - Justin falou revirando os olhos enquanto ria nasalo.

– Sim você tem, sabe porque? Porque Patricia já me contou sobre a história desta garota, mas acho que ela esqueceu de mencionar que ela estava grávida e do meu filho! - Jeremy estava nervoso e muito! Seus punhos estavam fechados segurando sua vontade de espancar Justin novamente e suas palavras saiam quase a todo momento, entredentes e seus olhos semicerrados.

– Jeremy… - me pronunciei pela primeira vez e Jeremy me encarou. Eu pensei que pela sua cara ele também avançaria para cima de mim, mas mesmo assim eu continuei. – Justin realmente não tem culpa… - falei e engoli a seco. - e-eu… eu v-vendi… - pausei encarando Justin que me encarava surpreso. - minha virgindade a Justin… - falei e Jeremy arregalou os olhos.

– Não… - Jeremy riu. – Não pode ser verdade tudo isso. - falou rindo e olhou para Pattie que negou com a cabeça.

– Jeremy, fica calmo! Justin e eu temos um plano perfeito! - Pattie se aproximou de Jeremy segurando-o pelos ombros tentando acalmá-lo.