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História Love By Chance - Second Season - Amizade


Escrita por: MESPIND

Capítulo 45 - Amizade


Fanfic / Fanfiction Love By Chance - Second Season - Amizade

 

P.O.V. Caíque

 

Passei a manhã toda arrumando umas coisas aqui em casa. Eu realmente estava adiando uma enorme faxina.

Na hora do almoço resolvi fazer strogonoff de frango, e decidi que ia chamar a Clara assim que ela saísse da escola, mas para minha surpresa, ela apareceu sem eu precisar chamar.

 

   — Caíque? — Ela me chamou da sala e fui até lá secando as mãos.

 

   — Oi. — Ela sorriu enquanto trancava a porta. — Eu ia te ligar.

 

   — Poupei seu tempo. — A Clara colocou a mochila no sofá e veio até mim. — Me diz que você tá fazendo comida, porque eu tô morrendo de fome.

 

   — Seu prato preferido: strogonoff de frango.

 

   — Ah meu Deus! — Ela apertou minhas bochechas e me beijou. — Você não existe. — Dai ela me beijou de novo, e ficamos assim até o Toby tentar subir na gente e eu lembrar da panela no fogo.

 

   — Acho melhor a gente parar senão não vai ter comida.

 

   — Tá bom. — Ela pegou o Toby no colo, me seguiu até a cozinha e se sentou na mesa enquanto eu terminava o strogonoff.

 

   — Como foi o dia hoje?

 

   — Foi tão cansativo... a gente tá no final do bimestre, então ultimamente só tô tendo prova, trabalho, lição e mais lição. — Olhei para ela que estava com a cabeça encostada na mesa e o cachorro tava tentando chamar a atenção dela.

 

   — Ninguém mandou repetir.

 

   — Valeu hein! — Eu dei risada. — E o seu?

 

   — Nada de importante, só fiquei limpando sua bagunça.

 

   — Minha bagunça? Que absurdo! Eu nem moro aqui.

 

   — Quem desarruma as roupas quando tá procurando uma específica é você.

 

   — E o seu lado do guarda-roupa é bem arrumadinho, né? 

 

   — Claro que é.

 

   — Olha que cara de pau! — Nós demos risadas.

 

A gente namora a menos de um mês, mas parece que já faz anos. Não sei se é porque ficamos bastante tempo nessa história de amizade colorida, ou se é a nossa afinidade mesmo. Talvez seja um pouco dos dois.

Durante o almoço ela ficou dizendo o quanto eu cozinhava bem, e eu me senti muito lisonjeado.

Depois disso, nós fomos para a sala.

 

   — Eu preciso resolver umas coisas à respeito dos próximos shows, você se importa?

 

   — Claro que não amor. — Peguei o notebook e sentei ao lado dela no sofá.

 

   — Vou aproveitar e fazer minha lição.

 

   — Tá bom. — O Toby pulou nela.

 

   — Você vai me ajudar neném? — Ela passou a mão na cabeça dele e o mesmo ficou bastante agitado.

 

A Clara abriu a mochila e pegou dois cadernos, um lápis e colocou o óculos. Ela nem imagina o quanto fica linda com ele.

 

   — O que foi? — Percebi que estava olhando muito para ela.

 

   — Nada. — Dei um beijinho nela e comecei meu trabalho.

 

Enquanto eu digitava uns e-mails, ela começou a xingar a si mesma por não conseguir entender a lição de casa.

 

   — Eu nunca vou conseguir fazer isso. Matemática não é pra mim.

 

   — Deixa eu ver. — Ela me entregou o caderno. Era um exercício sobre polinômios. — Nossa amor, isso é muito fácil.

 

   — Não é não. — Peguei o lápis da mão dela.

 

   — É só substituir o x por um número real. Olha, esse daqui tá dizendo que para x é igual a 3, então você vai colocar p(3) = 2 * (3)³ + 5 * (3)² – 6 * 3 – 10. — Escrevi no caderno com minha letra horrível. — Aí você faz a conta. É só começar pela multiplicação e depois somar os valores. Esse por exemplo vai dar 92.

 

   — Faz aí. — E então eu fiz a conta toda. — Nossa, como você é inteligente. Não quer fazer as outras também?

 

   — Que sem vergonha você hein. — Ela riu.

 

   — Ok, acho que entendi. — Ela pegou o caderno de volta.

 

   — Faz a letra b.

 

Ela conseguiu fazer com minha ajuda, e na letra d ela nem tava mais perguntando. Essa aprende rápido.

 

   — Vê se tá certo, professor.

 

   — Tá certinho. — Falei conferindo as respostas. 

 

   — Agora deixa eu tentar fazer a última.

 

   — Por que você não fez essas? — Eram questões de escrever, e não de fazer conta.

 

   — Ah, foi porque eu faltei. Tirei xerox do caderno da Sam, vê se você acha aqui. — Ela me entregou um outro caderno.

 

Folheei o mesmo e achei a xerox. Entreguei à ela e continuei folheando o caderno sem ela perceber.

Tinha umas letras de músicas escrito nele, e a maioria estava inacabada. O final do caderno parecia ser uma parte diferente. Eram textos, cada um sobre um determinado assunto. Em algumas folhas ela falava sobre saudade, outras sobre amor, amizade... a última estava escrito o meu nome no topo, e eu fiquei muito curioso pra saber o que ela tinha escrito sobre mim. 

 

   — Ei, não é pra você ver isso! — Ela puxou o caderno da minha mão.

 

   — Ah não, tá meu nome, eu quero ler.

 

   — Justamente porque tá seu nome que não é pra você ler, enxerido.

 

   — O que é isso?

 

   — Não é nada. — Ela ficou com as bochechas vermelhas.

 

   — Você tá com vergonha? Deixa eu ver vai.

 

   — Não Caíque, ninguém lê isso, é proibido.

 

   — Por favor amor? — Fiz bico e ela semicerrou os olhos. — Eu vou te encher o saco até você me deixar ver. Você me conhece e sabe que não vou esquecer disso tão cedo.

 

   — Tá bom. — Ela bufou. — Só não ri da minha cara.

 

   — Não vou rir, prometo. — Ela me entregou com a maior luta do mundo, e fui até a última página.

 

Para: Caíque;

 

Se você me perguntar o que me faz gostar de você, eu não vou saber responder. Posso até arriscar alguma coisa, elogiando o seu sorriso ou dizendo o quanto gosto desse seu jeito, mas ainda seria pouco. Eu posso continuar arriscando, dizendo que foram as suas mensagens repentinas, ou as demonstrações de carinho e cuidado que você me deu, mesmo quando eu não merecia. Posso, também, dizer que foram as madrugadas que passamos conversando, coisas importantes e outras nem tanto, e que de tanto ficarmos juntos, acabei pegando algumas manias suas. Posso dizer que foram as vezes que você me chamou para perto e disse que eu não precisava ter medo de nada; ou que foram seus elogios, sua atenção e paciência, quando tudo o que eu fiz foi falar e falar sem parar, como um desabafo. Que foram todas as vezes que você me enxergou melhor do que eu realmente sou, e me fez querer ser melhor do que eu poderia ser. Que foram todas as vezes que você insistiu e não desistiu de mim. Que me incluiu em sua vida e fez eu me sentir importante. Posso arriscar um pouco mais e dizer que foi quando você me surpreendeu e disse que estava apaixonado por mim. E, juntando tudo isso, eu tenho você; inteiro; completo; você. Que dizia que não era o suficiente, e que eu poderia ir embora quando eu quisesse, e tudo o que eu menos queria era ir. Você, que não fazia parte dos meus planos, e que agora se tornou todo ele. Você, que juntou todos os meus caquinhos e conquistou cada pedacinho de mim. Você, que ganhou meu coração e tem todo o meu amor. E me tem, amor. Você me tem hoje e vai ter amanhã, e depois de amanhã. 

 

   — Amor... — Olhei para ela. — Você não sabe o quanto isso significa pra mim.

 

   — Eu queria te dizer tudo isso, mas não sabia como, então escrevi. 

 

   — Eu fico muito feliz de saber que você se sente assim ao meu lado. Tudo o que eu quero é te amar, de todas as maneiras que você merece. 

 

   — Você com certeza merece alguém muito melhor que eu, mas Deus me deu a oportunidade de te fazer feliz, e me esforçarei a todo custo.

 

   — Não diz isso Loirinha. Você é a mulher perfeita pra mim. E espero que eu também seja para você. E nem precisa se esforçar tanto assim porque você já me faz muito feliz.

 

Ela me beijou, tão profundamente, de uma forma tão singela, e encerrou com um gostinho de quero mais. 

 

   — Posso ficar com isso? — Ela assentiu, e então eu arranquei a folha. Vou guarda-lá no fundo do meu coração. — Como você pensou que eu fosse rir?

 

   — Talvez você achasse muito gay. Mas enquanto você lia e notei como ficou encantado.

 

   — Fiquei mesmo. — Fiz carinho em sua bochecha. — O que mais tem aqui?

 

   — Hmm, tem outras coisas sobre você, de quando a gente ainda não namorava, e quando brigamos. Mas não quero que você leia, não agora.

 

   — Tudo bem.

 

   — Também tem letras de músicas.

 

   — Por que você nunca disse que escrevia?

 

   — Bom, como você mesmo disse, tem muita coisa sobre mim que você ainda não sabe. Mas de qualquer forma, elas são péssimas.

 

   — Vindo de você, tenho plena certeza de que não é.

 

   — De qualquer forma, ninguém vai ler. — Ela guardou na mochila. — Nem mesmo você.

 

   — Eu me contento com isso aqui. — Chacoalhei a folha e ela deu um sorriso. — Você é linda, canta muito bem, escreve melhor ainda, é engraçada, inteligente, você é perfeita.

 

   — Inteligente é uma coisa que não sou. Muito menos perfeita.

 

   — É sim, e eu vou te roubar pra mim.

 

   — Você não pode roubar uma coisa que já te pertence.

 

   — Ah que romântica! — Ela sorriu envergonhada e lhe dei um beijo.

 

                            .  .  . 

 

P.O.V. Samantha

 

Já devia ser a décima vez que retocavam minha maquiagem. Essa com certeza é a parte mais chata de fotografar; pra quê passar tanta coisa?

Enquanto eu fazia poses para o fotógrafo, imaginei como a Kate lidava com tudo isso. Ela sempre me disse que amava estar aqui, e não é que eu não goste, mas não sei porquê ela gostava tanto assim. É legal você vestir marcas, participar de catálogos, ganhar fãs, mas é uma coisa muito cansativa. Você tem que trocar de roupa toda hora, mudar o penteado, retocar a bendita maquiagem... quando é ao ar livre eu gosto bastante, mas em dias no estúdio - como hoje por exemplo - é bem chato.

Bom mesmo é dançar. Cada dia você aprende uma coisa nova, e nunca fica repetitivo. Lá que é o meu lugar.

De qualquer forma não vou desistir da carreira de modelo, pelo menos não agora, porque preciso ajudar a Kate.

 

Depois da sessão de fotos, entrei no elevador e, ao invés de ir para o primeiro andar, fui para o último.

Perguntei para a secretária do Jonas se ele estava disponível, e ela me deixou entrar.

 

   — Oi Sam. — Ele disse assim que fechei a porta.

 

   — Oi.

 

   — Tava fazendo fotos?

 

   — Aham, fiquei o dia todo. — Me sentei na cadeira de frente para ele.

 

   — Você tá melhorando muito.

 

   — Que bom, fico feliz. — Ele tirou os olhos dos papéis e me encarou. — Posso te fazer uma pergunta hipotética?

 

   — Pode.

 

   — Se uma modelo tivesse sido demitida por justa causa, mas ela tivesse se redimido e quisesse voltar, ela poderia? 

 

   — Depende do motivo da demissão. — Soltei um suspiro.

 

   — Ela foi pega usando droga no banheiro. — Ele juntou as sobrancelhas.

 

   — Estamos falando da Kate Lira? — Eu assenti devagar. — Você a conhece?

 

   — Conheço.

 

   — Como?

 

   — Isso não vem ao caso, Jonas. — Se eu falasse como nos conhecemos, era capaz de a coisa ficar feia para mim. — Ela tá numa clínica de reabilitação e vai sair em breve. Ela ama isso aqui, e ela gostaria muito de voltar.

 

   — Olha Sam, o que ela fez foi demais. Ela sujou a imagem da agência, porque claro, essa notícia vazou. E ela tratou tudo com o maior deboche, não se sentiu culpada nem por um segundo.

 

   — Mas agora ela está arrependida.

 

   — Sim, certo. Seria muito difícil colocá-la aqui novamente, porque não depende só de mim. Mas se ela estiver mudada, e continuar tão boa como antes, a gente poderia rever a situação. — Eu abri um sorriso. — A Kate realmente era incrível, me arrisco a dizer que era nossa melhor modelo. Ela tem uma certa peculiaridade, e eu ficaria feliz se ela voltasse a ser a mesma.

 

   — Ela vai ficar muito feliz em saber disso.

 

   — Quando ela estiver bem, podemos marcar uma hora pra eu ver o book. Mas não prometo nada.

 

   — Já é um começo.

 

   — Fiquei curioso em saber como você a conhece. Faz anos que ela saiu daqui.

 

   — Outro dia eu conto, quem sabe. Obrigada Jonas.

 

                            .  .  .

 

Cheguei no apartamento da minha prima por volta das 7 da noite, e ela me recebeu toda animada.

 

   — Saaam! — Ela me abraçou.

 

   — Oi Ana.

 

   — Você sumiu hein. — Ela me puxou para dentro e fechou a porta.

 

   — Tem muita coisa rolando.

 

Tudo estava igual, do jeitinho que eu lembrava. 

O Adriel estava no sofá brincando com a Helena no colo.

 

   — E aí. — Falei com ele.

 

   — Oi Samantita.

 

   — Dá minha neném. — Abri os braços.

 

   — Você quer dizer minha neném.

 

   — Cala a boca vai. — Peguei ela no colo.

 

   — Olha amor, se ela começar a chorar você já sabe que foi por causa dessa cara feia da Sam.

 

   — O que você disse? — Mostrei a Helena rindo para mim. — Não ouvi direito. — Ele revirou os olhos e eu ri junto com a Ana. — Como ela cresceu, meu Deus! — E sentei do lado do Adriel.

 

   — Isso que dá ficar muito tempo longe.

 

   — Ah foram só umas duas semanas, Ana.

 

   — Como foi a viagem?

 

   — Não quero falar disso.

 

   — Por que? — Ela franziu as sobrancelhas.

 

   — Ela e o Kalfani estão brigados. 

 

   — Nossa Adriel eu vou cortar fora essa sua língua! — Ele riu da minha cara e a Ana continuava sem entender.

 

   — Eu deixei ele lá e voltei sozinha. Eu precisava resolver uma coisa e voltei um dia antes do combinado.

 

   — Vacilo hein. — Adriel disse.

 

   — Eu sei. 

 

   — Você já pediu desculpas? — A Ana perguntou.

 

   — Já, mas ele tá com raiva de mim, óbvio. Tô dando um tempo pra ele.

 

   — Espero que vocês se resolvam logo, ele fica tão irritante quando essas coisas acontecem. Além disso, não vai dar pra aguentar vocês se estranhando na gravação do clipe.

 

   — Porra mano, eu esqueci completamente.

 

   — Ah não brinca Sam! Você vai né?

 

   — Agora que a gente tá nessa situação...

 

   — Nem vem Samantha! Você já tinha concordado e tava tudo certo.

 

   — Para com isso Sam. — Ana disse.

 

   — Eu nem falei com o Isac ainda.

 

   — Então trate de falar.

 

   — E a coreografia?

 

   — Vocês ainda têm uma semana inteira pra ensaiar.

 

   — Ah não sei...

 

   — Não aceito não como resposta.

 

   — Tá bom Adriel.

 

   — Assim que eu gosto. — Fiz uma cara debochada.

 

   — Ei Sam. — Ana me chamou. — Esse final de semana nós vamos pra Campo Grande.

 

   — Sério!? — Ela assentiu. — A vó vai amar conhecer a Helena.

 

   — Ela disse que está bastante ansiosa. O Mattias vai também, com a Luna. Por que você não vem?

 

   — Agora tendo que ensaiar a bendita coreografia? Nem rola. E também meu pai não ia gostar, porque tem pouco tempo que cheguei da outra viagem. 

 

   — É uma pena, seria muito bom voltar lá com você.

 

   — Espera aí! O Mattias vai?

 

   — É, a ideia foi dele na verdade.

 

   — E o Adriel também? — Ele fez uma cara feia.

 

   — Fazer o que né?

 

   — Adriel você prometeu que não ia implicar.

 

   — Não tô implicando.

 

   — Nossa, o que deu em você? — Perguntei.

 

   — Isso é só porque ele vai ser pai.

 

   — Ele vai ser pai!? — Falei surpresa.

 

   — Ah eu esqueci de te contar. — Ana disse. — A Luna tá grávida, de dois meses. 

 

   — Mas ela não tinha aquela doença?

 

   — Sim, mas aconteceu. É uma gravidez de bastante risco, mas mesmo assim eles estão muitos felizes.

 

   — Nossa, tô bem por fora dos assuntos mesmo. — A campainha tocou.

 

   — Deve ser ele. — Ana se levantou para abrir a porta e era ele mesmo.

 

O Mattias tava com um cachorrinho no colo. Ele falou com a Ana, depois com o Adriel e depois me olhou curioso.

 

   — É você mesma? — Ele ainda não tinha me visto com o cabelo natural.

 

   — Na verdade é um clone. 

 

   — Olha, se eu não conhecesse tão bem essa Sam debochada, teria acreditado. Você tá muito diferente. Tá gata hein! — Entreguei a Helena para o Adriel e ele me abraçou.

 

   — Valeu! — Dei um sorriso. — Sabe, se não fosse a Ana, talvez eu só soubesse que você vai ser pai quando a criança nascesse. — Ele se sentou do meu lado.

 

   — Desculpa, é que aconteceu tanta coisa... nem pra minha mãe eu contei.

 

   — Você vai fazer surpresa? 

 

   — Vou.

 

   — Tenho certeza de que ela vai adorar. Tanto o neto ou neta, quanto a nora.

 

   — A Luna tá muito animada.

 

   — Ela vai se dar muito bem com a Suzi, tenho certeza. — Ele deu um sorriso. — Parece que todo mundo tem uma sogra legal, né Adriel? Menos a gente.

 

   — Você não fala mal da minha mãe! — Ana jogou uma almofada em mim e eu ri.

 

   — A mãe do Kalf é legal, ela só precisa te conhecer melhor. — Adriel disse.

 

   — E esse cachorrinho? — Mudei de assunto. 

 

   — Ah, foi por isso que eu vim. Preciso que você cuide dele durante a viagem.

 

   — Ele faz muita bagunça?

 

   — Não, o Matt é bonzinho.

 

   — Matt? — Eu ri. — Você colocou seu nome no cachorro?

 

   — Foi a Luna, ela tava com raiva de mim. — Eu soltei uma gargalhada.

 

   — Essa foi boa! — Peguei ele no colo. — Fico sim Mattias.

 

   — Valeu Sam! As coisas dele estão no carro, eu vou buscar.

 

   — Na verdade eu já estava indo pra casa. Posso pegar uma carona?

 

   — Claro.

 

A Ana insistiu para nós jantarmos lá, mas eu realmente queria ir para casa. 

Mattias e eu fomos até o carro, e enquanto ele dirigia, eu brinquei com o Matt. Ele é tão fofinho.

 

   — Eu achei que você fosse demorar um pouco mais pra descobrir que ama a Luna.

 

   — Não foi muito difícil, ela é incrível.

 

   — Ela tá feliz com a gravidez?

 

   — Com certeza. Ela tá com medo, por causa do risco, mas tá tudo indo muito bem. A Ana vai ser a madrinha, ela te contou?

 

   — Não. Nossa, nem dá pra acreditar que elas se odiavam.

 

   — Eu sempre penso nisso.

 

   — Vai ser bom ter alguém pra fazer companhia pra Helena. E se for menino, quando crescerem eles vão poder namorar.

 

   — Ah cala a boca Sam! 

 

   — É sério cara, imagina o tanto de histórias que vocês vão ter pra contar.

 

   — Vamos esquecer a parte que eu gostava da Ana.

 

   — Ah mas essa é a melhor parte! — Debochei e ele riu.

 

   — Você não presta!

 

   — Eu sei.

 

   — E ai, como tá sendo morar com seu pai e sua irmã?

 

   — Ah eles são ótimos, e a gente se dá muito bem. Tá sendo muito bom mesmo.

 

   — Fico feliz por você, Sam. Você realmente precisava de uma luz no fim do túnel. O Kalfani te fez muito bem, e reencontrar sua família também. — E então uma coisa veio na minha cabeça.

 

   — Espera, você sabia que eu usava droga? — Ele assentiu.

 

   — Quando você e a Ana passaram aquele tempo lá em casa, uma vez te vi cheirando uma fileira no quarto.

 

   — E por que você não fez nada? Contou pra Ana, sei lá.

 

   — Eu queria contar, mas você já tinha passado por tanta coisa... e você começou a sair com o Kalfani e ficou tão feliz. Imaginei que ele tinha dado um jeito em você.

 

   — Mattias você não gostava de mim, e podia muito bem ter me ferrado.

 

   — Você é quem não gostava de mim.

 

   — Tanto faz. — Ele riu. — Valeu cara. A Ana teria me matado.

 

   — Eu sei. Não foi nada. Mas você parou, né?

 

   — Sim, faz tempo.

 

   — Que bom Sam. — Eu sorri.

 

Ele me protegeu mesmo quando eu só sabia falar mal dele. Isso realmente me deixou feliz.

Quando chegamos na minha casa, ele me entregou as coisas do cachorro e me agradeceu novamente por ficar com ele.

Difícil foi explicar pro meu pai. Ele não gostou muito da ideia, mas eu prometi que ele nem ia notar o Matt em casa. 

A Clara adorou. Ela já tem experiências com o Toby, o cachorrinho do Caique, então ela vai me ajudar.

Deixei o Matt com ela e fui tomar banho. Quando saí do banheiro o cachorro tava dormindo perto do pescoço dela.

 

   — Você realmente tem jeito. — Ela riu.

 

   — O Toby vai ficar com ciúmes.

 

   — Eles sentem o cheiro né?

 

   — Aham.

 

   — Você nem precisa engravidar pra ter um filho com o Caíque. Vocês já têm um! — Ela deu risada.

 

   — Você tem toda razão.

 

   — Por falar nisso, e sua menstruação?

 

   — Continua atrasada.

 

   — Por que será?

 

   — Bebê a gente já sabe que não é.

 

   — Já marcou o médico?

 

   — Sim, pra semana que vem.

 

   — Espero que não seja nada.

 

   — Eu também.

 

Algum tempo depois a gente foi dormir.

Peguei no sono bem rápido porque o dia havia sido cansativo.

 

Acordei ouvindo alguma coisa estranha. Era um grito, ou talvez um choro. Acendi a luz do abajur e percebi que o grito na verdade era um latido, do Matt, e o choro era da Clara. Ela estava se contorcendo na cama.

 

   — Mana o que foi? — Pulei de cama.

 

   — Eu tô com uma cólica forte pra porra! — Ela choramingou. — Já fui tomar remédio, mas não passa de jeito nenhum.

 

   — Fica de bruços.

 

   — Sam ta forte demais, não dá pra ficar parad... — Ela parou de falar e vomitou do lado da cama.

 

   — Isso não é nada normal, Clara. Eu vou acordar o pai e vamos pro hospital.

 

   — Não, não precisa. — Ela disse limpando a boca.

 

   — Precisa sim. — Olhei as horas no celular e vi que eram 4 da manhã. — Já venho.

 

Sai do quarto e abri a porta do quarto do meu pai. Acendi a luz e fui até ele que tinha acordado só com a claridade.

 

   — Sam?

 

   — A Clara tá passando mal. — Ouvi os gritos dela. — A gente precisa levar ela pro hospital.

 

Ele levantou correndo da cama e foi ver como ela estava.

 



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