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História Love By Chance - Second Season - Visita inusitada


Escrita por: MESPIND

Capítulo 46 - Visita inusitada


Fanfic / Fanfiction Love By Chance - Second Season - Visita inusitada

 

P.O.V. Samantha 

 

Acordei um pouco assustada, ouvindo vozes desconhecidas. Quando levantei a cabeça do ombro do meu pai, lembrei que estava no hospital.

 

   — Oi filha. — Ele passou a mão em meu cabelo e beijou o topo da minha cabeça.

 

   — Que horas são? 

 

   — 9 e pouco.

 

   — Ela já acordou?

 

   — Acho que sim, tem um tempo que o médico entrou.

 

Desde as 5 da manhã estamos aqui. A Clara passou muito mal, e até então ninguém sabe o que ela tem.

Ela fez uma bateria de exames e o médico disse que iria trazer o resultado logo.

 

   — Você não quer ir pra casa, tomar um banho, comer alguma coisa?

 

   — Não vou embora pai.

 

   — Então pelo menos vai comprar alguma coisa pra você comer. Não quero outra filha doente.

 

   — Ta bom.

 

Ele me deu dinheiro e então eu levantei do sofá da sala de espera e fui até o banheiro. Joguei uma água no rosto, ajeitei o cabelo e fui até a lanchonete.

Comprei um croissant, mas não descia de jeito nenhum.

Meu celular tocou, era o Isac me ligando.

 

   — Alô?

 

   — Por que vocês não vieram hoje? Me deixaram sozinho.

 

   — A Clara tá mal, estamos no hospital.

 

   — O que aconteceu?

 

   — Ela tava com uma dor na barriga de madrugada. Meu pai e eu estamos esperando o resultado dos exames.

 

   — Mas veio assim do nada?

 

   — Foi.

 

   — Espero que não seja coisa grave.

 

   — Eu também. 

 

   — O Caíque tá aí?

 

   — Ainda não, vou ligar pra ele quando soubermos o que é.

 

   — Eu queria ver ela. — Disse ele baixinho.

 

   — Por que você não deixa essa briguinha de vocês de lado e vem logo?

 

   — Não é briguinha, Sam. Quando ele souber vai ficar puto da vida, e eu  com certeza vou ser a última pessoa que ele vai querer ver. — Fiquei quieta. — Você sabe que eu tenho razão.

 

   — Escuta, semana que vem vai rolar um clipe da banda dos meninos, e nós dois vamos dançar.

 

   — Quê?

 

   — É isso mesmo, e você vai sem reclamar.

 

   — Como assim? Você não me disse nada.

 

   — Tô dizendo agora. Se tudo der certo, a Clara vai melhorar e nós vamos criar uma coreografia. Vai ser na próxima sexta! 

 

   — Não sei não.

 

   — Olha só, eu já disse pro Adriel que iria, e o Kalfani tá com raiva de mim, então você vai pra ficar do meu lado, querendo ou não. 

 

   — Você nunca vai parar de me obrigar a fazer as coisas, né?

 

   — É.

 

   — Tudo bem. — Ele deu uma risadinha.

 

   — Ok, agora tudo depende da minha irmã. Tenho que desligar.

 

   — Diz pra ela ficar bem logo, e me mantém informado.

 

   — Ta bom, tchau.

 

Me despedi e encerrei a ligação.

Fui de volta para a sala de espera e meu pai estava sentado no mesmo lugar, olhando para o teto. Ele estava muito preocupado mesmo com ela.

Assim que cheguei, o médico da Clara veio até nós. Meu pai levantou esperançoso, mas a cara do Dr. não era das melhores.

 

   — Ela já acordou? — Meu pai perguntou.

 

   — Já sim. Vocês vão poder vê-la depois de falar comigo.

 

   — Ok.

 

   — As notícias que eu tenho não são boas. — Eu abracei meu pai de lado. — O que a Clara tem chama-se cisto ovariano. Cistos de ovários são bolsas cheias de líquidos que se formam sobre ou dentro do ovário, e no caso dela se formou dentro, o chamado Cisto Lúteo. Eles são fisiológicos, ou seja, da natureza do ovário, então não há nada que ela pudesse ter feito para evitar. Infelizmente, esses cistos aumentaram de tamanho, e foi por isso que ela sentiu tanta dor. 

 

   — E o que vai ser agora?

 

   — Temos duas opções: a primeira e mais confiável é a cirurgia. A gente podia tentar retirar o cisto, mas como ele vem aumentando de tamanho, corre o risco do mesmo se romper, e causar sérios problemas. Então o que eu aconselho é a retirada dos ovários.

 

   — Mas aí ela não poderia ter filhos. — Eu disse baixinho.

 

   — Esse seria o preço. Mas também podemos fazer o tratamento com métodos anticoncepcionais. Isso vai ajudar a inibir a formação de determinados ovários, mas não há como prever se vai continuar aumentando ou não. Caso aconteça a ruptura, pode ser que o ovário irá curar a mesmo, e não haverá mais nenhuma complicação. Mas também o ovário pode ficar infectado, e trará implicações sérias para a saúde e sua capacidade de fertilizar.

 

   — Deixa eu ver se entendi: — Meu pai falou. — ela pode fazer a cirurgia, mas vai ter que retirar os ovários. Ela pode fazer o tratamento com anticoncepcionais, mas não é totalmente eficaz e o cisto pode estourar. E fazer a retirada do cisto não é uma opção por conta do tamanho?

 

   — Exatamente.

 

   — Meu Deus. — Ele passou a mão no rosto e eu afaguei seu ombro.

 

   — Calma pai.

 

   — Como sua filha é maior de idade, ela que vai escolher a melhor opção. Ela tem até amanhã para isso, porque o caso dela é urgente.

 

   — Não tem opção, ela tem que escolher a cirurgia. — Meu pai falou rígido. — Posso ver minha filha?

 

   — Claro, fique à vontade.

 

Ele saiu na frente e eu fui atrás.

A Clara estava deitada na cama, observando as gotas do soro caírem devagar. Seu rosto estava abatido, tinha olheiras ao redor dos olhos e ela estava bastante pálida.

 

   — Oi gente. — Ela deu um sorriso.

 

   — Como você tá filha? 

 

   — Tô bem. — Me sentei do seu lado e peguei sua mão. — Pela cara de vocês tenho certeza de que já sabem.

 

   — Eu sinto muito Clara. — Eu disse.  — Eu sei que você gostaria de ter um filho.

 

   — O quê? Espera aí, vocês acham que eu vou fazer essa cirurgia?

 

   — É claro que você vai. — Meu pai disse.

 

   — Eu não quero ficar infértil. Não! Não mesmo.

 

   — E você vai ficar com uma bomba relógio dentro do corpo, Mana? 

 

   — Eu vou fazer tudo direitinho, ele não vai se romper. E se acontecer eu corro pro hospital pra não infeccionar. Vai dar tudo certo.

 

   — Você não pode tá falando sério.

 

   — Eu tô falando muito sério! Não vou ficar sem meus ovários. 

 

   — Filha, é da sua saúde que estamos falando.

 

   — Eu sei disso.

 

   — Você vai fazer a cirurgia!

 

   — Eu sou maior de idade e eu que vou escolher. Você não pode fazer nada. — Ele olhou sério para ela e depois saiu do quarto.

 

   — Clara, pelo amor de Deus.

 

   — E se fosse com você Sam? Se você soubesse que nunca iria poder dar um filho pro Kalfani tenho certeza de que faria a mesma escolha que eu.

 

   — É com o Caíque que você tá preocupada? 

 

   — Não é isso...

 

   — Para de ser teimosa! Imagina como vai ser pior ele te ver sentindo uma dor infernal quando essa droga estourar, e depois se você ainda estiver viva, vai passar o resto da vida dependendo de remédios, e nem vai poder cuidar direito do filho que TALVEZ você tenha. 

 

   — Por que você sempre pensa no pior?

 

   — Por que você é tão cabeça dura? Clara se você fizer isso, o pai vai ficar chateado com você, o Caíque vai ficar chateado e eu também! Então eu sugiro que você pense bem no que tá fazendo.

 

Ela começou a repetir as mesmas coisas que tinha falado e eu saí de lá deixando ela falar sozinha.

Do lado de fora meu pai estava andando de um lado para o outro sem saber o que fazer.

Eu me sentei no sofá e só conseguia pensar no quanto minha irmã é uma idiota. Meus olhos arderam e deixei as lágrimas caírem. Não dava pra acreditar que a Clara estava fazendo isso com si mesma.

Meu pai se sentou ao meu lado e eu limpei as lágrimas. Ele ficou olhando pra tela do celular desligada.

 

   — Tá tudo bem?

 

   — A mãe da Clara.

 

   — O que tem ela?

 

   — A mãe dela é obstetra. — Ele me olhou. — Eu sei que o que a Clara tem não é especialidade da Malorie, mas ela com certeza deve saber o que fazer.

 

   — Se ela é obstetra e cuida do desenvolvimento da mulher, então ela sabe tudo sobre o útero e ovários. 

 

   — Ela deve ter alguma alternativa.

 

   — Você acha?

 

   — Vou ligar pra ela.

 

   — Ta bom, tomara que ela tenha.

 

   — Se ela não tiver, pode pelo menos colocar juízo na cabeça dessa menina.

 

Ele levantou e foi para fora.

Se tem alguém que pode fazer a Clara mudar de ideia, esse alguém se chama Caíque.

Peguei o celular e liguei para ele, mas caiu na caixa postal. Continuei ligando e ninguém atendia.

Eu deduzi que uma hora dessas ele devia estar trabalhando, então eu liguei para o Kalf, e ele atendeu rápido.

 

   — Oi. 

 

   — Oi, o Caíque tá com você?

 

   — Ele saiu pra comprar comida, estamos no estúdio.

 

   — Eu tô tentando ligar pra ele há um tempão.

 

   — Hmmm... — Ele murmurou pensativo. — Acabei de achar o celular dele em cima do sofá.

 

   — Que droga.

 

   — Posso ajudar em alguma coisa?

 

   — Quando voltar fala pra ele me ligar. — Eu mais implorei do que pedi.

 

   — Sam, aconteceu alguma coisa? Sua voz tá estranha.

 

   — É a Clara...

 

   — O que tem?

 

   — Ela tá no hospital.

 

   — Ela tá doente?

 

   — Mais ou menos isso. Ela tem um problema no ovário e não quer fazer a cirurgia. A minha esperança é que o Caíque convença ela do contrário.

 

   — Ele vai ficar desesperado em saber disso. — Ele fez uma pausa. — Qual hospital vocês estão?

 

   — O mesmo que a Ana trabalha.

 

   — Ok, a gente chega aí em meia hora.

 

   — Você não precisa vir. Só avisa o Caíque.

 

   — É da minha cunhada que estamos falando. E também ele vai ficar preocupado demais pra dirigir. Vai que ele acaba avançando um sinal vermelho e batendo o carro.

 

   — Conheço alguém que fez isso. — Ele deu uma risadinha.

 

   — Vamos prevenir que ele cometa o mesmo erro que eu.

 

   — Tudo bem, tô esperando vocês.

 

   — Qualquer coisa me liga.

 

   — Tá bom, tchau.

 

Na hora que desliguei o celular meu pai apareceu.

 

   — E aí?

 

   — Ela chega amanhã. 

 

   — Mas ela tem alguma solução?

 

   — Ela disse que precisa ver os exames primeiro. Eu realmente espero que ela faça alguma coisa, pelo menos uma vez na vida. 

 

   — A Clara não vai ficar brava por ter chamado ela?

 

   — Talvez, mas é pro bem dela. — Eu assenti.

 

   — E como foi a reação dela? 

 

   — É claro que ela ficou angustiada, filha. Ela não é muito presente mas se importa com a filha.

 

   — A Clara sempre diz que ela não liga.

 

   — Ela ama a Clara, mas do jeito dela.

 

   — Por que ela foi embora?

 

   — Sabe que eu nem sei Sam? Ela disse que queria terminar a faculdade, mas ela tinha trancado a matrícula em uma universidade aqui de São Paulo mesmo, e ela saiu da cidade. 

 

   — Então você acha que não foi por isso?

 

   — Acho que ela só não estava preparada pra ser mãe.

 

Nos minutos seguintes, o Isac tornou a me ligar, e eu contei a ele o que estava acontecendo. Claro que ele ficou preocupado, mas mesmo assim ele disse que não iria vir. Eu até entendo, o Caíque vai querer socar ele, e o Kalfani até ajudaria.

 

Quando encerrei a ligação, eles surgiram na nossa frente. 

O Caíque estava com uma expressão bastante tensa. Ele me deu uma abraço rápido e depois foi falar com meu pai. Ele começou a contar tudo o que estava errado, e enquanto isso e olhei pro Kalf.

Ele estava diferente. Estava sem sua barba, com o cabelo bagunçado - provavelmente ele estava usando boné e depois tirou. Mas não era só isso; aquela entonação de raiva que vi há alguns dias atrás, havia sido substituída por compaixão.

Ele me deu um abraço, e por mais que a gente não esteja bem, eu não tenho pensado muito nisso, por causa da Clara. Mas o abraço me fez muito bem, como sempre faz.

 

   — Você tá bem? — Ele perguntou com ternura.

 

   — Tô.

 

Ele me abraçou de lado e ouvimos a conversa dos dois.

O Caíque ficou desolado.

 

   — ...e agora ela não quer fazer a cirurgia, porque ela quer ter filhos.

 

   — A gente sabe o quanto isso é importante pra vocês. — Eu disse. — Mas a saúde dela tá em risco.

 

   — Não, claro. Ela tem que fazer a cirurgia. Posso falar com ela?

 

   — Ela tá no quarto 22.

 

Ele forçou um sorriso e saiu.

 

   — Espero que ele faça ela mudar de ideia. — Meu pai disse.

 

   — Ele vai.

 

A gente sentou no sofá e ficamos esperando ansiosamente pelo Caíque. Mas como era de se esperar, ele demorou.

O Kalfani encostou o rosto no meu e eu senti falta da sua barba roçar minha a pele da minha bochecha.

 

   — Você tá parecendo que tem 15 anos.

 

   — Todo mundo me diz isso. — Ele riu.

 

   — Por que você tirou? — Olhei para ele.

 

   — Eu fui fazer e acabei estragando, aí tirei tudo.

 

   — Bom que cresce rápido.

 

   — Você não gosta de mim assim?

 

   — Na verdade não. — Dessa vez até meu pai riu. Era bom descontrair um pouco.

 

P.O.V. Clara

 

Eu estava fingindo ver um programa na TV quando o Caíque entrou no meu quarto.

 

   — Oi! — Eu disse animada.

 

   — Oi. — Ele respondeu fraco, assim acabando com meu entusiasmo. — Como você tá? — Ele se sentou no espaço vazio da minha cama.

 

   — Tô melhor agora. — Ele deu um sorriso e beijou minha testa. 

 

   — Adorei seu look. — Ele falou da camisola do hospital.

 

   — Você viu? Nova moda de Paris. — Nós rimos. 

 

   — Eu fiquei preocupado, você não me atendeu, nem respondeu minhas mensagens. Eu quase enlouqueci quando o Kalfani me contou que a Sam tinha ligado pra dizer o que tinha acontecido com você.

 

   — A verdade é que eu nem sei onde está meu celular.

 

   — Você sentiu dor?

 

   — Sim, de madrugada. Foi insuportável, achei que ia morrer.

 

   — Mas amor, você não teve mais nenhum sintoma? Tipo, veio assim do nada.

 

   — Bem, na verdade eu estava com a menstruação atrasada há algumas semanas. Eu pensei que estava grávida. — Ele levantou as sobrancelhas.

 

   — Por que você não me contou?

 

   — Eu e a Sam fizemos o teste e deu negativo, então você não precisava saber, a não ser que desse positivo.

 

   — Clara, você sabe que pode me contar qualquer coisa. 

 

   — Eu fiquei aliviada quando deu negativo, e tive medo que você também ficasse. Não que eu quisesse ter um filho agora, mas eu realmente tive medo da sua reação.

 

   — Então se eu ficasse aliviado seria um problema?

 

   — Ia parecer que você não queria ser pai.

 

   — Se você estivesse grávida, eu com certeza ficaria assustado, é normal. Mas eu também ficaria muito feliz, e assumiria as responsabilidades. Seria uma benção.

 

   — Eu sei disso. Eu disse pra Sam que juntos a gente ia dar um jeito, caso acontecesse. — Ele pegou a minha mão. — Seria tão melhor se tivesse um bebê na minha barriga.

 

   — Clara, você vai fazer a cirurgia, né?

 

   — Amor eu prefiro arriscar e continuar fértil.

 

   — E se der errado? E se essa coisa estourar, ou torcer e a gente não conseguir te trazer ao hospital a tempo? E se você esquecer de tomar o remédio? E se você sofrer uma queda e isso prejudicar sua saúde? Você vai passar o resto da vida se preocupando com isso?

 

   — Você acabou de dizer que seria uma benção ter um filho.

 

   — Clara, filho não é só aquele que gera. A gente pode adotar, a gente pode arranjar uma barriga de aluguel, ou até fazer o Toby virar gente. — Eu ri. — Não fica pensando nisso. Pensa no agora, e agora a sua saúde tá em risco. Se você não estiver saudável, como que um bebê vai sobreviver no seu útero?

 

   — Sabe Caíque, se fosse antes de te conhecer, eu nem ligaria. Simplesmente iria retirar os ovários sem pensar duas vezes. Mas agora tem você, e mesmo você falando essas coisas agora, eu sei que no futuro um filho biológico vai fazer falta, e eu sei que vou me arrepender de nunca poder te dar um.

 

   — Clara, eu não ligo. Eu não vou te amar menos por isso. Você é tudo o que importa, e eu quero que você fique bem. Por favor, faz isso por mim.

 

Ele estava implorando, mas eu ainda queria ser mãe.

Mesmo tendo que conviver com a angústia de um dia o cisto vir a romper, ainda sim prefiro continuar com meus ovários.

Mas ele tinha razão; mesmo que eu continue com os ovários, vai ser bem difícil engravidar. Talvez nunca aconteça. 

Eu preciso colocar os pés no chão.

 

   — Ta bom. Eu faço a cirurgia. — Ele fechou os olhos e soltou um suspiro aliviado.

 

   — Obrigado. — Ele me beijou e depois deitou a cabeça em meu peito.

 

Coloquei minha mão em seu cabelo e fiz carinho.

 

   — Vai dar tudo certo. — Disse ele.

 

   — Eu sei, você tá aqui.

 

Ele continuou um tempo ali comigo, até uma enfermeira aparecer e expulsar ele do quarto.

Quando saiu, eu apertei os olhos a fim de fazer com que minhas lágrimas não caíssem, o que foi em vão.

Eu realmente queria um filho que viesse de mim, mas infelizmente isso será impossível.

 

                           .  .  .

 

No dia seguinte...

 

P.O.V. Samantha

 

Meu pai praticamente me obrigou a ir para casa dormir um pouco. Ele também falou para o Caíque ir, mas ele não quis.

O Kalf me deixou em casa ontem e hoje me buscou cedinho. Foi bom porque eu limpei a sujeira do Matt e também lhe dei comida.

Quando chegamos no hospital, eu não sei quem estava pior: meu pai ou o Caíque.

Assim que a Clara acordou, fui conversar com ela. Por mais que o Caíque a tenha convencido, evitei tocar no assunto da cirurgia e também que a mãe dela estava chegando.

 

   — O Isac tá me perguntando toda hora sobre você. — Eu estava deitada com ela na cama.

 

   — Ele tá aqui?

 

   — Não. O Caíque ia surtar.

 

   — Ia mesmo. Mas eu gostaria que ele estivesse.

 

   — Por que vocês não voltam logo a se falar?

 

   — É estranho, Sam. Não dá pra sermos amigos se eu não puder falar do meu namorado pra ele. E se eu falar, o clima fica esquisito.

 

   — Eu posso tentar conversar com ele.

 

   — Não Sam, não se intromete. Isso tem que partir de nós dois.

 

   — Tá bom.

 

   — Soube que você foi pra casa com o Kalf.

 

   — Ele só me deixou lá e me buscou hoje de manhã.

 

   — Vocês conversaram?

 

   — Não, Clara.

 

   — Por que não?

 

   — Porque no momento existem coisas mais importantes que a nossa briga. E a verdade é que eu nem tô pensando muito nisso.

 

   — Eu acho que você deveria aproveitar a oportunidade. Ele tá pertinho de você.

 

   — Que oportunidade Clara!? Se toca, você tá doente. Acha mesmo que vou ficar pensando na minha vida amorosa?

 

   — Olha só, depois que eu sair daqui, você vai pensar muito nele. Então acho que você já deveria começar agora.

 

   — Incrível como você não acha essa situação nem um pouco apavorante.

 

   — Sam eu vou retirar meus ovários. Não vou ter filhos, então não tenho mais com o quê me preocupar.

 

   — Lá vem você de novo com essa história.

 

Eu passei os minutos seguintes tentando convencê-la de que não faria diferença ela ter um filho biológico ou não, o amor seria o mesmo.

Mas a Clara é cabeça dura, e agora parece que ela desistiu de si mesma.

 

Depois a enfermeira chegou para trocar a bolsa de soro, colher sangue e dar os remédios, então tive que sair.

Me juntei com o pessoal no sofá no meio do Caíque e do Kalfani, e logo em seguida vi um par de saltos parar na frente do meu pai.

 

   — Te achei. — A mulher falou com ele.

 

   — Finalmente, Marie! — Ele levantou e deu um abraço nela.

 

Então essa era a mãe da Clara. Seu nome é Malorie, mas pelo visto meu pai tem um apelido íntimo para ela.

Malorie tem os cabelos loiros e olhos verdes como os da Clara, é alta, corpulenta e se veste muito bem. Por cima da roupa, usava um jaleco branco e se equilibrava muito bem em cima do salto alto.

Ela não era muito parecida com a Clara. Fora o cabelo e a cor dos olhos, só alguns traços lembravam ela. 

Eu só a tinha visto no mural da Clara, mas com certeza ela é muito mais bonita e jovem pessoalmente.

Olhei para os meninos e eles estavam bastante impressionados, assim como eu. 

 

   — Não imaginei que ela fosse tão gata. — Kalf falou baixinho.

 

   — Nem eu. — Caíque respondeu e eu dei um tapa na cabeça dos dois.

 

   — Vocês são dois sem vergonhas! — Eles riram.

 

Voltei minha atenção para os pais da Clara.

 

   — Que bom que você veio.

 

   — Ela é minha filha também. — Ela deu um sorriso. — Eu já dei uma olhada nos exames. — Ela mostrou os papéis na mão. — Ainda preciso conversar com o médico dela, mas tenho quase certeza de que posso fazer a retirada do cisto sem precisar retirar os ovários. — Nós três passamos a prestar mais atenção no que ela estava dizendo, mas ela nem parecia ter notado nossa presença e continuou falando para meu pai. — É um procedimento difícil, mas eu consigo.

 

Se ela realmente conseguir, a Clara ainda vai ser fértil!

 

   — O médico dela disse que ele iria se romper caso tentasse retirar.

 

   — Bom, o médico dela não tem as minhas mãos.

 

Uma coisa a Clara herdou da mãe: a atitude. Essa mulher realmente confia em seu taco.

 

   — Mas antes de decidir qualquer coisa, eu quero conversar com ela. Se bem conheço minha filha, ela não vai querer minha ajuda.

 

   — A enfermeira tá dando a medicação, você vai ter que esperar um pouco. — Meu pai disse colocando as mãos no bolso.

 

   — Ok. — Ela mexeu no cabelo e olhou ao redor, e foi aí que ela nos viu.

 

Seus olhos percorreu rapidamente os meninos e depois se fixou em mim. Ela arregalou os olhos de uma maneira bastante surpresa.

 

   — Parece que eu tô vendo a Clarice na minha frente. — Ela falou e meu pai olhou para trás e depois se posicionou ao lado dela.

 

   — Essa é a minha filha Samantha.

 

   — Já te disseram que você é a cara da sua mãe?

 

   — O tempo todo. Você a conheceu?

 

   — Só por foto. — Ela respondeu vagamente e depois tirou os olhos de mim.

 

   — Esse é o Kalfani, namorado dela e o Caíque, namorado da Clara. — Ele falou apontando para cada um. Ela deu um sorrisinho nada discreto quando ele mencionou "namorado da Clara" e depois disfarçou.

 

   — É um prazer conhecer vocês. — Eles retribuíram e em seguida a enfermeira saiu do quarto. — Vou lá falar com ela.

 

Malorie deu meia-volta e caminhou em direção ao corredor.

Se ela não tivesse abandonado minha irmã, talvez eu gostasse um pouco dela.



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