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História Love By Chance - Second Season - A química que há entre nós


Escrita por: MESPIND

Capítulo 48 - A química que há entre nós


Fanfic / Fanfiction Love By Chance - Second Season - A química que há entre nós

 

P.O.V. Clara

 

Mal abri os olhos e já senti eles pesarem, suplicando por mais um pouco de descanso. 

Virei um pouco a cabeça para o lado e enxerguei minha mãe sentada na poltrona escrevendo em uma prancheta. Provavelmente era o meu prontuário.

 

   — Mãe? — Chamei sua atenção e ela me olhou o mais rápido possível.

 

   — Oi filha, que bom que você acordou. — Ela largou a prancheta e veio até mim. — Como se sente?

 

   — Cansada... muito cansada.

 

   — Isso é a coisa mais normal depois de uma longa cirurgia.

 

   — Você conseguiu? — Ela deu um sorriso.

 

   — Removi cada um deles e seus ovários estão intactos. Eu disse que conseguia. — Eu sorri também. Claro que estava feliz por ela ter conseguido, mas sorri porque ela estava muito orgulhosa de si mesma.

 

   — Obrigada. Muito obrigada.

 

   — Não fiz mais que minha obrigação.

 

Isso que estraga tudo. Eu não queria que ela estivesse aqui por obrigação, eu só queria que ela fosse minha mãe. Mas sei que isso nunca vai acontecer.

 

Ela tirou o estetoscópio do pescoço e pediu para que eu sentasse. 

 

   — Respira fundo. 

 

Fiz o que ela pediu e assim colocou o aparelho em mim para ouvir meus batimentos cardíacos. Depois fez o mesmo nas costas e em seguida voltei a deitar.

 

   — Daqui uns dias você não vai ter nem sequer uma cicatriz. 

 

   — Perfeito.

 

Ela examinou as incisões com tanto cuidado que mal senti seu toque.

Depois, pegou um aparelho de ultrassom portátil e pressionou contra minha barriga.

 

   — Viu? — Ela me mostrou a imagem no aparelho. — Não tem nada de incomum lá.

 

   — Se você disse que tirou tudo, então eu acredito em você. 

 

Ela sorriu e depois pegou a prancheta. Terminou de escrever algo lá e me mostrou uma folha.

 

   — Esse são todos os remédios que você vai ter que tomar, de 8 em 8 horas. Você também vai ter que ficar de repouso, no mínimo umas duas semanas.

 

   — Essa é a parte mais chata!

 

   — Clara você já chegou até aqui, não vai vacilar agora, né? Duas semanas passam voando.

 

   — Mas não vou poder nem andar?

 

   — Poder até pode. Mas não faz esforço, senão os pontos vão abrir, e o processo de cura vai voltar todo do começo.

 

   — Tá bom.

 

   — Boa garota. 

 

   — Pelo menos vou poder ensaiar com o Leo. — Pensei alto.

 

   — Ensaiar para quê? 

 

   — Eu canto numa pizzaria, já te disse isso.

 

   — Ah, claro, tinha me esquecido. — Ela colocou a mão na testa.

 

   — Na verdade você nem ouviu quando eu falei, não é?

 

   — Ouvi sim, só me esqueci. — Ela me olhou de uma forma diferente, como se ela quisesse falar alguma coisa.

 

   — O que foi?

 

   — Bem, agora pouco estive em uma reunião. O chefe de cirurgia gostou bastante do meu trabalho, e me ofereceu um cargo de cirurgiã obstetra aqui.

 

   — Mas você já não faz isso em Campo Grande?

 

   — Sim, mas aqui tem você. Eu sei que você não quer nada comigo agora, mas a gente pode tentar recomeçar. Se estiver disposta, eu também vou estar.

 

   — O que você disse para ele?

 

   — Que eu ia pensar. Clara, só vou ficar se você quiser que eu fique.

 

A verdade é que eu não sabia. Eu a queria muito como minha mãe, mas não sei se ela está preparada pra isso. Não sei se ela vai ser a mãe que eu sempre sonhei.

Eu já me acostumei tanto com as coisas desse jeito, e na real, a única Malorie que conheço é a que foi embora e não quis mais voltar, e nunca me contou o por quê. E se ela ainda for essa pessoa? Talvez seja melhor não arriscar.

 

   — Prefiro que você vá embora. — Ela pressionou os lábios e olhou para o chão. — Não quero criar expectativas em você mais uma vez e me decepcionar.

 

   — Já imaginava que essa seria a resposta. Acho que você tá melhor  com seu pai e sua irmã.

 

   — Também acho.

 

   — Bom, vou sair porque tem uma galerinha que quer ver você.

 

   — Obrigada por tudo.

 

   — Não precisa me agradecer.

 

Ela pegou suas coisas e saiu do quarto. Um tempo depois a Sam entrou, e ela me pareceu bastante aliviada quando me viu bem.

 

   — Oi Mana. — Ela me deu um beijo na testa. — Então sua mãe conseguiu mesmo.

 

   — Conseguiu. Ela não brinca em serviço.

 

   — Estou impressionada.

 

   — Ela largou tudo por causa disso, então tinha que no mínimo ser excepcional. — Ela deu risada.

 

   — Você tá bem com tudo isso?

 

   — Não muito. — Entrelaçamos nossas mãos. — Na verdade eu acabei de expulsar ela. Não exatamente, mas foi basicamente isso.

 

   — Foi por causa da proposta de trabalho? — Assenti. — Pensei que você a quisesse aqui.

 

   — Quero minha mãe e não a Dra. Malorie. 

 

   — O Caique acertou, ele disse que você iria preferir que continuasse sendo como sempre foi, a não ser que ela se explicasse.

 

   — Ele sabe que é difícil pra mim.

 

   — Eu também sei.

 

   — As coisas entre você e o nosso pai é totalmente diferente, então não tenta comparar. — Ela ia se opor, mas sabia que era verdade.

 

   — Então acho que você fez o certo. — Forcei um sorriso. — Ela não parece nem um pouco com você, e não é só pela aparência, mas o jeito dela é tão...

 

   — Arrogante.

 

   — É! Você precisava ver ela dizendo "o médico dela não tem as minhas mãos". Foi tão... egocêntrico.

 

   — Em outras palavras: ela se acha.

 

   — É, isso. Mas também ela pode, né? Gata daquele jeito. — Eu ri.

 

   — Tenho que concordar com você. E aí, falou com o Kalf?

 

   — Não quero falar sobre isso.

 

   — O que? Por que?

 

   — Eu sou uma idiota, é isso.

 

   — Me conta Sam.

 

   — Tem mais gente que quer te ver, tenho que ir. — Ela me deu um beijo na bochecha e ignorou meu pedido para que ficasse.

 

E então meu pai entrou, e a tristeza que vi em seu rosto antes de entrar na cirurgia, tinha sido substituída por uma expressão de satisfação.

 

   — Essa mulher não brinca em serviço. — Ele falou fechando a porta.

 

   — É, tenho que admitir. — Ele me deu um abraço bem apertado e um beijo na testa.

 

   — Como você tá?

 

   — Tô bem.

 

   — Ah filha, quanto te vi chorando de dor daquele jeito, pensei que fosse te perder.

 

   — Eu só pensava nisso, que ia morrer. — Os olhos dele encheram de lágrimas. — Ei, para, eu tô bem. Você vai ver sua Clarinha por muito tempo ainda.

 

   — Nem consigo imaginar como seria não ter você. Agora que vocês duas estão namorando, eu fico cada vez mais com medo do dia em que vocês sairão de casa. Principalmente a Sam, já que nós não tivemos muito tempo ainda, mas você também filha.

 

   — É por isso que você tem que arrumar uma namorada, assim quando formos embora, você nem vai notar nossa falta.

 

   — Lá vem você de novo com essa história! — Eu ri. — Mesmo que um dia eu namore, ninguém vai substituir vocês.

 

   — Mas sempre seremos suas meninas. — Ele sorriu e fez carinho em minha bochecha. — Obrigada por ter chamado ela.

 

   — Achei que você fosse brigar comigo. — Eu ri. — Me desculpa por não ter falado com você antes

 

   — Antes eu queria, mas se você tivesse me contado, eu não iria aceitar, e à essa altura estaria sem meus ovários.

 

   — Isso é verdade.

 

   — Você já percebeu que nós três só ficamos juntos quando eu tô no hospital? — Ele assentiu.

 

   — Como você tá com ela?

 

   — A gente sempre vai ficar na mesma, não adianta. Ela sempre vai me chamar pra ir visitá-la, daí eu vou, ela vai dizer que estava com saudades e depois vai me ignorar até eu voltar pra casa.

 

   — Ela te pediu uma chance?

 

   — Não exatamente. Ela disse que recebeu uma proposta para trabalhar aqui, mas que só ficaria se eu quisesse, e eu disse pra ela ir embora. Eu sei que deveria ficar agradecida por ela ter cuidado de mim, mas é que não consigo imaginar as coisas dando certo entre a gente.

 

   — Você devia dar uma oportunidade pra ela tentar ser sua mãe. Quando reencontrei a Sam, você lembra como ela me odiava, não lembra? — Assenti. — E se ela não tivesse me dado uma chance de fazer diferente, ainda estaríamos naquela situação.

 

   — Você lutou pela Sam, e ela nunca fez isso por mim. — Meus olhos encheram de lágrimas.

 

   — Ela tá tentando, do jeito dela.

 

   — O que eu faço?

 

   — Tenta esclarecer as coisas. Dá uma brechinha só, e eu tenho certeza de que ela vai se agarrar à isso.

 

Conversei com meu pai sobre isso por um tempão. Ele era o único que entendia a situação, já que esteve comigo desde que ela me deixou. 

                           

Depois que ele saiu, foi a vez do Caíque entrar.

Ele deu aquele sorriso lindo, e isso aqueceu meu coração.

 

    — Oi meu amor.

 

    — Oi Loira. — Ele me deu um selinho. — Eu tenho que perguntar: você tá bem? 

 

   — Tô ótima.

 

   — Nunca mais me assusta desse jeito.

 

   — Pode deixar, não tenho a mínima intenção de voltar para o hospital. Ei, por que você tá com a mesma roupa de ontem? Você não foi para casa? — Ele negou com a cabeça. — Caíque!

 

   — Eu não ia conseguir pensar em mais nada além de você numa sala de cirurgia, então preferi ficar aqui.

 

   — Você não precisava fazer isso. Até a Sam foi para casa.

 

   — Porque o pai de vocês praticamente expulsou ela daqui. 

 

   — Mas e o Toby? Da última vez que alguém ficou doente ele ficou morrendo de fome.

 

   — A Sofia tá cuidando dele, relaxa. — Ele deu um risadinha.

 

   — Tá bom. — Me movi um pouco para o lado. — Deita aqui comigo.

 

Ele deu um sorriso aconchegante e tirou os sapatos. Em seguida, nos esprememos na cama e ele me abraçou com cuidado.

 

   — Me conta o que eu perdi.

 

   — Acho que nada.

 

   — Nadinha?

 

   — Hmm... — Ele refletiu. — Ah, minha mãe ligou, ela disse: Caíque sua voz tá muito estranha, pode ir contando o que aconteceu, brigou com a Clara? — Eu dei risada. — Daí eu contei e ela ficou bastante preocupada com você.

 

   — Sério? 

 

   — Uhum. Ela me pediu pra avisar assim que tivesse notícias. Ela gosta muito de você.

 

   — Eu também gosto muito dela.

 

   — Eu sei. — Ele me deu um beijo na bochecha. — Ela ligou pra perguntar se eu tenho alguma ideia pro aniversário do Miguel, ele disse que não quer festa.

 

   — Quantos anos ele vai fazer?

 

   — 5.

 

   — Que estranho, nessa idade todo mundo quer uma festa.

 

   — É que ele não tem muitos amiguinhos. O Miguel é mais introvertido.

 

   — Mas ele falou tanto comigo.

 

   — Porque estávamos em família. — Assenti.

   

   — Quando é?

 

   — Mês que vem.

 

   — A gente podia fazer um bolinho pra ele e cantar parabéns na pizzaria. 

 

   — Boa ideia, vou dizer a ela.

 

   — Quero meus créditos.

 

   — Nada disso, você já tem muitos pontos com ela, vou dizer que a ideia foi inteiramente minha! 

 

   — Cara de pau. — Baguncei seu cabelo. — Você acha mesmo que eu tenho bastante pontos com sua mãe?

 

   — Claro que tem, não só com ela, mas com minha família toda, inclusive o Joaquim, e olha que ele ainda nem sabe falar. — Eu sorri.

 

   — Então já que todo mundo vai estar reunido, a gente podia apresentar nossos pais.

 

   — Isso! Vai ser ótimo eles se conhecerem, assim todo mundo vai saber que nossa relação é séria.

 

   — Você tá falando isso por causa do Isac?

 

   — Também. Mas é que meu irmão ainda acha que eu estou zoando. — Eu dei risada.

 

   — Com o tempo vai cair a ficha dele. 

 

A gente planejou as coisas para o aniversário do sobrinho dele, falamos sobre as próximas viagens da banda, falamos sobre a Sam e o Kalf, mas ele foi o único que não tocou no assunto da minha mãe. É raro alguém te conhecer tão bem a ponto de saber como você vai reagir sobre determinado assunto.

 

   — Que bom que você tá aqui comigo. 

 

   — Sempre vou estar. — Recostei minha cabeça entre seu pescoço e ombro. — Você sabe que não tomei banho, né? — Nós rimos.

 

   — Eu não ligo.

 

                           .  .  .

 

Alguns dias depois...

 

P.O.V. Samantha

 

Acordei num sobressalto e um pouco confusa. Olhei para a janela, e pelo fato de o sol já estar brilhando, percebi que estava atrasada.

Peguei o celular e vi que estava em cima da hora.

 

   — Merda. — Tentei levantar o mais rápido possível da cama, mas me enrolei com o edredom.

 

   — O que foi Sam? — A Clara perguntou tentando abrir os olhos.

 

   — Que bom que você acordou. — Consegui sair da cama. — Liga para o Caíque e pergunta se ele pode me dar uma carona, senão vou chegar atrasada pra gravação do clipe.

 

   — Tá bom.

 

Dito isso fui para o banheiro e tomei o banho mais rápido da minha vida. Como não ia dar tempo de me arrumar, decidi guardar a roupa e maquiagem na mochila e me vestir com a primeira coisa que encontrasse pela frente, e infelizmente essa coisa foi um vestido que nem devia mais estar em meu guarda-roupa, já que ele estava curto demais para mim.

 

   — Ele acabou de mandar mensagem, disse que está lá na frente.

 

   — Beleza!

 

Por sorte o Caíque ainda não tinha saído de casa e ficou de passar para me buscar. 

Peguei minhas coisas e passei mais uma vez minha lista mental para ter certeza de que não tinha esquecido nada.

 

   — Tudo certo, já vou.

 

   — Olha, eu não aceito nada menos que uma dança arrasadora nesse clipe!

 

   — Pode deixar Mana. Bom repouso para você, e nada de ficar andando por aí.

 

Joguei um beijo para ela e passei correndo pela sala. Meu pai me olhou assustado, enquanto eu dizia afobada que voltava antes do almoço.

O carro do Caíque estava estacionado do outro lado da rua. Então atravessei e sentei no banco do carona.

 

   — Oi. — Ele disse com um sorriso e ligou o carro.

 

   — Obrigada por ter vindo até aqui.

 

   — Não negaria um favor para minha cunhada. — Foi a minha vez de sorrir.

 

Enquanto ele dirigia até o estúdio, aproveitei para me maquiar e conversar coisas aleatórias com ele.

Caíque e eu sempre nos demos bem, mas a gente nunca parou muito para conversar, e sempre que nos víamos era junto com a Clara, exceto na vez que dei uma de cupido e fui até o apartamento dele, ou quando tentei levantar o astral dele no estúdio, mas tudo tinha a ver com o lance deles. Óbvio que a relação do Kalf e da Clara é bem mais íntima que a nossa, mas isso não quer dizer que nós não possamos ser amigos também.

 

Chegamos no lugar uns 20 minutos depois. Todo mundo já estava lá, inclusive o Isac.

 

   — Eu juro que iria te matar se você não aparecesse. — Ele disse tentando controlar a voz.

 

   — Não ia nada.

 

   — Ia sim. Já pensou como é estranho pra mim estar aqui? Ainda mais sozinho?

 

   — Finalmente né Sam! — Adriel disse.

 

   — Calma gente, já to aqui. 

 

   — Aonde você se enfiou?

 

   — Não tenho tempo para isso, preciso trocar de roupa. Onde é o banheiro?

 

O Adriel apontou para um corredor e passei por eles para ir até lá. Encontrei com o Kalf no caminho, e embora não tenha olhado muito para ele, senti seu olhar nas minhas pernas que não estavam muito cobertas pelo vestido, e, mesmo ele sendo meu namorado, eu me senti um pouco constrangida.

Entrei no banheiro e fiquei aliviada por poder tirá-lo. 

A roupa que a Clara escolheu era um cropped camuflado que ia até um pouco abaixo dos seios, uma calça jeans com rasgos não alinhados e uma meia arrastão. Não curti muito esse lance da meia, mas ela me garantiu que eu ficaria sexy, e também se ela assistisse ao clipe e não visse a maldita meia, me estrangularia com as próprias mãos! 

Calcei meu all star, dei uma penteada no cabelo e voltei para fora.

Me sentei ao lado do Isac e aguardei instruções. Ele estava vestido do jeito  de sempre: calça de moletom preta e tênis baixo. A única diferença era sua camisa camuflada que combinava com meu cropped.

 

   — Perdi alguma coisa? — Perguntei.

 

   — Não. Ei, você se acertou com seu namorado? 

 

   — Não.

 

   — Ah, por isso ele tá te secando.

 

   — Me secando? — Procurei por ele e o encontrei me encarando de uma forma estranha. Quando percebeu que eu estava olhando, o Kalf virou rapidamente a cabeça. — Ele só tá me olhando.

 

   — Claro, como se ele estivesse morrendo de fome e você fosse um prato de comida. 

 

   — Isac, para. 

 

   — Eu tô dizendo o óbvio.

 

   — Vem aqui vocês dois. — O diretor que estava conversando com os meninos, nos chamou.

 

Ele contou em que parte a gente entraria, e nos orientou quanto as outras partes. Pelo o que entendi, seríamos o centro das atenções somente no refrão, e nas outras partes iríamos aparecer só as vezes.

 

   — Você! — Ele apontou para mim. — O final da música tem uma batida mais arrastada, então será que você e seu namorado não podiam encenar algo mais... físico? — Tomim e Adriel prenderam uma risada enquanto eu ficava estagnada.

 

   — Você tá dizendo fazer uma dança sensual? — Perguntei.

 

   — Bom, se você prefere falar assim.

 

   — Só que nós dançamos Hip Hop. — Isac tentou me ajudar, certamente percebendo o quanto fiquei incomodada.

 

   — Eu sei disso, mas é só no final, não é nada demais. Vocês não são um casal? Qual o problema?

 

Olhei para o Kalf, e ele estava encarando o chão. De repente minha indignação foi transformada em um sorriso de esperança. Essa era a oportunidade perfeita para colocar ele contra a parede, e eu usaria meus charmes para provocá-lo.

 

   — Tudo bem. — De repente ele me olhou pasmo e eu dei um sorrisinho. 

 

   — Certo, então vamos começar.

 

A produção achou melhor começar pela dança e depois gravar a parte dos meninos cantando.

Então o Isac e eu entramos em ação, e todo mundo parecia ter gostado da nossa coreografia, que, por incrível que pareça, montamos em apenas um dia.

Depois foi a parte dos meninos, e a gente fazia só algumas aparições no fundo, então foi bem de boa.

E então chegou a parte da tal dança sensual, e eu sinceramente nem sabia como arrumaria coragem para fazer aquilo na frente de todo mundo, mas acabou que não foi nada demais mesmo.

 

   — Sam, dá uma caminhada em volta dele. 

 

O Kalfani estava sentado numa cadeira, e então fiz o que o diretor pediu.

 

   — Agora pare atrás e passa a mão nele.

 

Assim que minha mão subiu da barriga até seu peito, não pude deixar de passar a unha de leve.

 

   — Isso te lembra algo? — Sussurrei em seu ouvido, e aquilo fez ele sorrir.

 

   — Como poderia esquecer?

 

O lap dance. Essa foi minha forma de tirar minha própria tensão antes da nossa primeira vez, e foi algo realmente incrível.

 

   — Agora termine a caminhada e sente no colo dele, devagar. 

 

Ao ouvir isso, ele ficou com o corpo completamente tenso, e eu não entendi o porquê até fazer o que me mandaram e perceber que ele estava duro.

 

   — Foi mal. — Dei um risadinha.

 

   — Isso foi só porque passei a mão em você? — Perguntei baixinho.

 

   — Agora sente de frente, segure no pescoço dele e jogue a cabeça para trás. E você Kalfani, segure a cintura olhe para ela. — Foi o que fizemos. — Uau, que química! — E então o diretor pediu para que eu levantasse, e depois descesse e subisse devagar entre suas pernas.

 

   — Esse cara tá de tiração comigo. — Me posicionei em sua frente. — Você apareceu com um vestido minúsculo. — Eu desci. — E depois colocou essa roupa que vem com uma etiqueta escrito "provocante". — Subi me apoiando em seus joelhos. — Rebolou pra caralho na coreografia e agora tá fazendo isso. — Por fora eu parecia impassível, mas por dentro eu estava vibrando de felicidade. — Não ficaria surpreso se não fosse o único a estar com tesão. — E então minhas bochechas queimaram. 

 

   — Não foi minha intenção. — Eu queria mexer com ele, e não com os outros. 

 

   — Calma, foi só modo de falar. 

 

   — Agora pega o boné dele e coloca. — Obedeci.

 

   — Você ainda me quer?

 

   — Acho que tem uma parte de mim que responde isso perfeitamente.

 

   — E corta! Ficou ótimo.

 

Então eu saí de perto dele e fui para trás das câmeras.

 

   — Mandou bem Sam, valeu. — Adriel disse. — E você também, Isac.

 

   — Não foi nada. — Dissemos quase juntos. 

 

   — Você daria uma boa atriz. — Isac disse quando o Adriel saiu.

 

   — Não foi encenação. — Ergui as sobrancelhas duas vezes e ele deu risada. — Só não posso deixar meu pai ver isso.

 

Quando passei a mão na testa, percebi que tinha ficado com o boné dele.

 

   — Já volto, vou devolver isso.

 

   — Ok.

 

Virei de costas para o Isac e corri os olhos pelo estúdio atrás do Kalf, e não o encontrei em lugar nenhum.

Perguntei para um dos ajudantes que me disse que ele estava no banheiro, então fui até lá.

Dei duas batidinhas e não ouvi nada, então abri a porta.

 

   — Tá surdo? — Falei assim que o vi lá dentro, ele estava de frente para a privada.

 

   — Sam! Cadê minha privacidade? — Ele colocou um pouco a cabeça para o lado e me viu.

 

   — Vim devolver seu boné.

 

   — Tá, deixa aí. — Coloquei em cima da bancada da pia.

 

   — A gente pode conversar?

 

   — Pode ser depois? 

 

   — Tá, eu espero você acabar.

 

   — Samantha! — Ele me repreendeu. — Já é difícil mijar com o negócio duro, com você aí atrás é pior ainda. — Ele ficou bravinho e eu dei risada. — Vai lá pra casa mais tarde.

 

   — Tá bom.

 

   — Agora sai daqui, essa situação já tá constrangedora o suficiente.

 

Eu fechei a porta dando gargalhadas dele, e senti parte do peso em minhas costas ir embora.

Voltei para perto do Isac, e peguei minha mochila. O Caíque veio até mim.

 

   — Vou passar para ver a Clara, quer uma carona de volta? — Ele me perguntou.

 

   — Quero.

 

   — Então só deixa eu trocar de roupa. — Olhei para o Isac.

 

   — Eu vou de ônibus.

 

   — Pode vir também, se quiser. — Para minha surpresa, o Caíque ofereceu.

 

   — Não, tudo bem, eu vim de ônibus então posso muito bem voltar.

 

   — Sua casa é a caminho da dela, não tem problema nenhum. — A Clara não estava mentindo quando disse o Caíque é muito compreensivo.

 

   — Vamos Isac.

 

Mesmo não querendo, ele acabou concordando.

Claro que a viagem foi estranha, mas não teve nada de alarmante. Nenhuma briga, nenhum insulto, nenhuma indireta e nada de menção ao que aconteceu no passado. Eles só não se falaram, mas isso é normal considerando os fatos.

 



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