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História Love By Chance - Second Season - Vodca ou tequila?


Escrita por: MESPIND

Capítulo 50 - Vodca ou tequila?


Fanfic / Fanfiction Love By Chance - Second Season - Vodca ou tequila?

 

P.O.V. Clara

 

Um mês depois...

 

Cheguei na pizzaria por volta das 6 da tarde e encontrei o Leo já arrumando os instrumentos no palco.

Deixei minhas coisas em cima do balcão e fui até ele. 

 

   — Oi. — Ele se virou para mim com surpresa; fazia muito tempo que a gente não se via.

 

   — Clara! Que saudades. — Ele me puxou para um abraço. — Como você tá?

 

   — Novinha em folha.

 

   — Você tem certeza que pode cantar hoje?

 

   — Claro que tenho. 

 

   — Então tá bom. A propósito: você tá muito gata.

 

   — Obrigada, você também tá um gatinho. — Ele levantou a sobrancelha fazendo charme.

 

Eu coloquei uma calça jeans com a barra dobrada, uma blusa preta, jaqueta jeans quase do mesmo tom da calça e botas de salto alto. Também fiz uns cachos no cabelo que iriam sair logo, mas o que vale é a intenção.

Ajudei o Leo a conectar os microfones na caixa de som, e a colocar as letras das músicas ao nosso alcance.

 

   — Acho que tá tudo pronto. — Ele estava mexendo no celular. — Né? — Olhei por cima de seu ombro e vi ele mandando mensagem para alguém chamado "bebê". Não consegui ver a foto porque ele se desviou de mim. — Hmmmm, quem é "bebê"?

 

   — Ninguém. — Ele guardou o celular no bolso.

 

   — Leo, você tá namorando? 

 

   — Falta pegar o seu cajón.

 

   — Não muda de assunto não.

 

   — Não tô namorando. Só estamos nos conhecendo.

 

   — Então você tá com alguém? — Ele meio que mexeu a cabeça positivamente. — Por que você não me falou?

 

   — Clara, é recente, e de verdade, eu quero que dê certo.

 

   — Eu tô feliz por você.

 

   — Valeu. — Ele sorriu. — Eu não ia dizer nada, mas ela vai vim aqui hoje, quero que você a conheça.

 

   — Eu vou adorar. — Apertei a bochecha dele. 

 

   — E aí cara. — Leo falou e olhei para trás, era o Caíque. Eles se cumprimentaram e depois ele me beijou.

 

   — Você tá linda. — Ele me abraçou.

 

   — Obrigada. — Depois do abraço dei uma boa olhada e vi que ele estava com uma calça preta, uma blusa social jeans e um casaco preto. — E você, porque tá tão gatinho assim?

 

   — Acho que hoje é um dia especial, né? — Eu assenti sorrindo. 

 

   — Tô ansiosa.

 

   — Eu também.

 

Logo depois vi a família dele chegar, e corri para recebê-los. 

A primeira pessoa que abracei foi a Cintia, minha sogra. Depois do abraço, ela me olhou de cima a baixo.

 

   — Linda como sempre. — Eu sorri. — Você tá bem?

 

   — Estou ótima.

 

   — Que bom, menina eu fiquei muito preocupada com você.

 

   — Obrigada, de verdade.

 

Ela fez carinho na minha bochecha e depois olhou tudo em volta. Então abracei a Ingrid e depois o Cauê. Dei um beijo no Joaquim e depois foi a vez do Miguel.

 

   — Parabéns mocinho. — Me abaixei para abraçá-lo, ele estava todo sorridente. —Tenho um presente pra você. 

 

Levantei rápido e fui até o balcão, depois voltei com o presente na mão. Ele rasgou o embrulho e seus olhos quase saltaram para fora quando viu um livro de heróis em 3D.

 

   — Nossa, como você advinhou? — A Ingrid, mãe dele perguntou. — Ele adora essas coisas.

 

   — Você gostou? — Ele assentiu.

 

   — Obrigado tia. 

 

   — De nada coisa fofa. — Dei mais um beijo nele.

 

Quando olhei para o Caíque notei que ele estava orgulhoso de mim. Eu não tinha contado sobre o presente, decidi me arriscar e parece que acertei.

Apresentei o Leo para eles e depois mostrei a mesa que iriam ficar. 

As pessoas começaram a chegar, e fiquei aflita, achando que minha família nunca apareceria.

 

   — Relaxa, eles já devem estar vindo. — Caíque disse.

 

   — Eu disse 7 horas. Já são 7:30.

 

Quando eu ia bufar, ele me deu um beijo, para me acalmar, e funcionou. 

Olhei para a porta e vi eles chegando.

 

   — Seu beijo é mágico.

 

   — Eu sei. — Demos um sorrisinho e fomos até eles.

 

   — Vocês demoraram.

 

   — Admito que a culpa foi toda minha.

 

Minha mãe disse, e então dei um abraço nela. Depois abracei o Kalfani, e só eles mesmo porque meu pai e a Sam já tinha visto hoje mais cedo.

 

   — E então, cadê eles? — Meu pai perguntou.

 

Caíque apertou minha mão para dizer que estava tudo bem, e então fomos até as mesas.

 

   — Nossa, esse é seu irmão? — Sam perguntou ao Caíque.

 

   — Aham.

 

   — Ele é sua cara. — Ele deu risada e concordou.

 

Acabou que eu fiquei nervosa à toa, porque as apresentações foram bem de boa. Quando os deixei para subir ao palco, meus pais já estavam falando sobre vários assuntos com a mãe do Caíque, e fiquei muito feliz por isso.

Hoje o Leo ficaria no violão e eu com o cajón. É um instrumento musical, parecido com um tambor, e substitui a bateria. Aprendi a tocar enquanto fiquei de molho, e agora ele é essencial.

 

   — Nossa, eles se deram muito bem. — Leo falou quando pegou o violão.

 

   — Até parece que já se conheciam. Nunca pensei que fosse ser tão fácil.

 

   — Vocês foram feitos um para o outro, acho que é por isso que tudo dá tão certo entre vocês. — Dei um sorriso.

 

Abrimos a noite com a Música Inédita do Tiago Iorc e da Maria Gadú.

Sempre que canto, fecho os olhos para sentir a música me envolver, e assim consigo me concentrar melhor nos batuques e não corro o risco de errar.

Quando a música acabou, olhei para minha mãe, e ela estava com brilho nos olhos. Foi a primeira vez que a vi orgulhosa de mim, e a sensação foi a melhor do mundo.

Todo mundo parecia orgulhoso, na verdade, mas ver minha mãe daquele jeito foi muito especial.

Seguimos o show cantando mais nove músicas e quando terminamos, recebemos aplausos de todo mundo que estava na pizzaria, inclusive de quem estava na cozinha. Acho que nunca tínhamos feito algo tão bonito igual hoje.

O Leo me deu um abraço e lágrimas escorreram dos meus olhos.

 

   — Chorona! — Eu ri. — Você arrasou.

 

   — Você também. — Baguncei seu cabelo e fui até minha família.

 

Recebi tantos elogios, e claro que puxei o Leo para dividir o mérito comigo. Nós tiramos várias fotos, e postei uma com ele no Instagram. Depois vou postar a que tirei com minha família e com a família do Caíque.

 

   — Tô tão orgulhosa de você. — Minha mãe falou me puxando para um cantinho. — Eu gravei quase tudo, e vou mostrar pra todos meus amigos a filha talentosa que eu tenho! 

 

   — Tô feliz que você finalmente tenha me visto cantar.

 

   — Pode ter certeza de que vou estar toda semana aqui pra te ver.

 

   — Parece que agora você tem uma mãe babona. — Meu pai disse e eu ri enquanto o abraçava.

 

   — Obrigada por terem vindo e por terem sido legais com a família do Caíque.

 

   — Não foi nenhum esforço, eles são ótimos.

 

   — É, eles são.

 

   — Ei Sam. — Meu pai puxou ela para a reunião em família. — Quando vamos conhecer os pais do Kalfani? Até a Clara que é a Clara já fez isso e você não.

 

   — Você conhece meu namorado, isso já é o suficiente. — Ela deu de ombros e saiu.

 

   — O que foi isso?

 

   — A mãe dele não gosta muito dela. — Falei.

 

   — Por que ela não gosta da minha filha? 

 

   — Não sei direito. Acho melhor você perguntar para ela.

 

Depois disso, me sentei na cabeceira da mesa, entre o Caíque e a mãe dele.

 

   — O Caíque não mentiu quando disse que sua voz era encantadora. Eu realmente não esperava tanto assim de você.

 

   — Então eu me superei?

 

   — Com certeza sim. — Nós sorrimos. — Semana que vem vai ter um almoço na casa do Cauê. Quero que você vá.

 

   — Mãe, eu já ia levar ela.

 

   — Mas agora a Clara está oficialmente convidada.

 

   — Eu vou adorar.

 

   — Se quiser pode levar sua família, eu gostei muito deles. Sua irmã é uma gracinha. — Olhei para a Sam que estava sorrindo.

 

   — Só quando quer mesmo. — Ela fechou a cara.

 

O Miguel veio até mim e coloquei ele em meu colo. Ele não desgrudou mais do livro.

 

   — Você gostou mesmo, hein? 

 

   — Gostei tia. — Ele deu um sorriso banguela. — Lê pra mim? 

 

   — Tá bom.

 

Eu li toda a história enquanto todo mundo conversava, exceto o Caíque que me observou o tempo todo com um sorriso no rosto.

Em seguida o bolo que o Caíque e eu preparamos chegou, e cantamos parabéns para o Miguel. 

Comi um pedaço de bolo e mandei a ver nas pizzas. Tô sonhando com esse sabor há dias, e agora finalmente pude matar a vontade. 

O pai do Leo enviou para nossa mesa um vinho tinto, e fizemos um brinde. 

Depois do meu primeiro gole, o Leo me chamou e me tirou da mesa.

 

   — O que foi?

 

   — Você não queria conhecer ela? — Ele me perguntou e lembrei da tal pessoa que estava conhecendo.

 

   — Ah, é mesmo.

 

Ele pegou na minha mão e me guiou por entre as mesas. Pela primeira vez eu percebi que a Allyson estava em uma delas. O que essa vaca veio fazer aqui? 

Para minha surpresa, o Leo parou na frente da mesa dela.

 

   — Clara, essa é a...

 

   — Você tá tirando com a minha cara, né?

 

   — Do que você tá falando? — Ele perguntou com as sobrancelhas franzidas e a Allyson se levantou.

 

   — Oi, Clara.

 

   — Oi, Allyson.

 

   — Foi mal, eu não sabia que você era a tal cantora. Aliás, nem sabia que você cantava. — Ela cruzou os braços.

 

   — Vocês se conhecem?

 

   — Claro, ela é ex do Caíque e dança na academia do meu pai.

 

   — Você não disse que nunca tinha namorado antes? — Ela abaixou o olhar.

 

   — Parece que ela não te contou tudo, então vou contar: quando eu estava com o Caíque, ela foi lá dar em cima dele, e além disso, beijou uma pessoa que eu ainda gostava só pra me provocar.

 

   — Não foi bem assim.

 

   — Você fez isso?

 

   — Não... exatamente... — Ele passou a mão no cabelo.

 

   — Desculpa Leo, mas essa daí é uma vagabunda. Se eu fosse você terminava isso agora.

 

   — Não precisa me dizer o que fazer.

 

   — Faz o que quiser então. 

 

Dei as costas e saí de lá perplexa. Qual era a chance da tal garota ser justamente ela? Parece perseguição!

 

   — O que foi? — Caíque perguntou baixinho quando voltei para a mesa.

 

   — A Allyson.

 

   — O quê? Ela tá aqui? — Ele olhou em volta e a achou.

 

   — Por que você ficou tão assustado?

 

   — Não fiquei. — Ele engoliu em seco.

 

   — Você tem falado com ela, Caíque? 

 

   — Claro que não. Por que eu iria falar com ela? — Olhei para as pessoas na mesa para me certificar de que ninguém tinha ouvido nossa conversa.

 

   — Ela tá namorando o Leo.

 

   — Sério? 

 

   — É, sério. Ele foi me apresentar ela e acabou de descobrir que ela não presta.

 

   — Você falou mal dela?

 

   — É claro que falei mal dela. Queria que eu falasse bem? 

 

   — Mas e se ele gostar dela de verdade?

 

   — Ele tá gostando de uma pessoa que não existe. Ela nem contou que já namorou antes.

 

   — Hmm, vai ver não teve importância para ela.

 

   — Vou fingir que nem ouvi isso.

 

   — Amor...

 

   — Me deixa Caíque.

 

                             .  .  .

 

P.O.V. Samantha 

 

Desde que meu pai falou aquilo sobre a família do Kalfani, não pensei mais em outra coisa. É claro que me chateou, mas o que poderia fazer?

O Kalf ficou me perguntando porque fiquei tão pensativa de repente, mas não quis dizer nada, porque sabia que ele também ficaria triste. De certa forma ele se sente culpado.

Tirando isso, a noite em si foi incrível. Nunca tinha visto a Clara tão feliz antes. Fora a parte em que ela descobriu que a namorada do Leo é a Allyson, esse dia fez muito bem à ela.

Depois que tudo acabou, a Clara, Kalf e eu fomos para a casa do Caíque.

Nós sentamos no sofá e o cachorrinho veio latir para mim e para o Kalf.

 

   — Calma Toby. — Clara pegou ele no colo e fez carinho. — Eles são da família. 

 

   — Mas ele já me conhece. — Falei.

 

   — É que faz tempo que você não vem aqui. — Caíque disse. — Faz carinho nele.

 

Fiz o que ele disse e quase fui mordida por aquela coisinha cheia de pelo, mas depois ele pulou em mim todo feliz. Logo ele também se familiarizou com o Kalf e os dois viraram grandes amigos. 

Depois meu cunhado apareceu com quatro garrafas de cerveja, e decidi beber só para não ficar pensando no que meu pai havia dito.

 

   — O que vamos fazer? — Clara perguntou. 

 

   — Vamos jogar alguma coisa. — Falei.

 

   — Aqui não tem nenhum jogo, fora o vídeo-game. — Ela respondeu.

 

   — Posso ligar pra Sofia, ela tem baralho. Dá pra jogar vários. — Caíque disse.

 

   — Então liga.

 

Foi o que ele fez, e meia hora depois ela apareceu com um baralho e duas garrafas de vodca e de tequila.

 

   — Pelo visto você é exper nisso, né? — Eu perguntei.

 

   — Sempre estou preparada. — Ela deu um sorrisinho e se sentou entre a Clara e eu.

 

   — Como funciona isso? — Caíque perguntou. 

 

   — A gente vai fazer uma roda, cada um por vez vai pegar uma carta. Aqui está o objetivo de cada carta. — Ela mostrou um papel. — Mas a gente só vai ler na hora senão vamos esquecer.

 

   — Mas toda questão tem que beber? — Kalf perguntou.

 

   — Aham.

 

   — Beleza.

 

Caíque foi até a cozinha e voltou com cinco copinhos. Nós sentamos no chão, ao redor da mesinha de centro e colocamos o baralho lá, junto com as regras e as bebidas.

 

   — Vamos fazer assim, — Caíque disse. — Uma rodada é vodca e a outra tequila.

 

   — Beleza.

 

   — Tem certeza de que você quer beber? — Kalf me perguntou.

 

   — Tenho amor. Eu tô bem. — Ele assentiu.

 

   — Ok. — Sofia disse. — Vamos fazer em sentido horário. — Quem começa? 

 

   — Eu. — Clara falou.

 

Estávamos na seguinte ordem: Clara, Sofia, eu, Kalfani e Caíque.

Clara pegou uma carta do meio do baralho.

 

   — É um A. — Ela pegou a folha. — Escolha uma pessoa para beber uma dose. — Ela leu. — Vai, Kalf.

 

Caíque encheu um copinho com vodca e ele bebeu fazendo cara feia. Nós rimos. 

 

   — Agora sou eu. — Falou a Sofia. — 5: a pessoa não pode falar até outra pessoa tirar o número 5. Se falar, bebe dose dupla. — Então ela parou de falar.

 

   — Não ouvi direito Sofia. — Clara disse. — Fala de novo. — Ela fez cara feia, e então foi minha vez de tirar.

 

   — Número 3: escolha uma cor. Quem estiver usando essa cor bebe uma dose. — Olhei em volta. A cor que todo mundo estava usando era preto, mas eu também estava, então escolhi azul, e a Clara e a Sofia beberam, porque o jeans delas eram claros.

 

   — Número 8: escolha uma palavra que não pode ser dita. Quem falar bebe. — Ele deu uma risadinha. — Ninguém pode falar "beber" ou coisa do tipo.

   

   — Afe Kalfani! — Sofia disse.

 

   — Espera aí, eu ouvi você falar? 

 

   — Ai que droga! Esqueci.

 

   — Agora bebe. — Caíque disse.

 

   — O que você disse Caíque? — Kalf perguntou e ele tampou a boca. — Os dois, agora!

 

A Sofia bebeu duas doses de vodca e o Caíque tequila.

 

   — Número 7: diga uma coisa que você nunca fez, e quem tiver feito bebe uma dose. Hmmm. — Caíque pensou. — Eu nunca fiz ou recebi um lap dance. — Kalf e eu bebemos um copinho.

 

   — Safadinhos! — Clara disse e todo mundo riu. Eu fiquei morrendo de vergonha. — Número 10: escolha uma regra para o jogo, quem desobedecer toma uma. — Ela foi esperta e não falou "bebe" — Beleza, quem mexer no cabelo, perde. — Que droga!

 

   — 9: quem falar o número 3 toma uma dose. — Sofia falou.

 

   — 2: escolha alguém e faça uma pergunta. Se a pessoa não responder toma dose dupla. Certo, Caíque, quantos anos você tem? — Perguntei.

 

   — 23. — Ele respondeu e só depois que nós rimos ele percebeu que não era pra falar um número 3. — Sacanagem, Sam.

 

   — Bebe logo.

 

   — O que você falou Samanthinha? — Ele colocou um copo na minha mão.

 

   — Podia ter escolhido outra palavra né Kalfani? — Ele riu. Caíque e eu bebemos.

 

   — J: o tanto de letras que seu nome tiver, será o tanto de doses que a pessoa escolhida por você terá que tomar. — Ele fez um suspense. — 7 doses, Clarinha.

 

   — Puta merda! — Ela tampou o rosto. Conforme o Caíque ia enchendo, ela ia tomando. Já dava pra perceber que ela estava começando a ficar bêbada.

 

   — 5. Agora sou eu que não posso falar. — Caíque disse.

 

   — Graças a Deus, não estava aguentando mais. — Sofia falou aliviada e nós rimos.

 

   — Q: escolha um novo nome, e quem falar com você sem usar ele, toma uma. — Clara pensou. — Meu nome agora é Raimunda. 

 

   — K: quem estiver à sua esquerda bebe uma. — Sofia e eu bebemos. Eu porque estava à sua esquerda e ela porque falou "bebe".

 

   — 8. Certo, a palavra que não pode falar é bêbado. — Eu disse.

 

   — 6: o último a colocar a mão na mesa bebe uma. — A última foi a Sofia, ela bebeu tequila.

 

   — 4: tome dose dupla. — Então o Caíque bebeu.

 

   — 2. É a de fazer pergunta. — Clara disse. — Sofia, você já namorou um homem?

 

   — Já, com 15 anos. Perdi minha virgindade com ele e foi uma merda, depois disso nunca mais. 

 

   — 100% lésbica?

 

   — 100%. Aliás, você não tá afim de trair o Caíque? — Ela brincou e nós rimos. Ele queria dizer algo mas não podia falar. 

 

   — 7. Eu nunca usei drogas. — Sofia falou e então Clara e eu bebemos.

 

   — Número 1. É aquela de escolher alguém pra beber uma dose. — Expliquei. — Vai Clara.

 

   — É Raimunda, querida.

 

   — Que droga! — Nós duas bebemos tequila.

 

   — Acho que já tô bêbada. — Ela falou.

 

   — Bebe outra.

 

   — Ue por que? 

 

   — Não pode falar bêbado.

 

   — Mas eu falei bêbada.

 

   — É o mesmo sentido Raimunda, pode beber. — Nós rimos.

 

Fizemos várias rodadas, até acabar as bebidas e todo mundo ficar pelo menos um pouco bêbado. A Clara foi a que ficou pior.

 

   — Vou pegar água pra você, amor. — Caíque disse e foi para a cozinha. 

 

Peguei os copos em cima da mesa e levei até a pia.

 

   — Sam? — Ele me perguntou enquanto enchia o copo com água. — Você tem o número do Isac?

 

   — Tenho, ele é meu amigo.

 

   — Depois você me envia pelo WhatsApp?

 

   — Por que?

 

   — Não posso contar. — Ele disse com a mandíbula cerrada.

 

   — Você vai virar amigo dele?

 

   — Não.

 

   — Vai tretar?

 

   — Não.

 

   — Então o quê?

 

   — Não posso dizer, é sério. Mas prometo que não vai ser nada.

 

   — Você não tá bêbado?

 

   — Tô, mas é coisa séria mesmo. 

 

   — Hmm, tá bom.

 

   — Valeu. Ah, e não diz nada pra Clara, tá?

 

   — Tá né. — Saí de lá sem entender nada.

 

Já era umas duas da manhã e nós ainda estávamos na sala batendo papo.

Eu conheci um pouco mais sobre a Sofia, e com certeza ela é uma garota muito legal. Vou adorar tê-la como amiga.

 

   — Você conversou com minha amiga no meu aniversário, né? — Perguntei.

 

   — Aquela ruiva? Kate, não é? 

 

   — Aham.

 

   — Conversei. Ela é legal.

 

   — É sim.

 

   — Nunca mais a vi... ela não mora aqui, né?

 

   — Ainda não.

 

   — Como assim? — Eu acabei me embolando e falando demais.

 

   — Ela mora no interior. — Kalf disse me salvando. — A Kate tá planejando vir para cá, mas ainda não é nada certo.

 

   — Ah, entendi.

 

   — Valeu. — Sussurrei em seu ouvido.

 

   — Por que você tá falando dela?

 

   — Sei lá, eu queria conversar e esse foi o único assunto que me veio à cabeça.

 

    — Você bêbada é um perigo! — Eu dei risada, alta demais.

 

A Clara encostou a cabeça no braço do sofá e caiu no sono. Ficamos acordados por mais um tempo, até ela começar a roncar. Ela fazia isso quando bebia demais.

Caíque levou ela para cima, depois voltou com dois cobertores e travesseiros; o Kalf veio logo atrás com um colchão de solteiro.

Acabou que lá pras 4 da manhã, a Sofia pegou no sono no colchão, e a Clara e o Caíque no quarto lá em cima.

Kalf e eu estávamos no sofá cama. Conseguia enxergar seu rosto com a  luz fraca da lua.

 

   — O que você tem amor? — Eu ainda estava triste. — Você tá assim desde cedo. Me conta o que é, e por favor, não diz que não é nada.

 

   — Nossos pais nunca vão se conhecer. — Meus olhos encheram de lágrimas. — Senti tanta inveja da minha irmã. A mãe do Caíque ama ela.

 

   — Quem disse que eles não vão se conhecer?

 

   — Nós nunca falamos disso, e sua mãe não gosta de mim.

 

   — Eu vou conversar com ela, amor. 

 

   — Agora é tarde, ela já fez minha caveira.

 

   — Não fala assim. — Ele apertou um pouco mais sua mão na minha cintura. — Eu vou combinar um jantar lá em casa, e você vai comigo. Vocês vão finalmente poder conversar, e ela vai mudar de ideia quando te conhecer melhor, você vai ver. 

 

   — E se ela não mudar?

 

   — Ela vai. Isso tudo só aconteceu porque ela adorava a Mel.

 

   — Kalf.

 

   — Não importa. Eu amo você e isso é o bastante. E se ela quiser me ver feliz vai ter que te aceitar. — Ele me deu um beijo.

 

   — Também te amo.

 

   — Não precisa ter inveja deles. Nosso amor é tão bonito quanto. Talvez seja até mais. — Dei um sorriso. — Vou te emprestar meus olhos pra você ver a coisa linda que eu vejo quando você sorri.

 

   — Eu vou adorar ter esses lindos olhos castanhos. — Nós rimos. — A gente tá muito bêbado.

 

   — Verdade. — Afundei minha cabeça em seu pescoço.

 

   — Adoro o jeito como sua barba faz cócegas em mim. — Passei a mão nela. 

 

   — Sua toque é tão suave... — Ele pegou minha mão e entrelaçamos os dedos. 

 

Peguei no sono sentindo o pouco de perfume que ainda restava em seu pescoço e sonhei com ele.

 



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