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História Love By Chance - Second Season - Indecisões


Escrita por: MESPIND

Capítulo 68 - Indecisões


Fanfic / Fanfiction Love By Chance - Second Season - Indecisões

 

P.O.V. Samantha

   — Bom dia, Sam.

   — Bom dia, pai. — Dei um beijo nele e me sentei à mesa. — Cadê a Clara?

   — Tá se vestindo.

   — Ela vai se atrasar.

   — Pra variar. — Enchi uma caneca com café e tomei. — Como anda os planos da nova turma?

   — Tudo certo. Acho que na semana que vem eu já vou abrir as vagas.

   — Maravilha.

   — Eu tava pensando... — Ele se apoiou na mesa. — será que você não quer ficar com a turma da manhã quando terminar a escola?

   — Você tá dizendo ser professora?

   — É.

   — Mas você nem abriu a turma dos pirralhos e já tá querendo desistir? — Ele riu.

   — Ah filha, é que se eu tiver ajuda, vou poder me dedicar mais a cada turma. Nesse ritmo eu posso até abrir uma nova turma, à noite.

   — Eu não sou muito boa nessa coisa de criar.

   — Você não precisa criar. Eu vou continuar sendo o coreógrafo, você só precisa ensinar. Sam, você é boa nisso.

   — Você acha?

   — Claro. Você me ajuda bastante na academia. Quando alguém falta, você sempre age como a professora de apoio sem eu nem pedir.

   — Ser professora de vez em quando é uma coisa, agora a professora oficial, e ainda de crianças, já é outra história.

   — Pensa na proposta, falta pouco pra você acabar a escola.

   — Vou pensar.
                             
   — Como foi ontem, com sua amiga?

   — Foi muito legal, ela adorou as surpresas.

   — Até o gato?

   — Principalmente o gato. O Kalf deixou meu presente no chinelo! — Ele riu.

   — O que vale é a intenção. Ela tem muita sorte de ter você como amiga.

   — Você só diz isso porque é meu pai.

   — Eu digo porque é verdade. — Tomei outro gole de café. — Por que você não traz ela um dia aqui para jantar? Adoraria conhecê-la melhor.

   — Boa ideia. Podemos chamar o Kalf, o Caíque e até a mãe da Clara. — Ele levantou as sobrancelhas.

   — Mas vocês já estão nesse nível de intimidade? 

   — Para, pai. — Ele riu. — Só acho importante ter um relacionamento saudável com a mãe da minha irmã, afinal, nós somos uma família. Ela é meio difícil de engolir, mas não é impossível.

   — Admiro muito essa sua iniciativa.

   — Obrigada. — Eu sorri.

   — E que tal você mesma convidar ela e fazer o jantar? 

   — Eu convidar? — Ele assentiu.

   — Tenho certeza de que ela vai gostar. 

   — Tudo bem. — Ele sorriu vitorioso. — Quanto ao jantar... eu só faço se você me ajudar.

   — Então tá fechado!

                             .  .  .

P.O.V. Clara

Depois da escola, deixei a Sam no ponto de ônibus porque ela ia ver o Kalfani, e o Isac e eu fomos para a academia de carro.
Encontrei meu pai do lado de fora. O Isac entrou e eu fiquei com ele.

   — Cadê sua irmã? — Ele me perguntou.

   — Ela disse que não tava afim de dançar e foi pra casa do Kalf.

   — A Sam não quer dançar? — Dei de ombros.

   — Também achei estranho.

   — Acho que ela tá fugindo de mim.

   — Por que?

   — Eu fiz uma proposta pra ela.

   — Tem a ver com a nova turma? 

   — Mais ou menos.

   — Tô vendo que você não vai me contar.

   — Em casa a gente conversa melhor.

   — Tá bom.

   — Você e o Isac estão bem próximos. 

   — E isso tem algum problema?

   — Pra mim não. — Ele enfiou as mãos nos bolsos. — Já deixei bem claro o que vai acontecer se ele aprontar com você de novo.

   — Pai!

   — Tenho que cuidar de você, Clarinha.

   — Eu sei me cuidar sozinha.

   — Sabe mesmo? — Revirei os olhos, dei as costas e entrei na academia. O Isac estava no balcão conversando todo sorridente com a Ester.

   — Oi, Ester.

   — Oi, Clara. Tudo bem?

 Fiquei conversando com ela por um tempo, mas parece que o Isac tinha muito mais a falar com ela do que eu. Depois meu pai entrou, eu não queria que ele me olhasse daquele jeito, então decidi ir para a quadra e o Isac veio comigo porque ainda tinha que se trocar.
Nós subimos a escada e parei ele no corredor.

   — Você gosta dela?

   — De quem?

   — Da minha avó. — Revirei os olhos. — Da Ester, né.

   — Eu não. — Ele desviou de mim e continuou andando.

   — Gosta sim.

   — Quem te disse isso?

   — Seus olhos.

   — Cadê seus óculos? Você tá precisando porque tá enxergando coisa aonde não tem!

   — Ah para de fugir, vai. Me conta. — Nós entramos na quadra. Ele sentou na arquibancada e fiquei de frente pra ele.

   — Para de me olhar assim, Clara.

   — Só se você me contar.

   — A Sam disse que a Ester perguntou se eu e ela temos alguma coisa, e depois ela disse que a Ester tá afim de mim, e eu posso ter considerado a ideia. 

   — A Sam tem toda a razão. — Dei um sorriso. — Acho que é recíproco.

   — Tanto faz.

   — Como assim tanto faz? — Ele abriu a mochila.

   — Não vamos ficar juntos.

   — Por que não?

   — Olha pra ela e olha pra mim, Clara. 

   — O que tem?

   — Ela é demais pra mim.

   — Nossa, assim você me ofende.

   — Aí que tá! Você também é demais pra mim, e eu já sei como é dar um passo maior que a perna.

   — Você tá se desvalorizando à toa.

   — Não é à toa.

   — Isac, eu sei o que você tá sentindo. — Me sentei ao seu lado. — Você tá com medo de dar errado, medo de ela não gostar de você, medo de não ser o suficiente, medo de não amar...

   — Você também se sente assim? 

   — O tempo todo. Mas eu decidi ser corajosa, um dia eu teria que enfrentar tudo isso, e se eu não tivesse aberto mão da minha zona de conforto, o Caíque não teria entrado na minha vida, e não sei o que seria agora. Você tem grandes chances de errar, mas também tem chances de acertar, e nunca vai saber o que vai ser se não se arriscar.

   — E o que eu devo fazer?

   — Chama ela pra sair.

   — E se a gente não tiver nada a ver?

   — Deixa de ser pessimista. — Ele riu.

   — Me fala um lugar legal.

   — Vai ao cinema.

   — Um lugar que dê pra conversar.

   — Já sei! Por que você não chama ela pra te ver cantar? Tenho certeza de que ela vai amar.

   — Ah não, vou ficar com vergonha.

   — Se você não chamar, eu chamo. E eu sei que ela vai.

   — Tá bom, vou convidar ela. — Ele pegou a roupa na mochila. — Agora vou me trocar.

   — Isac, — Ele me olhou. — tô muito feliz por você. A Ester é uma pessoa legal, e ela merece todo seu esforço.

   — Vou me lembrar disso.

Depois que se trocou, Isac e eu ficamos conversando sobre o ensaio de hoje, e os alunos começaram a chegar.

   — Eu não achei que vocês ensaiavam a semana toda. — Isac falou.

   — Você pensava o quê? Que a gente só subia no palco e cantava?

   — É.

   — Claro que não. A gente decora as letras, pega o ritmo, canta com a melodia original e depois fazemos a nossa melodia. Às vezes eu faço a segunda voz nas músicas que ele canta sozinho e vice-versa.

   — Nossa!

   — O dia que o Kalf foi o DJ, foi bem mais fácil. A gente só tinha que se preocupar com as letras mesmo.

   — Ele tocou com vocês?

   — Tocou.

   — Clara, — Allyson me chamou. — posso falar com você?

   — Pode. — Me levantei da arquibancada e fui com ela para o outro lado da quadra. — O que foi?

   — Será que você pode parar de falar pro Caíque me convencer a colocar o Leo nessa merda toda?! — Ela disse com raiva.

   — Eu só quis ajudar.

   — Não quero que ele saiba, tá bem? É melhor assim.

   — Mas ele tá tão mal achando que você não quer mais por causa do Caíque.

   — É bem melhor ele pensar assim.

   — Ele te apoiaria muito se soubesse.

   — Mas ele não vai saber. E se você contar, é bom nem falar mais comigo.

   — Eu não vou contar, mas você deveria. Tá na cara que você gosta dele, e ele também gosta de você, e não faz o menor sentido vocês continuarem separados, sendo que nada impede vocês de ficarem juntos. — Ela abriu a boca pra dizer algo mas interrompi. — Isso que você tem não é nenhuma doença contagiosa, e eu tenho certeza de que ele aceitaria numa boa, e te ajudaria no que fosse necessário. Você tem que deixar o Leo mostrar o potencial dele.

   — Chega Clara. Não faz isso, tá?

   — Diz pelo menos que vai pensar no assunto?

   — Eu já decidi, e ele não vai saber. Por favor, não insista.

                            .  .  . 

P.O.V. Samantha

Quando abri a porta do apartamento do Kalfani, vi ele sentado no sofá, olhando com o maior tédio para a televisão.

   — Que cara é essa?

   — Sam? Tá fazendo o que aqui? — Fechei a porta.

   — Não tava afim de dançar hoje.

   — Você tá bem? — Me sentei ao seu lado e ele colocou a mão na minha testa.

   — Tô, amor. — Dei um beijinho nele.

   — O que aconteceu, hein? — Me joguei no sofá e ele me abraçou.

   — Ue, não posso vim te ver?

   — Claro que pode, mas tem alguma coisa aí.

Ele tinha razão. Aquilo que meu pai falou de manhã não saiu da minha cabeça; nunca me senti tão em dúvida como estou me sentindo agora.
Eu estava pronta pra falar quando meu celular tocou. Peguei ele no meu bolso e olhei no visor; era o Jonas.

   — Não atende não.

   — É o Jonas, tenho que atender. — Ele bufou.

   — Droga.

   — Oi Jonas.

   — Sam! — Ele falou aliviado. — Que bom que você atendeu. 

   — Aconteceu alguma coisa?

   — Você sabe da Kate? Eu tô tentando ligar pra ela há uma hora, e ela não me atende.

   — Jonas não sei, nem falei com ela hoje.

   — Eu preciso falar com ela urgente.

   — Você já se decidiu? 

   — Quase isso. Eu preciso dela aqui agora.

   — Ok, eu vou ir na casa dela agora e te ligo se ela estiver lá.

   — Tá bom Sam, obrigado.

   — Por nada. — Encerrei a ligação.

   — O que foi? — Kalf perguntou.

   — Ele quer falar com a Kate.

   — Você vai lá?

   — Vou. — Levantei do sofá. — Me dá uma carona?

   — Só se depois a gente continuar de onde paramos.

   — Tudo bem.

Durante o caminho todo eu tentei ligar, mas o celular dela está desligado.
O Kalf ficou no carro e eu subi. Quando abri a porta da sala, fiquei surpresa ao ver a Kate e a Sofia se beijando. Agora sei porque ela não atende as ligações.

   — Oi gente. — Tive que interromper. Elas me olharam assustadas, e vi as bochechas da Sofia ficarem vermelhas.

   — Sam! — Kate falou. — Tô começando a me arrepender de ter te dado uma chave.

   — Eu ia adivinhar o que tava acontecendo aqui, né? — Ela deu de ombros. — Oi Sofia, que surpresa te ver aqui.

   — Oi Sam. — A voz dela quase não saiu.

   — O que aconteceu? — Kate perguntou e fechei a porta.

   — Aconteceu que você não atende a droga do seu celular, e o Jonas tá te ligando sem parar. — Ela arregalou os olhos. 

   — O Jonas?!

   — É, o Jonas. Ele te quer na agência agora. 

   — Ai meu Deus.

   — Quem é Jonas? — Sofia perguntou.

   — O cara da agência que levei meu book. 

   — Então você conseguiu o emprego?

   — Não sei.

   — Se vocês continuarem tagarelando, nunca vamos saber.

   — Tá, certo, vou me trocar.

   — E eu vou pra casa.

   — Tá bem. Eu te ligo. 

Elas se despediram com um beijo, depois a Sofia me deu um tchau, e saiu.
A Kate correu para o quarto e fui atrás dela.

   — Safada! Nem me contou.

   — Eu não lembrei nem de carregar meu celular. — Ela trocou a camiseta por uma camisa social. 

   — Pelo visto vocês estão se dando bem.

   — Ela veio ontem me dar os parabéns, e se abriu comigo.

   — E você se abriu com ela?

   — Eu disse o que sentia. 

   — E ela já passou a noite aqui?

   — Passou, mas não aconteceu nada. Ficamos assistindo série, eu ainda nem dormi.

   — Ue, Kate, você sempre foi direto ao ponto.

   — É diferente, Sam. — Ela vestiu uma calça jeans. — Eu nunca transei com menina.

   — Não?

   — Não. Eu mal tinha beijado uma, até ontem.

   — E como foi finalmente beijá-lá?

   — Sam, depois tá? Eu tô surtando por não saber o que o Jonas quer comigo.

   — Se fosse uma resposta negativa, ele não se daria ao trabalho de pedir pra você ir até lá.

   — Mas a gente se conhece há muito tempo, e talvez ele queira ser gentil.

   — Não viaja, ele é um cara ocupado.

   — Tá, para de falar, você tá me deixando mais nervosa. — Levantei minhas mãos em sinal de rendimento.

Ela se vestiu em tempo recorde, e depois fomos para o elevador.

   — Ela é incrível. — Kate falou olhando para si mesma no espelho do elevador. — Ela me trouxe um cupcake com uma velinha e um desenho que ela mesma fez de mim, e me disse coisas tão lindas... nunca ninguém falou de mim daquele jeito, e eu me senti tão especial. Ela falou com todas as palavras “estou apaixonada por você”, e foi como se ela tivesse regado meu coração, e ele voltou a viver.

   — Isso é lindo.

   — Ela não me pressionou pra dizer que também estou apaixonada. Acho que ela entende que isso tudo pra mim é muito novo; e esse gesto mostrou o quanto ela é compreensiva. Ela vê os meus pequenos detalhes.

   — Ela tá mesmo muito apaixonada por você.

   — Eu quero que isso dê certo, Sam. — Ela me olhou. — Acho que eu nunca quis nada como eu quero ela na minha vida.

   — Nunca te vi falando assim.

   — Isso é raridade.

   — É mesmo.

   — Falei com minha mãe ontem.

   — O quê? Eu fico menos de um dia sem falar com você e seu mundo vira de cabeça pra baixo?

   — Tá vendo como as coisas são? 

   — Me conta como foi?

   — Contei a verdade pra ela.

   — Ela ficou muito feliz, né?

   — Feliz e orgulhosa. Sinto tanta saudade dela.

   — Quando seus pais vão vim te ver?

   — Dentro de um mês.

   — Perfeito!

   — Quando eles chegarem, quero que você os conheçam.

   — Vai ser o maior prazer.

   — Você e o Kalfani.

   — Ele vai adorar.

   — Obrigada por tudo isso. — Ela apertou minha mão. 

   — Tô contigo para o que der e vier.

Ela me deu um sorriso tão bonito, e eu vi segurança em seu olhar. Essa Kate não se parece nem um pouco com àquela que conheci há um ano atrás. 

Chegamos na agência meia hora depois, e a Kate foi direto para a sala do Jonas, porque ele já estava esperando por ela.
Kalf e eu ficamos esperando na recepção.

   — Você acha que ela conseguiu? — Kalf perguntou.

   — Tenho certeza.

   — Que confiante.

   — O Jonas reconhece que a Kate é muito boa como modelo, ele não vai desperdiçar essa oportunidade.

   — Tomara que não.

   — Hoje meu pai me falou sobre fazer um jantar lá em casa, e convidar você, a Kate, o Caíque... eu sugeri que convidasse a Malorie também.

   — Que ótimo, Sam. 

   — Eu mesma que vou convidar.

   — Você quer ser amiga dela?

   — Ah, ela tá se esforçando pra ter uma relação comigo, acho que eu posso retribuir.

   — Essa é a minha garota! — Ele beijou o topo da minha cabeça e me beijou. 

Deve ter passado uns 10 minutos de espera, e a Kate saiu da sala. Kalf e eu levantamos e esperamos o veredito.

   — E aí?

   — Fala Kate.

   — Bom. — Ela suspirou. — Ele fez um discurso dizendo como era difícil me colocar de volta por causa do que eu fiz, mas que ele conversou com varias pessoas, mostrou meu book, e que a maioria votou em me dar outra chance.

   — Eu sabia! — Ela sorriu.

   — Mas eu não vou voltar para o cargo que tinha antes. Vou começar de baixo, como modelo de maquiagem.

   — É melhor que nada.

   — Isso é perfeito, vocês não estão entendendo. Eu tô tão feliz só por ter conseguido voltar pra cá, e... — Os olhos dela encheram de lágrimas e ela cobriu o rosto com as mãos. — Não acredito que eu consegui, porra. — Ela começou a chorar e nós a abraçamos.

   — Você conseguiu, Kate. — Kalf disse.

   — Eu sabia que você conseguiria. 

Nós ficamos abraçados por um tempo. Depois que desfizemos o abraço, ela limpou as lágrimas.

   — Eu sou uma chorona mesmo.

   — Kate. — O Jonas apareceu. — Oi Sam.

   — Oi Jonas. — Ele olhou para o Kalf. — Esse é meu namorado Kalfani.

   — É um prazer te conhecer.

   — O prazer é todo meu. Você já pensou em ser modelo?

   — O que, eu? Não.

   — Você deveria.

   — Ele é um gato, né? — Eu falei e eles riram.

   — Aqui tá o seu contrato, preciso dele até o final da semana. — Jonas falou para a Kate.

   — Ok. — Ela pegou. — Obrigada, mais uma vez.

   — Só não faça eu me arrepender.

   — Não vou.

                             .  .  .

P.O.V. Clara

Quando meu pai começou a aula, eu saí da academia e fui para a casa do Leo. Passamos a tarde toda ensaiando; hoje em especial ele estava muito focado no trabalho, e só conversamos profissionalmente.
Ele não me disse com todas as letras, mas sei que está chateado por eu não explicar o que está acontecendo com a Allyson. Claro que é estranho, uma hora eu a odeio com todas as forças, e na outra eu tento ter uma relação amigável.
O Leo me conhece o suficiente pra saber que eu não iria dar um voto de confiança assim do nada para o Caíque. Queria tanto poder contar a verdade.

   — Agora é só esperar o Isac chegar. — Ele falou colocando o violão de lado. — Tá com fome? 

   — Sempre.

   — Vamos lá pra cozinha.

Ele levantou da cama e fui atrás dele.
Leo preparou dois sanduíches, que ficaram uma delícia.

   — Isso tá muito bom.

   — Eu sei. — Ele se achou.

   — Leo?

   — Hm?

   — Você tá bravo comigo?

   — Só tô confuso. Por que você não quer contar o que realmente aconteceu?

   — Eu já contei.

   — Você não me engana, Clara.

   — Por que você não conversa com a Allyson?

   — Ela me deu um fora.

   — Mas você ainda gosta dela, não gosta?

   — Você sabe que sim.

   — E se eu chamasse ela pra nossa apresentação? 

   — Você quer que eu fale com ela sendo que ela mesma parou de falar comigo?

   — Isso mesmo.

   — Não.

   — Isso vai mostrar o quanto você se importa com ela.

   — Isso vai mostrar o quanto eu sou idiota.

   — Você não é idiota.

   — Olha Clara, se você quiser convidá-la, convide. Mas isso não tem nada a ver comigo, e eu não vou correr atrás dela.

   — Tudo bem. — Dei um sorrisinho.

   — E nada de aprontar.

   — Eu não faço essas coisas.

   — Imagina. — Ele semicerrou os olhos.

Se eu convidar o Caíque também, tenho certeza de que ele vai me ajudar a fazer esses dois terem ao menos uma conversa civilizada.

O Isac chegou meia hora depois. Ele já estava com as duas músicas decoradas; ele vai cantar a primeira com o Leo, e a segunda comigo. No final do ensaio decidi adicionar mais uma música ao repertório, e essa eu iria dedicar ao Caíque. Não dá pra tentar ajudar no relacionamento de duas pessoas e esquecer do meu. Uma música é o mínimo que ele merece.

P.O.V. Samantha

Depois de deixar a Kate em casa feliz da vida, Kalf e eu voltamos para o apartamento dele.
Ele preparou um lanche pra mim, e enquanto eu comia no quarto, ele foi tomar um banho.
Depois de comer, deitei na cama e fiquei olhando para o teto.

   — Me conta porque você tá tão longe hoje. — Ele se deitou ao meu lado. — Tá pensando em quê?

   — Em nada.

   — Tá, e por que você não foi dançar hoje? — Soltei um longo suspiro.
   
   — Meu pai me convidou pra ser professora da turma da crianças, quando eu terminar de estudar.

   — Que legal, amor.

   — É, isso é muito bom.

   — Você não tá feliz? — Virei de lado e olhei para ele.

   — É claro que me senti honrada em receber um convite desses, mas...

   — Mas? — Ele se apoiou no cotovelo.

   — Eu já tô até vendo todo mundo dizendo “só tá dando aula porque é filha do John”.

   — Eu achei que você não se importava com esse tipo de comentário.

   — E não me importo, mas e se for verdade?

   — Claro que não, Sam.

   — Você acha que ele convidaria o Isac, por exemplo?

   — Talvez. Claro que ele tem mais confiança em você, afinal ele é seu pai. Mas não dá pra negar que você merece, e tem muita vocação pra ser professora.

   — Eu também não sei se quero isso pra mim, entende? Eu sempre sonhei em ser uma dançarina profissional, nunca passou pela minha cabeça ser uma professora ou ter uma academia.

   — Você não precisa desistir de ser uma dançarina profissional, muito pelo o contrário. Ser professora só vai aumentar suas experiências, e você vai estar muito mais à frente.

   — Não sei se eu me sairia bem nesse cargo. E se eu não quiser mais? Não quero ter que chatear meu pai porque decidi seguir um caminho diferente que o dele.

   — Amor, tá pra nascer alguém mais compreensivo que seu pai. Ele respeita muito a vontade de vocês. Qualquer pai “normal” adoraria ver as filhas numa faculdade de medicina, por exemplo, e seu pai aceita numa boa o fato de a Clara cantar numa pizzaria, e você dançar e ser modelo. Além disso, ele tem o maior orgulho de vocês. Ele não vai virar a cara pra você por ter escolhido outra coisa e ter recusado a proposta. 

   — Ele pode não demonstrar, mas sei que vai ficar magoado se eu não aceitar.

   — Mas vai passar, ele não vai ficar assim pra sempre. Para de pensar no que seu pai quer, e começa a pensar no que você quer.

   — Eu não sei. O que você acha?

   — Eu acho uma ótima oportunidade.

   — Eu gosto tanto de aprender, não sei se nasci pra ensinar.

   — Você não precisa parar de aprender.

   — Que droga, decidir isso vai ser mais difícil do que eu pensei.

   — Vou te apoiar em qualquer decisão que você tomar.

   — Eu sei, meu amor. — Ele me beijou.

   — Pensa com carinho, mas pensa em você e não no John.

   — Vou fazer isso, obrigada.

   — Amo você. — Ele me encheu de beijinhos e nem me deixou falar. — Agora que a história da Kate tá resolvida, será que vamos ter um tempo nosso?

   — Claro. Vamos começar a recompensar o tempo perdido agora mesmo. — Puxei ele para mim e iniciei um beijo profundo.

Mesmo vendo ele quase todos os dias, foram poucos os momentos que pudemos ficar juntos. Senti muita saudade.

   

 

 

 

 

 



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