História Love by fake - Adeus cinco cores...

Ao chegar ao quarto onde Camille estava assistindo televisão ela me olhou e depois se voltou para o desenho.

-Cami? – perguntei me sentando na cama ao seu lado. Harry continuou na porta.

Os olhos grandes me fitaram.

-Você está fazendo o que? – avaliei rapidamente sua aparência, olhos cansados, lábios pálidos e certa escuridão em volta dos olhos, para falar a verdade, não muito diferente da ultima vez que a vi.

Camille não me respondeu, ela apenas franziu o cenho como se eu a estivesse irritando e voltou para a televisão.

Virei-me para Harry procurando uma dica do que fazer e ele fez uma careta e mexeu os lábios formando: “Eu falei.”.

-Camille. – chamei novamente – Será que você poderia somente me dizer se está bem? Estamos preocupados com você.

-Estou. – falou por um fio de voz.

Desisti e fui até a porta parando ao lado de Harry.

-E agora? – perguntei a ele.

-Não sei. – respondeu tocando minha testa e me fazendo emitir um gemido de dor.

Suspirei me lembrando de que ainda teria que sair para fazer a porcaria da prova prática. Resolvi que ia tira-la do quarto para que ela tomasse um ar puro.

Aproximei-me de Camille novamente e peguei-a no colo saindo do quarto com Harry ao meu encalço. Ela choramingou alguma coisa protestando, mas eu ignorei.

-Vamos tomar café. – anunciei.

Ao chegar à lanchonete me sentei na grande mesa redonda onde Niall, Liam, Louis, Eleanor, Lottie, Lux e Jon estavam.

Espreguicei-me e entreguei Camille a Niall que estava de braços estendidos.

-Oi princesa. – ele falou acomodando-a em seu colo.

-Oi! – Camille respondeu com um sorriso.

-Com ele você fala não é! – acusei falsamente chateada.

Peguei a câmera que Niall havia deixado em cima da mesa e comecei a ver as fotos. Eram as mesmas da festa na noite passada. Esse filho da mãe...

-Missy, eu queria pedir desculpas por ontem sabe... – começou Louis soltando a mão de Eleanor para gesticular.

-Espera! – pedi levantando um dedo. Pus a câmera para gravar e o coloquei no foco. – Já pode falar.

-Eu quero pedir desculpas. – falou.

-Pelo que? – perguntei cínica.

-Por ter te matado ontem.

-Você não me matou. – falei e Eleanor riu.

-Quase. – Jon falou revirando os olhos.

-Ok, eu quero pedir desculpas por causa da garrafada de ontem. – ele tentou novamente.

-Então peça. – falei rindo.

-Desculpe-me pela garrafada de ontem. – Louis falou mordendo o lábio inferior.

-É só isso? – perguntei falsamente indignada.

“Ahporfavormedesculpeeunãoestavabemjuroquenãofizpormaleuestavabebadoevocêestavanaminhafrente...” foi mais ou menos o que ouvi já que ele começou a falar igual uma metralhadora.

-Louis! Louis! – pedi levantando uma das mãos. – Mais devagar, ainda sou apenas uma brasileira com um conteúdo básico de inglês!

-Resumindo: Eu estava bêbado e dançando... Não vi você, foi sem querer.

Senti-me culpada pelo tom choroso que ele usou.

-Eu desculpo sim meu amorzinho. – fiz bico. Assim que terminei de falar fiquei morrendo de medo de Eleanor ficar com raiva, ciúmes ou qualquer coisa do tipo, afinal eu e ela não nós conhecíamos.

Mordi o lábio inferior envergonhada, mas ninguém pareceu notar.

-Alguém tem mais alguma coisa para falar? – perguntei – Vou desligar a câmera.

-Eu tenho! – Camille falou sorrindo.

-Diga. – pedi apontando para ela.

Enfim ela havia se animado. Só um pouco, mas era melhor do que nada.

Ela se desencostou do tórax de Niall e se virou para olhar para ele com um sorriso brincalhão nos lábios.

-Niall, quer marry com me? – Camille perguntou com as bochechas coradas. Acho que aquilo foi uma tentativa de dizer: “Niall, quer casar comigo” em inglês, mas nós sabíamos que a linguagem dela com os garotos era meio estranha, já que eles não sabiam quase nada de português e ela de inglês.  Ultimamente eles vêm dialogando com mais frequência do que antes, é a coisa mais misturada que eu já vi em minha vida, mas pelo menos dá certo. Surpreendo-me de vez em quando ao ver Harry perguntar algo em nossa língua para ela.

Juro que Harry arregalou os olhos e abriu a boca o máximo que pode por alguns segundos.

-Quer... Você quer casar comigo? – Niall perguntou com brilho nos olhos e um sorriso. Não acho que tenha sido um ato com segundas intenções (até porque ela era uma criança), mas era como se ele achasse aquilo muito fofo da parte dela.

-Sim. – ela respondeu.

Antes de alguém falar alguma coisa ou se quer respirar Liam se levantou em um pulo anunciando:

-Eu sou o padre! – ele disse rindo.

Todos estavam com sorrisos bobos no rosto. Niall despertou do transe e se animou dando um beijo em sua bochecha.

-Sim, i do. – Niall respondeu.

-Ai que bonitinho... – murmurei e desliguei a câmera entregando-a a Niall. Acho que o presente de aniversário da minha mãe foi mais para ele que para mim.

Niall tirou uma foto de si mesmo beijando a bochecha de Camille, após se separarem pude ver o tanto de baba que ele havia deixado propositalmente no local.

-Quando vai ser o casamento? – Charlotte perguntou dando pulinhos.

-Que tal agora? – perguntei olhando no relógio – Mas tarde todos vocês vão assistir a minha prova prática, então... Agora!

-Vou leva-la para se arrumar! – Harry disse pegando Camille no colo e saindo em disparada para o elevador.

-Você! - Liam apontou para Niall – Arranje a aliança e sua roupa que eu cuido do resto. Charlotte convida o povo.

Eles estavam falando sério? Aliança? Roupa? Povo? Eu pensei que simplesmente iam fazer uma pequena e falsa cerimônia na mesa mesmo. Ok era obvio que não seria um casamento de verdade, ninguém ali era doido, mas... A brincadeirinha ia mesmo ter direito até a um anel? Não, não... Ele devia estar falando de anéis de brinquedo.

(...)

-VOCÊ FEZ O QUE?! – gritei desesperada para Louis.

-Pus o pedido de casamento e todos os outros vídeos que nós tínhamos naquela câmera na internet. – murmurou fitando o chão.

-É O QUE? – gritei meio que choramingando novamente.

-Você é surda? – Zayn perguntou em plena cara de pau.

-Não idiota, eu não sou surda! Só não acredito que ele fez isso!

Encarei novamente o notebook. No meu Twitter chovia ameaças de morte, xingamentos e recados fofos. Saiu até em um programa no Canadá, sobre os vídeos e principalmente sobre a parceria de Harry na dança comigo outro dia na academia.

Empurraram-me um vestido azul-marinho e sapatos de salto alto para ir ao “casamento”.

Afinal de contas, era necessário vestido e smokings para ir ali ao saguão brincar?

-Tudo bem, deixa para lá. – murmurei pegando o meu notebook e levando-o até o meu quarto. Tranquei a porta e me sentei encarando a tela.

“Você é uma vadia! Espero mesmo que quando os meninos voltem para o Reino Unido você suma das nossas vidas.”

“Você é só uma imbecil que daqui a algum tempo vai ser deixada para trás, você não sabe nem disfarçar que só está com eles por interesse!”

“Melissa, como você é patética... Não sei como convenceu os meninos a vir ao Brasil, sinto nojo de você! Uma prostituta recalcada que se acha. É isso que você é. Que garota em sã consciência age como você? O cabelo parecendo que vai para o carnaval e essa cara de sonsa.”

“A garota está se achando, pensando que agora a One Direction vai passar o resto da vida morando com ela e que vai viver feliz para sempre. Se toca Melissa! Daqui a pouco tempo eles irão embora e você será esquecida.”

 “Você é idiota? Pode ser que engane os garotos com essa carinha tosca, mas não vai enganar a mim. Estou louca para ver essa galinha de penas coloridas quando o reinado dela acabar.”

S

olucei alto. Não deveriam. Mas aquelas coisas me quebravam por dentro de um jeito que só eu conseguia sentir. Afinal era verdade não era? Não duraria para sempre, nada dura para sempre. Elas tinham razão. Os meninos voltariam para as suas casas quando as ‘férias prolongadas’ acabassem, teriam que ir a turnês, se ocupariam com novos discos e musicas, conheceriam novas pessoas e lugares. Enquanto eu continuaria ali. Só Deus sabe o quanto eu agradecia por tudo que pude vivenciar, cada sorriso nessas ultimas semanas faziam eu me sentir a pessoa mais feliz do mundo... E no momento eu era mesmo. Ouvir voz de Harry, ver seu olhar, sentir seu cheiro... Era muito mais do que um dia pude pedir, aquilo era inesquecível para mim. Sem duvida alguma, levaria aqueles pequenos detalhes no meu coração para o resto da minha vida... Mas e eles? Eles construiriam novos momentos, com novas pessoas... Se se lembrariam de mim? Provável. Mas creio que não seria a mesma coisa, não levaria a mesma paixão que queimava em meu peito.

Quando percebi eu deveria estar tendo um ataque. Simplesmente só conseguia chorar e trazer pensamentos ruins a minha cabeça. Eu sabia que o fim do meu ‘Feliz para sempre’ chegaria antes mesmo de começar. Eu não havia pensado nisso ainda... A vida continuaria Melissa! Eles vão voltar para casa. Isso é inevitável.

Respirei fundo indo ao banheiro e parando em frente ao espelho.

Não vi o que estava fazendo até ver no espelho o gilete em minha mão e metade dos meus cabelos caídos no chão. Quando vi continuei a fazê-lo, passei o gilete cortando cada mecha do meu cabelo, retirei toda a parte colorida deixando o cabelo liso á altura da minha orelha.

Não sei por que o fiz. Apenas... Fiz.

Eu precisava me vingar de mim mesma por ser tão idiota de algum jeito.

Ouvi batidas na porta. Droga, e agora?

Respirei fundo e limpei o rosto com uma toalha que achei por cima da bancada. Passei a mão entre o pouco cabelo que me restava xingando-me internamente pelo que fiz. Olhei para o punhado de mechas espalhadas pelo chão e choraminguei, fechei os olhos me acalmando e sai do banheiro, ouvi as batidas do lado de fora do quarto novamente.

-Está pron... – Luiza abriu a boca e balançou a cabeça negativamente a me ver – Eu suspeitava que você fosse doida... – ela falou e fez um sinal com as mãos para que eu desse uma voltinha. – É... Agora eu tenho certeza.

-Ficou ridículo? – perguntei caminhando até o elevador com a cabeça baixa.

-Na verdade não. – ela respondeu me seguindo – Você está parecendo Alice Cullen.

-Do Crepúsculo?

-Sim. Mas por que fez isso? – assim que chegamos em frente ao elevador ele se abriu e um homem da equipe de som saiu passando por nós.

-Eu... Bom, eu li umas coisas, imaginei outras e no final me irritei comigo mesma. – falei baixo.

Ela não falou nada, acho que percebeu que conversar não era o que eu queria no momento. Olhei ás horas no celular, tinha mais quatro para estar com uma cara apresentável no teatro do Bradesco lá na puta que pariu.

-Por que estamos subindo? – perguntei vendo a seta apontar para cima.

-Por que estão nos esperando no terraço.

A porta de metal se abriu e eu encontrei uma ‘igreja’ improvisada a céu aberto. Algumas cadeiras dobráveis se encontravam em posições de fileiras em um espaço, com formato de nave, ligeiramente decorado. Niall estava no meio de uma risada conversando no ‘altar’ com Liam.

Lux estava correndo por todo o lado e quando me viu mudou a direção (N/A: É estranho escrever isso em uma fanfic com a 1D...) e veio correndo e tropeçando em si mesma como um patinho. Um patinho fofo.

-LUX! Amor da minha vida! – gritei rindo ao pega-la nos braços – Onde está a Camille?

A loirinha apontou para Camille, Harry e Lottie encostados na parede ao outro lado do terraço. Fui até eles.

-E então? – perguntei brincando – Isso sai ou não sai? Tenho compromissos.

-Só mais um minuto que eu estou ensinando umas coisas para ela. – Harry pediu.

-Ensinando? Já se casou alguma vez querido? – Lottie perguntou risonha.

-Vocês são duas... - Harry finalmente prestou atenção em minha aparência – Onde está...? Cade o seu...

-Ah. Meu. Deus. – Lottie murmurou pegando nas pontas do meu cabelo como se procurasse o resto dele.

-O que você fez?! – Harry perguntou alterando o tom de voz.

Ops.

-Agente conversa sobre isso depois. – respondi saindo rapidamente de perto deles para evitar discursões.

Louis estava tirando fotos de todos ali presentes. Não eram muitas pessoas, só algumas pessoas que trabalhavam com os meninos, eles e eu.

-Isso é tudo tão bonitinho. – Luiza dizia para Niall olhando em volta e depois parando em Camille – Ela é muito fofa.

-É sim. – Niall concordou fazendo ‘polichinelos’ para se aquecer– Ela é uma princesinha.

(...)

Camille e Niall estavam um de cada lado de Liam no ‘altar’. Camille vestia um vestido branco com pequenas flores vermelhas que me lembro de ter dado a ela no natal passado, ela segurava algumas rosas vermelhas que, improvisadas, formavam um bonito buque.

-Eu Niall Horan, recebo por minha esposa a ti Camille... Bueno, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida.

Camille fez uma carinha confusa por não ter entendido, mas acho que Harry e ela conversavam sobre isso minutos antes, ela logo abriu o sorriso novamente.

-Eu too. – ela falou.

-Pode beijar a noiva. – Liam disse limpando falsas lágrimas.

Niall deu um beijo estalado na testa de Camille e todos nós gritamos comemorando.

 

Mais alguns minutos depois olhei o relógio novamente.

-Ah meu Deus! – praguejei ganhando a atenção de todos – Estamos atrasados!

-Simbóra’ cambada! – Louis gritou e nós corremos feito malucos.

Simplesmente peguei minha bolsa antes de entrar no carro. Estávamos muito atrasados.

(...)

-Lucas! – chamei-o nos bastidores do grande palco.

-Aleluia! – ele respondeu aliviado a me ver – Pensei que não viria! Você não me atendeu hoje de manhã, ia pedir para ensaiarmos antes da apresentação. Ai meu Deus, estou tão nervoso! – ele tagarelou pondo as duas mãos em volta da cabeça.

-Calma, relaxa. Não é para tanto. – falei tirando minhas coisas de dentro da bolsa. Ali estavam meu uniforme preto e brilhoso, minhas sapatilhas, a redinha, que eu não precisaria já que não tinha mais o que esconder, e os CDs com as musicas da minha apresentação sozinha e em dupla.

-Não é para tanto? É uma oportunidade de ir fazer um curso de alto porte em Londres! – Lucas berrou chamando a atenção dos bailarinos a nossa volta.

-Ok, ok. – suspirei.

-Já vão entregar os resultados da prova teórica. Você está atrasada, vá se trocar. – Lucas mandou me empurrando em direção ao banheiro marcado como vestiário feminino.

 

Harry’s P.O.V

 

Não gostei do lugar. O ambiente da plateia só me deixa mais nervoso.

As poltronas fofinhas com estampa cor de vinho combinavam perfeitamente com a aparência do lugar, as paredes e o chão tinham certos tons de dourado que lembravam vagamente madeira clara. O lugar era muito, muito grande com várias das poltronas, no momento tudo era iluminado por uma luz baixa que se focava principalmente nas cortinas fechadas do palco.

Estávamos sentados na primeira fileira do lado esquerdo. No lado direito, estavam pessoas bem importantes. Na verdade eu não sabia se eram importantes, mas o fato de estarem com óculos redondos, lápis e uma prancheta me fazia imaginar isso.

-Será que vai demorar muito? – perguntei coçando os olhos.

-Não sei. – Zayn respondeu olhando em volta. Será que ele esperava ter uma placa dizendo se demoraria ou não?

Cansado de esperar, me levantei e caminhei sorrateiro até a portinha onde havia uma placa dizendo para não entrar em três línguas diferentes.

-Bem... – sussurrei para mim mesmo – Já que aqui diz para não entrar. Vou entrar.

Abri a porta e entrei, ali era a parte de trás do palco. Algumas garotas andavam de um lado para o outro levando e trazendo coisas como sapatilhas e decorações. Vi um grupo de garotos em uma rodinha conversando, todos usavam collant e peças de roupas brancas. Andei mais um pouco e encontrei o garoto da academia que outro dia havia ensaiado com Melissa para a apresentação em dupla deles.

Quando ele começou a falar, sabia que ele estava dizendo que eu não podia estar ali por seu tom de voz, mas ao perceber que eu não entendia, apontou para uma portinha branca a sua frente.

Melissa estava lá junto com mais duas meninas e um menino se aquecendo de frente á um espelho com uma barra de ferro no meio.

-Harry? – Melissa veio até mim rindo – O que faz aqui?

-Estava com saudades. – rimos. –Nervosa?

-Imagina. – ela disse sarcástica.

Uma mulher baixinha chegou perto de nós toda animada, dizendo algo a Melissa sobre outra mulher que estava ao seu lado. Melissa cumprimentou a mulher educadamente e falou algo a elas sobre mim.

-Oh, olá garoto. – disse a baixinha – Sou a Sra. White, dona da academia. Estava apresentando á Meredith Connor a nossa melhor aluna Melissa.

-Ah, oi, sou Harry Styles. – falei.

-Você é britânico, não é? – ela perguntou sorrindo.

-Sou sim.

-Meredith também. A minha academia em Londres, onde todos aqui estão tentando uma vaga – disse White ligeiramente se gabando -, tem uma parceria com a dela que também é lá.

Assenti. Continuamos conversando por mais alguns minutos e então um homem começou a desesperar todos a minha volta dizendo que já era a hora de começar.

Connor e White saíram e nos deixaram a sós, Melissa só tinha alguns minutos.

-Certo. – ela disse arfando – Já posso cavar um buraco e me enterrar nele.

-Sua medrosa! – ri pegando sua mão – Vai dar tudo certo.

-Não vai não! Eu vou cair e derrubar todo mundo, depois vou ser expulsa e vou morrer sozinha na chuva com fome e frio.

-O que? Eu eim! Nem sendo dramática você me convence. Vai dar tudo certo.

-Não, não vai! – ela se desesperou escondendo o rosto com as mãos – Não vou dançar no meio daquela gente! Está lotado e eu sou uma péssima bailarina! – confesso que fiquei com vontade de rir da cena dramática – DIGA QUE EU SOU UMA PÉSSIMA BAILARINA! – ela berrou.

-Você é uma péssima bailarina. – disse erguendo as sobrancelhas.

-Diga que eu vou destruir a apresentação.

-Você vai destruir tudo, não vou nem me surpreender se rolar um incêndio. – falei abraçando-a.

-Diz que eu vou cair e vou levar pelo menos dez pessoas comigo.

-Você vai cair e vai levar todo mundo com você.

Ela ficou calada por alguns segundos então respirou fundo.

-Já está melhor? – perguntei examinando seu novo corte de cabelo por cima do abraço.

-Um pouco. – ela respondeu sem se mover.

-Não precisa estar com medo. Vou sempre estar aqui com você. – murmurei.

-Não vai não. – ela falou se separando de mim e abaixando a cabeça.

-Claro que vou. – falei indignado pela sua discórdia.

-Não, não vai. Não existe “para sempre”. – falou fungando.

Doo doo do do doo dooo,
Doo doo do do doo dooo
Doo doo do do doo dooo,

 

Quando ia retrucar alguém tirou Melissa de perto de mim empurrando-a para o palco ainda fechado pela cortina. O local onde ela estava era escondido como se fizesse parte do cenário.

Ela olhou para mim mais uma vez e então fez uma posição e parou nela como uma estátua se virando para frente.

Não voltei ao meu lugar, fiquei ao lado do palco observando.

 

 

She's got a lip ring and 5 colours in her hair

Not into fashion but I love the clothes she wears

Her tattoo's always hidden by her underwear

But she don't care...

 

(Ela tem um piercing no lábio e cinco cores no cabelo

Ela não está na moda, mas eu adoro as roupas que ela usa

Sua tatuagem está sempre escondida pela lingerie

Mas ela não liga...)

 

A musica começou a soar, um tom calmo, uma melodia relaxante... Os acordes do piano faziam um tom calmo, e eu conhecia aquela composição, era de algum homem chamado... Franz Liszt? Melissa adorava as musicas daquele cara!

Havia vários bailarinos no palco decorado como uma floresta, os garotos e garotas se misturavam, alguns estavam sentados em uma postura reta balançando-se de um lado para o outro como se estivessem observando algo. Notei uma árvore cenográfica no centro do palco.

 

Everybody wants to know her Name

I threw a house party and she came

Everyone asked me 'Who the hell is she?'

That weirdo with 5 colours in her hair

(Todos querem saber seu nome

Eu dei uma festa em casa e ela veio

Todo mundo me perguntou 'Quem diabos é ela? '

Aquela estranha com cinco cores no cabelo.) 

Melissa ficou parada na mesma posição de antes enquanto uma garota loira sorria e dançava ao redor do palco. A garota loira brincava com os outros bailarinos enquanto rodava com elegância ficando em um pé só em alguns movimentos. Alguns segundos depois todos se levantaram e fizeram uma coreografia semelhante com suavidade. Já que estava ao lado do palco, pude ver que uma das bailarinas, ao passar por Melissa, entregou-lhe uma espécie de ‘varinha de condão’ preta e brilhosa. Ela a segurou sem se mover um milímetro sequer.

 

She's just a loner with a sexy attitude

I'd like to phone her 'cos she puts me in the mood

The rumour's spreading now that she cooks in the nude

But she don't care

She don't care...

(Ela é apenas uma solitária com uma atitude sexy,

Eu gostaria de telefonar para ela porque ela me deixa de jeito.

Os boatos dizem agora que ela cozinha nua

Mas ela não liga

Ela não liga...)

 

Ouvi a música ficando com sons mais trágicos e fortes, então Melissa fez uma expressão séria, quase maligna e foi na ponta dos pés até o centro do palco. Ela olhou de um lado para o outro com lentidão nos movimentos, avaliando o local. Depois fez movimentos com as mãos levando à ‘varinha’ da cor de suas vestes apontando-a para alguns lugares. O que me surpreendeu foi que para onde ela apontava o lugar se destruía (efeitos, obvio). Se eu estava certo, ela era a vilã da ‘peça’. Então com um som forte todos pararam em seus lugares. 

 

Everybody wants to know her Name

How does she cope with her new found fame

Everyone asked me 'Who the hell is she?'

That weirdo with 5 colours in her hair

 

She was all I thought about, the girl I couldn't live without

But then she went insane

She couldn't take the fame

She said I was to blame

She'd had enough and shaved 5 colours off and now

She's just a weirdo with no name

(Todos querem saber seu nome

Eu dei uma festa em casa e ela veio

Todo mundo me perguntou 'Quem diabos é ela? '

Aquela estranha com cinco cores no cabelo.)

 

(Ela é tudo que eu já pensei sobre, a garota que não conseguiria viver sem

Mas depois ela foi insana

Ela não agüentou levar a fama

Ela disse que eu tinha a culpa

Ela já tinha tido o bastante e raspou as cinco cores fora

E agora ela é só uma estranha sem nome)

 

Melissa continuou fazendo passos elegantes pelo lado esquerdo do palco, apenas moveu os olhos parando em mim rapidamente e voltando sua atenção a dança. A garota loira, com a maior cara falsa de desespero, foi bater na árvore como se fosse uma porta. De lá saiu um garoto ruivo de cabelos espetados que se espreguiçou insinuando que acabara de acordar. Melissa olhou para ele em forma de ameaça, então todos os outros bailarinos foram para o outro lado do palco alertando-o sobre ela. O garoto, todo convencido, se aproximou ao mesmo tempo em que ela chocando seus corpos ao chegar ao centro.

 

Everybody wants to know her Name

How does she cope with her new found fame

Everyone asked me 'Who the hell is she?'

That weirdo with 5 colours in her hair

 

1, 2, 3, 4

 

(Todo mundo quer saber seu nome,

Como ela lida com a sua nova fama?

Todos me perguntam 'Quem diabos é ela?'

Aquela estranha com cinco cores no cabelo.

 

1, 2, 3, 4)

 

Melissa continuou com sua expressão maligna encarando o garoto, então derrepente, todos os bailarinos em sincronia dançavam em volta dos dois enquanto eles travavam uma espécie de ‘batalha’ de dança. Melissa se afastou do garoto, mas ele logo a alcançou pegando uma de suas mãos e fazendo-a girar três vezes em direção a ele, que a fez ficar frente a frente com o seu corpo, paralisados. Em um movimento coletivo rápido, todos se colocaram em uma grande roda cobrindo Melissa e o garoto. Confesso que me irritei os três segundos que não consegui vê-los.

 

Doo doo do do doo dooo,
Doo doo do do doo dooo
Doo doo do do doo dooo,
Doooo

(Five Colours In Her Hair – McFly)

 Logo então todos se afastaram ainda em formação, e uma porção de papéis bem pequenos brancos se espalhou pelos ares e Melissa já não estava com as mesmas roupas, agora ela tinha uma roupa branca com uma saia volumosa e suas sapatilhas eram mais brilhantes combinando com a cor da sombra de sua maquiagem. Uou. Então a musica acabou e os aplausos preencheram o lugar.