História Love by fake - Amigos, areia e cavalo

Aceitar ir nessa foi uma das coisas mais doidas que eu já fiz. Como uma pessoa em sã consciência resolve do nada ir viajar, deixa tudo o que tem para fazer e só leva as roupas do corpo?

Conseguimos as únicas duas que ainda restavam e logo depois fomos para a sala de embarque.

Em todas as vezes que eu olhava para Harry eu o via olhar desconfiado para todos os lados, talvez com medo de alguma fã aparecer e fazer algo que acabe nos matando. Se eu já estou traumatizada, imagine ele que vive isso há mais tempo.

Após alguns minutos já acomodados no avião, comecei a jogar um jogo muito sem noção no onde um sapo tinha que comer algumas moscas, mas eu não consegui fazer aquela língua roxa acertar sequer um dos insetos malditos.

Nem notei quando alguém se sentou ao meu lado, apenas quando Harry soltou um pequeno palavrão eu me virei para ver e logo arfei de surpresa. Não, o papa não havia se sentado ao meu lado, mas aquela aparência não me era estranha... Cabelos levemente cacheados cobertos por um chapéu, pele branca e óculos escuros. Tirando a cor da camiseta, até suas calças e sapatos eram iguais aos de Harry.

-Puta que pariu! – falei para o outro Harry sorrindo.

-Você é um sósia! – disse o Harry verdadeiro naquela língua estranha que misturava o português com o inglês da qual ele geralmente usava para falar com brasileiros.

-Nossa! – o garoto gritou surpreso – Tipo, Harry Styles!

-Posso tirar uma foto com vocês? – perguntei pensando em como seria legal ter uma foto com dois Harry’s.

-Meu nome é Vítor.

- Posso tirar uma foto com vocês?

-Prazer, cara. – disse Harry.

- Posso tirar uma foto com vocês?

-Você mora em Fortalize?

- Posso tirar uma foto com vocês?

-Fortaleza. – Vítor corrigiu rindo – Não, estou indo visitar a minha avó.

- Posso tirar uma foto com vocês?

-Pode Melissa. – disse Harry após colocar a mão em mim boca para que eu não pedisse novamente.

Peguei meu celular e fiquei por cinco minutos dando ordens até que consegui tirar umas dez fotos em poses perfeitas.

A viagem não foi muito longa, em três horas e quarenta e dois minutos estávamos pousando em solo cearense.

Quando desembarcamos agradeci á Deus por não ter malas e não precisar ficar naquela esperando por mais três horas.

-Tchau, Vítor. – falei acenando.

-Tchau! – disse Harry – Hãm, quanto você quer... Para manter segredo sobre onde estamos.

-Relaxa. – Vítor sorriu. É ele não tinha covinhas. – Não vou espalhar para o mundo. Aproveitem por aqui. - Dito isso ele começou a caminhar em direção a um adolescente e uma senhora idosa, mas parou e veio até Harry dando nele um selinho e logo saiu correndo.

Quando ele desapareceu de vista, Harry se virou para mim de olhos arregalados e disfarçadamente limpou a boca com as costas das mãos.

“Ele me beijou” Harry repetiu incrédulo diversas vezes enquanto caminhávamos.

Zayn’s P.O.V

-Niall e Harold irresponsáveis. – resmungou Liam.

-Eles poderiam ter avisado. – concordei colocando apenas os pés na água cristalina da piscina.

-E agora a gente não sabe se deve chamar a policia ou se Missy e Harry sumiram por vontade própria. – Eleanor começou a descascar o esmalte vermelho das unhas enquanto encarava Louis dormindo em seu colo.

Logo meu celular começou a tocar, pensei que seria um dos dois fugitivos rebeldes, mas era Perrie.

-Oi, Zaz.

-Oi, baby! – respondi me afastando um pouco de Els e Liam. – Onde está?

-Estou na casa da minha mãe. Tenho o final de semana de folga. – a voz de Perrie estava rouca, como se estivesse sem dormir a dias. – Tem algumas fãs do lado de fora e eu não consigo dormir, antes que pergunte.

-Sinto muito.

-E você?

-Estou sentando na beira de uma piscina - mais funda do que eu gostaria - enquanto ouço Liam e Eleanor reclamarem.

-A Els está ai? – Perrie perguntou indignada.

-Sim.

-Que sorte! Mas o que aconteceu?

-Niall e Harry deram um perdido na gente. Niall saiu desde sexta pela manhã com Luiza e não voltou mais, e Hazza saiu hoje e também não avisou para onde ia ou se iria voltar.

-Nossa. – ela riu, mas logo ficou séria – Harry vai estuprar a menina!

-Que isso! Ele não faria... Ou faria?

-Faria.

-Ah meu Deus! – gritei para Liam – É MAIS SÉRIO DO QUE EU PENSAVA!

-Tenho que desligar, achei uns tampões de ouvido, amor.

-Até.

-Até.

Desliguei o celular e o guardei observando uma garota morena passar.

-É ele! – disse Josh vindo do além com um celular prateado nas mãos. – O Niall.

Liam saiu de dentro da piscina enquanto eu e Eleanor o encarávamos com curiosidade.

-Onde você está?! – gritou Liam – O que?! Você é idiota? Não me importa... E a tia dela? Vocês se lembraram disso? Porque a mulher está pirando por aqui!

-Onde eles estão? – sussurrei, mas logo fui ignorado.

-O Harry está com você? É claro que o nosso Harry, criatura! Conhece outro? Eu também não sei onde ele se enfiou. – Liam fez uma pequena pausa. – Ela está com ele. Se ela tivesse dito você acha que eu estaria perguntando?! Desculpe. Pergunta para a Luíza. – Liam parou de falar por tempo suficiente para que eu perguntasse mais uma vez onde eles estavam e ele me dar um tapa. – Ok então. Temos um ensaio ainda hoje, vossa excelência, e um show amanhã, ou seja, volte!

Liam entregou o celular a Josh.

-Onde ele está? – perguntou Els.

-Nem esse retardado sabe. – disse Liam – E o sinal estava fraco, não entendi direito o pouco que ele sabia. Tem alguma coisa a ver com amigos, areia e cavalo. E eles não fazem ideia de onde Marryssa está.

Rimos do “Marryssa”, brincar com shippers era uma das coisas mais divertidas que fazíamos quando a namorada de alguém estava envolvida.

Melissa’s P.O.V

Algumas horas mais tarde, Harry e eu estávamos em uma praia que, se me lembro bem, se chamava Lagoinha.

-... E ai a minha irmã venceu a aposta! – explicou Harry – Então eu tive que tirar uma foto com o sutiã da minha mãe. Por isso essa foto está na internet até hoje.

-Pensei que fosse porque você já era gay naquela época. – comentei brincando.

-O que quer dizer com isso? – ele se levantou de sua espreguiçadeira e se ajoelhou á minha frente aproximando seus lábios, então o celular tocou. – A gente não pode ter paz nem aqui?

Ri de sua indignação e atendi sem prestar atenção ao número desconhecido.

-Alô?

-Oi. Melissa Andrade Bueno? – uma voz feminina perguntou.

-Eu. – respondi.

-Não sei se lembra de mim, mas nós conversamos no dia em que fez os testes para a Academia da Sra. White. – disse a mulher – Sou Meredith Connor.

-Ah, acho que me lembro...

-Não sei se mencionei que a minha academia de balé em Londres tem uma forte parceria com a de minha amiga Emily White.

-Arrãm. – na verdade, só me lembro vagamente da conversa, mas eu não iria ser mal educada a ponto de dizer isso a ela.

-Bem... Será que podemos conversar pessoalmente? – quando confirmei ela continuou – Só que preciso que seja urgentemente, pois vou viajar.

-Estou longe de São Paulo, mas estarei de volta hoje pela noite.

-Então pode me encontrar na segunda-feira ás 11h? Eu mando uma mensagem com o local.

-Certo.

Desliguei o celular e tomei mais um pouco do meu suco de morango.

-Quem era? – Harry perguntou. Antes de responder limpei o canto de sua boca, que estava sujo de alguma coisa não identificada.

-Uma mulher que conhecemos no dia dos testes, lembra? Meredith Connor.

-Não. Mas o que ela queria?

-Eu não sei... Se eu tiver sorte eu vou ficar mais alguns anos estudando na academia dela até ter a sorte de tentar conseguir a bolsa novamente.

-Isso é bom ou ruim?

-Depende do ponto de vista. – dei de ombros – Para mim seria a única opção.

Niall’s P.O.V

-Niall! Niall! – ouvi uma voz sussurrando em meu ouvido e me virei para o outro lado – Niall. – a voz riu.

Tentei ignorar, mas logo recobrei a consciência.

-O que? - Perguntei me levantando.

Luiza sorria para mim e segurava algumas notas que logo entregou ao motorista do táxi. Me senti constrangido de ter dormido na frente daquele cara esquisito.

-Já chegamos? – perguntei esfregando os olhos e observando a paisagem além da janela. Concerteza já estávamos perto.

-É no próximo quarteirão.

-Está pronta para ver os outros? – passei a mão pelos cabelos tentando arruma-los o máximo possível – Eles devem estar com raiva.

-“Devem”?!

Quando chegamos, logo avistei Liam e Zayn sentados no sofá da recepção.

-E ai meu povo! – enquanto falava fiz uma pose que só faria se fosse um garoto popular chegando à escola.

-Resolveu aparecer? – disse Zayn.

-Luiza, sua tia está esperando lá em cima. – avisou Liam fazendo careta, o que deu a entender que já havia tido vários problemas com isso.

-Certo – respondeu Luiza suspirando – Estou muito encrencada?

-Algo como seus pais estarem a ponto de aparecer aqui com o FBI.

Zayn concordou dando de ombros e murmurou: “Nada demais”.

-Vai lá Garota do Terceiro Andar. – sussurrei no ouvido de Luiza e ela riu.

-Novidades? – perguntei.

-Só o fato de que perdemos o ensaio de hoje. Ah... E alguma coisa sobre Harry e Melissa terem evaporado.

-Sério mesmo?

-Arrãm.

-E onde você estava? – perguntou Liam.

-Estava... Eu acho que estava no litoral.

-Como assim “acho”?

-Bom... a gente saiu e ficamos andando por ai...

-Cara, resume! – pediu Zayn.

-Fizemos amigos, dormimos literalmente na areia da praia de Santos e um cavalo roubou meu celular.

-Encontraram fãs ou paparazzis?

-Uma fã. Mas ela jurou pelo rio Estige que não divulgaria onde estávamos se eu tirasse uma foto com ela.

-O que é “Estige”?

-Não faço a mínima ideia. Agora vou ajudar a minha n-a-m-o-r-a-d-a a não ser assassinada pela tia.

Melissa’s P.O.V

Naquele horário o sol já estava suportável, então resolvemos pegar a nossa pequena bolsa com nossos poucos pertences e fomos andar pela areia da praia.

 O clima de Lagoinha estava agradável naquele fim de tarde. Uma brisa morna agitava os coqueiros que se espalhavam pela costa, os troncos cobertos pela areia que brilhava quando o Sol incidia seus raios nela.

Assim como o mar, cujas ondas cobriam cada vez mais a orla. A praia estava quase deserta, só algumas pessoas – casais em sua maioria – andavam enquanto a maré subia, deixando suas pegadas serem apagadas pela força da água. No céu, azul no topo e alaranjado no horizonte, as nuvens eram levadas para longe, se afastando cada vez mais daquele belo lugar.

Apesar de ser uma das tardes mais divertidas que já tive, não pude deixar de pensar que dali a dois dias eu me separaria dele. Harry Styles. Enquanto o observava no meio das ondas com a sua juba grudada na testa, fiquei mentalizando como seria o fim. Você provavelmente vai discordar de mim, vai dizer que tudo vai dar certo... Mas não vai, ok?

Mesmo que ele venha me visitar algumas vezes, ele faz turnês praticamente por meses e quando puder ter uma folga concerteza vai querer ir visitar sua família e amigos. E daqui a 60 anos pode ser que ele ainda me ame, como daqui a meia hora ele pode topar com outra garota e se apaixonar por ela.

-Missy?  - perguntou Harry passando as mãos em frente ao meu rosto – Você está bem?

-Oi? – respondi jogando uma toalha seca para ele se enxugar.

-Pensando no que?

-Em nós.

-Ah. – De repente seu sorriso se desfez. Logo me senti completamente culpada por estragar sua alegria.

Caminhamos em direção á algumas dunas por longos minutos antes de Harry resolver falar algo.

-Eu tentei decorar um trechinho de um poema que achei na internet – Harry sorriu amarelo olhando fixamente para a areia -, mas eu acho que nada no mundo se compara ao que eu gostaria de dizer á você.

Ele parou de andar e pegou meu braço impedindo-me de continuar. Então me virou para que eu pudesse olhar em suas íris esverdeadas.

-Esses dias foram inexplicavelmente perfeitos. Os melhores da minha vida. Eu nunca poderia ter imaginado que poderíamos ter feito tudo o que fizemos até hoje a partir de uma simples troca de mensagens no Twitter.

“Você não imagina como que me sentia todas as vezes que conversava com você. Era um misto de sensações indescritíveis, sabe? Pela primeira vez em muito tempo alguém falou comigo como se eu fosse uma pessoa normal – o que eu sou e ninguém consegue entender – nada de comentários sobre as últimas entrevistas ou elogios sobre o último show. Chegou a ser angustiante me passar por Heldrade, porque eu já estou acostumado a que as pessoas me amem ou me odeiem sem eu ter feito nada.”

“Talvez fosse por isso que eu nem me liguei em contar á você que eu não era realmente quem você achava que eu fosse. Mas você descobriu, e eu fiquei tão desesperado da possibilidade de perder você que a única coisa que pensei em fazer foi vir até o Brasil.”

“Muitas pessoas querem fazer com que eu me sinta especial, mas só realmente alguém conseguiu quando não se importou nem um pouco em tentar. Eu cheguei aqui sem conhecer nada nem ninguém, a não ser meus amigos, que estavam na mesma situação que eu, e você nos acolheu de uma forma tão calorosa que ter que partir vai ser a coisa mais difícil que já fiz.”

Harry parou para respirar e baixou os olhos para o chão. Tentei ao máximo me distrair com os sons do mar, pois a ultima coisa que queria era chorar. Minha tentativa foi por água a baixo quando ele falou aquele nome:

-Camille... – levantei minha mão livre colocando-a próxima a sua boca.

-A Camille foi feliz cada segundo possível desde que chegaram aqui! – falei com a voz embargada - Ela viveu mais coisas do que muitos adultos por ai. Camille soube o que era ter amigos verdadeiros, como amar e acima de tudo como contornar uma situação crítica com boas risadas! – limpei minhas lágrimas com o braço – Você chegou a nossas vidas em um momento tão complicado, eu estava quebrada, estava partida ao meio e não sabia onde me apoiar... Mas vocês apareceram, realizaram os sonhos da minha irmãzinha e os meus, nos fizeram rir quando foi possível e choraram conosco quando era a única coisa a se fazer.

-Eu estou indo embora, Missy. – disse Harry – Mas minha alma vai ficar com você. Os meus sonhos, meus desejos, minha alegria... Tudo o que eu tenho pertence á você agora.