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História Love in the eyes - Aquela risada.


Escrita por: nekozy

Capítulo 1 - Aquela risada.


Folhas iniciais

Oi...

Decidi que iria escrever sobre como conheci a pessoa que mudou a minha vida.

Então... Começarei pelo primeiro olhar.

 

Eu poderia começar a contar essa história com aquele famoso “Era uma vez”, mas aí seria clichê, e não sou o tipo de cara que gosta dessas coisas clichês, por mais que em algum momento elas façam alguma diferença. Porém, aqui, sentado debaixo dessa árvore enquanto espero o veredito final dar às minhas esperanças sua última palavra, lembrei-me da primeira vez que vi a tal pessoa que arrecadou meu coração. Dois anos se passaram desde então, mas a memória ainda se mantém clara na minha mente.

Sorri com meus pensamentos e tentei continuar escrevendo sobre como reagi no momento em que meus olhos focaram aquele sorriso no ginásio, no meio do refeitório lotado da escola. O dia tinha começado como qualquer outro; fui para a escola, passei horas estudando e, no intervalo, fui à lanchonete com SanHa. Não vi a pessoa de primeira, provavelmente porque ela estava brincando e rodeada por adolescentes barulhentos, ou porque eu tinha – e ainda tenho – o mau hábito de ignorar quem não estou familiarizado. Mas lembro que fui direto para a fila da cantina esperar a minha vez de comprar o almoço, para em seguida ir ao terraço descansar até a próxima aula. Isso já era uma rotina – mesmo no mês inicial do ano letivo, tudo naquela bosta de colégio já estava totalmente chato e sem sentido para mim. Enfim, ali, escutei aquela risada pela primeira vez. Pensei que era um estudante novo, porque eu não conhecia e teria a mais pura certeza que já teria notado aquele sorriso, aqueles cabelos, aquelas mãos, aqueles olhos e aquele corpo em qualquer lugar e a qualquer hora. Mas o mais incrível é que a primeira coisa que me atraiu foi o som de sua risada – uma brilhante melodia alegre ressoava claramente no refeitório, entre o barulho daquelas pessoas inescrúpulas. No mesmo instante, isso fez com que eu levantasse a cabeça imediatamente para olhar ao redor numa busca desesperada para encontrar a fonte do som que causava cócegas em minha barriga. Lembro-me de que SanHa me olhou surpreso, mas eu não me importei e continuei procurando. Lembro-me também que, ainda procurando, eu ri junto, apenas por escutar e reagir aquele tão belo som.

Parece algo romântico e clichê, mas eu não sou nem um pouco romântico e não gosto de clichês. Apenas... Fui atraído por aquele som, até que meus olhos encontraram seu dono. E, então, ali, naquele instante, eu me apaixonei. Foi algo tão espetacular e de outro mundo, como aquela coisa de almas gêmeas, que até hoje me pego rindo ao tentar entender como aconteceu. Só sei que naquele instante, tudo o que eu queria era correr ao seu encontro e estar ao lado dele para o resto da minha vida.

Mas, aí, isso sim seria algo muito mais surreal do que realmente aconteceu.

Eu não fui até ele. Não movi nem um centímetro do meu corpo e acabei matando o sorriso ao ver que era um homem. Além do mais, deparar-me com a quantidade de amigos que ele estava “cercado”, me desestabilizou. Primeiro vi Myung Jun, o famoso nerd moreno que sempre se gabava dos seus resultados de Matemática e suas muitas conquistas em jogos. E, em seguida sua namorada viciada em grife e mais patricinha do que seu seu namorado consegue ser cdf; também reconheci o Rocky, o aluno viciado em kickbox, que sempre atraía o olhar das líderes de torcida.

Naquela época, a primeira coisa que pensei foi “é uma escolha estranha de amigos”, e confesso que ainda penso assim. Eu tinha a sensação de que os três eram os caras mais barulhentos que já vi em toda a minha vida. E como aquela garota gata começou a sair com o nerd, até hoje não consigo entender. Talvez seja algo tão inexplicável quanto apaixonar-se pelo garoto mais desejado do colégio – sendo este um homem que nunca deu indícios de gostar de outros homens.

Talvez o mais engraçado de tudo isso é que naquela hora, naquele instante, naquele momento tão avassalador qual pensei que meu coração teria um dono pela primeira vez em minha vida, a minha atitude mais sensata foi... Ignorá-lo. Sim. Eu decidi que seria a melhor coisa a se fazer: fingir que eu continuava não conhecendo a existência daquele ser, dono de um sorriso estelar e tão magicamente apaixonante.

Bom, irei explicar melhor. Não sou o tipo de cara que abre a boca e diz coisas inúteis e incoerentes, como esses adolescentes revoltados adoram fazer. E ele não estava perto de mim, para que eu puxasse assunto por mais estúpido que fosse, de qualquer forma. As pessoas costumam dizer que sou uma pessoa de poucas palavras, e eu acho que é verdade. Naquele dia, depois de ver o círculo de amigos que ele tinha, eu só encolhi os ombros e virei de frente voltando atenção à minha refeição, como sempre. SanHa e eu não dissemos uma palavra durante todo o almoço, e eu até senti um pouco de pena dele ao comparar o constrante de ambos os lados, porque nunca fui um amigo “falador”.

Depois daquilo, eu realmente não consigo me lembrar o que aconteceu e isso nem chega a ser interessante. O que me lembro, no entanto, é que a primeira vez que comecei a pensar nele não foi no mesmo dia, durante aquela tarde. Não sei porquê, mas me peguei pensando nele (talvez eu estava entediado ou talvez eu não queria ouvir a lição de história do dia). De qualquer forma, eu pensei nele enquanto olhava para fora da janela, distraidamente olhando para uma bola esquecida no meio do campo em que tínhamos as aulas de Educação Física. Olhando aquele formato com cores preto e branco, eu ainda não sabia o que estava acontecendo comigo. Eu nem sequer sabia o nome dele... A única coisa que pensei foi naquela risada alegre e feliz, a mesma que havia animado a minha curiosidade durante o almoço. Só que também me lembrei do tanto que repreendi minha euforia ao me dar conta que era um homem e isso era desesperadamente errado. Já não bastava me interessar pela risada de um ser desconhecido, agora eu tinha que me apaixonar perdidamente à primeira risada de um homem?

Mas era engraçado... Porque eu me xingava e ao mesmo tempo voltava a sorrir ao escutar no fundo de minha mente o som daquela melodia martelando em minha cabeça durante a aula inteira.

Quando o sino tocou no final do período, sacudi a cabeça olhando em volta como se não pudesse reconhecer onde eu estava. Parecia tão estranho, mas mesmo assim quente e relaxante, como um sonho, daqueles que você nunca lembra ao acordar.

Para ser honesto, eu não gostava desse sentimento. Sempre fui um cara independente, e pensar várias vezes sobre uma risadas alheia, ainda mais de um homem, era um pouco (muito) estranho pra mim. Não posso nem explicar como eu estava frustrado enquanto voltava para casa, já que a única coisa que ocupava meu pensamento era aquele maldito cara. Ou, pelo menos, o que eu ouvi dele.

Não parece assustador?

Isso não é nada.

A primeira etapa começou quando, naquela noite, eu sonhei com ele.

 

Toda risada tem um nome

Uma semana se passou desde que ouvi aquela risada. Uma longa semana, pontuada por chuva, nuvens cinzentas, céu escuro e frio. Eu meio que gosto disso, porque parece que reflete o meu estado de espírito interior; nostálgico e melancólico. Algo meio louco assim.

Resumindo os sete dias que se passaram, nada realmente especial aconteceu, mas eu não sonhei mais com o tal carinha sem nome da risada espetacular. Na verdade, eu o esqueci. Ele simplesmente desapareceu no fundo da minha mente e eu não liguei, pensando que talvez fosse apenas uma fase estranha da minha vida de estudante. Realmente estranho, para falar a verdade.

Os dias foram ficando mais e mais chatos, e acho que era porque eu estava entediado. Todos os dias eram exatamente os mesmos. Eu queria que as coisas mudassem, para ser um pouco mais emocionante, mas não estávamos em um filme e eu não era o herói de uma ficção, embora desejasse adrenalina na minha vida. Eu só podia esperar as horas passarem dolorosamente lentas. E acho que eu teria explodido com toda essa frustração, não fosse o nosso segundo encontro...

Se eu fosse supersticioso, teria chamado essa coisa de destino, mas optarei pela coincidência.

Era uma quinta-feira. Uma manhã de quinta-feira, para ser mais exato. Quer saber como me lembro de tudo isso? Honestamente, nem eu mesmo sei. O que sei, é que foi a primeira vez que realmente vi o rosto dele, depois de um longo tempo só pensando no som daquela risada. Isso aconteceu durante a troca de aula das dez, no meu período de Álgebra.

Como de costume, os corredores da escola estavam cheios de barulhos vindo dos baderneiros e, estranhamente, não me incomodava muito naquele dia. SanHa não estava comigo aquela hora, provavelmente tinha ido falar com um professor, se me lembro bem. De qualquer forma, essa não era a questão. A questão era que eu estava distraído fazendo meu caminho até a sala de aula, no final do corredor, perdido em meus pensamentos quando, de repente, alguém trombou em mim.

Ele trombou em mim. Com tanta força, que eu tropecei. E se não fosse por aquelas magníficas mãos me segurando, provavelmente eu teria caído para trás.

“Sinto muito!”, ele rapidamente se desculpou.

Sua fisionomia não me fazia lembrar quem era, mas a única palavra que deixou seus lábios finos e delicados imediatamente esclareceu-me de onde eu o conhecia. Era o cara com a risada alegre, olhando-me com olhos arregalados de quem se desculpa por algo que fez. Sei que tive um mental breakdown naquele momento, porque entrei em estado letárgico ao notar como até as mãos dele eram perfeitas e como eram tão aveludadas quanto pareciam aos meus olhos. Hoje em dia gargalho ao perceber como devo ter parecido um mongolóide subindo o olhar minuciosamente pelos braços ao rosto dele. Consigo detalhar perfeitamente o formato dos lábios vermelhinhos dele, porque naquele momento fora uma das coisas que mais encarei quando ele tentou falar comigo e som nenhum chegou aos meus ouvidos. Acredito que uma de suas frases era parecida com “Você está bem?”, mas não me lembro direito.

Só sei que com a oportunidade de encará-lo tão de perto, prestei atenção em sua aparência. Ele era... Hipnotizante, resumindo. Praticamente do mesmo tamanho que eu; sua pele tão branca, que me ardia aos olhos com a mais louca vontade de tocá-lo para ver se era de verdade e não um boneco de cera diante de meus olhos; seus cabelos estavam visíveis apenas pela franja castanha saindo por debaixo de uma touca preta; seus olhos como os de um boneco delicado – de todo o conjunto, acho que o que mais me impressionou foram os olhos e o sorriso. Posso dizer com toda certeza que quando ele esticou os lábios e mostrou os dentes para entregar-me um sorriso, meu coração parou por alguns segundos. Ele estava brilhantemente sorrindo para mim. O sorriso fez aparecer duas covinhas discretas e bonitinhas em sua bochecha junto de seu eyesmile, hipnotizando-me.

Descobri mais tarde que o nome dele era Moonbin. Kim Moonbin.

Toda risada tem um nome, mas a minha predileta tinha um nome, sobrenome e o sorriso mais lindo do mundo.

 

Estranho

Com o passar dos dias, as coisas foram se tornando mais estranhas do que já pareciam estar. Ele foi ficando mais e mais popular durante as semanas e desejado por quase todos os estudantes. O que era merecido, já que ele era tão engraçado quanto bom com as pessoas. Além disso, as pessoas diziam que ele era inteligente e muito respeitoso com os mais velhos. Haviam sido apenas duas semanas desde que ele chegou em minha escola, mas já estava na boca de todos os estudantes.

Eu esperava que talvez pudéssemos ser amigos, mas acho que as coisas não deram certo a meu favor. Não sou o tipo que ri em voz alta e fala sem parar como os amigos dele fazem, e ele estava sempre saindo com pessoas diferentes a cada vez que eu o via, tornando-se difícil minha aproximação desajeitada.

Acho que eu era muito mais tímido do que normalmente tinha noção de ser. E não era culpa dele. Ele parecia feliz e confortável, quem era eu para tentar perturbar a sua vida alegre?

Conforme o tempo passava, percebi que as pessoas que ele mais estava saindo eram: Myung Jun, Rocky e sua namorada. As mesmas pessoas que ele estava almoçando no dia em que o ouvi rir. Naquela época, não consegui definir o sentimento que eu tinha toda vez que eu o via rindo com cada um deles; era como se algo estivesse puxando meu coração, me fazendo franzir a testa em um pouco de frustração. Ele parecia estar sempre se divertindo, apesar de tudo. E vê-lo sempre sorrindo tão brilhantemente me fazia sorrir todo bobo. Por isso era bom.

Eu nem sei como cheguei a gostar dele.

 

Festival de sentimentos

Seis meses se passaram, comigo olhando na direção que MoonBin sempre sorria. Ele ia ficando cada vez mais popular, apesar do fato de não fazer nada sobre isso.

Abril veio mais rápido do que eu pensava que viria e, num piscar de olhos, a escola estava ocupada com os preparativos de festival. Minha própria turma teve que tomar conta de um pequeno café, e já que eu era um dos únicos caras aproximadamente capazes de cozinhar algo comestível, os colegas decidiram me colocar na frente do fogão para cozinhar ramen e ajudar os outros caras com as bebidas. Muitas pessoas da nossa própria escola e alunos de outras foram chegando e nós vendíamos nossos produtos muito rápido.

Tudo corria naturalmente até que... MoonBin decidiu entrar. Eu me assustei e acabei queimando o braço na chapa quente do balcão, acabando por me esconder atrás de uma pilastra para observá-lo caminhando em minha direção, tão bonito como nunca, com a camisa um pouco aberta e as mãos enfiadas nos bolsos de um jeans surrado enquanto eu ainda estava remoendo a dor no braço. Ele olhava ao redor com os olhos bonitos e eu me sentia à vontade de socá-lo por ser tão lindo, mas em vez disso, fiquei sem emoção.

“Um milkshake de morango, por favor.”, ele me pediu a bebida com um pequeno sorriso, quase tímido.

Quando eu respondi que seu milk-shake seria feito em poucos minutos, seus olhos se iluminaram como se eu apenas lhe desse o maior presente do mundo. Sua roupa contrastava tanto com seus olhos brilhantes e aquele sorriso magnífico, que eu estava deslumbrado.

“Obrigado!”, ele exclamou agradecido quando entreguei seu pedido. Respondi com um pequeno sorriso, e ele me sorriu de volta. O meu sorriso lindo. Pena que não durou muito tempo, pois infelizmente ele saiu do café rapidamente depois de nos pagar. Eu não disse nada e, não, não me sentia a vontade de abraçá-lo apertado ou cumprimentá-lo devidamente.

Eu estava um pouco decepcionado por isso, eu acho.

As horas seguintes passaram rapidamente e a única coisa que me lembro é de uma fileira de imagens tremidas e incoerentes. Provavelmente, só fiz ramen e bebidas preparadas, até que o representante de nossa classe decidiu que eu poderia fazer uma pausa bem merecida.

Era por volta das três horas da tarde, eu acho, quando finalmente fui para fora do prédio passear no pátio da escola. Talvez por pura coincidência? Não sei. Talvez sim, porque naquela época era para eu ir encontrar SanHa para que pudéssemos ficar nosso intervalo juntos. Felizmente – ou infelizmente para o coitado –, ele foi forçado a passar a hora com seu irmão, que tinha vindo especialmente vê-lo; eu digo infelizmente porque ter JinWoo hyung como um irmão mais velho nunca é uma coisa boa.

De qualquer forma, eu saí para o pátio, apreciando a forma como o sol calorosamente aquecia meu rosto. O tempo estava bom e o céu estava incrivelmente azul, mesmo para um dia de abril. Foi quando o vi, ao jogar o pauzinho de madeira do meu último pedaço de churrasquinho numa lixeira próxima.

MoonBin estava no palco da competição de dança, organizado pela escola. Eu sinceramente não sabia que ele dançava, mas foi uma surpresa agradável. Tentei chegar mais perto, apesar da grande multidão que estava esperando o show começar, e quando consegui fazer um caminho mais perto do palco, finalmente me tremi inteiro.

Ele começou a dançar como se estivesse possuído por um demônio profissional em te deixar arrepiado e babando em passos que nem mesmo sabia que poderiam existir. É sério. De onde eu estava, ele parecia perfeito em todos os aspectos. A música estava alta, os sons do baixo batiam em meu peito, e eu só tinha olhos para ele. MoonBin fazia os movimentos com precisão, saindo de uma posição para outra, fazendo movimentos suaves e nítidos ao mesmo tempo. Seus pés flutuavam perfeitamente, seguindo o ritmo da música que tocava. E seu carisma pessoal dava um toque hipnotizante para o sentimento geral de sua coreografia.

Um movimento selvagem dele com os quadris fez meu coração pular em meu peito simultâneo ao que ampliei meus olhos de admiração, diante de uma onda sensual seguida. A expressão naquele rosto carregando o pecado da luxúria era linda. Parecia tão sério, tão confortável enquanto dançava. Era sexy, honestamente. Sem contar na intensidade de seus olhos, sempre provocantemente adorável, quando pousou no público que havia completamente conquistado. Era absolutamente viciante, com aquele olhar sedutor, obrigando os sentidos de cada pessoa presente queimarem com o desejo de querer tocá-lo.

Vê-lo dançar daquela forma, tão perto e tão longe, foi um prazer e uma tortura ao mesmo tempo. Senti como se eu já sabia muito sobre ele, mas a realidade era cruel e a verdade era que eu não sabia nada.

Ele provavelmente nem sabia o meu nome e eu acho que não posso culpá-lo por isso. Afinal de contas, nós nunca trocamos muitas palavras, e eu não esperava muito mais que isso.

Quando a canção chegou ao fim e o corpo dele estremeceu em direção ao movimento final da coreografia, seus olhos fecharam-se e eu também fiz o mesmo. Um momento curto, mas perfeito. Eu não poderia me entender, mas subitamente queria implorar por mais. E foi assim que percebi que eu estava irrevogavelmente enfeitiçado por ele.

Eu era muito popular, também. Assim como ele, eu nunca tinha feito nada para que isso acontecesse. Perguntei-me algumas vezes o que as pessoas encontravam em mim, pois eu nunca me incomodei a falar com a maioria dos alunos de nossa escola. Mas acho que é porque as meninas diziam que eu parecia "misteriosamente bonito", ou porque os caras pensavam que eu parecia viver de formol por ter um rosto de bebê e ao mesmo tempo legal por tirar boas notas.

Muito idiota, não é? Eu nunca pedi para ser popular e coisas do tipo. Só queria que minha vida fosse calma, mas não muito também. Continuamente, ir à escola todos os dias não era calmo, porém, apenas chato. Pelo menos, foi isso que eu pensei até que conheci Kim MoonBin.

 

Stalker esquisito

Sempre achei uma forma de pousar meus olhos no dono da risada mais linda desse mundo. Sempre. Quando SanHa descobriu sobre minha... obsessão por MoonBin, ele disse que eu parecia um stalker esquisito. Provavelmente, mas não era como se o alvo soubesse. Eu tinha a certeza que não. Meu orgulho não me permitia deixá-lo saber que eu estava sempre olhando para ele, com a esperança de que talvez um dia, nós seríamos capazes de ser amigos ou talvez mais. Eu gostava dele, e às vezes era doloroso, porque eu sabia que nada iria acontecer entre nós dois. Acreditava que nossos mundos eram muito diferentes e que ele merecia alguém melhor do que eu. Não tenho problemas de baixo-estima, nem nada do tipo, mas só de sermos do mesmo sexo e ele ser tão surreal, acho que devia encontrar alguém tão perfeito quanto – é exatamente por isso que SanHa disse que eu parecia um stalker esquisito.

Nem sei se sou gay, sinceramente. Nunca namorei ninguém antes. Nem meninas ou meninos, porque eu não tinha nenhum interesse em ter um compromisso. Essa questão, porém, apareceu ao conhecê-lo. Eu gostei dele, e gostar dele me fez entender que eu tinha sentimentos por... Um homem. Eu acho que o pensamento de ser homossexual ou bissexual, pelo menos, me assustou um pouco. E rapidamente eu aceitei, surpreendentemente. MoonBin parecia um ótimo motivo para que eu largasse meu machismo e não reclamar de ser taxado como um viadinho.

Quando ouvi de SanHa, que Rocky na verdade não namorava a tal patricinha, mas fingia aos olhos da sociedade porque era gay, juro que eu poderia ter soltado fogos no céu de felicidade, antes de cair no inferno com tristeza. Eu não sei porquê, mas minhas esperanças levantaram tão rapidamente quanto despencaram, ao ouvir sobre a sexualidade do amigo de MoonBin. Eu sei que é idiota, mas ninguém pode controlar a forma de um coração bater.

Acho que fui um pouco masoquista, mas eu estava olhando MoonBin de longe. Parecia impossível para mim, que ele aceitasse ser algo como meu namorado, de modo a ser capaz de tocá-lo, mesmo que fosse só um pouco; era algo que eu poderia suportar. Porque eu gostava dele, e isso já era perfeitamente lindo pra mim.

Não sei quando me tornei tão brega por causa desse cara. E isso me fez aceitar o apelido de esquisito. Dizer este tipo de coisa faz-me querer vomitar tudo sobre mim, de tão idiota que pareço ser a quem um dia se afogar em cada linha de minha história. Tenho certeza que até MoonBin iria rir da minha cara se eu falasse isso. Mas quando penso nele, não posso controlar. Eu sentia vontade de me chocar contra a parede várias vezes, mas minha cabeça já estava muito confusa para poder consertar tudo aquilo.

 

Outro festival de sentimentos

Sabe como percebi que minha paixão platônica já estava sem esperanças? Por causa dele, é claro. Era sempre por causa dele, mas naquela época não achei que fosse uma coisa ruim.

Cerca de um mês após o festival do colégio, em maio, foi ficando mais quente e mais quente a cada dia. As salas de aula estavam quentes como o interior de um forno e vários alunos – inclusive eu – tiveram que tirar a jaqueta de uniforme. SanHa tinha me dito que os membros do clube de futebol tiravam a camisa enquanto jogavam porque era muito quente – ele fazia parte do clube de futebol, e se não fosse pelo meu costume em trabalho de meio período depois da escola, eu também faria. Não era como se eu pudesse sair do trabalho e correr para o campo de futebol, até porque o dinheiro não era para mim, mas para meus pais. Não somos particularmente pobres, mas não somos ricos também. Era natural para mim, ajudá-los. Falando sobre isso, desde o dia em que esbarrei em MoonBin no corredor da escola, eu estava ficando cada vez menos focado nas tarefas que meu chefe dava. Eu tinha desenvolvido o mau hábito de pensar nele sempre que me sentia um pouco entediado, e eu estava ficando entediado muitas vezes. Felizmente, o proprietário da loja de CD, que tinha cerca de sessenta anos, era legal e sempre me tratou como seu neto, pois era raro eu ser repreendido.

Naquele mês quente de Maio, eu sempre ia sem ânimo para a loja, todos os dias depois da escola, porque eu sabia que em vez de vender os mais recentes álbuns de inúmeros ídolos e ajudar as pessoas a encontrarem uma música hit que eu nunca tinha ouvido falar, eu poderia comparecer ao campo de futebol da nossa escola ver meu melhor amigo jogar e, quem sabe, bisbilhotar MoonBin.

No entanto, numa sexta-feira (ou talvez um sábado, não me recordo bem), lembro-me que o dono da minha risada preferida apareceu atrás do balcão, olhando distraidamente para o computador antigo que o proprietário sempre me emprestava, quando eu não tinha nada para fazer além de escutar meu iPod. A loja estava vazia, exceto por minha presença, a do velho homem que estava dormindo em uma cadeira de balanço no quarto dos fundos, e por um cliente que entrou. Quando eu ouvi pela primeira vez a campainha, sinalizando que alguém entrava, apenas olhei rapidamente e não o reconheci de imediato sob a luz fraca do lugar. Murmurei um 'Bem vindo' e acho que ele respondeu com uma saudação igualmente, calmo e educado, passeando pelo local, olhando para algum CD, antes de parar em frente ao balcão. Olhei por cima e, em seguida, o vi. Quase caí da cadeira.

Eu quase quis me chutar quando só consegui olhar para ele com olhos arregalados.

Ele riu brilhantemente feliz, e a lembrança daquele dia chuvoso, o dia em que eu ouvi a risada mais apaixonante do mundo– quase a mesma risada –, voltou com uma força desestabilizadora.

“Oi!”, MoonBin disse com um sorriso encantador. Acho que corei um pouco ao vê-lo tão surpreso com minha presença, entregando-me aquele sorriso adoravelmente alegre. Era bastante embaraçoso, porque eu estava tão embasbacado, que não consegui perceber de imediato que ele se encontrava parado bem na minha frente, segurando um pacote de salgadinhos enquanto esperava meu “oi” de volta. E o pior de tudo era que um balcão de madeira estúpido nos separava.

“Eu não sabia que você trabalhava aqui.”

“Agora você sabe”, foi o que pensei na hora, apesar de nem ter respondido o “oi”.

Não éramos amigos, apenas alunos que vão para a mesma escola. No entanto, o fato dele parecer genuinamente interessado e curioso sobre mim fez meu coração vibrar um pouco, mas o suficiente para me lembrar que eu tinha uma queda por ele durante oito meses seguidos.

Li algumas pesquisas de estudos que dizem que se você continuar a gostar da mesma pessoa por três meses consecutivos, isso significa que você a ama. Então, foram oito meses para mim, apesar de eu não achar que eu o amava. Ainda não, pelo menos. Afinal, o que era amar alguém que eu nunca tive uma conversa real? Eu não queria cair de amores por alguém que eu não tinha a menor chance. Eu mantinha firmemente meus sentimentos por ele, como uma paixão adolescente e nada mais.

“Olá.”, respondi depois de quase cinco minutos em silêncio, e, acho que foi a primeira palavra que dirigi a ele. “Como... Er... Posso ajudá-lo?”

O sorriso dele alargou-se e ele se virou um pouco para apontar uma embalagem com CD de hip-hop.

“Estou procurando um CD específico de hip-hop.”, explicou-me antes de continuar: “Mas não sei por onde procurar.”

Lembrei-me da maneira que levantei da minha cadeira e como tropecei para acompanhá-lo ao outro lado do balcão. Nós saímos para a seção de hip-hop da loja, e eu tentei o melhor que pude para ajudá-lo, porque parecia que seria minha única chance.

Ele me contou sobre seus cantores e ídolos favoritos, o seu sonho de se tornar um dançarino profissional um dia enquanto eu não disse muito. Ele era o único a falar, porque tudo o que eu conseguia pensar era no cheiro forte e doce que podia sentir exalando de seu corpo a cada movimento que ele fazia. As pessoas normais provavelmente teriam tentado agarrar esta oportunidade para tornar-se amigo dele e se aproximar, mas eu não fiz. Não me pergunte o porquê, porque até hoje não sou capaz de responder. Só sei que era bom demais ouvir a melodia daquela sua voz soando tão perto de mim, que sequer pensei a me atrever impedi-lo para poder ousar a falar algo da minha maldita vida tediosa. Apesar disso, ele não parecia incomodado com meu jeito recatado.

Ele estava tão bonito, como sempre, e parecia muito feliz. Eu não queria quebrar essa perfeição que o rodeava. Eu queria que ele ficasse tão sorridente e feliz para sempre, e tinha certeza que eu não seria capaz de mantê-lo tão alegre. Não sou um tipo bem humorado, nem falo muito ou sorrio muito. Sou discreto, muitas vezes confundiam-me como rude e frio. Tão diferentes. Nossos mundos são tão distantes um do outro, e eu não queria que ele ficasse preso no meu. Ele seria tão triste, tão entediado.

Quando MoonBin finalmente encontrou o CD que estava procurando, ele me deu um sorriso agradecido, dizendo que seria legal sair comigo um dia. Pagou sua compra e acenou uma última vez para mim, antes de desaparecer atrás da porta.

Eu sabia que estava enlouquecendo quando um sorriso triste espalhou-se em meus lábios, e eu murmurei: "Vejo você em breve, MoonBin..." Pareço louco, certo? Pois devo ser. Às vezes, até acho que eu deveria ir a um psiquiatra. Omma quase me levou, para ser honesto. O motivo? Porque durante as férias, e eu não poderia mais ver minha risada favorita.

 

Longe da minha risada

Dois longos meses foram os donos do meu desespero enquanto eu me encontrava perdido em algum lugar no interior da Coréia, preso com os meus pais e os meus avós, sem poder ver MoonBin. Na verdade, passar o verão com a minha família não era uma coisa tão ruim. Eu gostava de ir para o interior, especialmente quando sei que minha avó vai cozinhar meus guisados ​​favoritos e que eu vou pescar com meu avô. Mesmo ajudando-os na fazenda, não me incomodava, mas o que me incomodava mesmo era o fato de que ele não estaria lá. Eu estava tão acostumado a identificar facilmente o sorriso lindo entre a multidão de alunos da nossa escola, que não ser capaz de vê-lo, mesmo de longe, era quase como uma tortura.

Senti tanto a falta de MoonBin. Ele nunca sequer poderá perceber o quão doloroso meus primeiros dias de férias foram. Eu era como uma criança que perdeu seu ursinho; um garoto perdido que não sabia o caminho de casa.

Na primeira semana, eu me tranquei em meu quarto na casa dos meus avós. Eu apenas deixava o lugar escuro e sombrio quando era hora de comer ou quando a Omma praticamente me arrastava para fora. Minha avó disse que eu parecia sem vida; meu avô ficava repetindo que eu tinha que comer mais se não quisesse entrar em colapso; e Omma apenas franzia a testa para mim, preocupada.

As coisas melhoraram quando meu irmão mais velho chegou uma semana depois. Ele falava em voz alta e ria bastante, como sempre, e eu não poderia me segurar sem não sorrir de volta. Ele nos contou sobre sua vida, sobre a namorada dele e sobre seu trabalho, e eu só ouvia distraidamente. Na verdade, eu me perguntava o que MoonBin estava fazendo, onde ele estava, e se ainda estava tão feliz quanto estava no colegial. Fazia apenas alguns dias que eu não conseguia ver seu rosto, mas já parecia uma eternidade.

Lembro que eu estava tentado ligar para SanHa, em algum momento, só para perguntar se ele sabia onde MoonBin estava. Ele tem um bom relacionamento com Myung Jun, e eu tinha certeza que ele sabia sobre o dono da minha risada. Eu não, porém, porque o meu orgulho não me permitia. Eu não queria me afogar em um devaneio auto-infligido.

Talvez ele está pensando em mim?”

“Talvez goste de mim também?”

“Talvez ele seja apenas tímido.”

Essas eram algumas coisas que eu me proibia a pensar. Eu já tinha um caso sério de paixão por aquele cara, e não precisava começar alucinando a possibilidade de uma relação entre nós.

Sinceramente, não me lembro muito das férias de verão do ano passado, simplesmente porque MoonBin não estava lá. Lembro-me dos primeiros dias, porque eles foram os mais difíceis, mas as semanas seguintes são memórias simplesmente sem sentido e doces, da minha família. E eu trancado no meu campo escuro. Provavelmente, passei metade do meu tempo pensando nele, e a outra metade xingando mosquitos e queimaduras.

A maioria das pessoas teriam esquecido sobre esse tipo de paixão. Dois meses é geralmente mais do que suficiente para limpar a mente e cabeça, encontrar alguém para gostar e esquecer os sentimentos não correspondidos. Sinceramente, pensei que seria capaz de esquecê-lo. Nem mesmo eu consigo contabilizar as vezes que tentei apagá-lo da minha cabeça e do meu coração. Mas tentei dar uma volta em torno da cidade mais próxima – que era muito pequena quando comparada a Seoul – e encontrar alguém que pudesse prender o meu interesse. Meninas ou meninos, mas ninguém me chamou a atenção. Eles não eram MoonBin. E tudo que eu queria era MoonBin. Foi totalmente frustrante, para dizer a verdade. Por causa disso, bati minha cabeça de propósito contra a parede da cozinha algumas vezes –  por isso que mamãe queria me levar para ver um psiquiatra.

 

Sentimentos assassinados

O início do ano letivo finalmente havia chegado e acho que nunca fui tão animado para escola. Um ano atrás, eu era um adolescente rabugento sem sentimentos, que ia para escola só por obrigação. Mas agora, além de saber que era essencial estudar por causa dos exames admissionais para universidades, eu carregava em meu coração a louca vontade de ver MoonBin. Eu estava animado para vê-lo novamente, depois de dois longos e angustiantes meses. Queria saber se ele estava na minha turma e se nós nos tornaríamos amigos. Eram esperanças infantis, mas era agradável. No entanto, ele não estava na minha classe e nós ainda não éramos amigos.

Deparei-me com ele imediatamente, naquele dia. Ele estava no portão da escola, conversando com Myung Jun e Rocky. Parecia ser o mesmo, e o sorriso familiar que tinha em seus lábios fez-me sorrir aliviado.

Eu não sabia que, apesar da incrível alegria de olhar para ele novamente, uma enorme tristeza cairia sobre mim, o mais tardar no dia seguinte. Honestamente, acho que eu chorei quando ouvi a notícia. Por quanto tempo, eu não sei, mas sei que doeu. Queria odiá-lo por me fazer parecer tão patético e miserável, mas eu não conseguia encontrar a força em mim, para estar realmente chateado com ele. MoonBin não havia feito nada de errado, afinal. Era só eu, um ser estúpido e muito dramático.

Era o segundo dia de aula, já no finalzinho dos períodos, quando fiquei sabendo. Ou melhor, quando vi. MoonBin e seu namorado. Ele estava tão animado durante a saída, que senti vontade de segui-lo para ficar contemplando aquele sorriso, até que... Notei que aquela animação era ansiedade por encontrar alguém, que de primeira pensei ser apenas um amigo próximo dele. Mas, de repente, os lábios lindos do dono da minha risada estavam pressionados nos daquele cara, e eu senti o mundo desmoronar à minha volta.

A cena esmagou meu coração, deixando-me tão surpreso, que eu não conseguia respirar corretamente. Eu queria fugir para longe, longe de qualquer lugar que me possibilitaria ver MoonBin e seu suposto namorado. Mas eu simplesmente não conseguia parar de olhar. Vê-lo beijando um homem com tanta paixão, sem se importar com o que as pessoas iriam pensar, frente aos meus olhos, como se estivesse zombando de mim, fez raiva ferver em minhas veias. Eu estava momentaneamente tentado a ir socá-lo, mas em vez disso, fiquei estático.

Quais direitos eu tinha para com ele? Nenhum.

Eu estava congelado no lugar, incapaz de correr ou até mesmo me mover. Meus olhos estavam fixos em como o maxilar de MoonBin se movia para que seus lábios comprimissem ao redor dos alheios; um de seus braços apertavam o outro pela cintura e sua outra mão o dominava pelos fios da nuca.

Fora uma das cenas mais marcantes da minha vida. A assassina dos meus sentimentos.

 

Tristeza infinita

Nem sei como consegui voltar para casa naquele dia. Tudo o que sei é que, quando cheguei em meu quarto, desabei no colchão e chorei todas as lágrimas que poderia jogar fora. Foi muito doloroso. Pensei que nunca iria parar de doer. Eu estava triste, mas feliz também. Eu não sabia que podia sentir essas duas emoções completamente diferentes ao mesmo tempo, até aquela noite.

Eu estava triste, porque não era eu. Não era eu beijando aquele homem, puxando-o com força contra mim. Não era eu fazendo aqueles olhos brilharem com excitação e sentimentos tão fortes de paixão, ansiando por se encontrarem com os meus. Não era eu quem teve a oportunidade de provar daqueles doces lábios, para ouvi-lo rir e falar o tempo todo, e para segurar sua mão sempre que queria. Nem sei por que eu estava decepcionado e desiludido, quando eu já sabia que nada era possível entre nós.

Mas, ao mesmo tempo, senti-me feliz. De verdade. Meu coração sentia como se tivesse sido esmagado em milhões de pedaços, mas, ele parecia em êxtase. Aquele cara parecia dá-lo o suficiente – amor, carinho e ternura para mantê-lo sorrindo. Ele estava... Talvez até mais brilhante do que antes. E se ele estava feliz, então eu tinha que ficar contente. Ele parecia estar tão feliz, e eu estava feliz com isso até um certo ponto.

Ouvi de SanHa que o nome do tal cara era ChanWoo. Eu realmente odeio admitir isso, mas ele era bonito e parecia ser um cara legal. Parecia que estava tomando conta de MoonBin quando eu os vi juntos. O que é engraçado nessa confusão toda é que assim que eu soube que ele tinha um namorado, fiz o meu melhor para evitá-lo. Era só porque eu estava com medo de ser ainda mais ferido do que já estava. Eu não o culpava por nada, mas era realmente doloroso, ainda mais por me forçar a não procurar aquele eyesmile lindo, muito menos a localização daquela risada gostosa.

Tentei não olhar para ele no meio da multidão de alunos da nossa escola e não vê-lo quando a prática do futebol começava. Em vez disso, passei meu tempo no terraço do colégio, em luto pela minha própria vida lamentável. Não foi uma boa fase da minha vida, para ser honesto, e eu gostaria de esquecê-lo o mais rápido possível, mas já que era ele, acho que esse desejo não seria cumprido.

Lembro que MoonBin parou na loja de CD, um dia de novembro, mas não me lembro exatamente o que aconteceu, porque fiz o meu melhor para não falar muito com ele, e, felizmente, o velho o atendeu depressa – ele geralmente dormia, mas aquele dia quis atendê-lo. Eu não queria falar com ele e olhar em seus olhos, porque eu tinha certeza que eles só me fariam ficar ainda mais apaixonado. Eu queria ser forte, e mesmo que só estivesse sendo fraco, tentei ter a leve ilusão de que ele não tinha tanta importância quanto no passado. Mas quem eu estava tentando convencer, realmente? Ele ainda tinha – mais do que nunca, na verdade –, e eu estava apenas enganando a mim mesmo.

Quatro longos meses se passaram. O feriado de Natal era longo e já tínhamos que voltar para a escola. Ainda me perguntava como MoonBin estava, o que fazia durante o intervalo e se estava com ChanWoo. Eu andava preguiçoso na escola, o lugar onde tudo começou, onde eu comecei a olhar e gostar dele, quando tive uma ideia.

 

Quem sabe...

MoonBin foi a primeira coisa que vi quando fui ao edifício da escola. Ele estava falando com Rocky neste momento. Algo me fez desaprovar o pousar de meus olhos em sua silhueta, e me pergunto o motivo até hoje. Fiquei olhando, talvez muito corajosamente, mas algo me deixava desconfortável quando meus olhos trilhavam sobre aquele rosto impecável. E mais desconfortável ainda, quando ele levantou a cabeça e seus olhos encontraram os meus.

Foi quando percebi... Ele não estava mais... Sorrindo.

Foi SanHa – mais uma vez – que me disse a razão pela qual, o belo sorriso nos olhos de MoonBin não estava mais estampado em seu rosto. Ele me disse, na aula de Filosofia, quando o professor estava virando as costas para nós depois em voz alta repreendendo um aluno na primeira fileira, e no começo eu não acreditei nele.

“Impossível que eles tenham terminado”, foi o que pensei. “MoonBin, perdoe-me por ter ficado tão... culposamente feliz com isso?”

 

Tentativa

Mordi meu lábio inferior com preocupação, hesitante, fazendo o caminho até as escadas. A porta proibida que dava para o terraço do ensino médio estava à minha frente, quase me engolindo, ainda sim apertei o pacote de salgadinhos entre minhas mãos. Perguntava-me se era uma boa ideia seguir adiante, se eu não deveria voltar atrás e descer as escadas. Eu tinha um pouco de medo, porque não sabia como ele iria reagir, e sentia-me nervoso, porque estava fazendo isso por causa dele.

Olhei a porta por alguns minutos para deliberar o que parecia horas, até que finalmente decidi agarrar a maçaneta e girá-la. Abri o retângulo de madeira silenciosamente, dando passos hesitantes. Estremeci quando um vento forte e o frio fez com que meu cabelo escuro voasse por meu rosto, e os flocos de neve caíssem sobre minha cabeça. Em seguida, varri o local com os olhos, procurando especialmente aqueles cabelos castanhos até que finalmente o vi, sentado em um banco muito antigo, perto da cerca de arame que rodeava o terraço.

Parei imediatamente em meu trilho, engolindo um nó de nervosismo formando em minha garganta, e observei as costas dele, mordendo o lábio inferior com uma mistura de expectativa e apreensão. Não me movi e voltei a hesitar novamente.

Ele era tão bonito, ali, sentado naquele banco com o cabelo voando e pequenos flocos de neve caindo em torno de sua figura carismática.

Eu não sabia o que deveria fazer, então só ouvi meu instinto e com um suspiro determinado, caminhei mais um pouco. Sem dizer nada, sentei-me ao lado dele, evitando contato com seus olhos. Pude sentir seu olhar sobre mim, mas eu era muito covarde para virar o rosto. Em vez disso, ohei para o pacote de salgadinhos em minha mão e, calmamente, o coloquei entre nossos corpos.

― Aqui. – murmurei nervoso, dando a entender que resmungava com o frio.

Ouvi uma risada, então, imediatamente, levantei a cabeça para olhar na direção daquele som divino, porque fazia tempo desde que o ouvi rir, mesmo que fosse um pouco. Meus olhos imediatamente encontraram-se aos de MoonBin, que estava sorrindo brilhantemente. Seus belos olhos; os lábios finos esticados sobre dentes e as duas covinhas discretas apareceram diante de meus olhos, assim como a primeira vez que vi seu rosto, quando colidimos no corredor.

― Obrigado, Eunwoo-ssi. – MoonBin disse, e seu sorriso se alastrou.

Eu não sabia que ele sabia meu nome, e isso fez meu coração palpitar violentamente de felicidade.

Sorri de volta, timidamente.

― De nada, MoonBin-ssi...

― Pode me chamar de MoonBin apenas, sem formalidades. – ele sugeriu, sorrindo um sorriso caloroso que poderia derreter uma geleira inteira. Sorriso este que fazia meu coração doer, tamanho o sentimento que parecia engradecer em meu peito apenas de fitá-lo naquela proximidade. Tornava-se quase extasiante poder observá-lo tão de perto, depois de tantos meses o fazendo de longe.

“Não sei como cheguei a amá-lo, Kim MoonBin.” – pensei, quando ele pegou o pacote para abri-lo e comê-lo, como se aqueles floquinhos de neve e o frio não importassem. – “Mas só sei que amo...”

― Posso... Fazer uma pergunta, MoonBin?

― Quantas quiser, Eun-ah. – Novamente aquele sorriso; desta vez, acompanhado do carinho ao ressoar meu nome. Eu não sabia se ele tinha falado baixo e o “Woo” fora abafado, podendo ser escutado apenas o “Eun”, ou se realmente ele havia dito somente isso. De qualquer forma, eu senti minhas entranhas tremerem com a felicidade que senti. Poderia parecer bobo demais, mas até uma parte de meu próprio nome, dita por MoonBin, parecia se tornar a melhor música aos meus ouvidos. Se eu pudesse, pediria para que ele gravasse “Eun-ah”, para que assim eu escutasse desde a hora de meu despertar até a hora de dormir. Tinha certeza que ainda sim, não iria enjoar.

― Como... Sabe meu nome? – perguntei, após alguns segundos pensando em diversas formas de fazer aquela pergunta. Para qualquer pessoa, aquilo seria o de menos, depois de conseguir estar ao lado de quem se ama; um amor que os olhos passaram a amar primeiro.

O que eu sentia por MoonBin não fora um amor a primeira vista. Mas foi e é um amor que começou pela risada. Depois tomou conta de minha mente e, aí sim, alastrou-se por meu peito afim de se instalar no coração. Foi como uma doença corroendo cada parte de meu corpo. Uma doença que parecia não ter cura. Uma doença, a única, em que não me importava de perder a vida. A única, que me fazia sofrer, mas que eu não me importava de deixá-la crescer. Eu não desejava cura. Desejava apenas ter o único remédio ao meu lado.

Meu eterno Kim MoonBin, dono da risada mais linda desse mundo.

― Digamos que... Fiquei curioso.



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