- Mãe... – sussurrei enquanto fitava o corpo a minha frente.
- não sei quem é você... – ela levantou uma sobrancelha – mas posso dizer que nunca tive uma filha. – curvei os olhos tentando evitar a dor que invadia o meu corpo após ouvir tais palavras.
- mãe... sou eu Clarke... – fitei seus olhos, não havia mais o brilho desapontado de antes, nem o cansado, ou o brilhante mediante a algo bom, era como se não existe mais uma luz naquelas íris.
- você deve estar tendo alguma alucinação garota... mas logo estará se sentindo melhor... – ela pegou um daqueles comprimidos e me ofereceu, neguei com a cabeça dando um paço para trás. – você precisa se libertar pequena garota, deixar todos os seus medos ir...
- sentir medo é bom... nos deixa vivos...
- mas nos machuca... pra que sentir dor? – ela passou as mãos pela minha face e eu senti um arrepio percorrer o meu corpo, ela estava tão solene de suas palavras.
- não mãe... – neguei mais uma vez. – se fosse algo bom... nós iriamos até isso... e não seria tomado a força.
- não estou obrigando você.
- mas ela está... todos aqui estão... aqueles guardas estão... – apontei para porta. – deveríamos ter a escolha... você não teve escolha.
- isso é para o seu bem...
- meu bem está longe daqui... meu bem está a minha frente pedindo para que eu perca a liderança de minha própria mente... este não é o meu bem.
- parem de conversar... – escutei a voz do Jaha. – você vai tomar... e vai ver o quão belo é o nosso mundo.
- vá se foder... – bati em sua mão fazendo as centenas de comprimidos caírem no chão.
- guardas... – ele chamou, minha mãe já tinha se virado para mim e seguido até a enorme fila que se forma nos fundos da sala. Um grounder me puxou pelo braço e forçou meu corpo para fora dali.
- irá para a sala de tortura... wanheda não aprende... – ela negou com a cabeça ainda estampando um sorriso irônico.
Talvez tudo se perdesse enquanto eu dava aqueles paços lentos em direção a minha morte, só em saber que Magot estava bem aliviava um pouco a alma torturada.
Minhas mãos tremiam de forma violenta e eu abaixei o meu olhar evitando as lágrimas que começavam a surgir, vitória na guerra, mesmo que eu seja apenas uma peça daquele tabuleiro, uma peça descartável, como meu pai, como Wells, Finn... Wanheda
- deitem ela aqui... – escutei a voz de Ontári ao longe, meu corpo parecia flutuar, eu não conseguia sentir minha própria pele, nem quando os guardas me deitaram numa espécie de cama de dura, olhei para o lado e fitei mesmo que embaçadamente meus pulsos serem amarrados, não forcei contra o couro duro, apenas respirava devagar tentando me deixar viva.
O que estava acontecendo?
Com meu corpo e sensações eu não sabia, mas logo um pano foi posto em minha boca e a voz ao fundo perguntou?
- você poderia ter deixado tudo isso tão fácil... mas não... tem que lutar... arriscar... sabe o que acontece com quem se arrisca demais? – ela puxou os meus cabelos me obrigando olhar seu rosto. – você pode perder.
Ela me soltou bruscamente e uma mão apertou o tecido nos meus lábios para logo em seguida eu receber um jato de água.
Arregalei os olhos tentando enxergar alguma coisa, mas só o que vinha eram fleches e sons de risadas intermináveis enquanto eu sentia meus pulmões em plena brasa e minha garganta aos poucos se fechar impedindo minha respiração.
Eu gritava, mas não me escutava ninguém me escutava. Isso é morrer? Talvez devesse passar um filme da minha vida rapidamente. Ontári ainda me fazia perguntas, eu não compreendia e nem respondia, o que a deixava ainda mais zangada. Tudo se resumia a minutos sem fim, horas intermináveis enquanto eu sentia a resistência de meus pulmões posta a toda prova.
Quando pensei que tudo terminaria, meu corpo foi arrancado da mesa e jogado no chão, não consegui evitar a pancada no meu rosto, e nem os diversos socos e pontapés que vieram em direção ao mesmo. A única diferença é que eu assistia meu corpo ser machucado de cima, era como se eu estivesse localizada no canto do teto da sala escura e não pudesse me mover e nem sentir.
- tenha calma Clarke... – escutei uma voz feminina, mas não conseguia me lembrar de quem era. – tudo vai ficar bem...
- eu morri? – que pergunta tola, é claro que eu morri, minha visão agora estava melhor e eu conseguia ver o meu corpo de bruços no chão, meu peito não fazia movimento de respiração e meu mal feitores já tinham se afastado.
- ainda não... – a mesma voz respondeu.
- o que estou fazendo aqui?
- precisa cumprir sua missão...
- mas como? Se estou ali, praticamente morta...
- mas não está não irá morrer Clarke, mas precisa ser resistente...
- quem é você?
- a pessoa que criou tudo isso.
- e como não posso te ver?
- porque não quero que o faça... apenas preste atenção. Lexa aprendeu com seus erros, te conduziu a tudo isso, A.L.I.E 2 ainda é uma criança, não está 100% formada, ela cresce a cada geração que é passada.
- a próxima será Margô certo?
- infelizmente não...
- mas eu pensei...
- existem sacrifícios à frente Clarke, e não haverá espaço para decisões incertas, é tudo ou nada.
- do que está falando? Ela não irá...
- você vai ter que tomar decisões... tais decisões implicarão na sobrevivência da inteligência.
- e quando a Ontária e tudo isso...
- essa não é a primeira vez que A.L.I.E. 1 tentará aniquilar os seres humanos... e nem será a ultima, essa é apenas mais uma batalha...
- deus, você não diz nada com nada, não entendo isso... se A.L.I.E 1 irá vencer sempre, porque ainda temos que lutar?
- não é o termo “ter” e sim o “por quem”, porquem você luta Clarke? Magot, Abby, por seus amigos? Por um amor em guerra?
- eu não sei... eu luto por todos... mas olhe para mim... – apontei para o chão – vale a pena?
- isso você deve responde a si mesma... agora acorde. – um vento frio veio em minha direção e eu senti o meu corpo inteiro ser moído, osso por osso ser quebrado, tentei abrir os olhos, mas um enorme peso estava por cima de minha testa e não consegui, a respiração me dava pontadas doloridas nas costelas e eu gemi sentindo minha pulsação rápida enquanto fratura exposta na minha perna pulsava de forma dolorosa.
Com toda a minha força eu respirei expelindo uma grande quantidade de sangue que estava presa no meu canal respiratório, meus olhos lacrimejaram com a sensação de várias facas sendo enfiadas no meu ventre e eu me encolhi como um feto.
- levem esse corpo inútil daqui... mas o mantenham vivo... quero exibir a Skaykru aquela maldita, assim que colocar os pés aqui...
Dois pares de mãos me levantaram de uma só vez e novamente tomei fôlego, minha vida dependia disso,
Tudo dependia.
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