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História Love Inside Out - Ele confiou em você


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 12 - Ele confiou em você


               Lety mexeu-se à cama, abrindo os olhos. Logo sentiu o braço de Fernando em volta de sua cintura, e sorriu quando deu de cara com ele. Ele dormia como um anjo, e ela teve que se esforçar para conseguir parar de olhá-lo e sentar-se à cama. Tomando alguns segundos para despertar, ela passou a mão no rosto e levantou-se, pegando o seu pijama que estava jogado no chão. Rapidamente ela seguiu para o banheiro, se lembrando da experiência maravilhosa que tiveram na noite anterior. A cada vez que faziam amor, era uma sensação nova que os dois conheciam, e isso sempre os deixava ainda mais animados. Depois de se higienizar, Letícia saiu do banheiro no mesmo instante que Fernando acordou. Ele espreguiçou-se à cama e logo notou que ela o olhava.

- Bom dia! – Ela sorriu, seguindo em direção à cama.

- Bom dia. – Ele sorriu.

               Letícia inclinou-se sobre ele, lhe dando um demorado beijo.

- Como dormiu? – Ele perguntou.

- Melhor impossível. E você?

- Digo o mesmo.

               Fernando levantou a coberta e logo percebeu porque estava sentindo um frio estranho por baixo.

- Pode pegar a minha cueca, por favor? – Ele a olhou divertido e Letícia gargalhou.

               Ela se levantou e pegou a cueca dele que estava jogada ao lado da cama.

- Obrigado. – Ele rapidamente vestiu a cueca por baixo do cobertor. – Você conferiu se a cama não está quebrada?

- Não... Por quê?

- Ontem eu ouvi um barulho.

- Não exagere, Fernando. – Ela riu. – Não somos selvagens.

- Você que pensa. – Ele a segurou pela cintura, puxando-a até a cama.

               Letícia gargalhou e ele se inclinou sobre ela, lhe beijando novamente.

- Hoje podemos repetir a dose. Estamos com o dia livre.

- Hum... Quem sabe? Ainda sobrou algumas cervejas?

- Está querendo me embebedar, Letícia Mendiola?

- Não, é claro que não. Mas admita, nos deixou com mais fogo do que o normal.

- É, eu tenho que admitir. Bom, sendo assim não se preocupe. Vou agora mesmo comprar três caixas de cerveja pra você.

               Letícia bateu em seu ombro, gargalhando.

- E por falar nisso... Você pode usar esse pijama mais vezes.

- Você gostou?

- Eu adorei.

- Comprei ontem. Foi justamente para a ocasião.

- Espertinha. – Ele sorriu, apertando sua cintura.

               Os dois se beijaram, e novamente sentiram um calor percorrer por seus corpos. Era impossível ficarem perto um do outro sem que isso acontecesse. Mas, antes que pudessem deixar o fogo dominá-los, ouviram batidas na porta. Fernando parou o beijo e olhou para Lety.

- Pode abrir? Não posso atender a Maria desse jeito. – Ele riu.

- Tudo bem.

               Letícia se levantou e seguiu até a porta, abrindo-a.

- Bom dia, Maria! – Lety exclamou animada.

- Bom dia! – Ela sorriu. – Eu acordei vocês?

- Não. Já estávamos acordados.

- É que o Seu Humberto quer falar com o Fernando. – Ela apontou para o telefone em sua mão. – Disse que é urgente.

- Tudo bem, eu passo pra ele. Obrigada! – Lety pegou o telefone.

- E o café já está pronto.

- Já vamos descer em um minuto.

- Ok.

               Maria sorriu divertida, feliz por saber que eles se resolveram. Letícia fechou a porta e seguiu até a cama, entregando o telefone para Fernando.

- Quem é? – Ele cochichou.

- Seu pai. Disse que é urgente.

               Fernando pegou o telefone e se ajeitou à cama para atendê-lo.

- Papai?

- Oi, filho! Como está?

- Bem... Bem. E o Senhor? Aconteceu alguma coisa?

- Infelizmente sim. Desculpe te acordar, mas tenho uma noticia ruim para te dar.

- O que foi? – Perguntou preocupado.

- O seu primo Mateus... Sofreu um acidente com a esposa noite passada.

- Ai meu Deus! – Fernando sentou-se à cama e Letícia o olhou preocupada. – E como ele está?

- Infelizmente nenhum dos dois sobreviveu.

               Fernando sentiu-se péssimo. Embora não tivesse mais contato com seu primo, os dois passaram a infância juntos, e costumavam ser ótimos amigos.

- Ah papai... Eu nem sei o que dizer. – Ele passou a mão em seu rosto.

- É realmente uma perda terrível. O velório será hoje a tarde, na casa da sua tia. Ela gostaria que você fosse, e vai ser importante para toda a família.

- É claro. Eu vou sim.

- Tudo bem. Então nos vemos lá mais tarde.

- Certo. Até logo.

- Até.

               Fernando desligou o telefone em estado de choque. Não sabia o que dizer nem o que pensar. Letícia se aproximou dele, olhando-o preocupada.

- O que foi? – Ela perguntou tensa.

- Um primo meu... Sofreu um acidente com a esposa, e não sobreviveram.

- Ah não, Fernando! – Lety segurou sua mão.

- Eu não falava com ele há muitos anos... Perdemos totalmente o contato depois que entramos para a faculdade. Mas, eu me lembro de quando éramos crianças. Estávamos sempre juntos e... Eu me sinto culpado por não ter entrado em contato todo esse tempo.

- Não se sinta assim. – Lety apertou sua mão. – Eu realmente sinto muito.

- O velório será hoje a tarde. Você... Pode ir comigo?

- É claro que sim. – Ela sorriu triste.

- Obrigado. – Ele agradeceu, beijando sua mão.

               Diferente do que eles planejaram para o sábado, a manhã foi um pouco silenciosa e com um clima triste. Fernando realmente estava sentindo aquela perda, mesmo que não tivesse mais contato com seu primo. Letícia o tempo inteiro ficou ao seu lado, mesmo nas horas de silencio, o que lhe deu forças para superar aquela notícia. Após o almoço, os dois se arrumaram para ir à casa da tia de Fernando, e como prometido, Letícia o acompanhou. Mesmo que não conhecesse o restante da família de Fernando e aquela fosse a pior situação para isso, ela estava disposta à ficar ao lado dele e ajudar no que precisar.

- Obrigado por ter vindo comigo. – Fernando disse quando desceram da moto.

- Não precisa me agradecer. – Ela sorriu, entrelaçando sua mão à sua.

               Fernando olhou em direção à casa, que havia um grande movimento, e deu um longo suspiro.

- Tudo bem? – Lety o olhou.

- Sim. Só que... Faz tempo que não vejo o restante da família. Desde quando minha avó faleceu. Vai ser um pouco estranho.

- O que importa é que sua tia vai ficar grata por você ter vindo.

- É, tem razão. – Ele apertou a mão dela. – Vamos.

               Os dois caminharam juntos até a casa, e a porta já estava aberta. Assim que Fernando entrou, os parentes que estavam ali imediatamente olharam para eles. Alguns cochicharam, outros pareciam animados por revê-lo, e outros nem tanto. Fernando logo avistou seus pais e Stella, e seguiu até eles.

- Que bom que você veio, filho. – Terezinha o cumprimentou com um abraço.

- Como estão as coisas? – Fernando perguntou, apertando a mão de seu pai.

- Sua tia ainda está abalada, mas já conseguimos acalmá-la bem.

- Na verdade, estão todos preocupados com a garotinha... – Stella comentou.

- Garotinha? – Fernando a olhou confuso. – Ele tinha uma filha?

- Sim. – Humberto suspirou. – Apenas oito anos de idade.

               Fernando respirou fundo, ainda mais triste.

- Fernando!

               Uma mulher de meia idade se aproximou, abrindo os braços para recebê-lo com um abraço.

- Tia Patrícia. – Fernando a abraçou, e ela sorriu enquanto apertava o abraço.

- Que bom que você veio.

- Eu sinto muito pelo que aconteceu.

- Eu sei... – Ela separou do abraço e tocou em seu rosto, sorrindo triste. – Voce está lindo, como sempre. Não mudou nadinha.

- Obrigado. – Ele sorriu. – Ah... Essa é a Lety. A minha esposa.

               A tia de Fernando olhou para Letícia, e por alguns segundos ela pensou que a mulher não a cumprimentaria. Mas, para sua surpresa, ela sorriu e a puxou para um abraço.

- É um prazer enfim conhecê-la.

- Igualmente. – Letícia respondeu retribuindo o abraço. – E eu lamento pelo seu filho.

- Obrigada, querida.

               Novamente ela a olhou.

- Mas que moça bonita, Fernando. Você tem muito bom gosto. Ou o seu pai teve.

               Fernando riu e abraçou Letícia pela cintura.

- Quando seu pai me contou o que tinha feito, eu confesso que fiquei muito brava com ele. Não foi Betinho?

- Foi sim. – Humberto sorriu. – Achei que ela me mataria.

- Eu achei um absurdo essa história de casamento arranjado. Mas, se eu soubesse que ela era tão bonita e educada, não teria discordado.

- Obrigada. – Letícia sorriu envergonhada.

- E que bom que você encontrou a felicidade ao lado dela. Sempre disse que você precisava de uma mulher para lhe passar a rédea.

- Não exagere, tia.

               Eles riram, até ela suspirar e o seu sorriso diminuir.

- Mateus ficaria feliz em vê-lo assim. Me lembro que quando ele se casou, a primeira coisa que ele disse à você foi que você não resistiria muito tempo, e que ele gostaria de ser o padrinho.

- É... – Fernando sorriu triste. – Foi exatamente o que ele disse.

               Patrícia virou-se para a janela, e todos olharam para a mesma direção que ela. Havia uma garotinha sozinha no jardim, sentada em seu balanço. Fernando e Lety logo imaginaram que aquela era a filha de Mateus, e ambos sentiram um aperto no peito ao vê-la daquela maneira.

- Eu não sei como vai ser daqui pra frente. – Patrícia comentou meio à um suspiro. – Ela era muito apegada à eles.

- Qual é o nome dela? – Fernando perguntou.

- Sofia. – Sua tia o olhou. – O nome dela é Sofia.

- Nós podemos ir conversar com ela?

               Parecendo surpresa com a pergunta, Patrícia franziu o cenho, mas logo depois sorriu.

- É claro que sim.

- Vamos, Lety?

- Sim!

- Com licença.

               Fernando segurou a mão de Letícia, e juntos seguiram para o jardim. Eles se aproximaram da garotinha que continuava sentada em seu balanço encarando o chão, até perceber que eles seguiam em sua direção. Quando se aproximou, Fernando abaixou-se ao lado dela e ela o olhou.

- Oi. – Ele sorriu.

- Olá.

- Sofia, não é?

- Sim!

- Meu nome é Fernando. E essa é a Lety.

- Oi. – Lety sorriu e ela retribuiu o sorriso.

- Eu e seu pai éramos primos. – Fernando disse. – Fomos muito amigos quando éramos crianças.

               Ela continuou olhando-o.

- Como você está?

- Bem, eu acho. – Sua expressão ficou triste, e ela parecia prestes a chorar. – Mas eu não vou mais ver os meus pais.

- Ah... Não fique assim. – Fernando segurou suas mãos. – Eles não iam querer vê-la triste.

- Mas eu não consigo não ficar triste.

- Eu sei que é difícil. Mas seus pais eram muito alegres e tinham um ótimo humor, não e?

               Ela balançou a cabeça afirmando.

- Então eu sei que eles não queriam vê-la assim. Mas eu vou te contar um segredo...

               Sofia o olhou curiosa.

- Se você estiver com muita vontade de chorar, chore. Não há coisa melhor do que chorar quando temos vontade, não é? – Mais uma vez ela balançou a cabeça. – Então aproveite hoje, e chore tudo o que você quer chorar.

               Letícia olhava para os dois, sorrindo pela maneira carinhosa que Fernando a tratava.

- Eu já chorei muito hoje. Mas... As vezes tenho vontade de chorar mais.

- Então quando você tiver vontade de chorar, vai chorar. Promete?

- Prometo.

- Ótimo. – Fernando sorriu. – Agora me conta... O que você gosta de fazer?

- Eu gosto de brincar.

- É mesmo? E qual a sua brincadeira favorita?

- Pique esconde. – Ela sorriu.

- Que coincidência! É minha brincadeira favorita também!

- A sua? – Ela riu. – Mas você é muito grande para brincar.

- Ei, não se deve dizer isso para um adorador de pique esconde!

- Desculpe. – Ela colocou as mãos à boca, prendendo o riso. - Eu e meu pai brincávamos muito.

- Então... O dia que você quiser um companheiro para brincar com você. Pense em mim, tudo bem?

- Tudo bem!

- Legal! – Fernando sorriu.

- Fernando! – Stella o chamou da porta de casa. - Papai está te chamando.

- Já estou indo! – Ele olhou para Sofia e sorriu. – Eu volto logo, está bem? A Lety vai fazer companhia para você.

- Tudo bem.

               Fernando se levantou e olhou para Letícia. Ela sorriu segurando sua mão, tentando demonstrar o quanto estava orgulhosa dele. Fernando se afastou e seguiu para a casa, deixando as duas a sós.

- Mas por que você está tão sozinha aqui? – Lety perguntou, sentando-se no outro balanço ao lado dela. – Eu vi que tem algumas crianças lá dentro. Por que não está com elas?

- Eu não estou muito animada. E também... Não gosto muito daquelas crianças. Elas me ignoram quando tem festas na casa da minha avó.

               Lety a olhou triste.

- E também... Estou sentindo muita falta dos meus pais.

- Eu sei que sim, meu bem... Mas como o Fernando disse, eles não queriam vê-la triste.

- Você sabe onde eles estão?

- Quem?

- Os meus pais.

               Letícia pensou bem antes de respondê-la.

- Hum... Eu sei que eles estão em um lugar lindo e muito legal!

- É? – Sofia sorriu. – Como é lá?

- Lá tem um jardim enorme, cheio de flores. Tem muitos doces, mas esses doces não fazem mal. E também tem muita felicidade!

               Sofia pareceu encantada.

- Parece legal. Eles vão gostar desse lugar.

- Com certeza! – Lety sorriu.

- Minha mãe gosta muito de fazer pudim. Ela pode estar fazendo um agora mesmo, não acha?

- É claro que sim! E aposto que vai ser um pudim delicioso.

               Sofia riu. Mas, depois de um tempo, seu sorriso novamente diminuiu.

- Eu não sei com quem vou morar agora. – Ela disse encarando o chão. – Eu só tenho minha avó.

- E você não gosta dela?

- Gosto sim. Gosto muito.

- Sua avó é uma ótima pessoa. Tenho certeza que você vai gostar de morar com ela.

               Sofia a olhou.

- Você tem filhos?

               Letícia sentiu um aperto em seu peito. Era a primeira vez que tocava naquele assunto com alguém desconhecido, principalmente com uma criança.

- Não. Eu não tenho. – Respondeu triste.

- Você não gosta de crianças?

- Gosto sim! – Lety sorriu. – Gosto muito.

- E por que não teve filhos?

               Letícia virou-se para ela, ainda sentada no balanço.

- Eu tenho um segredo para te contar.

- Qual? – Sofia se aproximou curiosa.

- Eu teria um filho ou uma filha. Mas... Ele ou ela foi para o mesmo lugar onde seus pais estão. Um lugar alegre e muito bonito! – Embora seu coração doesse, Letícia tentou ser o mais convincente possível.

- E como ele era?

- Eu não cheguei a conhecê-lo. Mas eu sei que seria um lindo menino ou uma linda menina.

               Sofia a olhou triste, mas logo depois abriu um largo sorriso, despertando a curiosidade de Lety.

- Se ele ou ela está no mesmo lugar que meus pais, eles devem estar cuidado dele, não é?

               Letícia sentiu seu coração doer ainda mais, mas não resistiu em sorrir com o pensamento de Sofia.

- Sim, meu bem. Você tem toda a razão.

- Agora eu me sinto mais tranqüila. Eu estava com medo dos meus pais sentirem saudades. Mas, se eles estão cuidando de alguém, então não vão sentir tantas saudades assim, não é?

               Os olhos de Lety encheram-se de lágrimas, e ela não soube o que responder. Sofia era tão inocente e pura que era impossível sentir-se triste perto dela, mesmo com lembranças tão ruins e dolorosas. No mesmo instante, Fernando voltou se aproximando das duas.

- Sofia... Sua avó está te chamando. – Fernando disse quando se aproximou.

               Sofia pulou do balanço e rapidamente seguiu em direção à casa. Fernando notou que Letícia estava aérea, e que limpou algumas lágrimas que rolaram em seu rosto.

- O que foi? – Ele perguntou preocupado.

- Nada. – Letícia levantou-se e sorriu. – Ela... É uma garotinha muito especial.

               Fernando sorriu.

- É, é sim. Vocês conversaram?

- Sim. Uma pena que ela tenha perdido os pais tão cedo.

- É... – Fernando respondeu triste. – O testamento vai ser lido amanhã, e meu pai me disse que estou nele.

- Você? – Lety o olhou surpresa.

- Pois é! Eu também não entendi... Não o vejo há tantos anos. Eu nem mesmo sabia que ele tinha uma filha. É estranho ele ter me colocado no testamento.

- Mas de qualquer maneira você virá, não é?

- Sim, é claro. E... Você pode vir comigo? De novo?

- Meu amor, você não precisa perguntar. – Lety segurou sua mão. – Nós não dissemos nossos votos, mas de qualquer maneira, somos casados na alegria e na tristeza. E eu estarei ao seu lado em todos esses momentos.

               Fernando sorriu emocionado e a puxou para um abraço.

- Eu te amo!

- Eu também te amo. – Letícia sorriu.

- Agora chegou a parte mais difícil... – Fernando suspirou, afastando-se do abraço. – Os caixões chegaram.

- Então é melhor entrarmos.

- Sim.

               Letícia entrelaçou sua mão à de Fernando e juntos seguiram em direção à casa.

 

 

 

•••

 

 

 

 

                O dia tinha sido cheio, e tudo o que Fernando e Letícia fizeram ao chegar em casa foi caírem na cama. No dia seguinte, embora Fernando se sentisse um pouco melhor graças ao apoio que teve de Lety, ele ainda estava preocupado com a leitura do testamento. Ainda não conseguia entender por qual motivo seu primo o colocaria no testamento, já que não se falavam há anos. Mas, ele só iria descobrir quando chegasse lá, e foi por esse motivo que logo cedo ele já estava arrumado para ir à casa de sua tia.

- Talvez seja algum dinheiro que ele ficou me devendo. – Fernando comentou enquanto Lety terminava de se arrumar. – Algumas vezes eu emprestei dinheiro à ele, mas isso foi antes dele se casar e estabilizar sua vida. Não me lembro se ele me pagou, mas realmente nunca me preocupei com isso.

- Pode ser... – Letícia comentou calçando os seus sapatos.

- Mas se for isso mesmo, eu não vou aceitar. Vou deixar para a Sofia.

- É uma ótima atitude, amor.

               Fernando escorou-se à porta olhando-a.

- O que será que vai acontecer com ela?

- Com quem? – Lety o olhou.

- Com a Sofia.

- Provavelmente ficará com sua avó. Ela é a única parente próxima, não é?

- Sim. Ele não teve irmãos, e nossos primos são de segundo grau. Na verdade, alguns deles eu nunca conheci.

- Então provavelmente ficará com a avó.

- Minha tia é uma ótima pessoa. Não é por ela ser a minha única tia, mas eu realmente sempre tive um carinho muito grande por ela, desde criança. Stella e eu sempre pedíamos para dormir na casa dela nos fins de semana, e ela sempre preparava um banquete, e a melhor diversão que uma criança poderia ter. – Fernando sorriu. – Mas, deve ser difícil para Sofia se acostumar a morar com ela. Serão só as duas...

- Nós podemos visitá-las algumas vezes. O que acha?

- É uma ótima idéia. – Fernando sorriu.

               Letícia se aproximou e lhe deu um rápido beijo.

- Está pronto?

               Fernando suspirou.

- Acho que sim.

- Então vamos.

               Não demorou muito tempo para chegarem à casa da tia de Fernando, e o movimento estava menor do que o dia anterior. Provavelmente porque nem todo mundo estava no testamento, e metade dos familiares que estavam lá, foram apenas por curiosidade. Patrícia os cumprimentou animada, assim como Sofia, que pareceu animada por rever Fernando e Lety. Enquanto esperavam o início da leitura, ela não se desgrudava dos dois, e ficou o tempo inteira sentada no colo de Lety, conversando sobre assuntos aleatórios. Letícia sentiu-se bem com isso, e percebeu que havia criado um carinho pela criança maior do que imaginava.

- Você pode voltar aqui um dia quando minhas coisas estiverem todas aqui. Eu tenho muitas bonecas. – Sofia comentou com Letícia.

- Eu adoro bonecas! – Lety respondeu animada. – Eu adoraria!

               Fernando sorriu olhando para as duas, mas sua atenção foi voltada para Stella que acabava de chegar.

- Oi! Eu perdi alguma coisa? – Ela perguntou cumprimentando-os.

- Não, ainda não começaram. – Fernando respondeu. – Você tambem está no testamento?

- Não. Sou um dos parentes que vieram por curiosidade. – Ela riu. – E vim para te apoiar também.

- Obrigado. – Fernando sorriu.

- Oi, Sofia. – Stella a olhou. – Você parece muito bem hoje.

- Oi! – Ela respondeu animada, ajeitando-se no colo de Lety. – Estamos falando sobre minhas bonecas.

- Ah! Que legal! – Stella sorriu.

- Lety, vem! Eu quero te mostrar uma coisa muito legal. – Sofia pulou do colo de Letícia e segurou sua mão, puxando-a para se levantar.

               Lety riu e levantou-se, sendo arrastada por Sofia por toda a casa. Stella parou ao lado do irmão e o olhou, percebendo que ele estava sorrindo.

- Está pensando em que? – Ela perguntou.

- Só... Que Letícia seria uma ótima mãe. – Ele sorriu, observando as duas um pouco mais afastadas, conversando animadamente.

- Sofia gostou muito dela. – Stella também sorriu. – Elas parecem ter se dado bem.

- Sim! Acho que... De certa forma as duas se sentem na mesma situação.

- Eu não tinha pensado nisso...  Lety sugeriu que visitássemos Sofia algumas vezes, quando ela estiver morando com a Tia Patrícia. Eu achei uma boa idéia. Seria importante para as duas.

- Isso realmente seria ótimo. Tia Patrícia ia adorar.

- É... – Fernando não conseguia parar de sorrir.

               Não demorou muito tempo para que o advogado anunciasse a leitura do testamento. Todos se juntaram à sala, que era grande o suficiente para caber todos, e as pessoas que estavam no testamento sentaram-se mais à frente. Mas, as únicas pessoas que estavam no testamento de Mateus era sua mãe, Sofia e Fernando, o que o deixou ainda mais curioso para o que lhe aguardava.

- Estão todos aqui presentes para a leitura do testamento de Mateus Mendiola Ribeiro. Testamento escrito por ele no dia Dezenove de Março de Dois Mil e Dezesseis na cidade do Rio de Janeiro. No testamento consta o nome de sua mãe, Patrícia Maria Mendiola, de sua filha Sofia Mendiola Ribeiro e de seu primo de primeiro grau, Fernando Mendiola.

               Todos ficaram em silencio, aguardando ansiosamente. Quando o advogado iniciou a leitura do testamento, Fernando sentiu suas mãos suarem, curioso e ansioso para saber o que seu primo havia lhe deixado. Naquele momento, nada mais passava em sua cabeça.

- Declaro que eu meu perfeito juízo e sanidade, deixo para minha mãe Patrícia Maria Mendiola, metade da minha herança que também foi herdada de meu pai Vicente Ligório Ribeiro, para suprir suas necessidades e ajudá-la financeiramente.

- Eu não quero. – Patrícia disse rapidamente e todos a olharam. – Pode acrescentar essa quantia no que ele tiver deixado para Sofia.

- Como quiser. – O advogado respondeu, e o seu assistente anotou algo em sua agenda.

- Continuando... Para minha única filha, Sofia Mendiola Ribeiro, eu deixo todos os meus bens, para que ela tenha um futuro digno e possa cursar uma boa faculdade.

               Isso todos já esperavam. Era mais do que justo que Mateus deixasse tudo o que tinha para sua filha. Mas, quando chegou a vez de Fernando, ele já não fazia idéia do que seu primo tinha lhe deixado.

- E por ultimo, mas não menos importante, para o meu primo e amigo Fernando Mendiola, lhe deixo a coisa mais importante da minha vida. Tudo consta nessa carta anexada que será entregue em suas mãos.

               Fernando olhou confuso para o advogado, até o seu assistente tirar uma carta de um envelope e entregá-lo. O advogado deu um passo à frente e entregou a carta para Fernando.

- Ele pediu para o Senhor dar uma resposta assim que possível. – O advogado disse quando Fernando pegou a carta de suas mãos.

- O Senhor leu?

- Não, mas ele me disse sobre o conteúdo da carta.

               Fernando olhou para o papel em sua mão, e logo depois procurou por Letícia entre os seus parentes. Ela o olhava da mesma forma que ele olhava para o advogado, e também não fazia idéia do que poderia ser.

- Com isso, deixo encerrada a leitura do testamento de Mateus Mendiola Ribeiro.

               Todos se levantaram e começou um grande murmúrio. Fernando continuou parado como uma estátua em sua cadeira, até sua tia tocar em seu ombro.

- Talvez queira ler a carta em um lugar mais privado.

 

 

 

•••

 

               Patrícia levou Fernando até um quarto da casa, onde poderia ler com calma a carta deixada pelo seu primo. Assim que ela o deixou a sós, Fernando caminhou até a cama, sentando-se pesadamente. Por alguns segundos ele apenas encarou a carta em suas mãos, mas não demorou muito tempo para ele rasgar o envelope e tirar de dentro o papel escrito. Assim que desdobrou o papel, devorou as frases escritas por seu primo.

 

“Caro Fernando,

 

Sei que pode ser espantoso para você saber que está em meu testamento, e principalmente deve estar curioso para saber o motivo disso. Sei que há muito não nos falamos, e eu realmente lamento muito por isso. Lembro-me de nossa infância e o quanto éramos próximos, e infelizmente isso mudou quando entramos para a faculdade. Mas, saiba que mesmo fora de contato, sempre me lembro de você, e sinto saudades de nossas peripécias quando crianças. E, mesmo que não pareça, estou sempre sabendo das novidades relacionadas à você, inclusive, parabéns pelo casamento. Mesmo que tenha sido uma loucura ter um casamento programado pelo seu pai, sei que logo tudo vai se resolver.

Mas, deixando de lado todas essas coisas sem importância, eu tenho um pedido para lhe fazer. Provavelmente você ainda não sabe, mas eu tenho uma filha de oito anos de idade, Sofia. Ela é uma garota encantadora e muito esperta, e é o meu bem mais precioso. Sofia é filha única, e é muito apegada à mim e à minha esposa. Ela gosta muito de mamãe, mas sinceramente, não sei se em nossa ausência ela seria extremamente feliz morando com ela. Então, eu optei por lhe escrever uma carta para que durante a leitura do meu testamento, ninguém mais soubesse o que eu vou lhe pedir (posso imaginar que a casa está cheia de parentes distantes que nem mesmo conhecemos). Por isso, Fernando, sei que você seria a pessoa que mais confio para cuidar de Sofia. Eu sei, é um pedido louco, não é? Mas, como eu disse anteriormente, sei de todas as suas novidades, e sei que tentou adotar uma criança há um tempo atrás. Você pode não saber, mas sempre notei que você leva jeito com crianças. Pode parecer estranho eu lhe pedir isso, principalmente por não nos falarmos há algum tempo. Mas, por mais que eu saiba que minha mãe é uma ótima pessoa, sei que com você, Sofia terá uma infância maravilhosa, assim como nós dois tivemos. É o que eu mais desejo no momento, Fernando. Que na minha ausência e na ausência de minha esposa, Sofia possa ter uma vida feliz. E eu tenho certeza que você conseguiria fazer isso.

O meu advogado já sabe de tudo, e como sei que você deve estar em choque nesse momento, já disse à ele que você não precisa dar a resposta de imediato. Você tem o tempo que precisar para pensar sobre isso. Mas, só peço que me entenda. Você e Stella são meus familiares mais próximos além de minha mãe, e eu os considero como irmãos. Espero que essa carta nunca chegue às suas mãos (é realmente estranho escrever um testamento sem ter uma doença terminal ou algo do tipo). Mas, se caso algo aconteça e você esteja lendo essa carta, espero que saiba que eu tenho certeza que fiz a escolha certa ao confiar o meu bem mais precioso à você.

Espero que seja feliz, Fernando. Assim como sempre foi durante nossa infância. Nos vemos por aí...

 

                                                                                                       Carinhosamente,

                                                                                                                      Mateus Mendiola”

 

 

 

Ao fim da carta, Fernando não teve reação alguma. Enquanto lia, ele sentiu diversas sensações diferentes. Saudades, culpa, tristeza e principalmente, surpresa. Jamais ele esperava que Mateus fosse lhe pedir isso, e ele realmente não sabia o que fazer. Depois de alguns minutos encarando o chão, tentando digerir tudo o que estava na carta, Fernando se levantou e saiu do quarto. Desesperadamente ele procurou por Lety, e quando a encontrou, se aproximou eufórico.

- Ah! Oi! – Ela o olhou. – E então...

- Podemos ir embora? – Ele disse rapidamente, assustando-a. – Por favor.

               Letícia percebeu o quanto ele estava nervoso.

- Sim, é claro. – Ela tocou em seu braço. – Vamos nos despedir e...

- Não. Vamos embora... Agora.

               Ela estranhou o comportamento do marido, mas não quis discutir. Apenas balançou a cabeça e o seguiu até a saída. Não se despediram de Stella, nem mesmo de Sofia, que estava tão próxima à Lety. Com certeza as pessoas estranhariam sua pressa para ir embora, mas Lety estava mais preocupada em saber o que aconteceu. Mas, só pôde perguntá-lo quando chegaram em casa, depois de Fernando praticamente voar com sua moto. Ela o repreenderia se fosse em outras ocasiões, mas não queria deixá-lo ainda mais nervoso. Quando enfim entraram em casa, Letícia segurou o braço de Fernando e o fez olhar para ela.

- O que aconteceu? – Perguntou calmamente.

               Fernando a olhou tenso e então respirou fundo, entregando a carta para Lety.

- Leia.

- Mas, o que...?

- Leia. Eu... Preciso de um banho para esfriar a cabeça. Enquanto isso, apenas leia a carta.

               Ela encarou o papel em sua mão e não teve tempo de fazer mais perguntas. Fernando se afastou e subiu rapidamente para o segundo andar. Estranhando totalmente a reação de Fernando, Letícia seguiu para a sala e sentou-se ao sofá, iniciando sua leitura. Assim como Fernando, à medida que ela lia o que Mateus havia escrito, diversas sensações a dominaram. Ela não o conheceu, mas pôde imaginar o quanto ele era querido para Fernando, e vice e versa. Ela então entendeu o nervosismo de Fernando e talvez sua angústia e culpa por ter se afastado de seu primo por tanto tempo. Mas, quando chegou ao fim da carta, e soube porque o nome de Fernando estava no testamento, Letícia teve o mesmo espanto e surpresa de Fernando. Sem reação e sem saber o que pensar, ela continuou encarando a carta por longos minutos, em estado de choque. Não era novidade que Fernando realmente gostava de crianças e que se dava muito bem com elas, mas era uma surpresa Mateus ter lhe confiado sua própria filha à Fernando. Isso mostrava o quanto ele confiava nele, e talvez fosse por isso que Fernando estava sentindo-se tão mal.

               Após alguns minutos de choque, Letícia se levantou e subiu rapidamente para o segundo andar, seguindo até o seu quarto. Quando entrou, Fernando havia acabado de sair do banho. Ele a olhou e notou que ela estava com a carta nas mãos, e que sua reação era a mesma que ele teve.

- Você leu? – Ele perguntou olhando-a.

- Sim. – Ela se aproximou. – Você quer dizer alguma coisa sobre isso?

- Eu... Não esperava que ele fosse me pedir isso. – Fernando suspirou, sentando-se à cama. – Como ele pôde confiar algo tão importante para mim?

- Talvez porque ele te conheça muito bem. – Letícia sentou-se ao seu lado. – Por favor, me desculpe a sinceridade, mas eu tenho certeza que ele não confiaria a guarda da Sofia para mais ninguém que estava naquela casa exceto sua tia.

- É... Nós não tínhamos intimidade com o resto da família. Nunca tivemos.

- E como ele mesmo disse, ele considerava você e Stella como irmãos. Obviamente ele o conhecia muito bem para saber que você é ótimo com crianças.

- Mas confiar a própria filha... Isso é uma loucura, não é? Quero dizer... Ela já tem oito anos. Obviamente ela vai estranhar e... Ah! Eu não sei o que pensar. – Ele suspirou deitando-se à cama. – Não sei que decisão tomar.

- Ele disse que você tem o tempo que precisar. Você pode pensar melhor sobre isso.

- É esse o problema. Minha cabeça está prestes a explodir. Se eu pensar mais, não sei o que vai acontecer.

- Eu sei que você vai tomar a decisão certa.

               Ele novamente sentou-se e olhou para Letícia.

- Sabe o que é pior? Ler isso foi como se... Ele soubesse o que ia acontecer. Não faz muito tempo que ele escreveu e nós já tínhamos nos casado. E a maneira que ele fala na carta... Nossa! É difícil.

- Não fique assim, meu amor... – Letícia colocou sua mão sobre a dele. – Eu sei que está sendo difícil para você, mas eu estou do seu lado. Para o que você precisar.

               Fernando sorriu triste e entrelaçou sua mão à dela.

- Obrigado, Lety.

- Fernando... – Maria parou à porta, olhando para os dois. – Sua tia está aqui.

- Minha tia? – Fernando se levantou.

- Ela disse que quer falar com você. Esta te esperando na sala.

               Letícia também se levantou e Fernando a olhou.

- Deve ser importante.

- Vem comigo.

               Ela assentiu, e os dois saíram do quarto. Quando desceram para o primeiro andar e foram até a sala, Patrícia se levantou e sorriu para os dois.

- Oi, tia. – Fernando se apressou em cumprimentá-la.

- Eu fiquei preocupada. Vocês dois foram embora tão rápido e não se despediram. – Ela olhou para Lety.

- Desculpe por isso. – Fernando falou.

- Eu imagino que tenha lido a carta.

               Fernando suspirou e balançou a cabeça afirmando.

- Eu queria conversar com você sobre isso, Fernando.

- Sente-se, por favor.

               Ela sentou-se ao sofá, e Fernando e Letícia sentaram no outro da frente.

- Então... A Senhora sabia da carta? – Ele perguntou.

- Sim. – Ela sorriu. – Ele tomou essa decisão em uma conversa comigo e com Viviane. O assunto era chato, e eu não concordava que ele pensasse em uma coisa dessas tão cedo. Mas, ele disse que estava preocupado com Sofia em seu testamento, e que já queria deixar tudo certo caso fosse... Necessário. – Sua voz falhou no fim da frase, mas ela continuou. – É claro que durante a discussão, a primeira opção para cuidar de Sofia na ausência dos dois foi eu. Mas, depois que fiquei viúva eu não tenho mais o mesmo pique que eu tinha, se é que me entende. – Ela sorriu triste. – Então eu sugeri que ele pensasse em outra pessoa em quem confiasse suficiente para isso. Ele concordou, e juntos pensamos em várias pessoas. Amigos próximos de Mateus, de sua esposa... Até mesmo os pais dela, mas eles vivem viajando então não seria uma boa idéia. E então... Mateus sugeriu você.

               Fernando se mexeu ao sofá.

- Para ser sincera, nós ficamos assustadas com a sugestão dele. Nós sabíamos da vida que você levava, com várias mulheres, festas...

- Eu não sou mais assim. – Fernando disse rapidamente.

- Eu sei, querido. E tenho muito orgulho disso. – Ela respondeu satisfeita. – Mas, ainda assim, queríamos saber os motivos dele ter te escolhido. Ele parecia tão certo disso que era admirável sua certeza e confiança. Mateus soube da história da adoção e realmente foi uma atitude muito bonita. Ele sabia que mesmo um pouco descabeçado, você se dava muito bem com crianças. E então Mateus já tinha tomado sua decisão de colocá-lo no testamento. Ele confiou em você, Fernando. E ele sabia que você seria a pessoa ideal para isso.

               Fernando sorriu triste.

- E eu confesso que por um tempo pensei se ele havia feito a escolha certa, mas hoje eu sei que sim. Eu vi você conversando com Sofia ontem, e hoje vi o quanto ela gostou de vocês dois. Ela passou a noite falando sobre vocês, e sobre a Lety.

               Letícia a olhou admirada.

- Ela realmente se sentiu bem perto de vocês, e só uma pessoa que tem o dom com crianças consegue fazer isso. Hoje vejo que a escolha de Mateus foi mesmo a certa.

- Eu realmente me sinto lisonjeado com isso, mas... Eu...

- Por favor, não se sinta pressionado. Essa é uma decisão delicada, e de maneira alguma vim aqui para forçá-lo à alguma coisa. Qualquer decisão que você tomar, eu o apoiarei. Mas, eu só peço que pense com carinho. Sofia é uma garota maravilhosa, e ela merece ter uma família que vai cuidá-la com muito carinho.

               Fernando olhou para Letícia e ela sorriu segurando sua mão.

- Bom... Não quero tomar mais o tempo dos dois. – Ela se levantou. – Eu só vim aqui para saber se estava tudo bem, já que vocês saíram de repente.

- Novamente, desculpe por isso. – Fernando também se levantou, assim como Letícia.

- Não se preocupe, querido. – Ela se aproximou, abraçando-o. – Ah... Quase me esqueci. – Ela tirou um cartão de sua bolsa e o entregou. – O telefone do advogado. Assim que você tomar a sua decisão, ligue para ele.

- Tudo bem. Obrigado.

- Até logo, querida. – Ela abraçou Lety.

- Até. – Letícia retribuiu o abraço.

               Os dois a acompanharam até a porta, e quando ela se afastou, permaneceram em silencio por um tempo. Fernando olhou para o cartão em sua mão, e logo depois olhou para Letícia.

- Pense com calma. – Ela disse quando notou que ele a olhava. – Não precisa se precipitar.

- Eu quero saber sua opinião sobre isso. – Ele disse. – Você é minha esposa, e sua decisão também é importante.

               Letícia escorou-se ao portal, olhando para ele.

- Quer que eu seja sincera?

- Por favor.

 - Esse pedido não poderia ter chegado em uma hora melhor.

               Fernando franziu o cenho, olhando-a confuso.

- Nós dois ainda estamos um pouco... Abalados com o que aconteceu. Não acha que isso é um tipo de sinal?

- Sinal?

- Sim! Sofia acabou de perder os pais, e nós... Perdemos um filho. Seu primo confiou em você para cuidar dela. É um sinal porque todo o amor que guardamos para o bebê, agora podemos dedicar à ela.

               Ele a olhou emocionado.

- Não que eu acredite muito nessas coisas de destino, mas e se estivéssemos destinados à cuidar dela desde o inicio? E Sofia é uma garota maravilhosa! E para ser sincera, acho que criei um carinho grande por ela, maior do que eu deveria.

               Fernando sorriu, aproximando-se.

- Ela é realmente uma garotinha maravilhosa. – Ele disse. – Acho que você tem razão. Total razão. E eu estou feliz que pense assim, porque é exatamente o que está passando na minha cabeça desde que li a carta. Só... Fiquei com medo de você não pensar como eu.

- Ela precisa de nós... Acho que não podemos deixá-la.

- Eu também acho que não.

- Então... A decisão é sua. Eu irei te apoiar em qualquer coisa que você decidir.

               Sorrindo satisfeito, Fernando se afastou e seguiu até o telefone. Letícia o olhou curiosa, e imediatamente ele discou o numero que havia no cartão. Enquanto esperava a ligação ser atendida, ele novamente se aproximou de Lety.

- Medeiros Advocacia.

- Oi! Eu falo com o advogado do Mateus Mendiola?

- Sim! Em que posso ajudar?

- Meu nome é Fernando Mendiola. Eu... Sou o primo dele que estava no testamento.

- Ah! Senhor Mendiola... Eu me lembro. E então, já leu a carta?

- Sim, eu li.

- E já tomou uma decisão?

- Sim! – Fernando olhou para Letícia e ela sorriu, assim como ele. – Eu irei aceitar o ultimo pedido do meu primo.

 

 

 

 


Notas Finais


E aí? O que acharam da decisão do Fernando?


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