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História Love Inside Out - Como se fosse nossa filha


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 13 - Como se fosse nossa filha


Fanfic / Fanfiction Love Inside Out - Como se fosse nossa filha

               Letícia andava de um lado para o outro procurando por alguma coisa. Assim que Fernando desceu para o primeiro andar, notou que ela estava inquieta e escorou-se ao portal observando-a

- Que droga! Onde estão os guardanapos? – Ela perguntou irritada, batendo a porta do armário.

- Na sua frente.

               Letícia olhou para o armário e logo encontrou os guardanapos. Fernando riu e se aproximou, abraçando-a por trás.

- Você precisa ficar calma, amor.

- Eu só quero que tudo esteja no seu devido lugar. – Ela comentou, virando-se para ele.

- Eu sei. Mas já está tudo pronto para a chegada dela. Não se preocupe. Você não ficou tão nervosa assim com as visitas da assistente.

- Eu sei. Mas agora é diferente. Agora é definitivo.

               Fernando sorriu, depositando um beijo carinhoso em sua testa.

- Não se preocupe.

- Será que ela vai gostar? Eu espero que ela goste.

- É claro que vai. Nós seremos os melhores pais do mundo!

               Letícia riu.

- Eu adoro quando você fala assim. – Disse ajeitando a camisa de Fernando pela terceira vez naquele dia.

Ele apenas riu e a envolveu pela cintura.

- Tenho certeza que ela vai adorar.

- Assim espero. - Lety sorriu.

- Eu tentei o meu melhor! - Maria saiu da cozinha carregando uma tigela de pudim.

- Hum, parece delicioso. - Fernando comentou.

- Realmente. Ficou ótimo, Maria.

- Acho que ela vai gostar. - Maria colocou a tigela sobre a mesa, ao lado de diversas delicias preparadas por ela durante toda a manhã.

De repente, o barulho do interfone chamou a atenção de todos. Leticia olhou apreensiva para Fernando e ele apenas sorriu tranqüilizando-a, mas por dentro ele também estava ansioso e nervoso com a chegada de Sofia. Maria atendeu o interfone e voltou eufórica, arrumando toda a mesa.

- Ela chegou!

Letícia e Fernando imediatamente seguiram até a porta de entrada e observaram a entrada de um carro preto no jardim. Lety segurou a mão de Fernando tão forte que ele temeu que o sangue parasse de circular. Assim que o carro estacionou, uma mulher já conhecida por eles desceu do carro. A assistente social. Ela abriu a porta de trás e em poucos segundos Sofia saiu, carregando uma mochila e um ursinho. Letícia e Fernando sorriram animados quando a viram, e as duas caminharam juntas em direção à casa. Assim que Sofia os viu, correu em direção à eles e pulou no colo de Fernando, sendo recebida com um caloroso abraço.

- Como você cresceu nessas últimas semanas! - Fernando exclamou enquanto a abraçava.

- Um pouquinho. - A garota riu, virando-se para Lety. - Lety! Eu trouxe as minhas bonecas! Agora podemos brincar todos os dias!

- Com certeza, meu amor. - Letícia sorriu para ela.

A assistente se aproximou e Fernando colocou Sofia de volta no chão, que rapidamente segurou a mão de Lety.

- Boa tarde! - Ela sorriu.

- Boa tarde. - Os dois responderam em uníssono.

- Ela estava ansiosa para vir. Não parava de falar o quanto está animada.

- Nos também estamos. - Fernando a olhou.

- Eu vou mesmo morar com vocês? Para sempre? - Sofia perguntou e os três riram.

- Vai sim! E vamos fazer muitas coisas legais! - Lety disse empolgada e a garota sorriu.

- Vamos entrar, por favor. - Fernando disse abrindo espaço para que a assistente social passasse. Os quatro entraram em casa e logo seguiram para a sala de jantar, onde a mesa estava repleta de coisas gostosas.

- Uau! - Sofia exclamou olhando para a mesa.

- A responsável por isso é a Maria. - Fernando apontou para ela, que estava parada no canto da sala sorrindo para Sofia. - Ela ajuda aqui em casa e tenho certeza que você vai gostar muito dela.

- É um prazer conhecê-la Sofia. - Maria disse e Sofia sorriu. - Fique a vontade para me pedir qualquer coisa!

- Você sabe fazer pipoca com caramelo?

Todos riram.

- Eu sei sim. Mais tarde farei uma deliciosa para você.

Sofia pareceu animada.

- Sofia... Por que não conhece a Maria um pouco mais? - A assistente sugeriu. - Podemos conversar? - Perguntou olhando para Fernando e Lety.

- Claro! - Lety concordou.

- Vem, Sofia. Vou lhe servir um pouco de pudim. - Maria a ajudou a sentar-se à mesa.

- Eu adoro pudim!

- É mesmo?

               As duas entraram em uma conversa agradável, e Fernando e Lety aproveitaram para ir à outra sala conversarem com a assistente.

- O que eu tenho para falar é rápido. Não quero atrapalhar as boas vindas. - Ela sorriu olhando para os dois. - Olha, deixarei o meu profissionalismo de lado e falarei isso como uma pessoa normal. Depois de nossas reuniões eu tive certeza de que aqui é mesmo o lugar ideal para Sofia, depois de tudo o que aconteceu. A psicóloga disse que ela está muito empolgada por morar com vocês, e repete isso à todo o tempo.

Letícia e Fernando sorriram emocionados.

- Mas ela também disse que nas primeiras noites provavelmente vai ser um pouco mais difícil. Sofia ainda se entristece quando se lembra dos pais, e é preciso que vocês conversem um pouco com ela sobre isso. Ao menos no início, até ela se acostumar.

- Sim, com certeza. - Fernando concordou.

- Imagino que já tenham conversado com o advogado sobre a herança que o pai dela deixou...

- Sim! Já resolvemos tudo isso. - Letícia disse.

- Entramos em um acordo que nós iremos arcar com todas as despesas dela até que ela tenha a idade suficiente para administrar sua própria conta. - Comentou Fernando.

- Maravilhoso! Acho ótimo que tenham decidido isso. É importante que de agora em diante ela saiba que vocês dois são responsáveis por ela. E tenho certeza que tudo dará certo e vocês serão país incríveis.

Fernando abraçou Letícia pela cintura e os dois sorriram satisfeitos.

- Bom, não quero mais tomar o tempo de vocês. Eu volto no próximo fim de semana, como combinado. - Ela esticou a mão para eles. - Espero que tenham uma ótima semana.

- Igualmente. - Letícia sorriu apertando sua mão.

- E qualquer problema ou dúvida, podem me ligar.

- Obrigado! - Fernando sorriu.

Os dois a acompanharam até a saída depois que ela despediu de Sofia, e quando ela finalmente foi embora, puderam respirar aliviados por Sofia oficialmente estar morando com eles. Quando voltaram à sala, os dois se juntaram à garota na mesa e logo perceberam que ela estava tão animada quanto eles.

- Hoje algumas pessoas virão aqui para conhecê-la. - Lety comentou. - Tenho certeza que você vai gostar de todos eles!

- E se eles não gostarem de mim? - Perguntou apreensiva.

- Claro que vão gostar de você. - Fernando sorriu.

Sofia ficou em silêncio encarando o seu prato.

- E aquela moça vai voltar aqui?

- Moça? - Letícia olhou confusa para Fernando. - A assistente social?

- Sim. - Ela respondeu.

- Bom... Ela voltará só mais algumas vezes para nos visitar e saber como estão as coisas. - Fernando explicou.

- Mas ela não vai me levar embora, não é? Eu não quero que ela me leve embora. Eu quero ficar com vocês.

- Ninguém vai levá-la embora, querida. - Lety disse.

- Você promete?

- Claro que sim.

Sofia sorriu.

- Quer saber? Hoje a tarde está merecendo um filme com pipoca. O que acham? - Fernando sugeriu.

- Eu topo! - Sofia disse rapidamente. - Podemos assistir A Pequena Sereia?

- Eu adoro A Pequena Sereia! - Letícia disse.

- Eu também! - Ela a olhou animada.

- Epa! E não vamos assistir nenhum filme para meninos? - Fernando questionou. - E eu?

- São duas contra um. - Sofia comentou divertida. - Você vai ter que assistir filmes para meninas.

- Isso mesmo! - Letícia concordou.

- Tudo bem, tudo bem. Eu faço um esforço.

Sofia gargalhou.

 

 

•••

 

 

Passaram uma tarde agradável assistindo à um filme e comendo pipoca, como Fernando havia sugerido. Sofia parecia bem à vontade tanto com a casa quanto com eles, para o alívio de Lety. Por mais que ela soubesse que Sofia se dava bem com eles, ela passou todo o tempo de "adoção" preocupada se ela se sentiria bem quando se mudasse. Até o momento, tudo estava indo bem. Quando anoiteceu, os pais de Lety e de Fernando, juntamente com Carol, Omar e Stella foram visitá-los para enfim darem as boas vindas à Sofia. No início ela ficou um pouco acanhada, mas aos poucos sentiu-se à vontade com todos.

Quando enfim foram embora depois da comemoração de boas vindas, Letícia e Fernando levaram Sofia até seu quarto para colocá-la para dormir. Eles já haviam apresentado a casa para ela, mas assim que entrou em seu novo quarto, a garota fez questão de observar tudo em sua volta, enquanto tocava nos móveis.

- Ainda não está completo. - Lety comentou. - Achamos melhor esperarmos você para deixá-lo do seu jeito.

- Podemos pintá-lo. - Fernando disse. - Colocar tudo o que você quiser.

A garota sorriu.

- Gosto de lilás.

- Então... Pintamos de lilás. - Lety sorriu e Fernando a abraçou. Sofia continuou parada olhando para eles. - Oh... Você... Quer que a coloquemos na cama?

- Minha mãe contava histórias para mim.

Fernando e Lety se olharam.

- Bom... Acho que sei algumas histórias. - Lety sorriu e Sofia sentou-se animada à cama.

- Pode me ajudar a colocar o meu pijama?

- É claro!

- Bom... Vou deixar as garotas a sós. - Fernando sorriu. - Não quero atrapalhá-las. – Ele se aproximou de Sofia e a abraçou. – Boa noite!

- Boa noite!

- Você escovou os dentes direitinho, não é?

- Sim!

- Deixa eu ver!

               Sofia riu divertida, soprando no rosto de Fernando.

- Ah! Muito bem! Está vendo, Lety? Eu disse que ela conseguiria escovar os dentes sozinha. Essa menina é muito esperta! – Ele sorriu e Sofia gargalhou.

Letícia se aproximou dela e Fernando as deixou a sós, fechando a porta do quarto.

- Então... Você tem um pijama preferido? - Lety perguntou sentando-se à cama.

- Sim! - Sofia tentou pegar sua mala, mas logo Letícia a ajudou notando que estava pesada. Assim que ela a colocou na cama, Sofia a abriu e por coincidência seu pijama estava acima de todas as roupas.

- É esse! - Ela tirou o pijama da mala mostrando-o para Lety.

- Nossa! Que lindo!

- É o meu preferido. - Sofia admirou o pijama rosa em suas mãos.

- Então vem, vou te ajudar a colocá-lo.

Sofia trocou sua roupa pelo pijama com a ajuda de Lety, e rapidamente pulou à cama abraçada ao seu urso. Lety a ajudou a se cobrir, e sentou-se mais próxima à ela, pronta para contar uma história.

- Qual história você quer ouvir hoje?

- Hum... Eu gosto daquelas românticas que tem um final feliz. – Ela sorriu.

- Tudo bem. Então... Vou pensar em uma.

               Letícia demorou um tempo para formular uma história em sua cabeça e enfim começou a contá-la. Sofia realmente gostava de histórias, já que ficou hipnotizada enquanto Letícia lhe contava a história de uma princesa que se casou forçadamente com um príncipe, mas que no fim aprendeu a gostar dele. Fernando entreabriu a porta do quarto e sorriu olhando para as duas. Sofia já começava a ficar sonolenta e logo encostou-se ao travesseiro, sendo praticamente ninada pela voz doce de Lety. Quando ela enfim percebeu que ela estava quase dormindo, parou de contar a história e levantou-se com cuidado, terminando de cobri-la. Ela deixou a luz do abajur acesa e se afastou lentamente, seguindo para a porta do quarto. Fernando parou ao corredor esperando-a, e quando ela enfim saiu, assustou-se com ele parado ao seu lado.

- Não me assusta assim! – Ela cochichou batendo em seu ombro.

- Desculpe, é que não resisti e fui espionar um pouco a sua história.

- Isso é muito feio, sabia? Ficar espionando as meninas.

- É que a história da princesa que se apaixonou pelo príncipe depois de um casamento forçado me chamou a atenção. – Ele sorriu maroto.

               Os dois deram uma ultima olhada para o quarto, e Sofia já havia pegado no sono, como um anjo. Letícia fechou a porta com cuidado, mas ainda deixou uma frecha aberta para caso ela precise de alguma coisa, eles conseguissem ouvir do quarto.

- Ela é uma graça, não é? – Fernando comentou quando seguiram para o quarto.

- Muito! Acho que vamos nos dar muito bem. Ela só precisa de um tempo para se acostumar.

- Acho que isso não vai ser problema, principalmente por ela passar o dia com você. – Ele sorriu olhando-a.

               Lety fechou a porta do quarto e virou-se para ele.

- Como assim?

- Você se dá muito bem com crianças. – Ele se aproximou. – Eu não sabia que era tanto assim.

- Bom... Acho que sim. – Ela sorriu, sendo envolvida por ele em um abraço. – É que... Eu nunca havia pensado na idéia de ser mãe até a gente... Você sabe. – Ela o olhou sorrindo triste. – Acho que depois disso eu meio que descobri um lado meu que eu não conhecia.

- E eu estou adorando esse lado. – Fernando sorriu satisfeito, apertando o abraço. – Não sabe como é gratificante para mim ver você assim.

- E para mim também. – Ela suspirou contente. – Acho que agora seremos mesmo uma família completa, não é?

- Não... Completa ainda não.

               Letícia o olhou confusa.

- Ainda faltam algumas crianças para sermos uma família completa. – Ele sorriu maroto.

- Algumas? – Ela riu. – Quantas exatamente?

- Não sei. Umas quatro.

- Ter cinco crianças em uma casa? Você bebeu escondido?

- E por que não? A casa é grande, temos muito amor para dar... E quando eu me formar teremos uma condição financeira muito melhor.

- É, mas não se esqueça que quando você se formar, terá que trabalhar mais também.

- Mas isso não tem problema. Eu fico satisfeito em chegar cansado do trabalho e ver cinco crianças pulando em cima de mim.

               Letícia gargalhou.

- Amanhã perguntamos para Sofia se ela não deseja ter irmãos.

- Não vá assustar a garota, Fernando. Nem sabemos se ela algum dia vai querer nos considerar como pais.

- E por que não?

- Eu não sei... Ela ainda é uma criança, mas é esperta o suficiente para pensar sobre isso. Talvez ela não queira nos considerar como “pais” por medo de substituir os verdadeiros.

- Hum... Pode ser. Mas, podemos falar a respeito disso ao longo do tempo. Teremos muito tempo para isso. – Ele sorriu. – Enquanto isso... Sobre as outras crianças...

- Fernando, você não tem jeito! – Ela se separou do abraço e andou em direção à cama. – Só para saber, não faremos nada hoje porque precisamos estar alertas caso Sofia precise de alguma coisa. Não sabemos se ela acorda de madrugada ou é sonâmbula.

- Tudo bem. Eu agüento uma ou duas noites. – Ele respondeu divertido, caminhando até a cama.

- Sua tia ficou muito feliz quando dissemos que estava tudo certo para que ela viesse morar aqui, não foi? – Lety comentou arrumando a cama.

- É claro. Ela já deixou bem claro que Sofia será feliz aqui.

- Confesso que fiquei com um pouco de medo dela sentir algum ciúmes, não sei...

- Acho que não. Sofia é apegada à ela mas não à esse ponto. E de qualquer maneira elas continuarão se encontrando nos fins de semana.

- É verdade. – Lety sentou-se à cama. – Você... Realmente acha que algum dia ela vai nos chamar de “pai” e “mãe”?

- Não sei... Mas por que não? – Fernando deitou-se ao lado dela. – Vamos tratá-la como se fosse realmente nossa filha.

- É... – Lety sorriu, ajeitando-se ao travesseiro. – Acho que se um dia isso acontecer, você chora.

- Ei! Já dizia o grande poeta contemporâneo Pablo do Arrocha: Homens não choram.

- Sei. – Letícia riu e ele a aninhou em um abraço. – Mas eu ficaria muito feliz se isso acontecesse.

- Eu também.

               Fernando deu um longo suspiro de satisfação e Letícia ajeitou-se ao abraço dele. Ambos adormeceram rapidamente, felizes e satisfeitos por tudo ter dado certo no primeiro dia. Mas, também sabiam que era apenas o início, e que Sofia uma hora ou outra sentiria a falta dos seus verdadeiros pais.

 

 

•••

 

 

 

               A casa estava silenciosa como todas as noites. Fernando e Letícia dormiam abraçados, como de praxe. Seria uma noite comum de descanso, se não fosse por um grito vindo do outro quarto.

- O que foi isso? – Letícia sentou-se à cama, assustada.

               Fernando abriu os olhos sonolentos, mas quando percebeu que os gritos percistiam e de que vinham do quarto de Sofia, imediatamente pulou da cama e correu o mais rapido que pôde pelo corredor. Letícia o seguiu, e quando chegaram à porta do quarto que Fernando a abriu com um estrondo, viram Sofia sentada à cama, chorando abraçada ao seu urso. Fernando se aproximou imediatamente e sentou-se ao lado dela, puxando-a para um abraço.

- O que aconteceu? – Letícia perguntou preocupada aproximando-se dos dois.

               Sofia estava nervosa e apavorada, e não parava de soluçar. Fernando tentava acalmá-la enquanto a abraçava, e parecia surtir efeito à medida que ele acariciava os cabelos da garota.

- Acho que ela teve um pesadelo. – Fernando comentou.

- Meu bem... – Lety abaixou-se ao lado da cama e Sofia a olhou. – Você teve um pesadelo?

               Um pouco mais calma, mas ainda soluçando, ela afirmou com a cabeça.

- Ah, não fique assim... – Fernando continuou a acalmá-la. – Foi só um pesadelo. Já passou...

- Quer nos contar como foi?

- Eu... Estava em um carro. – Sofia passou as mãos em seu rosto limpando as lágrimas. – E de repente tudo ficou escuro. Eu tentava sair, mas não conseguia. E eu... Fiquei com muito medo.

               Fernando e Letícia se olharam, sem saber o que responder.

- Acho que você ficou um pouco assustada por estar sozinha. – Fernando comentou.

- Você quer dormir conosco hoje? – Lety sugeriu e Sofia a olhou parecendo satisfeita com a idéia. – Assim você se sente mais segura e não tem mais pesadelos.

- Eu posso?

- Claro que sim. – Fernando sorriu limpando as lágrimas dela.

               Lety levantou-se assim como Fernando. Ele pegou Sofia em seu colo e a garota deitou a cabeça no ombro dele enquanto os três seguiam para o quarto dos dois. Ao entrarem, Fernando a deitou à cama e Letícia deitou-se entre eles, deixando Sofia do seu lado.

- Parece melhor? – Fernando perguntou olhando para ela.

- Muito melhor. – Sofia sorriu, aninhando-se no braço de Lety.

- Que bom! – Ele sorriu satisfeito, apagando a luz do abajur.

- É melhor deixar a luz acesa. – Lety sussurrou quando ele se deitou ao seu lado.

               Fernando novamente acendeu a luz do abajur e abraçou Letícia pela cintura. Sofia parecia à vontade ao lado de Lety, e por sorte a cama era grande o suficiente para caber os três nela sem que o espaço ficasse tão pequeno. Quando tudo pareceu mais calmo, os três logo pegaram no sono, e durante toda a noite Sofia não teve mais problemas com pesadelos.

 

 

 

•••

 

 

               O som do despertador ecoou pelo quarto e Fernando acordou assustado. Demorou alguns segundos para que ele abrisse os olhos e silenciasse o despertador, e o quando o fez, espreguiçou-se sonolento à cama. Mas, assim que espreguiçou-se, logo notou que não havia tanto espaço na cama como ele estava acostumado, e só quando olhou para o lado lembrou-se que Sofia havia adormecido ali. Quando sentou-se, ele logo sorriu percebendo que Sofia estava dormindo totalmente à vontade, abraçada à Lety. Para ele, uma ótima cena para começar o dia maravilhosamente bem e ter algum ânimo para tomar o seu banho às seis da manhã. Deixando-as adormecidas à cama, ele seguiu até o banheiro para se arrumar para o trabalho. Lety estava em um sono tão profundo que mal percebeu que ele já havia acordado, despertando-se apenas quando ele depositou um beijo em seu rosto quando estava saindo.

- Desculpe, não quis acordá-la. – Ele sussurrou.

- Já está indo? – Lety o olhou sonolenta.

- Sim. Eu preferia ficar aqui com vocês... Mas alguém precisa sustentar essa família. – Ele brincou e Letícia sorriu. – Eu ligo na hora do almoço para saber como estão às coisas, tudo bem?

- Ok.

- Até mais tarde. – Novamente ele inclinou-se, dando um rapido beijo em Lety.

- Eu te amo. – Ela sussurrou.

- Eu também te amo.

               Fernando olhou para Sofia que ainda dormia como um anjo e sorriu, seguindo em direção à porta. Quando ele as deixou a sós, Lety sentiu o seu braço dormente por Sofia ter dormido abraçada à ela durante toda a noite, mas não se importou. De maneira alguma teria coragem de se mover para acordá-la. Enquanto a olhava com um sorriso nos lábios, Sofia mexeu-se à cama e logo abriu os olhos, olhando diretamente para Lety.

 - Bom dia! – Lety sorriu.

- Bom dia. – Sofia também sorriu.

- Você dormiu bem?

- Sim, muito bem!

- Que ótimo! Eu estava descendo para tomar o café... Você quer continuar dormindo ou...?

- Não... Eu quero tomar café com você.

- Tudo bem então. – Lety sorriu. – Vamos lavar o rosto e podemos descer para o café, certo?

- Sim!
               Sofia pulou da cama parecendo animada e Lety sentiu-se satisfeita por ela acordar de tão bom humor. Pelo visto o pesadelo da noite anterior não a deixou traumatizada em sua primeira noite na casa. Depois de se Lety ajudá-la a lavar o rosto, as duas desceram juntas para tomar o café da manhã. Quando chegaram à sala, Maria estava terminando de colocar o “banquete” à mesa.

- Uau! – Lety exclamou. – Você caprichou hoje, Maria! Bom dia!

- Bom dia! – Maria sorriu. – Achei que o primeiro café da manhã de Sofia na casa precisava ser especial. E por falar nisso... Você dormiu bem?

- Sim! – Sofia respondeu animada. – Dormi com a Lety e com o Fernando.

               Maria olhou para Lety.

- Longa história. Explico depois. Agora... Estou realmente morrendo de vontade de provar um pouco de tudo que está nessa mesa! E você, Sofia?

- Eu também! – A garota exclamou animada.

               As duas sentaram-se uma ao lado da outra e Maria ajudou Lety a servir o café para Sofia.

- Onde está o Fernando? – Ela perguntou mordendo um pedaço de bolo.

- Ele foi trabalhar. – Lety tomou o café. – Não faz muito tempo, mas você ainda estava dormindo.

- E onde ele trabalha?

- Bom... Ele trabalha em uma empresa que faz alguns comerciais para revistas.

- Que legal!

- É... Mas ele também está estudando para ser um pediatra. Logo, logo. – Lety sorriu.

- Pediatra? O médico que cuida das crianças?

- Isso mesmo.

- Eu não sabia que os adultos estudavam... – Ela pareceu desanimada. – Então quer dizer que vou ter que continuar estudando quando eu ficar adulta?

               Letícia e Maria riram.

- Bom... Se assim você desejar, sim. Mas, não é uma coisa ruim. Veja bem... Você quer ser o que quando crescer?

- Eu quero ser veterinária! – Sofia respondeu animada.

- Viu só? Então para ser veterinária você precisa estudar... Mas, se é algo que voce deseja muito, estudar não é tão cansativo.

- Você também estuda?

- Não, mas já estudei.

- E você trabalha com o que?

- Bom... Eu tenho uma livraria junto com a Carol. Você se lembra da Carol? Você a conheceu ontem.

- Sim! Ela é muito legal!

- É mesmo. E nós estamos apenas finalizando algumas coisas para inaugurarmos a livraria.

- Eu posso ir lá? Eu gosto muito de ler.

- Claro que sim! Quando quiser. – Lety sorriu. – Acho que amanhã mesmo podemos dar uma passadinha lá para você conhecer.

               Sofia pareceu animada com o convite e continuou a tomar o seu café da manhã, assim como Letícia. Quando terminaram, Lety sugeriu que fossem até o jardim para pintar um pouco, depois de Sofia dizer que adorava pintar. As duas espalharam vários papéis pelo jardim e Letícia buscou o seu quite de pintura que ganhou de presente de seu pai há algum tempo. Ela jamais imaginou que aquele quite lhe serviria para alguma coisa.

- Acho que assim está ótimo! – Lety disse animada após espalharem as folhas. – Não acha?

- Sim!

- Eu só vou buscar alguns papéis para nos limparmos. Você me espera aqui?

- Claro!

               Letícia seguiu para dentro de casa e foi até a cozinha pegar um rolo de papel toalha. Quando entrou, Maria estava olhando para Sofia através da janela, e Lety se juntou à ela.

- Ela é uma graça. – Maria comentou. – E está muito bem!

- É... Ela realmente está animada. – Lety sorriu. – Tive tanto medo de que ela demorasse um tempo até se acostumar.

- Ah, mas eu tive certeza de que ela se daria bem com vocês.

               Sofia abriu alguns potes de tinta e os colocou no chão próximos às folhas que ela e Lety espalharam pelo jardim.

- Ela teve um pesadelo essa noite. – Letícia comentou. – Acho que foi com os pais.

- Por isso ela dormiu com vocês?

- Sim.

- Sei que parece uma boa idéia no inicio, mas se ela se acostumar a dormir com vocês, não vai conseguir dormir sozinha.

- E o que nós podemos fazer?

- Tentem conversar com ela durante a noite... Dizer que ela não precisa se preocupar.

- É... Tem razão. Eu farei isso hoje.

               De repente Sofia sentou-se desanimada no banco, e logo Lety e Maria notaram sua mudança de humor.

- Vou lá conversar com ela. – Lety comentou, saindo da cozinha.

               Quando chegou ao jardim, logo se aproximou de Sofia e sentou-se ao lado dela.

- Não quer mais pintar?

- Quero... É que... – A garota suspirou.

- É por causa do pesadelo que teve ontem?

               Sofia balançou a cabeça afirmando.

- Olha, eu sei que é um pouco difícil para você... Mudar de casa, morar com pessoas que você conhece à pouco tempo, e principalmente sentir falta dos seus pais... Mas eu quero que saiba que nós faremos o possível para ajudá-la. Fernando e eu. Você pode nos contar qualquer coisa que quiser, sempre que quiser. Não precisa sentir-se envergonhada com isso. Nós sabemos que vai demorar um tempo até você sentir-se realmente em casa, mas até lá... Nós podemos ajudá-la. – Lety sorriu e Sofia a olhou.

- É que... As vezes eu sinto falta deles.

- Ah meu bem... Eu sei que sim. – Lety a abraçou. – Quer saber? Eu tive uma ótima idéia! Não vamos pintar aqui no jardim hoje.

               Sofia se afastou do abraço, olhando-a confusa.

- Vamos fazer algo muito mais legal. Você quer?

               A garota sorriu animada.

- Sim!

- Ótimo! Então, vamos nos arrumar. Vamos sair! – Lety disse animada.

 

 

•••

 

 

 

               Fernando estava se esforçando para concentrar-se no trabalho, mas durante o dia inteiro só conseguiu pensar em como Letícia e Sofia estavam. Durante o almoço ele ligou para ter notícias, mas Lety não pôde conversar por muito tempo dizendo que as duas estavam em um passeio. Mesmo sem entender, Fernando passou o restante do dia esperando por notícias e novidades. Mas, a cada minuto que olhava em seu celular, suspirava desanimado sem nenhuma mensagem ou ligação de Lety.

- Irmão, será que você tem aquele orçamento do anuncio de creme dental para... – Omar entrou à sala de Fernando, mas parou de falar ao perceber que ele estava aéreo encarando a tela do computador. – Fernando?

- Sim? – Ele o olhou.

- Está tudo bem?

- Está. – Ele sorriu. – Só estou pensativo. Desculpe.

- Ainda está pensando em como elas estão? – Omar puxou a cadeira, sentando-se à frente de Fernando.

- Sim... É que ontem quando Sofia teve o pesadelo foi tão... Estranho. E eu tenho medo que ela tenha alguma recaída lembrando dos seus pais.

- Bom... Eu não acho que isso vá acontecer mais. Mas, de qualquer maneira, sei que Lety vai conseguir acalmá-la. Você não acha?

- Sim, é claro! Mas é que... Não sei. – Fernando escorou-se à mesa. – Eu realmente estou me apegando à ela. Na verdade, Lety e eu estamos. E eu tenho medo de que ela não consiga se adaptar à nossa casa...

- Mas é claro que ela vai. Ontem eu vi como vocês dois são carinhosos com ela. Como ela não vai se adaptar?

- Eu não sei... Talvez por nos conhecer à pouco tempo. Acho que pouco menos de um mês foi um tempo muito rápido para isso, você não acha?

- Sinceramente? Não, não acho. Você mesmo disse que desde quando a conheceram vocês se deram bem. Se ela não tivesse se sentido bem com vocês dois, não teria ficado tão animada para ir morar com vocês. Não foi o que você disse? Que ela ficou empolgada quando soube da adoção?

- Bom... Sim.

- Então está preocupado com o que?

               Fernando suspirou.

- É, tem razão. Acho que estou me preocupando à toa. – Sorriu. – Acho que estou ansioso para saber como tudo vai estar daqui há alguns dias. Se ela vai realmente se adaptar.

- Eu tenho certeza que vai. – Omar sorriu.

               Fernando já estava um pouco mais calmo depois de conversar com Omar, mas quando recebeu uma mensagem de Letícia com algumas fotos, sentiu-se ainda mais tranqüilo e feliz. Nas fotos, ela e Sofia estavam com as roupas sujas de tinta, dentro do quarto de Sofia. Nas fotos seguintes, Fernando percebeu que elas estavam pintando o quarto da cor lilás, e quando chegou à ultima foto, sorriu satisfeito admirando as duas felizes sorrindo para a câmera.

- O que foi? – Omar perguntou olhando-o. – Está com cara de bobo olhando para o celular. A Lety mandou mensagem?

- Olha só isso... – Fernando entregou o celular para Omar, e quando viu as fotos, ele também sorriu.

- Ah... Viu só? E você com medo delas não estarem se dando bem. Sofia parece animada, não acha?

- Sim! Muito animada, por sinal. – Fernando pegou o celular de volta, sorrindo enquanto revia as fotos. – Realmente, me preocupei à toa.

- Então agora pode me dar o orçamento? Alguém precisa trabalhar.

               Fernando riu, entregando uma folha para Omar.

- Obrigado! – Omar se levantou e seguiu até a porta. – E para de ficar mexendo no celular, Senhor Mendiola. Está em horário de trabalho.

               Fernando revirou os olhos e Omar riu, deixando-o a sós. Mesmo que ele soubesse que precisava deixar o celular de lado e se concentrar no trabalho, ele não conseguia parar de sorrir enquanto olhava para a foto em que as duas estavam sorrindo.

 

 

•••

 

 

 

- E então... Acha que ficou bom? – Letícia perguntou olhando em sua volta.

- Eu acho que ficou incrível! – Sofia exclamou animada. – Do jeito que eu imaginei.

- É mesmo? – Lety a olhou sorrindo. – Mas, ainda faltam os detalhes dos desenhos... Mas podemos fazer isso outro dia.

               Sofia parou ao lado de Lety, olhando satisfeita para o seu novo quarto. Quando terminaram de pintar a parede, Lety a ajudou a tirar todas as suas coisas que estavam nas caixas e colocá-las em seu devido lugar. Na prateleira que havia em cima da cama, que antes ficava vazia, serviu muito bem para as bonecas de Sofia. Seus brinquedos ficaram em uma caixa própria, no canto do quarto. Sofia parecia gostar de coisas delicadas, e todos os seus enfeites foram colocados à cômoda ao lado da cama, finalizando o seu novo quarto.

- Acha que agora vai se sentir bem dormindo aqui? – Lety perguntou.

- Com certeza! – Sofia sorriu. – Está como o quarto dos meus sonhos.

               Letícia sorriu satisfeita.

- Bom... Acho que agora precisamos de um banho. Voce quer ajuda?

- Não... Eu consigo tomar sozinha. Obrigada.

- Tudo bem então. Eu vou levar esses plásticos lá pra baixo e já volto.

- Certo.

               Lety juntou os plásticos que serviram para cobrir os móveis durante a pintura e os levou para o primeiro andar, colocando-os na varanda. Depois de passarem a tarde ajeitando o quarto de Sofia, ela sentia-se exausta e realmente precisava de um banho. Maria estava preparando o jantar e Lety aproveitou para tomar um rápido banho para que pudesse ajudar Sofia a se arrumar. Depois de um banho relaxante para tirar toda a mancha de tinta em seus braços, pernas e principalmente no cabelo, Letícia enrolou-se em um roupão e foi até o quarto de Sofia perguntar se ela precisava de ajuda. Quando parou à porta, ela notou que Sofia estava vestida em um roupão rosa, sorrindo enquanto andava pelo seu quarto.

- Precisa de ajuda com a roupa?

               Sofia olhou para a porta, só então percebendo que Lety estava ali.

- Sim, por favor.

               Letícia adentrou o quarto e pegou algumas roupas de Sofia que estavam sobre uma cadeira. Ela a ajudou a se vestir, e logo depois sentou-se à cama junto com ela para pentear o seu cabelo.

- Lety... Posso perguntar uma coisa?

- É claro!

- Você e Fernando não terão filhos?

               Lety parou de pentear o cabelo de Sofia por um instante, mas sorriu logo depois.

- Bom... Acho que se depender de Fernando ele irá encher essa casa de crianças. – Ela riu e Sofia a olhou. – Mas, sim... Acho que daqui um tempo podemos pensar nisso. Mas por que a curiosidade, meu bem?

- Se vocês tiverem um bebê... Vocês vão querer me devolver?

               Letícia a olhou perplexa.

- Mas é claro que não! O que te faz pensar isso, Sofia?

- É porque como eu não sou a filha de vocês... Talvez falte espaço na casa, não é?

- Sofia... Não diga isso. – Lety a olhou com seriedade. – Primeiramente, como eu disse mais cedo, estamos muito felizes que você está morando conosco agora. E segundo, quando Fernando e eu tivermos um filho, de maneira alguma vamos deixar você de lado. Nós aceitamos tratá-la como se fosse nossa filha, e assim será. Não quero que você pense dessa maneira, tudo bem?

               Sofia balançou a cabeça concordando.

- Ótimo. – Lety sorriu, tocando no nariz dela fazendo-a rir.

- Sabe... Eu sempre quis ter um irmão ou uma irmã. Mas meus pais sempre diziam que era complicado falar sobre isso. Eu sei que os bebês vêem das cegonhas e que não é sempre que elas deixam um na porta dos outros. Mas, eu acho que não deve ser tão difícil assim, não é? É só encomendarem, como fazemos para pedir comida.

               Letícia gargalhou.

- Não é tão simples assim. Mas eu gostei da sua criatividade.

               Sofia sorriu e deixou que Lety terminasse de pentear seu cabelo. Depois, Letícia pediu para que Sofia a ajudasse a escolher uma roupa para o jantar. Sofia logo escolheu um vestido que Lety costumava usar para sair, mas deixou a garota satisfeita quando o vestiu. Fazendo companhia uma para a outra, as duas tiveram um jantar bastante animado enquanto conversavam sobre vários assuntos. Sofia parecia ainda mais a vontade com ela, e isso deixou Letícia aliviada. Depois do jantar, enquanto Sofia assistia televisão, Lety ajudou Maria com a louça e o assunto surgiu durante uma conversa.

- Eu realmente tive medo de que aquele pesadelo a incomodasse. – Lety comentou secando as vasilhas.

- Você foi muito esperta por entretê-la com o quarto. – Maria comentou entregando um prato para Lety. – Acho que isso a deixou animada e ela nem mesmo se lembra do pesadelo.

- Eu espero que sim. – Lety sorriu. – Foi uma tarde bem agradável.

- Você leva jeito para isso, Lety. – Maria a olhou.

- Fernando disse a mesma coisa ontem.

- E aposto que ele está muito satisfeito com isso. Se depender daquele menino, a casa vai ficar cheia de crianças.

- Ai, eu sei. – Lety suspirou. – Ele disse que quero ao menos mais quatro crianças dentro de casa.

- Quatro? – Maria riu. – Ele acha que é fácil assim?

- Só pode! Deve pensar como a Sofia... Que as crianças são encomendadas como comidas.

               As duas riram.

 

 

 

•••

 

 

               Depois de quatro aulas agradáveis, porém cansativas, Fernando finalmente chegou em casa. Estava tudo silencioso e enquanto subia para o segundo andar, ele tentou não fazer tanto barulho. Quando passou pelo quarto de Sofia, surpreendeu-se ao vê-la adormecida em sua cama. Ele esperava que ela estivesse com Letícia como na noite anterior, mas não pode evitar de sorrir quando escorou-se à porta do quarto.

- Oi.

               Ele olhou para o lado e viu Letícia caminhando em sua direção.

- Oi. – Ele sorriu, cumprimentando-a com um beijo. – Pensei que já estivesse dormindo.

- Estava te esperando. – Ela olhou para o quarto de Sofia. – O que achou?

- Ficou fantástico! – Exclamou animado. – Vocês fizeram um ótimo trabalho.

- Foi bastante divertido. E o melhor é que a tinta não tem o cheiro forte. Não tem problema ela dormir aí essa noite mesmo. Ainda faltam algumas coisas, como arrumar as roupas dela na cômoda... Mas acho que por hoje ficou bom.

- E foi tranqüilo colocá-la para dormir? Ela não reclamou?

- De maneira alguma. Nós conversamos um pouco antes de dormir e ela disse que estava tudo bem, e que com o novo quarto iria dormir tranquilamente.

               Fernando sorriu.

- Você teve uma ótima idéia para entretê-la.

- Tivemos uma conversa rápida hoje e ela confessou que sente saudade dos pais.

- Acho que já sabíamos que isso aconteceria.

- Sim... Então achei melhor fazermos algo divertido para ela se distrair um pouco.

- E pelo visto deu certo.

               Lety sorriu satisfeita.

- Vamos para o quarto. Não quero acordá-la. – Fernando abraçou Letícia pela cintura e os dois caminharam até o quarto. – Eu não via a hora de chegar em casa hoje.

- Aposto que ficou o dia inteiro pensando no que estávamos fazendo?

- Que calúnia! É claro que não!

- Sei... – Lety riu virando-se para ele. – Acho que amanhã vou levá-la para conhecer a livraria. O que acha?

- Uma ótima idéia!

- E precisamos logo procurar uma escola para ela. Pesquisei algumas na internet hoje, gostaria que você desse uma olhada quando tiver tempo. Não podemos deixá-la longe dos estudos por muito tempo.

- Concordo. Amanhã mesmo arrumo um tempo no serviço e dou uma olhada.

- Tudo bem.

               Letícia seguiu para a cama e percebeu que Fernando a olhava enquanto sorria.

- O que foi? – Perguntou divertida.

- Você está diferente...

- Diferente como?

- Não sei. Mais... Radiante eu acho.

- Impressão sua.

- Acho que não. – Ele se aproximou, tocando carinhosamente em seu rosto. – Acho que você tinha razão. Sofia está nos ajudando tanto quanto estamos ajudando ela.

- Eu tenho certeza disso.

- Fico muito feliz por isso, Lety. De verdade.

- Eu também, meu amor. – Ela suspirou satisfeita. – E sabe de uma coisa? Hoje ela me perguntou se não teríamos mais filhos.

- É mesmo?

- Sim!

               Lety terminou de arrumar a cama e sentou-se.

- E o que você disse? – Ele perguntou, sentando-se ao lado dela.

- Eu disse que provavelmente sim, mas que ainda tínhamos um tempo para pensar nisso. Acredita que ela estava preocupada pensando que iríamos “devolve-la” se tivermos um filho? Obviamente tirei isso da cabeça dela, e disse que não faríamos isso de maneira alguma.

- Como as crianças têm uma imaginação...

- Ela disse que sempre quis ter um irmão ou uma irmã, mas seus pais diziam que era complicado.

- Ah... Então já sabemos que ela ficaria feliz em ter um irmão. – Fernando sorriu satisfeito.

- É... Mas não precisamos pensar nisso agora. – Lety riu. – Temos muito tempo para que Sofia se adapte definitivamente, e até lá, nossa atenção precisa ser inteiramente para ela.

- Concordo. – Fernando se aproximou. – Mas isso não quer dizer que não podemos ir treinando.

               Lety riu.

- Vá com calma. Ainda precisamos saber se ela se acostumou com o quarto novo.

- É... Tem razão. – Ele suspirou fingindo desanimo. – Bom... Então é melhor eu ir tomar um banho.

- É melhor mesmo. Para acalmar os ânimos.

- Só uma coisa consegue acalmar meus ânimos. – Ele riu. – E você sabe muito bem o que é.

               Lety balançou a cabeça e riu, ajeitando-se ao travesseiro.

- Eu já volto.

- Certo.

               Fernando lhe deu um rápido beijo e seguiu para o banheiro. Estava satisfeito e feliz por Sofia está se dando bem com Lety, já que o que os dois mais temiam era que ela não se sentisse em casa. Mas, pelo visto, isso seria apenas questão de tempo, e logo Sofia se sentiria à vontade com eles e com a casa. Depois do banho, quando voltou para o quarto, Fernando percebeu que Letícia já havia adormecido. A tarde de arrumação do quarto a deixou exausta, e Fernando se apressou em deitar-se ao seu lado. Também estava exausto, e nada melhor do que uma boa noite de sono para descansar. Ele estava em alerta para o caso de Sofia ter outro pesadelo, mas naquela noite, a paz pairou sobre a casa, e os três dormiram durante toda a noite, principalmente Sofia.

 


Notas Finais


Ai gente, muito obrigada pelos comentários! Fico muito feliz que estejam gostando! Os ultimos capítulos foram mais fofos e bem "família". Mas, como a fic é uma comédia romântica, se preparem para mais diversão também haha. ♥


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