Letícia desceu as escadas e logo tropeçou em uma boneca que estava jogada no chão. Suspirando, ela pegou a boneca do chão e andou pela casa procurando por Sofia. Ao ouvir gargalhadas vindas do jardim, ela saiu à varanda pronta para chamar por ela. Mas, quando saiu, os dois já estavam caminhando em direção à casa. Letícia logo percebeu que ambos estavam totalmente encharcados, e não soube o que dizer.
- Oi! – Sofia sorriu.
- O. Que. Foi. Que. Aconteceu? – Perguntou pausadamente.
- Ah... Isso foi um acidente. – Fernando sorriu. – Eu estava lavando o carro e sem querer molhei a Sofia. Aí ela quis retribuir e acabamos fazendo uma guerra de água.
- Guerra de água? – Letícia perguntou furiosa. – Fernando Mendiola, onde você estava com a cabeça? E para que lavar esse carro todo o fim de semana? Desde que você o comprou você o lava. Daqui a pouco esse carro está desbotando!
O sorriso dos dois diminuiu.
- Você não sabe que ela já estava pronta para ir visitar a avó dela? – Letícia se abaixou de frente pra Sofia, notando que seu vestido e seu cabelo estavam totalmente molhados.
- Eu não sabia que ela já estava pronta.
- Ah, não sabia? – Ela o olhou furiosa. – E você não percebe que ela pode ter um resfriado?
- Está tudo bem! Foi divertido. – Sofia riu e Fernando a acompanhou, mas Lety não parecia nada feliz.
- Vem, Sofia. Vamos subir para tomar outro banho. – Ela disse encarando Fernando com raiva. Sofia segurou sua mão e as duas subiram para o segundo andar.
Lety ajudou Sofia a tirar toda a roupa molhada e ela rapidamente entrou debaixo do chuveiro.
- Você está brava? – Ela perguntou quando Lety começou a ajudá-la com o banho.
- Não... Não estou brava, é que... Fernando às vezes se esquece que precisa ter mais cuidado.
- Não foi culpa dele. Eu deveria ter dito que estava pronta para sair.
Lety sorriu.
- Não foi sua culpa, meu bem. E eu não estou brava com ele também. Só... Me preocupei.
- Então, obrigada por se preocupar. – Sofia sorriu.
Tocada pela pureza de Sofia, ela preferiu não dizer mais nada. Depois do segundo banho, Lety escolheu outro vestido para ela, e logo Sofia estava pronta pela segunda vez.
- Está ótimo. – Lety sorriu depois de pentear os cabelos dela. – Agora, por favor, não fique perto de água se possível.
Ela riu.
- Não vou ficar. Prometo.
Letícia riu e as duas desceram para o primeiro andar. Fernando estava passando por acaso, e quando as viu descer as escadas, cruzou os braços assobiando.
- Quer saber? Está muito mais bonita agora. – Ele sorriu para Sofia.
- Obrigada! – Ela riu.
- E a Senhora esquentadinha também. – Ele puxou Lety pela cintura assim que ela terminou de descer as escadas.
- Não sou esquentadinha. Só que você é um descabeçado.
- Deveria se divertir mais vezes com a gente, não é Sofi?
- Podemos fazer uma guerra de balão! – A garota comentou animada.
- Parece tentador, mas... Acho que não sou boa nisso.
- Todo mundo é boa em guerra de balão. – Fernando sorriu divertido e Lety o fuzilou com os olhos.
- Você não deveria estar indo tirar essa roupa molhada para levar Sofia na casa da avó dela?
- Eu pensei em ir assim...
Sofia gargalhou.
- Ou não. – Ele comentou quando Lety cruzou os braços. – Eu já estou indo. – Após dar um rápido beijo em Lety, Fernando subiu as escadas correndo.
- Eu sei que você está querendo rir. – Sofia comentou olhando para Letícia.
Sem conseguir segurar mais, ela riu após o comentário de Sofia.
- Muito bem, espertinha. Vamos esperar o Fernando na sala.
•••
Durante todo o caminho até a casa de Patrícia, Sofia se mostrou bem animada para rever sua avó. Ela falava o tempo inteiro, o que deixaram Lety e Fernando aliviados. Naquelas ultimas três semanas Sofia se mostrou animada com o seu novo lar, e a cada dia que passava sentia-se mais à vontade com essa situação.
- E você está animada de passar o dia com ela? – Fernando perguntou olhando-a pelo retrovisor enquanto dirigia.
- Muito! – Sofia sorriu.
- Que bom!
Assim que Fernando parou o carro de frente a casa de sua tia, os três desceram e Patrícia logo apareceu à porta, feliz em revê-los.
- Vovó! – Sofia exclamou correndo em sua direção.
- Oi meu amor! – Patrícia a cumprimentou com um caloroso abraço. – Meu Deus! Como você cresceu!
- Vovó, eu tenho tanta coisa para contar! Eu tenho um quarto lilás, igual o de uma princesa! Lety e eu compramos alguns brinquedos novos e roupas novas também.
- Nossa, quanta novidade! – Patrícia riu. – Estou ansiosa para ouvir tudo, meu bem!
Letícia e Fernando se aproximaram e ela os cumprimentou com um abraço.
- Querem entrar? Eu estou preparando um lanche. – Patrícia perguntou.
- Obrigado, tia. Só viemos deixar a Sofia. – Fernando sorriu.
- Ah... Sofia... Por que não vai lá dentro provar alguns biscoitos que eu fiz? Aposto que você vai gostar.
- Tudo bem, vovó!
Sofia se preparou para entrar, mas logo depois voltou, abraçando Lety e Fernando.
- Vocês voltam para me buscar, não é?
- Claro que sim! – Lety sorriu.
- Divirta-se, Sofi.
A garota sorriu e correu animada para dentro de casa.
- Ela está realmente feliz. – Patrícia comentou orgulhosa. – Eu não sei como agradecê-los por isso.
- Acredite, ela também está nos deixando feliz. – Comentou Lety.
- Eu estou feliz por saber que confiei nas pessoas certas para cuidar de Sofia. Ela... Tem falado dos pais?
- Bom... No início ela falava bastante, mas agora fala apenas em alguns momentos. E em momentos bons. – Disse Fernando. – Agora imagino que restaram apenas as boas lembranças.
- Isso é ótimo! – Patrícia disse animada. – Então... Tem certeza que não querem entrar?
- Sim. Vamos deixar que aproveitem o dia a sós. – Lety sorriu.
- Nós voltamos para buscá-la mais tarde. – Fernando a abraçou.
- Tudo bem! Até logo.
- Até!
Fernando e Lety seguiram para o carro, e antes de entrarem, Letícia deu uma ultima olhada em direção à casa.
- O que foi? – Fernando perguntou ao abrir a porta para ela.
- Nada. – Ela forçou um sorriso. – Vamos.
•••
Após chegar em casa, Fernando notou que Lety estava um tanto quanto quieta. Por mais que ele se esforçasse para puxar um assunto, ela sempre respondia com poucas palavras, o que o deixou preocupado. Enquanto estava sentada à sala, lendo um livro, Fernando aproveitou para descobrir o que a incomodava.
- Oi. – Ele sentou-se ao lado dela.
- Oi. – Respondeu sem tirar os olhos do livro.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, por quê?
- Não sei... Você parece desanimada.
- Impressão sua.
- Lety... – Fernando delicadamente tirou o livro de suas mãos e ela enfim o olhou. – O que aconteceu?
- Não é nada. É só que... Eu... Estou preocupada.
- Preocupada com o que?
- Com Sofia. Se ela está bem, se está feliz. Esse tipo de coisa.
Fernando riu, passando o seu braço em volta dos ombros dela.
- Eu sei que é bobeira da minha parte e que sua tia a conhece muito melhor do que nós. Mas... É uma preocupação que não sei explicar.
- Você está tendo uma preocupação materna.
- O que?
- Você sabe... Quando as mães se preocupam sem necessidade. Sua mãe nunca foi assim? Quando você saía com seus amigos e ela ficava te ligando cinqüenta vezes em um dia? E quando você não atendia o celular, ela quase colocava a polícia para ir atrás de você.
- Eu não sou assim!
- Não, porque Sofia ainda é uma criança. – Fernando riu. – Lety, isso é completamente normal. Ela já está conosco há mais de três semanas. Nós nos apegamos ainda mais à ela, e nos acostumamos com a presença dela. Você está sentindo falta e isso faz com que você se preocupe se ela está bem.
- Você acha que é isso?
- Eu tenho certeza. E isso explica sua revolta mais cedo quando nos molhamos.
- Aquilo foi diferente. Ela já estava pronta para sair e você a molhou.
- Não foi apenas isso, e você sabe.
Lety o olhou.
- Ela também poderia ter pegado um resfriado.
- Está vendo? Isso é preocupação.
- Ah, Fernando! Eu não quero ser como essas mulheres loucas e neuróticas!
- Meu amor, isso você já é.
Ela o olhou irritada.
- Eu estou brincando, Lety. Meu Deus. Você precisa relaxar um pouco... Vamos passar um dia inteiro sozinhos. Por que não fazemos algo? Assim você não fica pensando nessas coisas.
- Fazer o que, por exemplo? E não me diga saliências... Realmente não estou com cabeça para isso e...
- Como você pensa mal de mim, Lety... – Ele fingiu estar ofendido. – Eu não estava pensando nisso, apesar de não ser uma má idéia. Estava pensando em chamarmos a Carol o Omar e minha irmã para irmos à praia. Curtimos esse dia maravilhoso, depois voltamos para buscar Sofia. O que acha?
- Hum... Até que não é má idéia.
- É claro que não! Minhas idéias são ótimas! – Ele sorriu orgulhoso. – Vou ligar para eles, e você sobe para se arrumar. Ok?
- Tudo bem.
- E relaxa, está bem? Sofia está ótima, e vai aproveitar a tarde com a avó dela.
- Eu sei. – Ela sorriu. – Não vou me preocupar mais com isso.
- Ótimo. – Fernando lhe deu um rápido beijo. – Agora suba e coloca um biquíni bem lindo para o seu marido.
- Para o meu marido e para metade da praia, não é?
- Não precisamos pensar assim, Lety.
Ela riu, levantando-se.
- Volto em um instante.
Enquanto Lety se arrumava, Fernando ligou para Omar e Stella fazendo o convite. Como era de se esperar, todos concordaram, e marcaram de se encontrar na praia em uma hora. Depois de se arrumarem, os dois foram até o carro e seguiram para o local de encontro. Como de costume, os dois foram os primeiros a chegar, e sentaram-se em um quiosque esperando pelos outros.
- Acho que era realmente disso que eu precisava. – Lety comentou ajeitando seus óculos escuros.
- Eu disse! – Fernando sorriu. – Nada melhor do que um dia na praia com os amigos.
- Tenho que concordar.
- Eu mereço um beijo por isso, não é?
- Não seja convencido...
- Ah, vamos lá. Não vai doer se você me der um beijo de agradecimento.
Ele se inclinou sobre a mesa e Letícia riu, beijando-o.
- Se queriam ficar sozinhos, bastava avisar. – Stella comentou quando se aproximou.
- Ah! Até que enfim! – Fernando se levantou cumprimentando-a. – Achei que iríamos plantar raiz enquanto esperávamos.
- Não seja dramático. – Ela respondeu cumprimentando Lety. – Onde estão os outros?
- Olha eles ali! – Letícia apontou para Omar e Carolina que se aproximavam.
- Desculpem o atraso. – Omar disse cumprimentando todos. – O transito estava um pouco ruim.
- Deixa de ser mentiroso que nós pegamos a mesma avenida.
- Omar que se atrasou. – Disse Carolina. – Eu nunca vi um homem demorar tanto para se arrumar.
- Preciso estar bonito para vir à praia.
Carol revirou os olhos.
- Ei! Estão jogando futevôlei! – Omar comentou.
- Ah... Quanto tempo eu não jogo. Sinto saudades. – Disse Fernando.
- Vamos lá. Talvez nos deixem jogar um pouco.
- Tudo bem? – Ele olhou para Lety.
- Ah! Então precisa pedir permissão para a patroa para ir jogar futevôlei? – Omar riu e Carolina o olhou irritada. – É claro que precisa! Você me permite, não é Carol?
Fernando riu.
- Nós voltamos em um instante.
Os dois correram na direção dos rapazes que jogavam e começaram a conversar com eles. As mulheres sentaram-se à mesa enquanto os olhava, esperando que o jogo começasse.
- Eu precisava tanto disso! – Stella comentou tirando sua saída de praia, esticando-se à cadeira. – Eu estou totalmente branca! Preciso de uma cor.
- Ai, nem me diga. – Carolina comentou, fazendo o mesmo. – Precisava de um dia assim.
- Eu estou bem. – Letícia fechou ainda mais sua saída.
- Eu não acredito que você tem vergonha, Lety. – Stella a olhou.
- Lety é uma boba. Sempre foi assim desde que a conheci. – Comentou Carol. – Na faculdade íamos para festas de piscina ou festas na praia, ela era a única a ficar de roupa.
- Mas que besteira!
- Não é besteira. Eu só não gosto muito...
- Aposto que tem um corpão e está falando assim.
- E ela tem! – Carolina riu. – Se eu tivesse um corpo como o dela, estaria usando biquine em todos os lugares.
- Não seja exagerada, Carol.
As três riram.
- Então, Lety... Como estão as coisas com a Sofia? – Stella perguntou.
- Estão ótimas! Nessas ultimas semanas nos aproximamos mais, e ela realmente parece feliz morando conosco.
- Isso é ótimo!
- Aposto que Fernando está nas nuvens...
- Sim, ele está. – Lety sorriu olhando para ele assim que o jogo começou. – Ele é ótimo para ela.
- Isso já imaginávamos.
- Fernando sempre se deu muito bem com crianças. – Stella disse. – Por isso eu acho que vocês deveriam pensar seriamente em tentar outra vez...
Lety não respondeu, mas concordava com Stella. Assim que Fernando tirou a camisa ficando apenas de bermuda, ela sorriu ao imaginar que a melhor parte era quando “tentavam”. Depois de fazer um ponto, Fernando comemorou e olhou para Lety, lhe mandando um beijo.
- Ele parece um bobo apaixonado. – Stella riu. – Se prepare, Lety. Fernando sempre disse que quando encontrasse a mulher certa, ele queria ter ao menos cinco filhos com ela.
- Posso imaginar. – Ela riu, lembrando-se da conversa que tiveram sobre a casa cheia de crianças.
- Cinco filhos? – Carolina perguntou perplexa. – Meu Deus! Eu demorei fazer Omar aceitar ter ao menos um filho.
- Mas vocês ainda têm tempo para isso. Aposto que daqui a algum tempo ele vai pensar igual ao Fernando.
- Eu espero que não. Eu acho que não tenho estruturas para cuidar de cinco filhos.
- Aposto que aprende.
As três gargalharam, voltando a atenção para o jogo dos rapazes. O jogo parecia animado, e mesmo sem entender muito bem as regras, Lety sabia que o time de Fernando estava ganhando. Depois de alguns minutos de jogo, três mulheres se aproximaram dos rapazes, e todos eles pareciam conhecê-las, inclusive Fernando e Omar.
- Mas o que é isso? – Carolina sentou-se rapidamente. – Eles se conhecem?
- Parece que sim. – Stella comentou.
- Quem são elas? – Lety perguntou, baixando os óculos até a metade do nariz.
Ninguém sabia dizer quem eram as três mulheres, mas elas obviamente estavam se divertindo conversando com os rapazes. Fernando e Omar não conversavam tão animadamente como os outros, mas já estava óbvio que eles se conheciam. Duas loiras e uma ruiva, as mulheres usavam um biquíni ousado demais até mesmo para freqüentar uma praia, o que claramente deixou Carolina e Letícia com os nervos à flor da pele.
- Eles estão rindo. Por que estão rindo?
- Vocês querem que eu descubra quem são? – Stella se preparou para levantar, mas Lety a segurou.
- Não. Não vamos fazer nada.
- Como nada, Lety? Aquelas periguetes obviamente estão dando em cima deles! – Carolina exclamou nervosa.
Uma das mulheres pegou a bola do jogo e chutou na direção de Fernando, dando gargalhadas logo depois. Letícia sentiu seu sangue ferver, e imediatamente se levantou.
- O que você vai fazer? – Carolina e Stella se levantaram logo depois, esperando que tivessem que intervir.
- Eu não vou fazer nada. Eu só acho que estou precisando entrar um pouco no mar. Vocês não acham?
As duas a olharam confusas, até entenderem o que ela estava planejando.
- Definitivamente eu também estou! – Carolina comentou ajeitando o seu biquíni.
- Eu estou dentro. – Stella tirou os óculos de sol, colocando-os sobre a mesa.
Letícia olhou furiosa para Fernando, que mesmo que estivesse mantendo distancia das três mulheres atiradas, não parecia ter notado que Letícia acompanhava toda a cena. Dominada pelo ciúme e pela raiva, Lety tirou sua blusa, revelando seu maiô preto que realçava seus seios com o básico decote e deixava suas costas desnudas.
- Lety! – Stella a olhou de boca aberta. – Como é que você escondia um corpo desses?
- Eu disse! – Carolina sorriu. – Precisou ter ciúmes do marido para enfim mostrar esse corpão.
- Eu já estou ficando com calor. – Letícia comentou ajeitando seus óculos. – Vamos.
As três caminharam em direção ao mar e conseqüentemente passaram próximo de onde os rapazes estavam. Todos eles imediatamente viraram-se para elas, e à medida que caminhavam até o mar, eles a acompanhavam.
- O que é isso, meu irmão? – Um dos rapazes comentou tirando os óculos.
- Meu Deus! Que princesas!
Fernando e Omar não tiveram qualquer reação, principalmente Fernando, que em todos aqueles meses convivendo com Lety jamais a viu usar uma roupa de banho. Por mais que ele já tivesse visto-a de uma maneira melhor, ele não conseguiu parar de olhá-la, principalmente quando ela entrou no mar e começou a se molhar.
- Imagina isso na minha humilde residência. – Um dos rapazes disse e os outros riram.
- Ei! – Fernando jogou a bola na cabeça dele.
- Qual é, Fernando? – Perguntou irritado, massageando o local atingido.
- Mais respeito! É a minha mulher!
- Sua mulher? – O outro homem perguntou. – Aquela de preto é a sua mulher?
- É, é a minha mulher! – Respondeu irritado. – Por quê?
- Nada. Por nada.
Por mais que os rapazes não fossem amigos, todos já sabiam do gosto de Fernando por procurar brigas.
- Eu não sabia que você era casado. – Uma das mulheres disse.
- Mas eu sou. – Fernando respondeu. – E se me dão licença, eu vou atrás dela.
É impossível não me irritar com esse bando de marmanjo imbecil olhando para a minha Lety! Infelizmente, a única coisa que me restou fazer foi esperar que as três saíssem do mar. Omar me acompanhou, e com certeza deve estar tão irritado quanto eu. Afinal, mais de dez homens estão olhando para nossas mulheres! Nossas! Mas, embora a raiva esteja me dominando, é impossível não notar o quanto Letícia está maravilhosa e provocante com esse maiô.
- Estava delicioso! – Stella comentou quando elas seguiram na direção dos rapazes.
- Eu estava precisando disso. O dia está muito quente. – Carolina comentou.
Letícia permaneceu em silencio, e quando notou que Fernando e Omar as esperavam, de braços cruzados e uma feição nada boa, percebeu que o seu plano havia funcionado.
- Ah! Oi! – Ela sorriu sarcástica. – O jogo já acabou?
- Onde está sua roupa? – Fernando perguntou ainda de braços cruzados.
- Oras... Está aqui. – Ela apontou para o próprio corpo, e por alguns segundos Fernando se perdeu olhando para ele.
- Não estou falando disso. – Respondeu rapidamente, balançando a cabeça.
- Fernando, estamos na praia. – Stella interferiu. – Você queria que ela usasse uma burca?
- Não. É claro que não!
- Então qual é o problema?
Fernando desviou o seu olhar para os rapazes ao fundo, que ainda olhavam para elas, até perceberem que Fernando os encarava e desviarem o olhar.
- Nenhum. – Respondeu apenas. – Deixa pra lá.
- Quer saber? Precisamos de uma água de coco. – Disse Carolina. – Eu vou pedir pra gente.
Letícia encarou Fernando por um tempo, mas logo depois passou por ele, juntando-se aos outros na mesa. Fernando suspirou impaciente, procurando uma maneira de extravasar o seu ciúmes sem que culpasse Letícia por isso. Afinal, ela estava apenas usando uma roupa de banho igual todas as mulheres da praia. O problema era que Letícia era uma mulher atraente com um corpo atraente, e isso com certeza chamaria a atenção de todos os homens em sua volta, para a preocupação de Fernando.
- Aqui está. – A mulher do quiosque entregou as águas de coco.
- Quem são aquelas mulheres? – Carolina perguntou, apontando para as três mulheres que ainda estava conversando com os rapazes.
- Freqüentávamos os mesmos lugares. – Respondeu Omar.
- Vocês pareciam bem íntimos. – Letícia comentou olhando para Fernando.
- Impressão sua. – Ele respondeu, tomando um gole de sua água de coco.
- Posso imaginar o tipo de lugar que vocês freqüentavam. – Ela o alfinetou e todos ficaram em silencio.
- Que tipo de lugar? – Ele perguntou ofendido.
- Não preciso responder.
- Está querendo saber se Omar e eu já tivemos alguma coisa com elas?
Omar engasgou com sua água de coco.
- Já? – Carolina o olhou.
- Não! É claro que não! – Omar respondeu rapidamente.
Letícia apenas ficou em silencio, descontando toda a sua frustração entupindo-se com água de coco.
- Eu acho que já podemos ir embora. – Fernando comentou olhando em seu relógio. – Logo temos que buscar a Sofia.
- Ah... Fiquem um pouco mais! – Stella pediu.
- Não. Nós... Precisamos mesmo ir. – Letícia comentou, levantando-se.
- Nos falamos depois. – Fernando disse para Omar.
- Certo.
- Até logo. – Lety se despediu de Carolina e Stella.
Enquanto seguiam para o carro, Letícia colocou sua blusa e Fernando apenas a observou pelo canto dos olhos. Durante todo o caminho de volta pra casa, eles permaneceram em silencio. Embora ainda precisassem desabafar o ciúmes que ambos sentiram naquele dia, falar sobre isso enquanto Fernando dirigia não era o momento certo. Quando chegaram em casa, a primeira coisa que Lety fez foi correr em direção ao segundo andar. Fernando fez o mesmo, seguindo-a, e quando entraram no quarto, ele segurou em seu braço fazendo-a olhar para ele.
- O que foi? – Ela perguntou olhando-o.
- Precisamos conversar.
- Conversar sobre o que?
- Você está achando que eu tive alguma coisa com alguma daquelas mulheres?
- Não, não estou achando nada.
- Então por que está tão irritada?
- Não estou! É impressão sua!
- Não minta, Letícia! Eu sei que você ficou incomodada com isso.
- E você queria que eu ficasse como, Fernando? A cada quarteirão que vamos nós encontramos alguma ex sua.
- Não é bem assim. E nenhuma daquelas três são minha ex porque eu nunca me envolvi com nenhuma.
- Ótimo! Agora pode me soltar? Preciso de um banho.
- Não, até resolvermos isso. – Ele deu um passo a frente, sem conseguir deixar de notar que a blusa de Letícia estava transparente por ter molhado ao entrar em contato com o maiô.
- Não temos nada para resolver.
- Eu só quero deixar claro que você não precisa ficar com ciúmes todas as vezes que vamos à algum lugar.
- Não é tão fácil assim.
- Seria, se você estivesse disposta a deixar o meu passado no passado.
Ela não respondeu.
- Lety, eu estou casado, e nós temos a Sofia. Não acha que eu já te dei provas o suficiente de que eu sou um homem diferente? Eu sei que meu passado não é dos melhores, mas eu consegui enterrá-lo. Você não pode fazer o mesmo?
Letícia o olhou.
- Posso.
- Obrigado.
- Só não é justo você pedir para que eu não tenha ciúmes de toda mulher que se aproxima de você. Principalmente... Quando você esta assim. – Ela apontou para ele e Fernando olhou para o próprio corpo.
Ainda estava apenas de bermuda, sem camisa, com suas tatuagens no braço à mostra. Ele não pode evitar rir com o comentário de Lety, o que a deixou brava.
- Está rindo do que?
- Porque eu pensei o mesmo quando vi todos aqueles homens olhando para você.
Ela o encarou.
- Justo...
- Tudo bem. Vamos combinar uma coisa. Vamos controlar mais nossos ciúmes. – Ele deu um passo à frente. – Tenho que me orgulhar que as pessoas acham minha mulher atraente.
- Não é tão fácil assim... – Letícia tocou em seu peitoral nu.
- Eu sei que não. Mas, ao invés de discutirmos por ciúmes, podemos resolver isso de outra maneira, não acha?
Letícia olhou em seus olhos.
- Eu realmente odeio você ser tão atraente e... Sedutor... E...
- E o que? – Ele sorriu malicioso, aproximando seu rosto do dela.
- Argh! Eu te odeio!
Letícia segurou no rosto dele e o puxou para um beijo, que Fernando retribuiu com gosto. Ao sentir o corpo gelado dela junto ao seu, um arrepio percorreu por todas as partes e Fernando apertou sua cintura, andando pelo quarto sem interromper o beijo. Mas, ao invés de seguirem para a cama, Letícia sentiu bater a cintura na escrivaninha, e ao invés de seguirem para o outro lado, Fernando a tirou do chão, sentando-a sobre ela. Várias coisas que estavam em cima caíram no chão, mas eles não se importavam. Estavam excitados demais para interromper aquilo.
Quando a sentou sobre a escrivaninha, com uma das mãos Fernando apertou sua coxa contra a sua cintura, colocando a outra mão entre os cabelos dela, puxando-o de leve. Letícia soltou um suspiro interrompendo o beijo, e assim que fechou os olhos, sentiu os lábios de Fernando em seu pescoço, meio à mordidas. Assim que colocou as mãos às costas dele, Lety a arranhou de leve, fazendo Fernando morder o lábio inferior, malicioso.
Imediatamente ele a pegou no colo, tirando-a da escrivaninha e guiando-a até a cama. Letícia entrelaçou suas pernas em volta de sua cintura, e logo Fernando tocou em seus quadris, apertando-os de acordo com sua excitação que estava tamanha. Mais uma vez, ao invés de seguirem para a cama, Fernando prensou Letícia contra a parede ao lado da cama, ainda com ela em seu colo. Ao sentir a parede gelada em suas costas, Letícia deixou um gemido escapar, e aquilo atiçou Fernando ainda mais. No mesmo instante ele pressionou seu corpo contra o dela, fazendo-a sentir o volume dentro de sua calça. Lety sorriu maliciosa e Fernando virou-se em direção a cama, deitando-a sobre ela. Sem tempo à perder ele se inclinou sobre o corpo dela, voltando a beijá-la com gana. Sentindo-se completamente excitado e louco para poder sentir o corpo de Letícia por completo, Fernando abriu a gaveta da cômoda na intenção de pegar um preservativo, mas Letícia segurou sua mão impedindo-o de pegá-lo.
- Você não queria tentar? – Ela sussurrou com a respiração ofegante.
- Está falando sério? – Fernando a olhou.
- Sim. – Ela sorriu.
Sentindo-se completamente feliz, Fernando deixou a gaveta de lado e voltou sua atenção para Letícia, voltando a beijá-la com ainda mais prazer e excitação.
•••
Fernando caiu cansado ao lado de Lety, ambos com a respiração ofegante. O suor escorria pelo corpo dos dois, mas tudo o que conseguiram fazer durante os segundos que se seguiram, foi recompor o fôlego e os batimentos.
- Definitivamente, precisamos aprender a nos controlar. – Letícia comentou.
- Pra que? Temos que aproveitar que a casa está livre. – Fernando a olhou. – Não podemos fazer esse tipo de coisa com ninguém aqui, ou então vão pensar que eu estou te agredindo.
Letícia riu.
- Não seja exagerado.
- Bom... Acho melhor começarmos a arrumar tudo antes de buscarmos a Sofia. Vai ser difícil fazer ela acreditar que um furacão passou por aqui.
Lety sentou-se à cama e só então notou que o quarto estava completamente bagunçado. As coisas da penteadeira estavam espalhadas, as roupas dos dois estavam jogadas e a cama estava completamente bagunçada.
- Nós precisamos de um tratamento.
- Esse é o nosso tratamento. – Fernando riu sentando-se ao lado dela. – Agora vamos. Vamos arrumar tudo antes que eu fique animado para um segundo round. Você vai ter que se explicar com minha tia porque nos atrasamos.
Letícia gargalhou e se levantou logo depois de Fernando, vestindo sua roupa para começar a arrumação do quarto.
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